Cap. 030
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Os raios de sol de uma manhã ensolarada entravam pelas janelas de vidro que haviam ficado abertas durante a noite.
Meus olhos se abriram levemente, mas me recuso a abri-los totalmente. Mexi brevemente tentando virar meu corpo para o lado oposto da cama, porém fui impedida quando dois braços me puxaram de volta para si.
Abri os olhos piscando rápido para conseguir me acostumar novamente com a claridade e pude ver Pedri abraçado ao meu corpo. Na verdade, nós dois estávamos abraçados, nossos corpos totalmente enrolados um ao outro.
— Pedri... — Sussurrei seu nome tentando acordá-lo, preciso sair daqui antes que alguém nos veja no mesmo quarto e pensem errado.
Pedri me aconchegou novamente contra seu peito e deixei um breve sorriso escapar ao ouvir as batidas de seu coração. Acariciei seus braços com a ponta dos meus dedos enquanto me perdia ao observá-lo. Toquei em seu queixo, alisando sua barba por fazer. Droga González, você facilitaria a minha vida um milhão de vezes se não fosse tão lindo.
— Pedri, está acordado? — Tentei outra vez e ouvi um resmungo escapar de seus lábios.
O homem que me tinha em seus braços se mexeu um pouco e um sorriso se formou em seus lábios. Ainda de olhos fechados, Pedri ergueu uma das mãos até a minha nuca e acariciou meu pescoço, deixando um beijo casto em minha testa.
— Bom dia, mi corazón. — Seus olhos castanhos finalmente são expostos, e sinceramente, me senti invadida ao ter aquele olhar penetrante sobre mim.
Nossas respirações profundas, eram a única coisa que conseguíamos escutar no quarto. Ele não falou mais nada, e eu também não.
O clima entre nós é ameno. Não precisamos de palavras ou qualquer outra coisa, apenas a companhia um do outro já nos basta. Principalmente depois de tudo o que aconteceu nos últimos meses.
Fechei meus olhos novamente, sentindo ele me aninhar cada vez mais em seus braços, que sequer notei o momento em que a porta foi aberta.
— Puta que pariu! — Abri os olhos rapidamente e ergui um pouco minha cabeça dando de cara com Ferran, Gavi, Angela, Lucca e Adrián. Como eles conseguiram entrar aqui?
Escondi meu rosto no peito dele outra vez e senti minhas bochechas arderem quase de imediato.
González me apertou contra si e suspirou forte.
— O que merda vocês estão fazendo aqui? — Sua voz totalmente rouca fez os meus pelos eriçarem instantaneamente.
— Primeiro, — Ferran começou, — bom dia para você. Ou melhor, para vocês.
— Segundo, viemos saber o que aconteceu depois que foi conversar com a Clara. — Angela continuou. — Mas pelo visto, resolveram muito bem.
— Senhor, parem com isso! Não é nada do que estão pensando. — Ainda com o rosto escondido, reprimi uma risada. Esses filhos da mãe sabiam de tudo e não me contaram nada?
— Vocês voltaram? — Lucca perguntou com a voz eufórica. Deus, como vou contornar esse mal entendido agora?
— Escutem, por que não saem e deixam a gente se trocar? — Pedri sugeriu. — Depois conversamos.
— É claro, só não transem. — Foi a vez de Gavi fazer seu comentário desnecessário. — Vamos esperar no corredor.
Ouvi a porta ser trancada outra vez e praticamente sai correndo dos braços de Pedro. Ele riu enquanto esticava seu corpo e ficava de pé.
— Como eles entraram aqui? — Questionei agitando as mãos pelo ar. Peguei meu vestido que havia deixado próximo as suas malas e fiquei de costas para ele, retirando a camiseta.
— Ferran tem um cartão de acesso. — Senti o calor de seu corpo contra minhas costas e coloquei o vestido na frente dos meus seios. — Tinha esquecido do quão linda você fica sem roupa.
Seus dedos tocaram minha cintura brevemente e recuaram em seguida.
— Não confunda o fato de termos dormido juntos com qualquer tipo de outra liberdade. — Ele suspirou enquanto se afastava. Vesti o vestido arrumando-o em meu corpo.
