Cap. 031
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Eu nunca pensei que seria capaz de rir tanto em toda a minha vida. A semana com esses gringos em um estado nordestino tem sido a melhor possível, eles simplesmente topam qualquer coisa. Literalmente qualquer coisa.
Eu sugeri que fossemos em um barzinho no Recife antigo, próximo a orla do Marco zero e eles sequer hesitaram ao concordar com a ideia.
O clima hostil do chamado "Beco da Lua" é, diga-se de passagem, peculiar. O fato de ter um karaokê com músicas nacionais e internacionais deixa tudo ainda mais interessante. Vejamos, bêbados e um microfone dando sopa nunca será uma ideia muito boa.
O gosto amargo do álcool presente em minha caipirinha, desceu queimando pela minha garganta. Mas nada que eu não estivesse precisando neste momento.
Mesmo que eu esteja adorando estar aqui com os meus amigos, é em Pedri que eu penso todas as noites antes de dormir.
Nós não passamos muito tempo juntos nessa semana. O máximo que fizemos foi trocar algumas palavras apenas para decidir coisas ou durante os pequenos luais que fizemos pelas noites na beira do mar.
Eu não sabia muito bem como deveria me sentir essa noite, não sei muito bem como devo me sentir em relação a Pedri.
— Se você subir naquele palco e cantar qualquer coisa eu pago a próxima rodada de cerveja e espetinho. — A voz extremamente alta de Ferran ecoou pela nossa mesa, chamando a atenção de outras pessoas que observavam esse bando de turistas que não são nada discretos.
— Proposta tentadora, mas eu deixo pro nosso amigo Pedri. — Aryella rebateu o convite, o que fez o canário totalmente bêbado a observa-se com um olhar confuso.
— Eu? Por que eu faria isso?
— Ué, foi você que estava gravando uns vídeos cantando Quevedo.
— Claro, eu estava trabalhando. — Rebateu como se fosse a coisa mais clara do universo.
— Independente, deveria dedicar uma música pra sua mulher. — Comecei a tossir ao me engasgar com a caipirinha que havia acabado de colocar na boca.
— O que foi, Guimarães? A carapuça serviu? — Angela comentou escrupulosamente.
— Não pode nem engasgar mais? — Óbvio que eu não iria me engasgar dessa forma a troco de nada, mas esse é um detalhe que não pretendo comentar.
— Claro que pode, disse ao contrário por algum acaso? — Revirei os olhos enquanto fazia uma careta na direção da loira que sorriu diabolicamente.
— Já que querem tanto ouvir música, deveriam ir vocês mesmos no palco cantar. — Gavi rebateu aqueles comentários e eu deixei um sorriso escapar. Bem feito pra esse bando de amigos da onça.
— Fica na sua aí que ninguém falou com você.
— Eu falei com os outros, não com você.
— Tudo bem crianças, não vamos brigar agora. — Adrián interveio antes que aquilo passasse dos limites. — Se alguém quiser cantar, é só subir no palco e pronto.
— Isso, muito bem Adrián. Mostre a esses doidos como as coisas funcionam por aqui. — Terminei de virar meu copo e me levantei para seguir até o banheiro. O olhar do canário me seguiu descaradamente até que não pudesse mais.
Respirei fundo enquanto inúmeros pensamentos rondavam em minha mente, até quando isso vai ser tão complicado assim?
Girei meu corpo sobre os calcanhares em uma velocidade anormal quando ouvi uma garota praticamente gritar o meu nome repetidas vezes enquanto eu esperava minha vez de poder usar o banheiro.
Jesus, de onde essa criatura surgiu?
Com um sorriso tímido e totalmente sem jeito, a morena de cabelos extremamente cacheados se aproximou de mim com uma caneta e um bloquinho de notas na mão.
— Desculpa te incomodar, mas eu queria saber se você poderia me dar um autógrafo? — Encarei a mais nova com muita surpresa. Um autógrafo? E pior, um autógrafo meu?
— Você quer um autógrafo meu? — Questionei, totalmente incrédula.
— Se não for te incomodar...
— Não, claro que não vai! Eu só fiquei um pouco surpresa, nunca me pediram algo assim. — Sorri enquanto pegava o papel e a caneta das mãos da garota e fazia algum rabisco que pudesse ser parecido com um autógrafo. Vamos concordar que eu nunca fiz isso e nem faço ideia de como deveria fazer.
— Muito obrigada! Podemos tirar uma foto também? — Sorri acenando com a cabeça enquanto a garota pegava seu celular abrindo a câmera frontal para conseguir tirar uma foto. — Você é muito linda, Pedri tem muita sorte de ter uma namorada assim.
Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa a morena havia desaparecido da minha vista. Apenas respirei fundo e adentrei o banheiro.
Um som que me lembrava algo como salsa e ao mesmo tempo com uma guitarra no fundo, me fez ficar totalmente curiosa para saber o que estava acontecendo lá fora. Lavei minhas mãos e tentei puxar os papéis que eles disponibilizam para secá-las, o que foi totalmente inútil devido ao papel se rasgar ao entrar em contato com as minhas mãos encharcadas.
Finalmente desisti do papel e chacoalhei as mãos no ar para o excesso de água sair.
— Já pegaram outra rodada de bebida? — Olhei para a mesa repleta de garrafas e copos com várias bebidas.— Lembrem-se que vamos ter que dirigir de volta para a casa.
— Relaxa aí Clara, você e a Angel praticamente estão no primeiro copo a noite toda. — Lucca disse enquanto bebericava sua cerveja.
— Nem pensem em ficar bêbados até cair, não vou cuidar de ninguém. — A loira rebateu imediatamente. Meu cenho franziu ao olhar para a cadeira do canário, que fica ao meio de Ferran e Gavi, e encontrá-la vazia.
— O Pedri saiu? — Perguntei involuntariamente.
— Ele foi resolver uma coisinha. — O tom de voz de Torres me deixou completamente alerta, definitivamente algo não está certo.
— Coisinha? Deixaram ele sair daqui bêbado? Ele nem fala português seus loucos! — Me levantei da cadeira em um pulo e extremamente irritada. Não é possível que eles realmente tenham feito isso.
— Ei, relaxa aí! Ele está bem. — Afirmou com tranquilidade.
— E como você sabe disso?
— Eu gostaria de dedicar essa música para una chica muy hermosa que roubou meu coração e depois foi matando ele aos poucos. Mas eu não culpo ela, a culpa foi minha e bom... essa música é como ela me faz sentir agora.
Meus olhos arregalaram no momento que vi Pedri no palco do karaokê segurando o microfone e a pequena banda atrás dele se preparando para começar a tocar.
— Corazón, minha Clara, essa eu dedico inteiramente pra você. — Senti minhas bochechas arderem ao sentir as pessoas me encarando logo após ele apontar para mim.
Os primeiros acordes da música começaram e o canário rapidamente deu início a letra daquela música.
— Esta mujer me esta matando... Me golpeó el corazón... Por más que quiero olvidarla... ¡Mi alma dice que no! — Encolhi meu corpo enquanto tentava sumir. Eu não acredito que ele está fazendo isso no meio de todas essas pessoas. E pior, quase todas estão gravando!
Meu Deus, eu só devo estar pagando pecados de outras vidas.
— Alguém pelo amor de Deus tira aquele homem dali! — Praticamente implorei.
— De jeito nenhum! Ele é até afinado, bem melhor do que eu esperava.
O desespero que estava me consumindo era tanto que eu simplesmente paralisei. O tanto de sites de fofoca que vão noticiar o grande Pedri González bêbado cantando "Corazón Espinado" para a ex-físioterapeuta do seu atual time em um bar chamado Beco da Lua é apenas a ponta do iceberg.
— Ah ah ah corazón espinado. Ah ah ay ¡como me duele ese amor! — A maioria das pessoas desse lugar já estavam tão bêbadas que simplesmente começaram a cantar juntos, fazendo uma espécie de segunda voz.
— ¡Clara, amor mío, vuelve a mi corazón! Perdona todo lo que he hecho.
— Volta pra esse homem, Clara! Ele está devastado mulher. — Um coro de pessoas gritando "volta" se instaurou pelo lugar enquanto tudo o que eu mais gostaria neste momento era sair correndo e me jogar no porto do Marco Zero.
Pedro González López. Seu filho da mãe!
As palavras que saiam de sua boca se embolaram e tropeçaram umas nas outras, ele sequer estava raciocinando o que estava acontecendo.
Finalmente assumindo as rédeas da situação, ergui o meu corpo novamente e caminhei vergonhosamente até o palco. Um sorriso quase imperceptível se formou nos lábios dele. Segurei o microfone de sua mão e o entreguei ao homem que a poucos segundos fazia um solo de guitarra impecável.
— Tudo bem, o show acabou agora. — Segurei nos ombros do canário e o mesmo negou.
— Eu ainda não cantei o final da música corazón, é falta de respeito não terminar! — Revirei meus olhos e neguei.
