
Capítulo 21: Eu não lembrava de nada
Era horrível ficar sem ela. Eu nunca imaginei que sentiria tanta saudade. Eu tinha sido um idiota... desde quando a diferença de idade importava? Havia tantos casais em Hollywood com até mais de 20 anos de diferença. Gigi Hadid e Bradley Cooper, Chris Evans e Alba Baptista e Sam e Aaron Taylor-Johson eram exemplos vivos disso.
Eu não suportava mais a sua ausência, então, um mês após o término, decidi procurá-la. Mesmo que ela não me quisesse mais, mesmo que ela já estivesse com outro... eu iria tentar conquistá-la mais uma vez. Pois aquele tipo de mulher eu não podia perder. Rebeca era única.
Peguei meu carro e dirigi em alta velocidade até o pub onde ela trabalhava. Torcendo para que ela estivesse lá. Porém, quando cheguei, não a vi no palco. Tomara que ela esteja no camarim.
No canto do pub, vi Ana falando no telefone, provavelmente resolvendo assuntos de trabalho. Então fui apressadamente até ela.
— Ana! Onde está a...
— Tô no telefone, espera. — Ela sussurrou. — Sim, estamos precisando de outro couvert aqui. O horário é de 20:00 às 23:00 e o salário é de 25 dólares a hora.
Outro couvert? Por que? Onde estava Rebeca?
— Uhum... tá... me encontra no endereço que eu vou te passar pra a gente conversar melhor sobre isso, ok? Tchau. — Ana desligou e guardou o celular no bolso. — Que foi, Robert?
— Cadê a Rebeca?
— Ela não trabalha mais aqui. Pediu as contas ontem. — Ela virou as costas e foi até o bar.
— Mas por que? — Andei rapidamente atrás dela.
— Por que ela tá se dedicando a carreira dela, querido. Ela vai produzir um álbum.
Cacete... um álbum? Não podia ser verdade.
— Que? — Perguntei incrédulo. — Não é possível.
— Claro que é possível, querido. Ela preferiu dar atenção à música do que ficar sofrendo por um cara que a fez de idiota. Diferente de outros, pelo visto... faz quantos dias que você não toma um banho, hein? — Ana torceu o nariz.
— Eu vim aqui justamente pra resolver as coisas com ela. — Me sentei ao balcão do bar.
— Talvez seja tarde demais.
— Não, não pode ser. Eu não vou desistir até tê-la de volta.
— Engraçado que vocês homens só nos dão valor depois que nos perdem, né? A Rebeca tá dando a volta por cima e isso tá afetando seu ego.
— Talvez eu tenha sido egocêntrico... — Mexi no cabelo. Meu clássico tique nervoso.
— Talvez? — Ana riu com ironia. — Você foi um idiota, Robert. Largá-la por causa de diferença de idade? Sério?
— Então ela te contou?
— Claro que contou! Ainda tô me controlando pra não te dar um soco aqui mesmo.
— Desculpa, eu fui um babaca, eu sei que eu fui...
— Bonitão, não é pra mim que você tem que pedir desculpas.
— Você tá certa. Assim que eu tiver a oportunidade, vou conversar com ela. Agora eu só quero beber.
— Nick! Traz um uísque pro senhor Pattinson aqui, por favor. — Ela pediu ao barman.
— Sim, senhora.
— E me traz um negroni também!
— É pra já! — O rapaz começou a preparar nossas bebidas.
— Valeu, Ana. — Agradeci.
— Não me agradeça, você que vai pagar. Cinquenta dólares os dois drinks.
— Cinquenta??
— É, acrescentei uma taxa de juros de 30% por você ter magoado a minha amiga. — Ana deu de ombros.
— Tá... é justo.
Ana e eu começamos a beber. Com o passar das horas, fui ficando alterado e, quando percebi, estava chorando no ombro dela.
— Eu... fui... um idiota! — Me martirizei aos prantos.
