Guardem Bem Minhas Palavras
Asterin ainda estava em um estado de puro choque quando Rhysand chegou. Ela sequer tinha se mexido nas horas que se passaram, incapaz de fazer ou dizer algo.
-Asterin... - ele se aproximou mas ela se afastou.
-Agora você vem?- ela disse e Rhys piscou, chocado. -Passou um mês me evitando. E agora você vem?- ela disse. Rhys abriu a boca algumas vezes, mas nada saiu. -Pode voltar para casa, Rhys.
-Asterin...- ele tentou novamente, mas ela o olhou irritada, lágrimas nos olhos.
-Vá embora, Rhys! Não preciso de você, não agora.- ela disse, cobrindo o rosto com as mãos.
-Entendo que esteja sofrendo, meu amor. Faça o que quiser, Asterin. Grite, me xingue, me odeie se desejar. Meu coração pertence a você e apenas a você. E é por isso que ficarei aqui, ao seu lado, como você ficou comigo quando eu precisei.
Asterin olhou para ele. E voltou a chorar. Rhys suspirou e a puxou para seus braços, a apertando com força, passando a mão pelos cabelos dela.
-Desculpa. Desculpa, Rhys.- ela pediu.
-Não me peça desculpas, Teri.- ele disse e ela assentiu. -Vamos para casa, Teri. Não há mais nada a fazer por aqui.
Mas tinha. E Asterin estava prestes a dizer aquilo a Rhys quando sentiu o cheiro do macho que tinha tirado a vida de sua mãe. E tinha sido a causa da morte de sua irmã.
Antes mesmo que Rhys pudesse perceber, dizer ou fazer algo, Asterin tirou uma de suas lâminas illyrianas do cinto. E se moveu com agilidade atrás dele.
Asterin sequer tinha reparado, mas usou o vento ao seu favor para esconder seu cheiro, e ele ficou feliz em ajuda-lá. Então o pai dela sequer notou sua aproximação, principalmente por ela ser tão silenciosa. Até ser tarde demais.
A illyriana enfiou a adaga na asa estendida do macho e a rasgou de fora a fora, o tecido fino se partindo e rasgando, se transformando em um imenso buraco. E o grito de dor que ele deu ameaçou deixar Asterin surda.
-Você é um merda. E vai se arrepender de tudo o que fez a Sam.- ela disse com um rosnado enquanto o chutava no chão, o vendo sofrer em agonia.
-Sua desgraçada, o que acha que está fazendo?- ele choramingou. Asterin apenas pisou na traqueia dele com toda sua força, o vendo ofegar e arregalar os olhos.
-Matando você.- ela disse com um sorriso cruel.
-Asterin.- Rhysand disse, ao lado dela. -Calma. Calma.
-Ele merece morrer.- ela rosnou, sem sequer olhar para o macho que amava ao seu lado.
-Eu sei. Mas se mata-lo, tem que levar em conta o que isso vai manchar em sua vida. Matar alguém muda tudo, Asterin. Está pronta para isso?
Ela estava. Havia desejado, por muito tempo, mata-lo. Então, ela tirou o pé do pescoço dele, permitindo que ele respirasse. Asterin puxou seu pai pelo cabelo, o levantando. Ele gritou e tentou soca-la, mas Asterin desviou.
E se lembrava de cada defesa e cada ataque que Cassian havia a ensinado. Então, ela desviou. Bloqueou. E atacou, dando um soco tão forte no macho a sua frente que ossos se partiram no rosto dele. E ela não o deu tempo de se recuperar antes de chuta-lo até a porta.
O macho caiu nos degraus e rolou até cair deitado no cascalho. Os machos e fêmeas que andavam pela rua pararam, estáticos, observando. E alguns machos ameaçaram partir para cima de Asterin quando viram o que ela tinha feito aquilo. Mas foram impedidos. E não pela magia de Rhys, não; pelo vento. O vento que os tirava o ar dos pulmões toda vez que se aproximavam minimamente de Asterin.
Ela caminhou até seu pai e o chutou com tanta força que partiu alguns ossos na costela do macho. Ele arfou e cuspiu sangue nas botas de Asterin.
-Levante.- ela disse o chutando de novo. E de novo. -Mandei levantar!
-Acabe logo com isso.- ele rosnou e Asterin riu.
-Acabar logo? Minha mãe te implorou e ainda assim você não acabou logo. Eu vou te fazer suplicar também.
E ela o fez. Asterin sequer era capaz de se reconhecer enquanto o socava, o socava da forma que ela um dia havia apanhado. Enquanto destruía o rosto dele, o corpo, a sanidade mental. As mãos dela estavam em carne viva quando ela acabou, o deixando respirando pesadamente e o coração batendo fraco.
-Mate-o.- a tia dela disse. -Por tudo o que ele fez, mate-o.
Asterin a olhou. Podia ver toda a dor nos olhos de sua tia. Podia ver tudo. Então, Asterin atendeu aquele pedido. E com um rápido movimento com sua adaga, rasgou a garganta dele de fora a fora. E não ouve sequer espaço para cura. Ele morreu antes mesmo que alguém pudesse fazer algo.
Então, Asterin ergueu a cabeça. E se virou para a multidão que a encarava, horror nos olhos. Para os machos que a encaravam, tão páldos quanto a neve. Temendo aquela fêmea terrível que havia matado com facilidade e fúria um dos illyrianos mais fortes do acampamento.
-Guardem bem a minha palavra.- ela disse, erguendo o dedo e olhando cada um daqueles machos. -Isso não é o fim. E eu não permitirei que tratem nenhuma fêmea como este macho de merda tratava as fêmeas na vida dele. Ou um dia, vocês iram se arrepender amargamente. E se lembrem de hoje. Se lembrem de mim. Porque um dia, quem vai estar no lugar dele, pode ser um de vocês.
E, dizendo isso, Asterin deixou que Rhys segurasse a mão dela. E os atravessasse para longe dali. Para casa.
Não sei se posto o capítulo final hoje ou amanhã, me digam, o que querem? Hmmm
~Ana
Data: 07/06/21
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