— Não gosto que me trate desse jeito. — Sua voz soou magoada, mesmo estando de costas para ele, sabia que suas sobrancelhas estavam curvadas e seu maxilar travado.
— Lembra que nós dois não...
— Não somos nada. — Riu sarcástico. — Não fode, depois de tudo o que vivemos juntos, podemos ser qualquer outra coisa, menos nada.
— Não foi assim que você me fez sentir. — Disse com mágoa na voz. Mesmo que eu tente perdoá-lo, ainda não consigo esquecer de tudo.
— Me diz o que eu preciso fazer para você me perdoar e eu farei. Não importa o que seja, apenas me diga. — Girei sobre os calcanhares, fixando nossas írises.
— Eu não tenho que te dizer o que fazer, mas você precisa me mostrar que não é o mesmo Pedri de 2 meses atrás. Aquele que não confia em mim. — Seus lábios entreabertos demonstravam sua respiração um pouco desregulada.
Seus dedos mergulharam por seus fios enquanto ele concordava.
— Vou te provar que não menti nas minhas palavras ontem. Nunca menti quando falei que te amava, e irei repetir quantas vezes for preciso para que você se lembre o quanto eu te amo.
Desviei meus olhos do homem à minha frente. Sinto que ele não está mentindo, suas atitudes provaram sua sinceridade.
— Você... — Hesitei por uns segundos. — Quando conversamos pela madrugada, você me disse que eu te enviei minha localização. Falou sério?
Enquanto vestia uma camisa, aproveitei para o observar rapidamente — o seu corpo malhado.— Sua pele bronzeada e seu abdômen trincado me faziam sentir mais calor do que normalmente sentia.
— Claro. Eu realmente não estava conseguindo dormir, daí chegou uma mensagem no meu celular. De cara eu estranhei quando vi seu nome, mas quando abri vi que era sua localização em tempo real. — Ele esticou seu celular em minha direção, mostrando a mensagem que havia lhe enviado.
Porém, o que realmente chamou minha atenção foi a maneira que meu contato estava salvo. "Mi corazón". Ele não havia trocado aquele nome mesmo depois dos meses em que ficamos afastados.
— Fiquei preocupado que estivesse acontecendo algo e desci, fui andando até esbarrar com você.
— Acho que devo ter clicado no contato errado ou meu celular deve ter travado. Iria enviar minha localização para Aryella.
— Ela estava com você?
— Sim, eu só fui naquela festa porque ela insistiu. — Comentei.
— Corazón... digo, Clara, você e o Vinícius, digo, vocês tem alguma coisa?
— O que quer dizer com isso?
— Vocês ficaram alguma vez? Ou até, bem, transaram? — Questionou um pouco nervoso.
— É claro que não. Não que seja da sua conta, mas só vejo o Vini como um amigo, um colega de trabalho e só isso. Eu nunca fiquei ou tive vontade de transar com alguém que não fosse... — Me calei ao perceber o que diria em seguida. — Enfim, nunca aconteceu nada entre eu e ele.
— Tudo bem. Desculpe perguntar isso. — Sorri sem graça e desviei meu olhar. — Bem, vamos tomar café?
Eu nunca mais, repito, nunca mais irei fazer qualquer tipo de brincadeira perto desse bando de doidos.
Tudo aconteceu de uma maneira engraçada, digo engraçada para não dizer desesperadora. Descemos para tomar café da manhã, como Pedri havia sugerido.
Depois de uma série de perguntas com um interrogatório quase infinito, fui salva momentaneamente por Adrián que sugeriu que poderíamos aproveitar a "semana de férias" antes de cada um seguir sua vida como antes.
É claro que eu não iria perder a piada. Veja, eu só disse, ironicamente, que seria perfeito irmos para Recife. É óbvio que não passou pela minha cabeça que esse bando de europeus sem juízo iriam jurar ser uma ótima ideia.
Deus, nunca me senti tão desesperada. O resultado da minha "brincadeira", resultou em nós 8 comprando passagens para Pernambuco e alugando uma casa de praia privada e reservada totalmente duvidosa. Se morrermos naquele lugar, só iriam encontrar nossos corpos depois de 1 mês, sendo totalmente otimista.
Ah, e é claro, quando eu disse "nós 8", incluí Aryella.
Minha amiga quase me matou por ter sumido sem lhe dizer o que havia acontecido. Graças a minha localização em tempo real, ela conseguiu descobrir que eu estava no hotel.
Bem, o fato de termos que estar disfarçados dentro do aeroporto e entrar no avião por um lugar totalmente diferente e privado, foi, digamos, engraçado, principalmente quando todos viram a ordem dos acentos em que ficamos.
Com exceção de Adrián e Lucca, — únicos a gostarem de ter viajado juntos — Angela quase jogou Ferran escadaria abaixo quando descobriu que ele sentaria ao seu lado. Os dois só pararam de brigar quando ele cedeu a janela para ela.
E é claro, nossa nova dupla dinâmica, Aryella e Gavi. Esses fedelhos quase arrancaram os acentos, apenas para não terem que viajar lado a lado. Descobrimos que os dois já se conheciam, mas de acordo com Ary, ela iria me poupar dos "detalhes". Sinceramente, tenho medo da forma em que se conheceram ou o motivo pelo qual se odeiam tanto.
E eu? Bem, Pedri González ameaçou o pobre secretário quando ele disse que não teria como viajarmos juntos.
Claro que ele conseguiu, nada que o dinheiro não possa comprar, não é mesmo? O resultado foi eu viajar por mais de 3h ao seu lado.
O canário não parou de me olhar por um único minuto, por meu lugar ser na janela, apenas virei naquela direção e me concentrei em assistir alguns filmes. Mas minha paz não durou muito, Pedri me cutucou até que estivéssemos assistindo juntos e fazendo comentários bobos sobre as cenas. Praticamente nem percebi que as 3h haviam passado tão rápido.
Ao desembarcamos no aeroporto de Recife, Ferran e Pedri — em tese os únicos com carteira de motorista além de mim — conseguiram alugar dois carros durante os dias que iríamos passar por aqui.
Um fato é, mesmo que a ideia seja totalmente maluca, apenas sentir o ar da minha cidade, pareceu apaziguar todos os meus problemas. Essa é a magia do meu Pernambuco, como dizia Reginaldo Rossi, "Recife tem encantos mil".
— Tem certeza que o lugar é esse mesmo? — Adrián perguntou ao observamos a casa. Era totalmente afastada do pedágio e mais duvidosa do que eu esperava.
A praia particular à sua frente era acompanhada por muita vegetação na parte da lateral esquerda, algo como uma pequena mata.
— É exatamente aqui. — Confirmei ao conferir no whatsapp. — O dono disse que em 5 minutos chega aqui.
— A parte boa é que fica perto do mar. — Angel comentou.
— E a ruim é que o mercado mais perto fica a quase 1h daqui.
— Calma, vamos esperar o dono chegar e depois a gente vê como faz em relação às compras. — Pedri falou enquanto se perdia ao observar para cada canto possível.
— Tudo bem, você disse que essa casa tem quantos quartos mesmo?
— 6, mas dois deles estão em reforma. Então são apenas 4. — Todos se entre olharam, tirando Lucca e Adrián, ninguém aqui é namorado de ninguém.
— Como essa divisão vai acontecer?
— Eu e o Lucca vamos dividir. — Adrián indagou.
— Tá, e como nós ficamos? — Aryella apontou para nós.
— Eu não fico com o Ferran nem morta! — A francesa praticamente gritou.
— E eu pior ainda.
— Prefere o Gavi então? — Questionei e ambas fizeram careta.
— Eu que não quero essas duas perto de mim. — Ary praticamente fuzilou o garoto com os olhos.
— É bem simples, na verdade, Gavi e Ferran dividem um quarto e Angela e Aryella dividem outro. — Elas se olharam e concordaram entre si.
— Calma aí, onde nós dois vamos dormir? — Encarei o canário que, ou fez isso propositalmente, ou simplesmente não percebeu que nós dois não tínhamos ficado em lugar algum.
— Ué, vocês dividem o quarto que sobra. — Ferran disse simples.
Eu e Pedri nos encaramos ao mesmo tempo.
— Eu fico com o sofá. — Disse quando eu estava prestes a discordar de Ferran, a menos que dentro daquele quarto existam duas camas, está totalmente fora da realidade dormir com ele por uma semana.
— Qual foi, vocês amanheceram juntos hoje pela manhã.
— Uma coisa não tem nada haver com a outra.
— Vocês são muito frescos, isso sim. — Revirei os olhos dramaticamente. O barulho de pneus sobre a estrada de terra chamou a nossa atenção. Uma moto gigantesca vinha em nossa direção com um homem que parecia ter uns 2 metros de altura montado nela. Ou é o dono ou vamos parar no NE TV da globo.
A moto estacionou na minha frente e o cara tirou o capacete. Era loiro, seus olhos castanhos âmbar destacavam as maçãs do seu rosto levemente avermelhadas.
— Você é Clara Guimarães, certo?
— Isso, e você deve ser o Isaque, correto? — Ele negou e eu fiz minha melhor cara de confusão.
— Isaque é o meu pai, eu me chamo Leonardo. — Um pequeno sorriso se formou em seus lábios. — Bem, ele pediu que eu viesse aqui acertar com alguns turistas, mas você não me parece ser turista.
— Ah, eu sou brasileira. Meus amigos que são os gringos do rolê.
O rapaz apoiou o capacete sobre a moto e passou por nós, indo em direção a porta da casa.
— Meu pai deve ter dito sobre os quartos, certo?
— Ele me explicou tudo por mensagem.
— Ótimo, então, mais alguém além de você fala português? — Apontei para Aryella que praticamente comia o garoto com os olhos. Ela sorriu tímida e acenou para ele.
— Todos falam espanhol, a loira ali é francesa, mas morou comigo em Barcelona e é fluente.
— Todos europeus? — Concordei. — Ok, vou mostrar primeiro os quartos e depois apresento as outras áreas.
— Claro. — Expliquei às pessoas que olhavam para nós sem compreender o que falávamos — apenas Aryella era essa exceção, — e todos concordaram começando a seguir ele pelas escadas que davam acesso à parte onde estavam os quartos.
Antes que eu pudesse acompanhá-lo, Pedri segurou meu braço levemente, me impedindo de andar.
— Não gostei da maneira como ele te olhou.
— O que? Do que está falando?
— O Leonardo, ele praticamente te comeu com os olhos.
— Você não vai ter uma crise de ciúmes aqui e com o Leonardo por ele ter sido educado, vai? — Questionei levemente irritada. — Nós nem somos namorados pra você querer cobrar ciúmes, Pedro!
— Eu sei bem minha posição, Clara, mas não vou deixar qualquer um pegar o que é meu. — Ri sarcástica. Não acredito que ele realmente disse isso.
— Pegar o que é seu? — Seus dedos deslizaram pelo meu pescoço, dando um leve aperto e aproximando nossos rostos bem mais do que eu gostaria.
— Exatamente, não é porque não estamos juntos que vou permitir que qualquer um encoste em você... — sua voz rouca me fez querer cruzar as pernas instantaneamente. — Você é minha mulher, Clara. Eu já disse que não quero saber do quanto vou ter que esperar para que seja minha outra vez, que sua confiança volte a ser como antes. Eu só vou parar quando você estiver com uma aliança no dedo e com o sobrenome González nos seus documentos.
Sua mão se afastou do meu pescoço e prontamente o seu corpo também. Fiquei anestesiada por alguns segundos, tentando processar o que havia acabado de acontecer. Jesus, tô começando a achar que essas férias não foram uma boa idéia. Não quando vou ter que ficar sobre o mesmo teto que esse homem por mais tempo do que eu gostaria.
— Bem, essa é a casa. Espero que esteja do agrado de vocês.
— Pode apostar que está. — Aryella confirmou dando uma olhadinha cúmplice para o loiro que sorriu tímido.
Durante o tour pela casa, Pedri não saiu do meu pé por um único segundo sequer. Nem parece que perto daquele homem ele ficava como uma pulga aventureira.
