Capítulo 14: Tudo ficou escuro
O dia do grande lançamento do comercial de dia dos namorados da Dior tinha chegado. Eu estava morrendo de nervosismo, pois com certeza a noite de hoje ia dar o que falar nas revistas e sites de fofoca. Os paparazzis não iam perder a oportunidade de tirar milhares de fotos minhas e do Robert quando entrássemos juntos na grande festa da marca. Eu já estava prevendo o desastre.
— Eu vou acabar borrando toda a sua maquiagem se você não parar de tremer essa pálpebra. — Minha maquiadora reclamou.
— Me desculpa, tô um pouco nervosa pra essa festa. Vou tentar parar de tremer.
— Só vai lá e faça o que tem que fazer. Não ligue pro que vão falar de você. Se serve de consolo... pior do que tá não fica.
— É, acho que você tá certa.
Assim eu esperava. Mas eu não me surpreenderia se as coisas piorassem. Minhas vida sempre foi uma caixinha de surpresas.
— Será que o Robert já tá pronto? — Peguei meu celular e mandei mensagem para o meu namorado. Mais uma para a coleção de mensagens não visualizadas.
Robert não me respondia desde cedo, mas eu estava tentando não ficar muito preocupada com isso. Imaginei que talvez ele estivesse muito ocupado sendo arrumado pelos seus estilistas. Como Robert era um dos embaixadores mais antigos da Dior, ele precisava ficar impecável.
— Ele não me responde... que saco. — Resmunguei.
— Quando foi que ele visualizou as suas mensagens pela última vez? — Ashley perguntou por curiosidade.
— A última vez foi que ele ficou on-line foi às dez da manhã. Mas agora já são oito horas da noite. — Respondi balançando a perna, inquieta. — Vou ligar pra casa, talvez a empregada possa me dar notícias dele.
Ashley com certeza estava odiando a minha preocupação excessiva, porque eu não parava de me mexer. Vez ou outra ela reclamava por ter borrado a minha maquiagem. Porém eu nem estava ligando para aquilo. Eu só ia conseguir me aquietar quando tivesse alguma informação sobre o paradeiro do meu namorado.
— Oi, María, o Robert tá em casa? — Foi a primeira coisa que perguntei quando ela atendeu.
— Oi, hija, ele tá no quarto.
— Pode pedir pra ele me retornar, por favor? Ele não me atende desde cedo.
— Não sei se vou conseguir falar com ele... o Rob já tá trancado lá faz tempo.
— E ele tá com alguém? Com algum maquiador ou estilista?
— Não, não tem ninguém lá. Ele disse que queria ficar sozinho e que não queria ser incomodado.
Como assim "não queria ser incomodado"? Não é possível que ele tenha se esquecido do evento de hoje. Ele não teria a coragem de me deixar sozinha nessa festa.
— Estou até preocupada, hija. Ele já tá trancado lá desde a hora do almoço. E agora que você me disse que ele não lhe atende, a minha preocupação até aumentou.
Meu coração quase parou quando comecei a pensar no que Robert podia estar fazendo sozinho dentro daquele quarto. Ele já tinha reclamado de abstinência da última vez que nos vimos. E se... ele tivesse cedido ao desejo?
— María, eu tô indo aí pra ver o que tá acontecendo. — Falei apressada.
— Tá bom, vou ficar de olho pra abrir o portão pra você.
Quando a chamada finalizou, me levantei da cadeira abruptamente e peguei minha bolsa Chanel em cima do móvel.
— Ei, onde você vai? — Ashley correu atrás de mim.
— Vou atrás do Robert.
— Mas a festa começa daqui a menos de duas horas, você não pode sair assim! Precisa ficar pronta!
— Eu não vou pro lançamento do comercial sem ele.
— Mas, Rebeca...
Não esperei que Ashley terminasse de falar. Corri até meu carro, sentindo muita dor nos calcanhares por causa dos saltos que apertavam meus pés inchados, e comecei a minha viagem até Malibu. O GPS dizia que o tempo para chegar lá era de uma hora. E um hora era tempo demais.
Peguei todos os atalhos possíveis, avancei sinais, desrespeitei os limites de velocidade das rodovias e cheguei na mansão em meia hora. Com certeza iria chegar uma penca de multas do carro no próximo mês.
Estacionei o carro na frente da casa e apertei a campainha várias vezes para que María liberasse a minha entrada o mais rápido possível. Quando entrei, mal olhei para ela, meu único foco era ir no quarto de Robert.
— Robert, abre a porta! — Bati com violência. — Robert, você tá me ouvindo? Abre essa porta!
Se ele estivesse escutando, ele iria abrir a porta para mim sem pensar duas vezes.
— Ele não vai abrir, já bati na porta várias vezes e ele nem deu sinal de vida. — María disse.
— Então vamos abrir à força!
— Mas como?
— Vou precisar de um martelo, deve ter algum naquela caixa de ferramentas no porão.
