Eu Sinto Muito, Meu Amor
Asterin não tinha do que reclamar; os últimos dois meses haviam sido tranquilos e provavelmente os melhores de sua vida. E não havia nada que ela amasse mais do que aquela família que ela tinha agora.
Asterin estava arrumando as armas que Cassian tinha deixado desorganizadas no ringue na Casa do Vento quando viu Azriel entrar.
-Oi, Az.- ela disse e o Encantador de Sombras deu um leve sorriso para Asterin, as sombras ondulando ao redor dele. -Não sabia que viria para cá hoje.
-Eu não ia. Mas encontrei isso. E achei melhor trazer para você.- ele disse se aproximando e estendendo um pergaminho em suas mãos na direção de Asterin.
Ela franziu o cenho, mas aceitou. Estava escrito em uma língua antiga, tão antiga que ela não conseguia decifrar, mas o título era bastante claro: Domadora do Vento. Ela sentiu o coração dar um salto, e voltou a olhar para os olhos escuros e frios de Azriel.
Asterin não tinha falado com niguém além de Azriel sobre o que Stryga tinha dito a ela. E ele tinha prometido que tentaria descobrir algo a respeito. Tanto tempo tinha se passado que Asterin havia deixado aquilo de lado. Mas pelo jeito, Az não tinha desistido tão fácil assim daquele assunto.
-Eu não reconheço essa língua, mas talvez as sarcedotisas da biblioteca possam te ajudar. Eu pediria para elas, mas...
-Mas eu tenho mais intimidade que você.- ela disse com um sorriso divertido e Az apenas riu. -Obrigada, Az. De verdade.
Ele assentiu para ela e se despediu antes de desaparecer novamente. Asterin apenas olhou para aquele pergaminho antigo em suas mãos antes de entrar e caminhar em direção ao seu quarto.
Quando abriu a porta, tomou um susto, o coração acelerando. Zya deu risada e Asterin olhou feio para meia illyriana deitada em sua cama.
-Está muito assustadinha. - Zya cantarolou. -Fazendo algo de errado?
-Se eu estiver, não é da sua conta.- ela disse mostrando a língua para Zya. Zya deu risada.
-Estamos indo vistar o Rhys nas estepes, dar uma voltinha. Voar livremente um pouco. Quer ir junto?- Zya disse. Asterin suspirou.
-Eu realmente queria, mas preciso resolver uma coisa antes. Eu vou mais tarde e encontro vocês lá. - ela disse e Zya se levantou, indo até Asterin e a dando um beijo na bochecha. -Ei! Vocês duas se cuidem, ok? Amo vocês.
Zya apenas riu, indo em direção a porta do quarto.
-Também te amamos, bobona!
Asterin tinha de fato ido até a biblioteca e deixado o pergaminho com uma sacerdotisa com quem conversava de vez em quando. A fêmea tinha se disponibilizado a arrumar um jeito de traduzir o pergaminho para Asterin.
Asterin aproveitou então e começou uma caça a mais infomações a respeito. Não sabia ao certo quanto tempo tinha passado lá embaixo, mas percebeu que talvez tivesse sido muito quando um vento gelado bateu em seu rosto, a fazendo estremecer.
Ela soltou o livro em suas mãos e ele caiu com um baque no chão entre seus pés. O coração de Asterin acelerou e ela sabia que tinha algo errado conforme o vento sussurrava em seu ouvido.
Elas estão em perigo.
Asterin nunca tinha corrido tão rápido em sua vida como naquele momento. Nunca tinha voado com tanto fervor como naquele momento, o coração disparado e a ansiedade a consumindo. Então, ela fez o caminho que Amália e Zya sempre faziam até as estepes illyrinas, procurando por elas. Desejando, rezando para tudo e todos para que elas estivessem bem.
Ela não viu nada estranho ou fora do normal no caminho. Mas quando enfim chegou na vila que um dia havia morado, Asterin ainda estava com o coração acelerado, principalmente quando o vento ao seu redor parecia cada vez mais e mais melancólico e vazio.
Ela não podia ter chego tarde demais; não, o vento podia estar errado, afinal. Ela não tinha encontrado nada no caminho até ali! Talvez fosse tudo um mal entendido, talvez Zya e Amália já estivessem com Rhys. É, era aquilo.
Mas quando ela começou a descer a rua em direção a casa da mãe de Rhys, encontrou sua tia no meio do caminho. E o olhar de pena e dor nos olhos de sua tia já dizia o suficiente.