— Eu envio o comprovante por mensagem. Obrigada por tudo.
— Claro, caso precisem de algo é só mandar mensagem. Meu pai e eu estaremos ao dispor de vocês para qualquer coisa. — Léo sabia falar espanhol, não fluente, mas era compreensível e muito bom eu diria.
— Nós agradecemos, mas não será necessário. — O canário de 1,74 ao meu lado respondeu o homem que apenas concordou.
— De qualquer forma, não hesitem em ligar ou mandar mensagem. Estaremos ao dispor de vocês.
— Claro, Léo, nós mandamos mensagem caso surja algum imprevisto.
— Ótimo. Tenham boas férias ou seja lá o que pretendem fazer em Recife. — O loiro acenou antes de colocar o capacete e sair acelerando aquela moto. Como diria minha mãe, um pedaço de mal caminho.
— Gente, o que foi isso? — Angel perguntou enquanto ria.
— Isso o que? — González questionou a loira.
— Você quase pulou no pescoço do cara, Pedrito. Todo mundo viu. — Ferran quase gritou enquanto sacudia o canário.
— Isso tudo com medo da Clara dar um mole pro loirinho, Pedri? — Aryella riu. — Relaxa, ela é toda sua.
Fuzilei a morena com os olhos.
— Por que cada um não se acomoda nos quartos, em? Precisamos ir comprar comida para a semana antes que fique de noite. — Tentei mudar o assunto. Um fato é, eu não tenho interesse em ficar com outro homem. Na verdade, não quero ninguém no momento.
— Todos já escolheram os quartos, né? — Concordaram. — Então se organizem para irmos fazer compras. E não vistam roupas muito cobertas, estão no nordeste do Brasil e aqui faz muito calor.
Cada um pegou sua bagagem e seguiu para os respectivos quartos. Pedri havia concordo em dormir no sofá, mas suas coisas iriam ficar no quarto para evitar bagunça.
Abri a porta do quarto e suspirei fundo ao observar aquele cômodo. Uma cama de casal enorme, perto da janela havia uma jacuzzi e sem contar na vista incrível para o mar. Era perfeito.
— Uau.
— O quarto é lindo, não achou? — Pedri se posicionou perto da janela e abriu as cortinas, deixando a luz do sol adentrar.
— É perfeito, para ser mais sincera.
— Vamos dividir o banheiro, certo?
— Sim, vamos combinar certinho.
— Vou deixar minhas malas ali no canto para não atrapalhar. — Caminhei pelo lugar observando os móveis e principalmente a vista incrível que tínhamos. Até que a casa superou minhas expectativas. — Tudo bem se eu tomar um banho antes de irmos para o mercado? Aqui é mais quente do que eu esperava.
Deixei uma risadinha escapar, eles nem imaginam o quão quente os dias de sol do nordeste são.
— Claro, como disse antes, sugiro uma roupa leve. Vocês vão me agradecer depois.
Isso aqui é o próprio caos!
Por algum motivo, os três inteligentes achavam que seria uma ideia genial sair com moletons, para o "disfarce". O resultado de tudo isso acabou com nosso grupo na beira da praia de Itamaracá ao fim da tarde e os três comprando camisetas regatas com a estampa "Pernambuco, meu país". Confesso que amei.
— Eu avisei para usarem roupas leves. — Falei pela 10° vez enquanto tomava um pote de açaí que paguei 12 reais.
— Isso, joga na cara mesmo. — Gavi resmungou enquanto aproveitava seu açaí.
Havíamos comprado algumas bebidas sem álcool e sorvetes com alguns vendedores ambulantes. Por já ser fim de tarde, a praia está praticamente deserta.
— Se tivessem me ouvido não estariam usando camisetas com essa tendência que nem eu sabia que existiam. — Comentei completamente satisfeita por irritá-los.
— A gente já entendeu, porra. — Ferran resmungou enquanto roubava uma colher do açaí da Angel que jogou um punhado de areia contra ele.
— Se você não sair de perto de mim, eu juro que vou enterrar sua cabeça na areia.
— Eu jogo sua mala de sapatos dentro do mar.