Minha ideia era quebrar a maçaneta da porta para abrí-la. E daí que a porta era de mogno e que era uma fortuna? Eu a quebraria até se fosse de diamante, se fosse preciso.
Quando María chegou com o martelo, comecei a bater com força na maçaneta dourada, tentando arrancar o fecho. Não ia ser fácil, ela era feita de um material muito resistente.
— Hija, você não pode fazer esforço assim! Está grávida! — María me alertou. — Vamos chamar os bombeiros!
— Eles iriam demorar muito! Precisamos abrir agora! — Martelei a maçaneta outra vez.
— O que você acha que ele está fazendo lá dentro? Não deve ser nada demais, talvez só esteja dormindo! — Ela falou com inocência.
— Não acho que ele esteja dormindo, María. Eu tenho uma teoria sobre o que ele está fazendo, mas eu espero estar errada.
Depois de bastante tempo tentando, consegui quebrar a maçaneta. Mas assim que abri a porta, infelizmente vi que minha teoria estava certa.
O quarto estava completamente escuro e bagunçado, cheio de cacos de vidro pelo chão que provavelmente deviam ser de algum vaso de porcelana quebrado. Robert estava deitado na cama, completamente apagado segurando uma garrafa de uísque que derramava no lençol branco. E tinha um monte de cocaína espalhada na mesinha de cabeceira.
— Rob! — Disparei em sua direção. — Robert, acorda!
Apoiei sua cabeça em minha coxa e comecei a lhe dar tapinhas no seu rosto anêmico e gelado. Sua camiseta preta estava cheia de manchas amareladas e, pelo cheiro, supus que aquilo era vômito.
— MARÍA, CHAMA A AMBULÂNCIA! — Berrei em desespero.
A ambulância não demorou para chegar. Quando souberam que era Robert Pattinson que estava passando mal, eles vieram rapidinho.
— Seu parceiro teve uma overdose. — O paramédico me informou enquanto o resto da equipe colocava o corpo de Robert na ambulância. — Demos uma injeção de Naloxona nele pra bloquear o efeito dos opioides.
— Ele pode morrer? — Perguntei em desespero.
— Ele ainda está respirando.
— Ele pode morrer? — Perguntei outra vez.
— Faremos o possível para que isso não aconteça. — Ele não me deu uma certeza e aquilo me fez perder o meu chão.
Acompanhei meu namorado o tempo todo, sempre debruçada sobre o seu corpo torcendo para que ele não acabasse morrendo no caminho até o hospital. Eu tremia e chorava o tempo todo, me sentindo impotente e culpada por aquela situação. Se eu não tivesse saído de casa, teria conseguido evitar que Robert tivesse aquela overdose. Aquela foi a pior agonia que senti na vida.
No hospital, Robert foi imediatamente colocado em uma maca e levado às pressas até a sala vermelha por ter parado de respirar na ambulância. Mas eu não pude entrar com ele, me deixando ainda mais agoniada do que eu já estava.
— Seu marido está em boas mãos. — Um médico tentou me tranquilizar.
— EU QUERO ENTRAR COM ELE!
— Senhora, você precisa se acalmar. Estamos fazendo o possível para ajudar.
— NÃO MANDE EU ME ACALMAR!
— Você precisa se sentar aqui e aguardar algumas horas para saber mais informações sobre o estado do seu marido. — Ele tocou no meu ombro.
— Eu não posso perdê-lo... não posso... — Fechei os olhos sentindo minhas forças fugirem do corpo.
— Não vamos deixar isso acontecer.
Eu não queria perdê-lo. Não queria de jeito nenhum. O meu mundo não existia se Robert não estivesse nele. Ele era absolutamente tudo para mim. A possibilidade de ele me deixar me apavorava.
Enquanto eu estava na sala de espera, a minha ansiedade só crescia. Crescia ao ponto de se tornar incontrolável. Meu peito estava explodindo e eu mal conseguia enxergar as coisas ao meu redor devido às lágrimas que enchiam os meus olhos sem parar.
Foi então que eu senti aquela dor novamente. A mesma dor que me atingiu no estúdio, só que muito mais avassaladora. Senti meu útero se contrair com força e aquilo me fez soltar um ganido baixo.
As palavras do outro médico ressoaram na minha mente na mesma hora: "contenha as suas emoções para não correr o risco de perder o seu bebê". Mas naquele dia eu tinha ultrapassado os meus limites de estresse e agora eu estava novamente correndo aquele risco.
Quando senti o meio das minhas pernas ficar molhado com um líquido quente e espesso, eu logo soube que era sangue. Então, sem perder tempo, fui pedir ajuda para a primeira pessoa de jaleco que vi na minha frente.
— Socorro... — Minha voz saiu fraca. — meu bebê...
E depois disso, tudo ficou escuro. Dessa vez, eu sentia que meu filho não ia conseguir ser salvo.
Th3Black_Cats
LigianeSilveira
BellaMikaelson17
anaeggert
anahoanny
CherryCah658
MaysaSouza377
BrendhaKarollynneMac
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro