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Filho Da Puta

Lucien e Feyre brigaram. Brigaram por causa de Rhys, e Lucien ainda não fazia a menor ideia que Rhys e Feyre não tinham nada além de amizade. Asterin não se meteu naquilo, e se Feyre não fez questão de desmentir, não seria Asterin a se envolver naquilo. Era bom, por um lado, o foco de Lucien ter se voltado a Feyre. Assim ele pararia de perguntar sobre Eris e ela. Pois o que sequer Asterin diria? Ela não podia abrir a boca, pelo menos não até saber se podia confiar em Lucien de verdade.

Pelo menos eles duraram a noite. Cada parte do corpo de Asterin estava rígida e dolorida quando começaram a cuidadosa caminhada pela montanha. Sem nenhum sussurro ou rastro dos irmãos de Lucien. Ou qualquer tipo de vida.

Asterin não se importou, não quando eles finalmente atravessaram a fronteira e entraram nas terras da Corte Invernal. O frio era até reconfortante, de certa forma. A lembrava de casa.

Além da montanha, uma grande planície de gelo brilhava ao longe. Seria preciso dias para atravessar, mas não importava. Devagar e lentamente, os efeitos do veneno diminuíam. Asterin logo conseguiria atravessar com eles ou, ao menos, se curar para voar. Ela apostava que estariam na metade do gelo até o momento em que pudessem sair dali.

Foi mais um dia e uma noite antes de atravessarem inteiramente as montanhas e pisarem no gelo espesso. Nada crescia, e Asterin só podia dizer quando estavam em terrenos sólidos pela neve densa embaixo. Do contrário, com demasiada frequência, o gelo estava claro como o vidro revelando os lagos escuros, sem profundidade abaixo.

Ao menos não encontraram nenhum dos Ursos Brancos. Mas a verdadeira ameaça, rapidamente perceberam, era a absoluta falta de abrigo: no gelo, não havia ninguém para ser encontrado contra o vento e frio. E se acendessem fogo com a fraca magia, qualquer pessoa próxima do lago poderia ver. Não importava que acender um fogo derreteria o lago congelado.

O sol estava apenas deslizando acima do horizonte, manchando a planície com ouro, as sombras ainda um machucado azul, quando Lucien disse:

-Hoje à noite, vamos derreter um pouco do bloco de gelo o suficiente para amaciá-lo e construir um abrigo.

-Você acha que vamos estar no gelo por tanto tempo? - Feyre questionou.

Lucien franziu a testa para o horizonte manchado pela aurora.

-Provavelmente, mas quem sabe até onde ele se estende?

Na verdade, os deslocamentos da neve haviam escondido muito do gelo abaixo.

-Talvez haja outra maneira... - Feyre disse, olhando em volta para o pequeno e abandonado acampamento.

Eles olharam ao mesmo tempo. E os três avistaram as três figuras que agora estavam ao lado do lago.

Sorridentes.

Eris levantou uma mão envolta em chamas.

Chamas, para derreter o gelo em que estavam.

-Filho da puta. - Asterin praguejou, incapaz de se conter. Qual era o maldito plano de Eris, afinal? Ah, ela o mataria por isso, por apertar a maldita corda ao redor do pescoço dela daquela forma. -Ainda acha que ele é meu amigo, Lucien?

-Tenho minhas dúvidas.- ele disse, engolido em seco. -Corram.

Asterin e Feyre não ousaram tirar os olhos dos irmãos de Lucien. Não quando Eris baixou a mão para a borda congelada do lago.

-Correr para onde, exatamente?

A carne encontrou o gelo e vapor ondulou. O gelo se tornou opaco, descongelando em uma linha que atirou direto para eles. E assim, eles correram. O gelo liso não era problema para Asterin; ela tivera séculos para aprender a correr em gelo. Mas era um problema para Feyre e Lucien, que davam passos traiçoeiros no gelo. À frente, o lago estendia-se para sempre. E com o sol ainda nascendo, os perigos se manteriam. Era um lugar difícil.

-Mais rápido - ordenou Lucien a Feyre. -Não olhe! - Ele latiu quando Feyre começou a virar a cabeça para ver se eles tinham seguido. Ele esticou
uma mão para segurar o cotovelo dela, firmando-a antes que Feyre pudesse até mesmo registrar que tinha tropeçado.

Para onde iremos? Para onde iremos? Para onde iremos?

Não consigo voar, não consigo voar, não consigo voar.

A água espirrou debaixo das botas de Asterin, o gelo descongelando. Eris tinha que gastar todo o seu poder para descongelar essa eternidade de gelo, ou estava apenas fazendo isso para os torturar devagar. Claro que estava. Estava tentando ganhar tempo a eles. Era extremamente difícil acreditar nas boas intenções de Eris naqueles momentos, mas ela não podia trair seu coração daquela forma. Conhecia Eris, o conhecia por trás daquela máscara. Ele jamais a machucaria. Então ela apenas tinha que confiar nele, por mais que pudesse parecer burice naquele momento.

-Pule.- Lucien ofegou. -Nós precisamos...

Ele as empurrou para o lado, e Asterin cambaleou, braços girando. Assim como uma flecha ricocheteou fora do gelo onde ela estava de pé.

-Mais rápido. - Lucien disse.

Feyre jogou e inclininou uma mão a frente deles onde uma mancha de derretimento começou a se espalhar, gelo gemendo. Um spray de gelo disparou de sua palma, congelando o lago mais uma vez.

Feyre continuou fazendo aquilo e eles continuaram correndo e correndo, tentando sair daquele inferno. O coração de Asterin trovejava dentro do peito, a cabeça bolando planos e mais planos que poderiam resultar na morte deles, certamente.

Feyre se virou para eles, a boca aberta, provavelmente prestes a dizer uma ideia. Mas foi quando Asterin o viu surgir na frente deles, um sorriso cruel nos lábios.

Eris.

Eu disse que o anterior era o último ne, risos. Menti. Roi rsrsrs
Ok, talvez eu poste mais um hoje porque o próximo é um dos que eu mais amei escrever KKK quem sabe?

Vejo vocês no próximo capítulo!
~Ana

Data: 16/07/21

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