— Qual o seu problema? — Na verdade, é bem simples qual o problema dele. Seu corpo bambeando e suas pupilas totalmente dilatadas deixam tão claro quanto a luz do dia o quão bêbado ele está. — Porra Pedri, olha a quantidade de câmeras que estão apontadas pra você!
Eu já podia ouvir o burburinho que seria quando eu voltasse ao CT da seleção ou até mesmo as postagens maldosas que as pessoas fariam a respeito dessa situação. Se bem que parando para analisar, esse é o menor dos problemas agora. Pedri tem muitos patrocinadores e sua imagem está sempre vinculada a algum deles, o que quer dizer que na situação em que ele se encontra neste momento isso não é nada bom.
— Gente, eu preciso tirar esse idiota daqui. — Enrolei fortemente o meu braço contra o bíceps do homem ao meu lado e saí puxando o mesmo pelo meio das pessoas.
— Ah não, eu não vou embora agora!
— Tudo bem, se quiserem ficar mais um pouco não tem problema. Eu peço um Uber para voltar.
— Não, já está bem tarde e já bebemos o suficiente. Vamos embora, se alguém quiser continuar bebendo podemos fazer uma fogueira e ficar na beira da praia. É melhor do que aqui com todo mundo gravando e podendo prejudicar a imagem de todos. — Angela se impôs e os demais apenas concordaram, levando em consideração que apenas nós duas estamos sóbrias, não deixa muita escolha para os demais que dependem de nós duas para dirigirmos e voltarmos para casa.
Pagamos a conta e com muita luta, consegui arrastar Pedri para fora do estabelecimento. Óbvio que as pessoas já estavam começando a descobrir a nossa localização, com certeza os vídeos desse maluco cantando estão circulando pela internet.
— Eu vou te matar, Pedro!
— Ih, chamou pelo nome! — Angel deu um tapa no pescoço de Ferran que se calou imediatamente e entrou no carro.
— Vou colocar a localização no GPS e vou seguir você.
— Sabe que tenho um senso de direção péssimo, não sabe?
— Você consegue. — Suspirei enquanto ajudava o canário a entrar no banco do carona e tentava a todo custo prender o cinto de segurança em seu corpo.
— Está brava comigo? — Revirei os olhos enquanto ignorava completamente o homem ao meu lado. Aryella e os meninos estavam em silêncio enquanto cochilavam um sobre o outro.
— O que você acha?
— Mas corazón, achei que iria gostar que eu cantasse para você.
— Achou errado. Agora pare de me irritar e me deixe dirigir.
— Como eu faço isso?
— Isso o que?
— Parar de te irritar.
— Calar a boca já é um ótimo começo. — O canário assentiu e colocou as duas mãos contra os lábios me fazendo revirar os olhos pela sua infantilidade.
Os minutos de silêncio quase me fizeram esquecer que estou em um carro com quatro bêbados. Porém, um cutucado em minha coxa fez com que meus pensamentos voltassem para esse mundo.
Olhei para o espanhol que permanecia em silêncio e fazia vários gestos com as mãos.
— O que foi? — Ele continuou gesticulando compulsivamente. Ergui minhas sobrancelhas sem entender o que ele está fazendo. — Poderia parar de brincar enquanto eu dirijo? Não quero matar todos nós.
Voltei a prestar atenção na estrada e novamente o canário me cutucou.
— Que caralho Pedri, me deixe dirigir!
Ele não parou. Suas mãos continuavam fazendo gestos, quase que como uma mímica. Se ele está tentando me irritar, pois bem, está conseguindo.
— Pare com isso ou vou parar o carro e te deixar no meio da estrada! — Ele concordou e me deixou ainda mais confusa. — Quer que eu te largue no meio da estrada?
Concordou novamente fazendo um gesto de mais ou menos. E só foi aí que eu consegui entender, ele não falou nada porque eu mandei ele falar a boca.
— Seu idiota, fale o que você quer.
Ele continuou em silêncio. Revirei os olhos e lhe dei um tapa na perna.
— Se não me falar eu vou te bater.
— Pode parar um pouco? Preciso usar o banheiro! — Deus, esse tempo todo esse maluco quer ir ao banheiro e simplesmente escolheu não falar? Droga González.
— Mas aqui não tem banheiro, só mato. Não consegue esperar? Estamos a menos de 10 minutos da casa. — Sua cabeça gesticulou que não e eu suspirei enquanto parava no canto da estrada. — Vai rápido!
O canário saiu rapidamente do carro e entrou atrás de um arbusto. Senhor, isso não pode ser sério.
— Ei, por que parou aqui? — Angel parou o carro do meu lado e abaixou o vidro para que pudesse ouvi-la.
— Pedri precisou, bem sentiu vontade de ir ao banheiro. — A loira deixou uma gargalhada escapar e concordou.
— Que droga, no meio desse matagal? Não dava pra esperar nem 10 minutos?
— Ele disse que não. — Pedri entrou no carro outra vez e deu um sorriso encapetado em minha direção. — Pronto? Podemos ir?
— Para onde você quiser.
Angel riu e voltou a dar partida no carro. Respirei profundamente e fiz o mesmo, tudo o que quero é chegar na casa em que estamos nos hospedando, tomar um bom banho naquele jacuzzi e poder dormir.
Enquanto meu corpo afundava na areia, o som das ondas quebrando na orla da praia eram como música para os meus ouvidos.
O calor emanado pela fogueira que fizemos a pouco, não permitia que a brisa gélida me deixasse ficar com frio.
Nossa ida até o bar, na verdade, me deu a melhor ideia que eu poderia ter para conseguir ter a coragem disfarçada que eu tanto desejei nos últimos meses. Pedir algumas rodadas de drinks sem álcool com toda certeza foi uma tacada de mestre. Ela não iria desconfiar que quando resolvi subir naquele palco e mandar a indireta mais direta da minha vida estava totalmente sóbrio.
A lua cheia exatamente na linha do oceano, formava um daqueles encontros de tirar o fôlego. Eu admito. Mas sabe o que consegue ser ainda mais perfeito? Bem, Clara. Ela está sentada próxima à fogueira com seus cachos rebeldes voando livremente, sua pele bronzeada em contraste ao brilho do luar me fazem ter a certeza absoluta de que essa mulher é uma sereia. E ela nem precisou cantar para me encantar. Olhar para tamanha personificação de beleza é como ter a visão da própria Afrodite em vida.
— Sabia que ficar encarando uma pessoa desse jeito é um tanto doentio, né? — Sua voz me tirou da minha transe. Passei tanto tempo assim a observando?
— Desculpe, achei que estivesse alucinando ao ver a própria Afrodite. — A morena revirou os olhos e virou o corpo para frente novamente, observando a lua.
— Não cometa tal fronta com a deusa do amor, ela não gosta de ser comparada aos mortais. — Ergui o meu corpo e bati minhas mãos pelas minhas pernas, tentando expulsar alguns grãos de areia.
— Ela nem chegaria aos seus pés. E pouco me importa se ela me matasse, continuaria afirmando que você é a mais perfeita criação de Deus. — Um pequeno sorriso escapou entre seus lábios e suas bochechas ruborizaram. Ela é fodidamente linda.
— Tudo bem senhor galanteador, está melhor da sua bebedeira? — Sentei ao seu lado, um pouco afastado para respeitar seu espaço pessoal.
— Um pouco, fica mais fácil quando tenho um anjo comigo.
— Ah! Cale a boca seu poeta de merda. Leu quantas frases prontas no Google até decorar essas? — Soltei um riso nasal e peguei uma concha entre meus dedos.
— Por que eu precisaria de inteligência artificial quando tenho a musa que Shakespeare nunca ousou ter? — Seus olhos se direcionaram para o meu rosto, ela parecia imersa em um turbilhão de pensamentos.
— Tudo bem, andou lendo Shakespeare. Inteligente da sua parte... — seus dedos começaram a traçar pequenas linhas sobre a areia.
Me aproximei um pouco mais dela, que não recuou, apenas continuou focada em seu desenho abstrato.
— Sabe... — comecei, — no dia que você veio para o Brasil foi um dos piores dias da minha vida. — Suspirei profundamente enquanto ela se mantinha presa ao que quer que estivesse fazendo. — Senti que o chão iria se abrir aos meus pés e me engolir. A droga do seu cheiro nunca saiu da minha cama ou das minhas camisas, você nunca saiu de mim. E por hora eu quis que o chão me engolisse.
Clara parou de mexer na areia e focou a visão sobre Ferran e Angel que estavam conversando perto da beira mar.
— A sua alma me prendeu em você, e por mais que eu quisesse e que eu dissesse para mim mesmo que não daria mais certo entre nós, que eu havia estragado tudo, parte de mim ainda desejava ter o toque do seu corpo contra o meu novamente.
Segurei seu queixo, a obrigando virar o rosto em minha direção. Seus olhos castanhos brilhavam, tais como aquela lua cheia em disputa com o próprio reflexo sobre as águas do oceano.
— Na verdade, tudo o que eu sou ainda deseja você. Meu coração ainda grita por você todas as noites e meu corpo... — sorri sarcástico enquanto desviava o olhar brevemente. — Meu corpo anseia por você como nunca ousou ansiar por nada nem ninguém antes.
— Por que? — Sua voz quase em um sussurro se perdeu pelos meus ouvidos.
— Porque eu te amo, Clara. Você é a mulher da minha vida, a mulher por quem eu sou completamente apaixonado.
— Você não pode me destruir e depois voltar pra minha vida assim. — Acariciei sua bochecha e seus olhos fecharam.
— Eu quero te ajudar a se reconstruir. Me deixa te ajudar a ser inteira de novo, eu só quero uma chance pra te mostrar que eu nunca menti quando disse que te amava.
Sua respiração um pouco ofegante me deu coragem de me aproximar ainda mais dela, praticamente colando os nossos corpos.
— Quando eu tinha 14 anos — falou suavemente, prendendo minha atenção sobre si. — Quando eu tinha 14 anos, a minha mãe me disse que eu não podia ir ao passeio da minha escola porque eu estava doente e ficaria pior se ficasse um dia todo na praia pegando sol e frio ao mesmo tempo por conta da água do mar. Mas sabe o que eu fiz?
Neguei e permaneci prestando atenção em suas palavras.
— Eu menti. Disse a ela que iria para a casa de uma amiga e na verdade fui ao passeio com as minhas amigas que me ajudaram a encobrir aquela mentira. O resultado disso foi que ela descobriu tudo. Minha mãe saiu do trabalho no meio do expediente para ir ficar comigo no hospital porque do meio dia para o meio da tarde eu comecei a passar muito mal e fiquei com uma febre de 39° graus.
— E o que aconteceu?
— Nada. A história termina aí. Mas sabe o que é engraçado? Mesmo sabendo que aquilo não me faria bem, eu fui contra os conselhos que a minha mãe me deu e escolhi um único momento sem pensar nas consequências que aquilo me traria depois.
Desci meu polegar pelos seus lábios e segurei a ponta do seu queixo.
— Têm coisas que a gente sabe que vai machucar, mas mesmo assim decidimos pagar para ver, e quer saber? Dói. Dói muito.
— Clara... — Ela fez menção para que eu apenas a escutasse.
— O que eu quero dizer, bom, depois desse dia eu precisei reconquistar a confiança da minha mãe. E nunca mais menti para ela sobre absolutamente nada, porque eu sabia que as mentiras só fariam nossa relação se desgastar e consequentemente esfriar.
E ela está correta. Mentiras nunca terão consequências boas no fim. Para nem um dos lados.
— Eu sei que deveria ter te contado sobre aquele e-mail, e eu preferi esconder de você. — Um sorriso amargo se formou em seus lábios. — Mas eu nunca, nunca iria usar ninguém para conseguir ter um cargo alto ou qualquer visibilidade que fosse. Porque eu aprendi que um momento de prazer não vale mais que todos os outros dias de paz.
Ficamos em silêncio apenas olhando um para o outro, seus olhos fitando os meus com uma profundidade desconhecida. Seus lábios avermelhados por conta do vento frio deixava sua boca ainda mais atraente, e aos poucos fomos nos aproximando devagar.
— E assim como foi com a sua mãe, eu farei o impossível para que você confie em mim outra vez. — Segurei seu rosto com as minhas duas mãos e fechei os olhos apenas esperando o momento em que sua boca fosse finalmente tocar a minha.
— Ah meu Deus! Ferran! Nada de volta agora! — Os gritos de Angel fizeram com que nós dois nos afastássemos. Clara ficou de pé em um pulo e eu segui o seu gesto.
A brasileira correu em direção a sua amiga e eu suspirei fundo, quando finalmente iria voltar a provar de seus lábios...
— O que foi? Por que está gritando?
— O Ferran, ele jogou minha sandália no mar e eu o obriguei a ir buscar, mas ele não tá voltando. Faz alguma coisa Clara, você precisa ajudar ele! — Os olhos arregalados da loira e as lágrimas que escorriam em seu rosto mostravam o quão assustada ela está.
Tirei a camisa a jogando em algum canto da areia e corri na direção em que Torres estava aparentemente se afogando.
— Ei, irmão, calma. Eu vim ajudar você. — A correnteza em que estávamos era muito forte, se não sairmos daqui agora não vamos conseguir voltar para areia. — Preciso que você nade contra a correnteza comigo ou então vamos os dois morrer. Pode fazer isso?
O mais velho concordou rapidamente e agarrou o meu pescoço. Não vou dizer que é fácil, por ter tentado ficar na superfície por mais tempo que eu ele está bem esgotado, o que resulta em eu ter que nadar por mim e por ele.