— Experimente mexer nos meus filhos e eu prometo que arranco seu bem mais precioso. — Apontou a colher em direção ao meio das pernas do espanhol.
— Eles são sempre assim? — Aryella perguntou.
— Você nem viu nada ainda.
— Aliás, você disse que já conhecia o Gavi. Onde se conheceram? — Os dois olharam para mim no mesmo momento. Tenho absoluta certeza de que, caso estivessem armados teriam me dado um tiro por perguntar isso.
— Sério que quer saber disso? — O camisa 6 resmungou.
— Por que? Não quer que eles saibam o quão idiota e escroto você pode ser? — Angel e Ferran que continuavam se provocando, pararam para prestar atenção nos outros dois que começavam a discutir.
— O que? Você literalmente invadiu meu espaço pessoal para conseguir uma entrevista besta e depois eu que sou idiota e escroto?
— Claro, se você não fugisse dos repórteres eu não teria ido até lá. E só pra você saber, eu estudei 4 anos para me formar em jornalismo. Besta é essa sua cara de coitadinho, parece até que saiu da coitadolândia.
Um riso escapou entre meus lábios e o espanhol me olhou sério.
— Jesus, agora além do Ferran e da Angela brigando a cada segundo vamos ter que aturar esses dois também? — Lucca comentou. — É demais para mim. Eu não tenho um cachorro pra não ter trabalho de cuidar e agora preciso cuidar de 4 adultos que agem como crianças.
— É só o Ferran parar de ser chato que eu fico na minha. — A loira falou descontraída enquanto lambia a colher logo após terminar seu açaí.
Ferran puxou o cabelo da francesa que o encarava com um olhar mortal e se levantou em um pulo começando a correr em direção a Ferran que já estava longe dela.
— Se comportem crianças. — Pedri repreendeu os dois que agiam igual crianças. Os outros 4 resolveram ir até o mar. Quer dizer, Aryella e Gavi a quase uns 5 metros de distância um do outro. — Acha que eles vão sobreviver até o fim de semana?
— Sinceramente? Não sei quem vai morrer primeiro, ou a Angel mata o Ferran ou a Aryella afoga o Gavi essa noite ainda. — Ele riu e seus olhos encararam meus lábios.
— Sua boca tá suja. — Passei minha mão por toda a minha boca para conseguir limpar. — Continua suja.
— Mas eu passei a mão por toda a minha boca!?
— Eu sei. — González pegou a colher do pote que eu segurava e passou nos meus lábios, deixando-os sujos.
— Nossa, como você é maduro. — Lambi os lábios e ele começou a rir. Empurrei seu ombro para o lado e o canário fingiu cair.
— Não achei que você fosse concordar com essa viagem. — Tomou sua postura outra vez após a pequena brincadeira entre nós.
— E eu não concordei, mas não tinha como deixar eles virem sozinhos. — Olhei para os 6 que estavam na beira do mar com os pés dentro d'água. Aparentemente sem a Angela querer matar ninguém. — E também, eu estava com saudades desse lugar. Veja, Recife é um paraíso tropical! É um dos meus lugares favoritos.
— Tudo o que eu vi nesse lugar me surpreendeu. O Brasil é mesmo surreal. — Sorri com suas palavras. Fico extremamente feliz quando pessoas de outros países se interessam e admiram a cultura do meu país.
— Isso porque ainda não fomos no Recife antigo, eu amo as arquiteturas daquele lugar.
— Bem, temos uma semana para conhecermos o máximo de lugares por aqui.
— Ainda é pouco, amanhã vamos para Porto de galinhas e depois tem um milhão de lugares que simplesmente não vai dar para visitar.
— Vamos dar um jeito de visitar uma boa parte, e se não for suficiente voltamos em outra oportunidade. — Seus olhos me encararam com certo brilho. O pequeno silêncio que estava pairando entre nós foi interrompido com gritos e um grupo de pessoas correndo.
— Porra, reconheceram a gente! — Gavi gritou e nos levantamos às pressas. Pegamos as coisas da areia e tudo o que conseguimos foi correr o mais rápido que podíamos.