— Sim, você foi.
— Tô tão arrependido, Ana!
— Querido, se controla, todo mundo tá vendo seu chilique. Você é uma figura pública, cara, para com isso!
— Deixe que vejam! Não to nem aí pra nada!
— Meu Deus, nunca conheci um homem tão fraco pra bebida como você... — Ela bufou. — Vai ficar tudo bem, vocês vão se acertar.
— Rob? — Escutei uma voz de mulher atrás de mim. Por favor... que seja ela!
Assim que girei na cadeira e me virei, dei de cara com Suki. Ela me encarava com um olhar de julgamento.
— Já tá com outra, é? — Minha ex olhou para Ana dos pés a cabeça.
— Não, gata, a gente só tá conversando. — Ana respondeu impaciente.
— Menos mal.
— Robert, eu já te falei que eu não quero essa garota no meu bar. Pode dar um jeito de tirar ela daqui! — Ana sussurrou.
Quando ainda estávamos juntos, Suki deu um vexame imenso no pub de Ana. Ela estava bêbada e arranjou briga com uma mulher que, segunda ela, estava dando em cima de mim. Foi ridículo. Por sorte, a mídia não soube de nada.
— O que você quer? — Perguntei.
— Conversar.
— Por que? A gente terminou, não temos mais nada pra conversar.
— Ah, pelo amor de Deus, Robert. Para de ser infantil!
— Eu não falo com mulheres que gostam de extorquir os outros. — Respondi rude. Era o tipo de coisa que eu jamais falaria estando sóbrio.
— Eu nunca te extorqui!
— Que seja... — Virei o copo whisky. Deixando minha garganta queimar com o álcool.
— Vamos conversar, por favor?
— Vai logo, antes que eu tenha que expulsá-la daqui. Vocês que se resolvam fora do meu pub. — Ana sussurrou novamente.
— Tá... — Me levantei contrariado.
Suki e eu caminhamos até a saída no pub e paramos na calçada. Eu só queria que aquela conversa acabasse logo.
— Fala. — Ordenei.
— Aqui não, tá louco? Vamos pra minha casa.
Ela queria que eu caísse na sua armadilha. Eu estava bêbado, frágil e vulnerável. Suki com certeza queria passar a noite comigo. Mas aquilo não aconteceria. Ela não era mais o meu ponto fraco.
— Não, eu não vou pra sua casa. — Estagnei na calçada.
— Qual é, Robert? O que tem demais nisso?
Enquanto estávamos naquele embate, um paparazzi apareceu. Eu não queria que ele espalhasse fotos de nós dois. Se Rebeca visse... aí sim minhas chances seriam anuladas.
— Vamos logo. — Me apressei até o carro.
— Eu dirijo. — Ela disse.
Suki dirigiu com pressa até sua casa, desviando dos carros e fazendo curvas fechadas de forma brusca. Eu estava quase vomitando nos meus próprios pés.
— Você tá com a cara péssima. — Minha ex me olhou.
— Só tô meio enjoado.
— Já estamos chegando, relaxa.
Finalmente, chegamos na casa dela. Suki comprou a mansão logo depois que terminamos. Na entrada da casa, havia vários quadros enormes dela mesma. Em alguns deles, ela até estava nua. Suki era o narcisismo em pessoa.
— Vem, senta aqui. — Ela se sentou no sofá branco de couro.
— Só diz logo o que você quer dizer. — Sentei ao seu lado, cobrindo meus olhos com a mão. A luz parecia que estava queimando a minha retina.
— Rob... vamos tentar de novo. Não consigo mais ficar sem você.
— É sério que você me trouxe até aqui pra isso?
— Por favor, eu ainda amo você. E sei que você também me ama.
— A única mulher que eu amo é a Rebeca.
— Ah, me poupe, Robert. O que ela tem que eu não tenho?