Aos poucos e com muita força, fomos conseguindo sair daquela correnteza e alguns minutos depois estávamos de volta a areia.
— Ferran, você está bem? Consegue respirar? Engoliu muita água? — Clara se ajoelhou ao lado do espanhol enquanto fazia uma espécie de check-up rápido nele.
— Eu tô bem, só cansado. A correnteza era bem forte. — Angela se jogou contra o corpo do homem debruçado sobre a areia e o mesmo a segurou em seus braços a abraçando fortemente.
— Seu babaca, eu pensei que fosse morrer!
— Não vai se livrar de mim tão facilmente, mi pequeña rubia. — Ele ergueu a sandália da garota que revirou os olhos e voltou a abraçar o maior.
— É melhor a gente entrar, vocês dois precisam de um banho e tem que descansar depois desse susto. — Guimarães ajudou a loira a levantar Torres e os dois seguiram na frente. A morena me estendeu a mão para levantar e me entregou minha camisa que havia jogado por aí. Antes de irmos para a casa, ela jogou areia no fogo para que as chamas apagassem.
— Puta que pariu, o que aconteceu com vocês? — Gavi indagou assim que entramos na sala. O meia estava deitado no sofá enquanto assistia um filme.
— Longa história, depois a gente te conta melhor. Esses dois precisam urgentemente de um banho e um descanso depois de tudo o que aconteceu hoje. — O mais novo concordou e ambos subimos para os quartos. — Você está bem?
— Não se preocupe. — Ela trancou a porta e caminhou até mim, minha calça encharcada deixava o chão cheio de pingos de água.
— Tem uns arranhões nas suas costas. Eu posso dar uma olhada para não ter riscos de alguma infecção. — Concordei brevemente. — Vai ao banheiro e tira essa calça molhada, depois que tomar banho eu vejo tudo. Vou ver como o Ferran está e já volto.
Meus olhos seguiram seu corpo até que saísse do quarto. Passei as mãos sobre os meus cabelos e acabei olhando para um ponto específico, a Jacuzzi.
— Essa pomada aqui que eu usei no Ferran vai servir para os seus machucados. — O olhar da morena pareceu confuso ao me observar repousando dentro da Jacuzzi. — Não era pra você ter tomado banho?
— A jacuzzi me pareceu mais interessante. Sem contar que aqui dá pra relaxar mais. Por que não entra um pouco? Tem bastante espaço aqui.
Ela olhou brevemente para a água e suspirou enquanto seguia para o banheiro. Não entendi muito bem sua posição diante da minha proposta. Será que disse algo que não devia?
— Só deixando claro que eu iria fazer isso com ou sem você. — Ergui minha cabeça e pude observar seu corpo naquele biquíni preto minúsculo. Ela havia prendido o cabelo em um coque desajeitado com alguns fios soltos e devagar entrou dentro da água.
— É uma ótima sensação, concorda? — A mulher à minha frente resmungou algo enquanto deitava com a cabeça apoiada na borda. Observei descaradamente o seu corpo, nem sei como fui capaz de aguentar tanto tempo longe dessa mulher. Mas agora, mesmo tendo ela aqui comigo, é como se não tivesse. Tudo o que eu posso fazer é observá-la sem poder encostar nela. — Clara?
— O que?
— O que eu posso fazer pra você me perdoar e voltar pra mim? — Seus olhos me fitaram intensamente antes dela virar de costas com os braços apoiados na borda.
— Com certeza não é me perguntando o que pode ou não fazer e muito menos fingindo. — Ergui uma sobrancelha em confusão.
— Fingindo? Do que está falando?
— Não acreditou mesmo que eu comprei aquela sua história de estar bêbado, não é?
— Eu não...
— Não minta para mim, para mim não. — Respirei fundo e me aproximei dela. Levei minhas mãos até os seus ombros e os apertei dando início a uma massagem.
— Como percebeu? — Entreguei no fim.
— Um bêbado não entraria no mar e nadaria com outro bêbado contra uma correnteza. — Soltei uma risada amarga e massageei seus ombros, ela não havia reclamado até então.
— Tudo bem, você me pegou. Mas eu não me arrependo!
— Nem de ter agido como um filho da puta? Suas atitudes eram piores que as de uma criança.
— Queria sua atenção. — Ela suspirou quando apertei com um pouco mais de força e sua bunda roçou na minha coxa.
— Então conseguiu. Afinal, por que diabos quer tanto a minha atenção? — Passei a ponta dos meus dedos pela pequena tatuagem em seu pescoço.
