Capítulo 19: O julgamento (Parte II)
Alguns minutos depois, uma sirene tocou, indicando que já estava na hora de retornarmos para o júri.
Eu estava suando e tremendo, qualquer pessoa podia ver que eu estava nervosa, por mais que eu tentasse disfarçar.
— Iniciaremos agora a segunda etapa do julgamento. — A juíza bateu o martelo. — Que venha a primeira testemunha.
María, com certa limitação, caminhou até a cadeira ao lado da juíza e se sentou.
— Me chamo María Dolores García Hernandez, tenho 67 anos e vim depor em favor da Rebeca e do senhor Pattinson. — Ela se apresentou com a voz rouca. — Eu cuido do Robert desde que ele era bebê e presenciei várias desilusões amorosas que ele já teve ao longo da sua juventude. Com 37 anos, ele não queria mais saber de ninguém até a Rebeca aparecer. Ela transformou o meu menino em uma pessoa melhor. Ela colocou luz na vida dele.
— A senhora sabia que o senhor Pattinson era usuário de drogas? — A juíza perguntou sem se importar muito com o que María tinha acabado de falar.
— Não, eu só soube no dia em que ele teve a overdose.
— Se ele teve overdose, então ele já usava a bastante tempo.
— Meu menino nunca foi viciado.
— Se ele não fosse, não estaria na reabilitação, senhora.
— Ele deve ter começado a usar porque não aguentava mais ter que aturar a dona Suki.
— A senhora chegou a conviver com a senhorita Waterhouse?
— Sim, ela foi minha patroa quando começou a morar com o senhor Pattinson.
— E como ela era dentro de casa?
— Era um pesadelo... — María falou com um pouco de medo. — Já fui destratada por ela várias vezes. Ela me obrigava a trabalhar até depois do meu horário, não me dava folgas no fim de semana... por mais que eu morasse na casa deles, creio que eu também tinha direito a um descanso das minhas atividades domésticas.
— Então você se sentia explorada pela senhorita Waterhouse?
— Às vezes, sim...
— Meritíssima, essa senhora só está se aproveitando da situação para arrancar dinheiro da minha cliente. A pauta aqui não é questão trabalhista. — O advogado de Suki interrompeu.
— Meu caro, sua hora de falar já passou. Sente-se no seu lugar, por gentileza. — A juíza pediu de uma forma nem um pouco gentil. — Prossiga, senhora.
— A dona Suki também nunca foi uma mãe exemplar. Ela nunca fez questão de amamentar o pequeno Henry, porque ela era viciada em cigarros eletrônicos e bebidas alcoólicas.
— Ora, mas isso é uma calúnia contra a minha cliente! — Novamente, o advogado quis interromper.
— Ordem! — A meritíssima bateu o martelo várias vezes. — Se o senhor voltar a interromper, sofrerá as consequências!
— Bom... como eu ia dizendo... — María voltou a falar. — Por causa desses vícios da dona Suki, o Henry não mamava. Era eu quem fazia o leite dele. O coitadinho sofreu muito com gases nos primeiros meses... ele demorou muito pra se acostumar com a fórmula. E, além disso tudo, a Suki quase nunca estava em casa, quem cuidava do bebê era o Robert.
— Mais alguma colocação?
— Não, vossa excelência.
— Ok, pode voltar para o seu lugar. — Ela voltou a anotar na sua caderneta. — Próxima testemunha!
Dessa vez, foi Ana quem foi depor. Ela parecia bastante segura.
— Bom dia, vossa excelência, me chamo Ana Carla Hold e estou aqui para testemunhar em favor da Rebeca.
— Está autorizada a falar, senhorita.
— Apesar da Suki sempre dizer que jamais quis o mal do Robert ou da Rebeca, ela sempre ficou infernizando a vida dos dois, principalmente a vida da minha amiga. Por diversas vezes ela foi xenofóbica e racista. Já chamou ela diversas vezes de "latina nojenta" e "latina agressiva".
— A senhorita tem certeza dessa acusação? Xenofobia e racismo são crimes gravíssimos. — A juíza se inclinou para frente, ela parecia bastante atenta com o que Ana estava dizendo.
— Tenho certeza, ela já foi racista comigo também.
— Vossa excelência, eu jamais cometeria qualquer ato racista. Eu tenho inúmeros amigos que são negros, e... — Suki se impôs.
— Senhorita Waterhouse, essa é a primeira frase que um racista fala quando vai se defender. Lhe aconselho a permanecer calada. — Ela lançou um olhar fulminante para Suki. — Continue, senhorita Hold.
— Antes do Robert conhecer a Suki, eu me envolvi com ele, mas não foi nada sério, ficamos somente por diversão. Assim que Suki descobriu que tivemos um rolo, ela perguntou pra ele como ele tinha coragem de ficar com alguém como eu. Não precisa ser um expert pra enxergar o racismo nessa frase. — Ana revelou aquele acontecimento traumático de cabeça erguida. — Ela sempre me destratou, meritíssima, e também destratou minha amiga.
— Obrigada pela sua contribuição, senhorita Hold. — A juíza disse.
