— Como você está se sentindo nesse 2° mês de gestação, Rebeca? — Minha obstetra me perguntou enquanto passava aquele gel gelado no meu ventre.

  — Me sinto bem. — Respondi olhando para o teto de gesso branco.

  — "Bem" também é exagero, né, amiga? — Ana falou. Eu tinha pedido para ela me acompanhar na consulta, já que Jacob, mais uma vez, não poderia comparecer. — Às vezes ela vomita do nada, doutora.

  — Mas os enjoos melhoraram em comparação ao primeiro mês?

  — Com certeza.

  — E você sente outra coisa além de náusea?

  — Não... acho que só cansaço mesmo. Toda hora quero dormir. — Ri.

  — Ah, isso é completamente normal. Agora vamos ver como está esse bebezinho. — Ela virou os olhos para a tela preta. — Você quer escutar os batimentos dele?

  — Já dá pra ouvir? — Perguntei com animação.

  — Sim, o coração dele já está com as quatro cavidades formadas, então já podemos perceber as sístoles e as diástoles. Quer ouvir?

  — Claro!

  — Se você quiser filmar, pode ficar a vontade.

  — Ana, prepara o celular. Preciso mandar isso pro Jacob! — Pedi eufórica.

  — Já tô filmando.

  A obstetra ligou o som e, pela primeira vez,  eu ouvi o coração do meu bebê batendo. Aquele coraçãozinho tão pequeno e ao mesmo tempo tão rápido. Era como uma música para meus ouvidos. Claro que eu chorei de emoção.

  — Isso é incrível...

  — Bom... parece estar tudo bem com ele. — A doutora sorriu. — Ele já está começando a desenvolver o rostinho e daqui a pouco vamos conseguir ver melhor suas características.

  — Espero que ele puxe pra você. — Ana disse.

  — Tá querendo dizer que o Jacob é feio?

  — Assim, amiga... ele não é o cara mais lindo do mundo. Ele me lembra aquele apresentador de TV do Brasil.

  — Que apresentador, Ana?

  — O Tadeu Schmidt.

  — Aí você pegou pesado. — Eu disse, mas não consegui conter uma gargalhada.

  — O que importa é que ele tem saúde. — A médica falou. — Seu bebê já está do tamanho de um amendoim. Está crescendo bem.

  — Quando você menos esperar, ele vai tá do tamanho de uma melancia. — Minha melhor amiga comentou.

  — Deus me ajude quando esse dia chegar.

  Quando a consulta chegou ao fim, Ana e eu entramos no carro para sair em busca de um lugar para almoçar. Já eram 13:00 da tarde.

  — Onde você quer comer? — Perguntei.

  — Sei lá, qualquer lugar tá bom.

  — Acho que vou ligar pro Jacob e perguntar se ele quer vir almoçar com a gente. Quero mostrar o vídeo do coração do bebê pra ele pessoalmente. — Peguei meu celular e disquei o número dele.

  Tentei entrar em contato umas duas vezes, mas ele não me atendeu. Na verdade, atualmente Jacob quase não atendia seu telefone quando eu ligava. Suas desculpas sempre eram "Minha bateria acabou", ou "Não escutei o celular tocar" ou "Eu ia retornar a ligação, mas esqueci".

  — Por que ao invés de você ficar igual uma trouxa ligando pra ele você não vai até o set? — Ana sugeriu. — O galpão da HBO não fica longe daqui.

  — É, você tem razão, eu vou até lá.

  Dei partida no carro e comecei a viagem até o set. Eu estava ansiosa para encontrá-lo, apesar de nossa relação estar bastante fria nos últimos meses. Mas nós estávamos esperando um bebê, e a ideia de compartilhar tudo o que aconteceu na consulta com ele me deixava naturalmente animada.
  Assim que cheguei no galpão, parei meu veículo no estacionamento e iniciei a procura pelo meu namorado, enquanto Ana ficou esperando dentro do carro. Eu nunca tinha visitado aquele set, então confesso que estava meio perdida.

  — Oi, boa tarde, eu tô procurando o Jacob. — Perguntei para um dos seguranças no meio do caminho.

  Todos sabiam quem eu era, e também sabiam que Jacob era meu namorado, então nem pediram para que eu me identificasse.

  — Boa tarde, acredito que ele está no trailer.

  — E onde fica esse trailler? — Olhei ao redor.

— Atrás do galpão número quatro. Não tem erro.

— Obrigada.

  E realmente não tinha erro mesmo. Na porta do trailer, havia uma grande estrela dourada escrito "Jacob Elordi", só podia ser o trailer dele. Bati algumas vezes na porta de metal, mas ninguém apareceu. Até que decidi entrar para checar se Jacob estava lá.
O trailer era bem grande. Tinha sala de estar, cozinha, banheiro e até um outro cômodo, o qual estava com a porta fechada. Talvez ele estivesse lá dentro.