— Ela é educada, humilde, meiga e divertida. Ela é linda por dentro e por fora. Diferente de você.
— Não sei porque você projetou essa imagem de mulher interesseira em mim.
— Por que você é. Todo mundo percebia isso, menos eu.
— Eu fazer compras no seu cartão é sinônimo de que eu sou interesseira? Nossa conta era conjunta, não sei se você se lembra disso.
— Você gastava milhares de dólares em futilidades enquanto eu me matava de trabalhar!
— E eu também trabalhava, querido. Esqueceu?
— Ir gravar o Daisy Jones and The Six uma vez por semana não é trabalho.
— Isso foi machista! — Suki se doeu com as minhas palavras.
— Não é machismo, é realidade. Eu ia todo dia pro estúdio da Warner, ficava lá até quase meia noite, enquanto você saía com suas amigas pra sabe Deus onde.
— Então você queria que eu ficasse trancafiada em casa? Eu tenho vida social também, Robert!
— Eu só queria poder chegar em casa e ter uma namorada que me fizesse companhia! Tô pedindo alguma coisa absurda?
— Quer saber... você tá certo. Eu poderia ter sido mais presente, desculpa.
Suki se agarrou em meu pescoço e me abraçou forte. O cheiro do seu perfume, que antigamente me deixava tão alucinado por ela, atualmente me deixava nauseado.
— Vamos deixar o passado pra trás. Vamos começar do zero. — Ela beijou meu pescoço. — Eu te amo tanto...
— Eu não quero. — Tentei me afastar, para respirar um ar limpo e parar de sentir aquele odor enjoativo do seu perfume. — Suki, para.
— O que foi, amor?
— Eu não tô me sentindo bem. Por favor, só... para de me agarrar. — Inspirei fundo, controlando meu enjoo.
— Vou pegar um copo d'água pra você. Espera um pouquinho.
— Obrigado.
Suki foi até a cozinha e demorou alguns minutos para retornar. Aproveitei para me levantar do sofá e me preparar para ir embora.
— Toma, bebe um pouco. Vai fazer você se sentir melhor.
— Valeu.
Dei uns três goles na água e logo fiz uma careta. Estava com um gosto diferente. Um gosto ruim.
— O que foi?
— Da onde é essa água?
— Do filtro. Tem algo errado?
— Não... não sei... eu...
Minha visão foi ficando turva e escurecida. Tudo ao redor de mim girava e eu só conseguia ouvir os sons vindos de longe. Eu estava desmaiando.
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Acordei com uma luz intensa vinda da janela e entrando no quarto. Mas não era meu quarto. Me virei na cama e me deparei com minha ex namorada adormecida ao meu lado. Seus cabelos loiros se esparramavam pelo travesseiro, exalando o mesmo perfume vulgar da noite anterior. Ela estava... nua?
A pergunta foi respondida assim que ela se virou para mim, deixando o lençol escorrer e revelar seus seios despidos. E eu também estava sem roupa. Fodeu.
— Bom dia, amor. — Ela fez carinho na minha bochecha. Depois me deu um beijo demorado nos lábios.
— O que aconteceu? — Eu ainda me sentia muito fraco para levantar a cabeça do travesseiro.
— Nós tivemos uma noite muito louca. — Suki sorriu. — Foi a melhor da minha vida.
— Não me lembro de nada.
— Você estava bêbado, amor.
— Você transou comigo mesmo estando bêbado?
— Já fizemos isso tantas vezes, Rob. Achei que não teria problema pra você.
— Meu Deus... eu não devia estar aqui.
— Não diga isso... ontem à noite você até disse que me amava.
— Eu preciso ir embora.
Mesmo tonto, levantei da cama em um pulo. Suki resmungava várias coisas que eu não me dei o trabalho de ouvir.
Fui embora da sua casa o mais rápido possível, tentando me lembrar do que tinha feito na noite passada. Eu não conseguia lembrar de nada.
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