— Quero me acertar com você. Não quero mais ficar longe de você. — Beijei suavemente seu pescoço, ainda receoso com sua reação.
— Não pode resolver as coisas com beijos ou músicas ao vivo.
— Como não posso? Lembro de você implorar por meus beijos em inúmeras ocasiões. — A morena virou de frente para mim e encarou o meu rosto.
— Acha mesmo que vai conseguir algo com esse seu joguinho barato? — Segurei as bordas da Jacuzzi ao redor de seu corpo e aproximei meu rosto do seu.
— Eu nunca fiz joguinhos com você. E se acha que é isso que estou fazendo agora, deixe-me ser um pouco mais claro com você. — Encaixei meu rosto no dorso de seu pescoço deixando beijos e pequenas mordidas por aquela área.
Me afastei dela enquanto segurava suas mãos e a guiava para fora da água. Clara não exitou em me deixar guia-la, mas no momento que viu que íamos em direção a cama, ela parou bruscamente.
— Não pode pedir desculpas com sexo, Pedri, — ela argumentou. Segurei em seus ombros e a girei para que ficasse de frente para mim.
— Isso é o que veremos. — Desafiei sua audácia, segurei em sua cintura a guiando vagarosamente até a cama. Ao encontrar o limite que poderia ir, a deitei devagar sobre o colchão levando minhas mãos até o seu cabelo para soltá-lo. Meus lábios se perderam pelo seu pescoço e lentamente deslizei minhas mãos pelo seu corpo.
Guiei meus dedos para os nós que prendiam o biquíni ao seu tronco e vagarosamente os desmanchei, deixando seu corpo livre daquela peça.
Ergui minha cabeça para olhar em seu rosto e ter certeza de que poderia seguir em frente. Ela me encarou com os lábios entre abertos e a respiração começando a ficar desregulada. Voltei a beijar seu pescoço e aos poucos desci os beijos pela sua clavícula.
Pequenos suspiros escapavam de sua boca, mas ela não fazia nada. Apenas aguardando os próximos passos. Desci minhas mãos pela sua cintura e os meus beijos se aproximaram perigosamente de seus seios.
Ela ergueu os quadris os roçando contra o meu, sentindo toda a minha ereção. Clara segurou o biquíni entre os dedos e o puxou, finalmente deixando seus seios expostos.
Lambi os lábios ao olhá-los, seus bicos duros e a marca bronzeada do biquíni a deixava ainda mais atraente.
Deslizei minhas mãos ao redor de seus seios, mas não os toquei.
— Pedri, por favor! — Sua voz suave soou manhosa aos meus ouvidos, me fazendo sorrir.
— Achei que não poderia pedir desculpas com sexo. — Usei seu próprio argumento contra si, ela gemeu em resposta e suas bochechas ruborizaram, me arrancando um sorriso arrogante.
Seu olhar transmitia irritação, ela não está querendo brincar agora. Arranquei o calção que estava a pouco e me livrei de sua calcinha, jogando ambos para qualquer lugar daquele quarto.
Alinhei o meu pau em sua entrada úmida e sem muito esforço empurrei devagar, deslizando para dentro dela. A forma lenta que eu a invadia a fazia se contorcer na cama, tentando me fazer ir um pouco mais rápido. Porém, minhas mãos prendendo seus quadris a impossibilitaram de fazer qualquer movimento.
— É um pedido de desculpas, quero fazer isso adequadamente, corazón. — Recolhi minhas mãos da sua cintura e as posicionei ao redor de sua cabeça.
Juntei nossos lábios no momento em que me afundei completamente dentro dela e abafei um gemido que ela deixou escapar. Nosso beijo era gentil, mas desesperado na mesma medida. Cada centímetro do meu pau estava dentro dela, e eu podia sentir cada parte dela ao entrar e sair lentamente. Seus olhos rolando para cima e seus gemidos altos acompanhados pelas suas unhas cravadas em meus ombros me faziam soltar gemidos involuntários.
— Porra, você é sempre tão perfeita. — Sussurrei em seu ouvido recebendo um gemido como resposta.
A cada impulso que eu dava, sentia meu pau se enterrar nela cada vez mais profundo. Sua respiração já estava completamente desregulada e seus gemidos eram a única coisa que ecoavam pelo quarto. Cada investida minha era propositalmente perfeita. Já conseguia sentir suas paredes internas apertarem o meu pau e ficando cada vez mais apertada.
— Eu te amo Clara. Sou completamente louco por você! — Desci meus lábios para o seu pescoço deixando marcas por sua pele exposta.