Asterin caiu de joelhos no cascalho, incapaz de se conter. Incapaz de conter a magia que explodia de dentro de si conforme Asterin entendia o que estava acontecendo.
-Não, elas não...- ela murmurou, lágrimas descendo em seu rosto, caindo no chão.
Asterin sentiu os braços de sua tia a envolverem com força. A apertando contra si.
-Sinto muito, minha menina. - ela murmurou, passando a mão pelos cabelos de Asterin. -Sei que Amália... Sei o que ela significava para você.
-Não, espera, o que? Não! Tem algo errado, ela não está morta, caramba, eu a vi hoje de manhã!- Asterin disse, olhando nos olhos de sua tia. Mas apenas encontrou dor, dor verdadeira, ali dentro. -Como? Como?!
-Elas foram assassinadas, Asterin. Pelo Grão Senhor da Primaveril. Suas cabeças chegaram para Rhysand esta tarde. Há duas horas atrás.
Asterin queria gritar; se ela tivesse ido junto, se ela tivesse estado com elas... Asterin chorou, chorou de uma forma que jamais tinha feito antes. Ficou frágil, quebrada, partida. E seu coração sangrava e doia com aquela perda.
Ela tinha perdido outra mãe; e uma irmã. Um dia, estavam juntas, rindo e conversando. E agora, Asterin não tinha mais nada.
-Se recomponha!- a tia de Asterin disse, segurando seu rosto com força. -Você não pode se dar o luxo de sofrer desta forma agora, Asterin. Se é dificil para você, imagine como é para seu amado. Então, se recomponha! Precisa ser forte, porque precisa apoioa-lo agora.
Asterin piscou, contendo suas lágrimas. E olhou para tia. Dessa vez, a olhou de verdade, como não tinha feito antes em sua vida. E então, percebeu; percebeu que, durante todos aqueles anos, sua tia havia apenas fingido. Fingido ser alguém que não era. E agora, Asterin entendia o porque: protege-la da dor. Protege-la de Illyria.
-Você usa uma máscara.- Asterin murmurou. A tia dela passou o rosto pela bochecha de Asterin, limpando as lágrimas.
-Prometi a sua mãe que te tornaria forte. Que te salvaria. Mesmo que para isso, precisasse fazer você me odiar. E no fim, deu certo, não foi, minha doce Asterin? Você é forte. E está livre agora.
-Obrigada.
Rhysand estava sentado, olhando perdido para a lareira quando Asterin chegou. Cassian e Azriel já estavam ali com ele, e foram até Asterin quando ela entrou.
-Ele não está bem. Então, tome cuidado.- Cassian disse e ela assentiu, vendo os dois desaparecerem. Ela sabia que, assim como ela, Cassian e Azriel estavam se contendo por causa de Rhys. Ela imaginava que para os dois a dor deveria ser ainda maior do que a que ela mesma estava sentindo.
Asterin foi até Rhys e se ajoelhou na frente dele, segurando com carinho o rosto de Rhys em suas mãos. Ele a olhou e aqueles olhos tão lindos e que estavam sempre cheios de alegria estavam vazios. Aquilo partiu ainda mais o coração de Asterin.
-Eu sinto muito, meu amor.- ela disse baixinho e Rhys chorou. Ela o apertou com força contra si, passando as mãos com carinho pelos cabelos negros de Rhysand, segurando suas próprias lágrimas. Ver Rhys daquela forma a destruía, devastava.
-É tudo culpa minha. Elas estão mortas e a culpa é toda minha.- ele murmurou e Asterin se afastou, segurando o rosto dele com força em suas mãos.
-Não diga isso. Não diga isso! Não é sua culpa, a culpa é daqueles merdas da primaveril. Rhys, você é bom. É bom, Rhys. Não fale isso.- ela disse e Rhys apenas fechou os olhos com força.
Então, Asterin ficou ao lado dele. Ficou ali até que Rhys se acalmasse, até que ele dormisse depois de chorar tanto. E ficou ali até mesmo depois daquilo. E ela sempre, sempre, ficaria ao lado de Rhys. E seria forte por ele. Apesar de seu coração estar sangrando e doendo.
Ai gente, esse capítulo me destruiu, sério. Mas né, precisava fazer isso, mesmo me deixando mega sad :c
Enfim risos, talvez eu poste mais hoje
Vejo vocês no próximo capítulo!
~Ana
Data: 06/06/21
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