No meio da confusão, meu pote de açaí acabou ficando para trás, mas nada pagará a crise de risos que eu comecei a ter no momento em que a Angel conseguiu tropeçar e cair por cima do Ferran.
— Tá querendo me matar é?
— Se a gente sair vivos daqui, eu te mato afogado em outra oportunidade. — Eles levantaram rapidamente e o espanhol jogou a loira por cima de seu ombro começando a correr com ela ali. — Puta que pariu, de onde veio tanta gente!?
Olhei para trás e as poucas pessoas agora passavam de algumas dezenas.
— A gente não morreu na invasão do campo quando ganhamos a La Liga pra morrer em Pernambuco por um bando de fãs sem juízo. — Comecei a rir da fala de Pedri, deve ser um porre ser famoso e não poder sair em lugares públicos sem seguranças.
— Onde a gente tá indo? — Aryella gritou.
— Temos que dar um perdido neles para conseguirmos sair com os carros.
— Tamo tudo fodido! — Falei brevemente enquanto sentia a adrenalina percorrer o meu corpo. O fato de que eu não conseguia parar de rir dessa situação só mostra que eu realmente perdi muito tempo, apenas estudando sem parar e doando tudo de mim para a minha carreira profissional. Deixando a diversão totalmente para escanteio.
Pedri segurou minha mão e me puxou para correr um pouco mais rápido. Assim que avistamos a calçada, perto de onde tínhamos estacionado, diminuímos um pouco aquela correria.
— Não atropele ninguém e não morram pisoteados. — González gritou no momento que conseguimos entrar em ambos os carros. O barulho dos pneus "cantando" sobre o asfalto foi simplesmente maravilhoso. A adrenalina de parecer estar fazendo algo ilegal — mesmo quando só estamos fugindo de um bando de paparazzis — ainda percorria minhas veias e deixava um sorriso gigantesco sobre meus lábios.
— Caralho, eu já tava pensando em como sou jovem demais pra morrer. — Aryella levou a mão sobre o peito e respirou fundo.
— De onde surgiu tanta gente assim? — Adrián questionou. — Quando a gente sentou naquela sombra as únicas almas ali eram os vendedores ambulantes!
Joguei meu corpo contra o banco enquanto tossia compulsivamente tentando recuperar meu fôlego depois da crise de risos.
— Você está bem?
— Tô, é claro que estou. — Disse abanando as mãos. — Eu só não me divertia assim há anos.
— Uma experiência de quase morte é
divertido
pra você Guimarães? — Aryella perguntou incrédula.
— Precisa rever seu conceito de diversão, sua doida.
— Ah, parem com isso! Foi divertido sentir toda a adrenalina de ter que fugir. Sempre fiquei imaginando como os ladrões se sentiam quando fugiam a pé da polícia lá no Rio. — O canário que dirigia, agora de forma tranquila, soltou um riso inalado. — Pensem positivo, ninguém morreu e nem se machucou. Definitivamente será uma ótima história para contar aos nossos futuros netos.
— Nem vou comentar minha opinião sobre. — Sorri novamente arrumando a saia do meu vestido e observando os prédios da cidade pelo caminho que iria até o supermercado.
Há anos que eu não pisava em Pernambuco e definitivamente as coisas mudaram muito desde então. Novos prédios, reformas pela cidade dentre várias outras coisas.
Essa cidade está ainda mais linda do que eu me lembrava.
*Capítulo não revisado
Besties, eu juro que não tinha me tocado que já tinha sumido por 2 meses! Eu fiquei tão ocupado esses últimos meses com o Enem e outras coisas que nem me dei conta de que fazia tanto tempo desde a última atualização.
Perdoem-me por toda essa demora, assim que essa temporada de preparação para vestibulares passar eu vou finalmente terminar essa fic.
Sinceramente, alguém esperava eles resolvendo viajar pra Recife do nada? KKKKKK Preciso de amizades que topem rolês duvidosos desse jeito 😅
O que eu tenho a declarar é que, esse rolê vai render poucas e boas!
Se eu conseguir um tempinho para escrever, prometo que postarei o mais rápido possível!
Espero que gostem 💙
Até o próximo capítulo!
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Beijos de luz,Kalisa.
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