Mais algumas testemunhas foram depor em meu favor, talvez umas três ou quatro. Eu seria a última a falar, e a cada minuto que se passava, mais nervosa eu ficava.
— Rebeca! Ele conseguiu! — O advogado cochichou comigo.
— Quem conseguiu o que? — Arqueei a sobrancelha.
— O meu amigo policial achou uma cópia da filmagem! Ele tá me enviando agora!
— Sério?!
— Sério!
Quando a última testemunha terminou de depor, fui ao encontro da juíza bastante calma. Todo o meu nervosismo de antes tinha se dissipado completamente.
— Senhorita Rebeca, o que tem a dizer sobre tudo?
— O que eu tenho a dizer é que a Suki fez calúnia contra mim e difamou a minha imagem de forma proposital. Eu nunca dei o golpe da barriga no Robert porque esse filho nunca foi dele.
— E você pode comprovar isso?
— Posso. Meu advogado tem o teste de paternidade alegando que o filho não é do Robert.
— Quero ver esse documento, por favor.
O advogado deu a pasta de documentos para a juíza e ela começou a ler cautelosamente.
— O pai do meu filho era o ator Jacob Elordi, com quem eu me envolvi durante um ano e meio. — Contei enquanto ela lia.
— O exame realmente afirma que não existe grau de parentesco entre o filho dela e o senhor Pattinson. — A juíza falou alto para que todos na sala escutassem.
— E eu tenho outra colocação pra fazer, meritíssima. — Me levantei. — O filho que eu carregava foi abortado por causa de um pico de estresse que eu tive em decorrência de toda essa difamação contra a minha imagem.
Todos ficaram boquiabertos. Era a primeira vez que eu revelava aquele fato publicamente.
— Dentro dessa pasta que a vossa excelência está segurando também tem o exame que comprova esse aborto que eu tive.
— Eu sinto muito pela sua perda. — A juíza se compadeceu.
— Obrigada, excelência. E sobre o incidente de Robert... eu não vou mentir, ele realmente estava se afundando em drogas. E isso aconteceu devido a uma grave depressão que ele estava sofrendo. Na pasta também tem o diagnóstico do psiquiatra. O senhor Pattinson teve ansiedade em alto grau, síndrome do pânico e depressão por causa da senhorita Waterhouse. Por isso ele se entregou às drogas, ele só queria se sentir vivo de alguma forma... e isso quase o matou.
— Por que você está afirmando que ele desenvolveu distúrbios psicológicos por causa da senhorita Waterhouse?
— Porque ela revelou que o Henry não era filho dele.
Novamente, o júri inteiro ficou boquiaberto.
— Vossa excelência, minha cliente só fez isso porque ficou com medo de manter o filho dela na mesma casa que um homem viciado em drogas! — O advogado dela se intrometeu.
— Acho que houve uma contradição nessa sua fala. — Eu sorri. — O Robert não estava usando drogas quando ela fez isso.
— Prossiga, Rebeca. — Ela me pediu.
— A Suki sempre se interessou pelo Robert por causa do dinheiro e da fama que ele oferecia a ela. Foi por isso que ela forjou essa paternidade. O Henry nunca foi filho do Robert. Mas ela mantida esse segredo pra poder prender o Robert a ela. E quando ela percebeu que não conseguia mais ser uma parasita na vida dele, ela revelou esse segredo. E antes que a meritíssima pergunte, eu tenho provas sim.
Meu advogado colocou o vídeo na televisão e lá estava Suki na cozinha de sua casa no dia 3 de março de 2023. Foi muito óbvio o momento em que ela colocou boa noite Cinderela na água de Robert naquela noite.
— Você vai ficar comigo por bem ou por mal, Pattinson.
Aquela foi a única coisa que ela disse na gravação. Mas aquela simples frase já lhe entregava.
— Meritíssima, com sua licença. — Ana se levantou. — Eu me lembro dessa noite, o Robert estava bebendo no meu bar chorando pelo recente término com a Rebeca. A Suki apareceu lá pedindo para conversar com ele em particular, depois disso, ela o levou pra casa dela.
— Ela fingiu que transou com o Rob naquela noite. — Complementei. — Mas eles nunca tiveram relações porque o Robert foi drogado por ela. Isso serviu pra ela mentir sobre ele ser pai da criança.
— Senhorita Waterhouse, as provas me parecem muito concretas. Você assume que fez isso? — A juíza perguntou.
— Vossa excelência, esse vídeo é montagem! — O advogado dela defendeu.
— Eu quero ouvir o que a senhorita Waterhouse tem a dizer.
— Quer saber de uma coisa? — Suki se levantou. — Eu fiz isso, sim. Dessa vez, eu assumo minhas merdas.
Lancei um sorriso de orelha a orelha para Ana e María.
— Ela já ganhou esse processo, então foda-se.
— Pelo poder revestido em mim, eu declaro a senhorita Alice Suki Waterhouse culpada por difamação, calúnia, alienação parental, xenofobia, injúria racial e abuso contra trabalhador doméstico. — A juíza bateu o martelo pela última vez. — A senhorita Rebeca é inocente e a guarda da criança fica com o senhor Pattinson, mesmo não sendo o pai biológico.
Finalmente, a guerra tinha terminado.
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