— Jacob? — Chamei.

Quando fui verificar dentro do cômodo, comecei a ouvir uns barulhos estranhos e abafados. Então coloquei o meu ouvido atrás da porta para tentar entender que barulhos eram aqueles. E torcendo para que não fosse o que eu estava pensando.

  — Isso, Jacob! Mais forte! — Uma mulher gemeu de forma esganiçada.

  Mas que porra...

  — Você gosta disso, não é? Sua cachorra... — Dessa vez, era Jacob.

  Sentindo meu sangue ferver de raiva, abri a maldita porta com toda a minha força. Simplesmente, peguei no flagra meu namorado fodendo a sua colega de elenco, Sydney Sweeney.
  A primeira coisa que fiz foi tirá-lo com brutalidade de cima da garota, sem me preocupar em machucá-lo. Depois lhe enchi de tapas ao mesmo tempo que ele tentava cobrir seu pau ereto com o lençol.

  — SEU SAFADO! COMO QUE VOCÊ TEVE CORAGEM DE FAZER ISSO COMIGO?! — Continuei lhe batendo.

  — PARA! VOCÊ TÁ ME MACHUCANDO! — Ele segurou meus pulsos, me imobilizando.

  — Você é um nojento, escroto, cafajeste! — Falei quase espumando de raiva.

  — Sydney, sai daqui. — Jacob ordenou para a garota que estava deitada na cama, nos olhando com os olhos arregalados de susto.

  — É, sai logo daqui antes que sobre pra você! — Eu disse.

  Ela se vestiu rapidamente e saiu correndo do trailer.

  — Você não tem vergonha não? De trair sua namorada grávida?

  — Desculpa.

  — DESCULPA O CARALHO, JACOB! — Berrei.

  — Beca, você precisa se acalmar... esse estresse pode afetar o bebê...

  — Não vem querer dar uma de pai preocupado agora! — Lhe empurrei. — Meu Deus, como eu sou imbecil...

  Eu nem estava com tanta raiva por ele ter me traído, o meu ódio era mais porque Jacob não se importou com a nossa família. Ele simplesmente arriscou tudo para se divertir com uma loira. Por que sempre eram as loiras que ferravam com a minha vida?

— Por que você fez isso? — Perguntei respirando fundo, tentando não ter um colapso nervoso.

— Do que adianta eu dizer o porquê? Não vai mudar nada. O que tá feito tá feito.

— Eu quero tentar entender essa sua safadeza.

— Porra, a gente já tava a um tempão sem sexo...

— Então tudo isso foi por causa de sexo? Sério?

— Não, não foi só por isso. Eu não aguentava mais me sentir como segunda opção. Não aguentava mais escutar você murmurando o nome do Robert todas as noites enquanto dormia. Não aguentava mais ter que lidar com suas reações toda vez que alguém mencionava o nome dele. E não aguentava mais me sentir menos amado que ele. — Ele listou.

— Quer saber de uma coisa? Talvez se eu estivesse com ele, eu não teria que passar por isso. Se eu estivesse com ele, eu jamais seria corna! — Cuspi as palavras sem ressentimento algum.

— Ah, então eu meio que fiz um favor pra você, né? Agora você pode correr atrás dele como sempre quis!

— Talvez eu corra!

— Ótimo, eu não ligo! Sejam felizes!

  — Ótimo! — Rebati de volta. — Ah, e eu quase me esqueci, hoje eu consegui ouvir pela primeira vez o coração do nosso filho. Pena que você tava ocupado demais pra presenciar esse momento.

  Jacob ficou mudo.

  — Sinto muito. — Foi a única coisa que ele disse.

  — Sinta mesmo. Sentir muito é o mínimo que você pode fazer agora.

  — E como vai ser agora? Com o bebê?

  — Pode ficar tranquilo quanto a isso, deixa que eu cuido dele. Tenho dinheiro o suficiente pra mantê-lo sem precisar ficar mendigando pensão. Você pode sumir da nossa vida, afinal, ser pai nunca foi um desejo seu.

  — Você não tem esse direito.

  — Experimenta me procurar de novo pra você ver o que acontece. Passar bem!

  Bati a porta do trailer e saí batendo os pés até meu carro. Quando entrei, Ana levou um susto.

  — Meu Deus, o que houve?

  — Acredita que esse idiota tava me traindo? — Liguei a Ranger Rover e dei ré para sair do estacionamento.

  — Sério? — Ela arregalou os olhos.

  — Sério.

  — Amiga, eu sinto muito.

  — Não sinta, amiga. Com certeza isso foi uma dádiva do destino.

  — O que você vai fazer?

  — Agora eu vou correr atrás do que realmente importa.

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