Ela engasgou quando eu empurrei com um pouco mais de força e enroscou suas pernas em minha cintura me puxando para mais perto. Suas unhas cravadas em minhas costas começavam a machucar, deixando aquele local dolorido e ardente.
Não saberia dizer a quanto tempo estamos nesse ritmo, mas pretendo prolongar esse momento ao máximo que eu conseguir. Não era o que eu planejava, mas está sendo incrível para nós dois.
Clara está exausta, seu corpo grudando pelo suor e trêmulo pelo êxtase que o tesão lhe causa. Desci uma de minhas mãos pelo seu corpo, levando meus dedos até o seu clitóris. A morena soltou um gemido alto enquanto contorcia o corpo, meus dedos se movimentando em círculos em seu ponto sensível. Ela jogava a cabeça para trás afundando cada vez mais pelos lençóis da cama.
— Você fica fodidamente linda quando está tendo um orgasmo... — rosnei contra sua pele. — Ah amor, por favor goze sobre o meu pau, quero sentir você.
Guimarães soltou um grito enquanto seu corpo tremia abaixo do meu. Suas paredes vaginais estavam me esmagando, a cada nova investida eu a sentia mais e mais apertada. Senti o meu próprio orgasmo acontecendo e fui forçado a afundar meu rosto em seu pescoço deixando gemidos do seu nome escaparem dentre os meus lábios.
Nossas respirações ofegantes e totalmente desreguladas aos poucos foram normalizando. Mas o corpo dela demorou alguns segundos a mais para deixar de tremer. Sai de dentro dela que gemeu involuntariamente por estar sensível. A segurei em meus braços deixando beijos pelo seu rosto e pescoço até que ela estivesse totalmente calma. Nos movi até os travesseiros e puxei o edredom por cima dos nossos corpos, a acomodando em meu peito.
— Acha que posso ter uma segunda chance com você? — Acariciei seus cachos que agora estão totalmente bagunçados. Clara resmungou algo como um ruído, não me deixando saber sua resposta.
— Deus, isso nem deveria ter acontecido. — Falou baixinho enquanto me puxava para mais perto de seu corpo.
— Se arrepende? — Ela ergueu a cabeça e olhou para mim.
— Não falei isso, mas tanto eu quanto você sabemos que não deveríamos...
— Ah meu amor, tem tantas coisas que não deveríamos e fazemos da mesma forma. — Colei nossos lábios uma outra vez e a mulher em meus braços não exitou em retribuir. — Sabe o que é engraçado?
— A gente discutir e acabar na cama? — Ri e neguei. — Então o que?
— Entre todos os mistérios desse universo, o mais bonito foi descobrir que o meu lugar favorito sempre foi ao seu lado. Seja ele onde for, se você estiver comigo, ele será especial.
Um pequeno suspiro escapou entre seus lábios, a luz da lua cheia era a única que clareava parte do quarto, mal podia ver seu rosto. Senti seus dedos fazerem círculos imaginários em meu peito e deixei um beijo no topo de sua cabeça.
— Não me faça acabar te odiando no final de tudo isso. Por favor.
Oia mulher, num é que dizem que quem é vivo sempre aparece né!? Pois então, ressurgi depois de 3 semanas e dessa vez a culpa nem foi minha. Foi tudo culpa daquela tortura que o governo chama de Exame Nacional do Ensino Médio vulgo o Enem. Que prova do capeta foi aquela em!?😭 No primeiro dia eu atrasei bicha, acertei em média umas 50 questões e fiz uma redação delícia, já no segundo dia foi uma catástrofe absurda 🥲
Enfim besties, só lembrando que essa fic está nos seus últimos capítulos. Ela vai permanecer disponível até que eu possa reescrever com calma e depois republicar a versão melhorada aqui mesmo. Assim que eu terminar os posts e as coisas da próxima história eu apareço pra avisar sobre os dias em que irei postar. É importante que vocês me acompanhem pelo Instagram ou pelo TikTok porque é por lá que eu posto esses avisos se novas histórias (principalmente pelo Instagram).
Agora um aviso, não transem sem camisinha tá!!! Ah menos que vocês não tenham medo de doenças sexualmente transmissíveis ou de ter um filho, usem seu lado racional e responsável!
Ok besties, espero que tenham gostado do capítulo e não esqueçam de curtir e comentar! Isso é importante para mim porque é através desse retorno que eu sei se estão gostando ou não dá história.
Não deixem de comentar e curtir! Amo vocês e até o próximo capítulo! 😉🫶🏽
Beijos de luz,Kalisa.
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