Cap. 014
Meu maior desejo dos últimos 4 meses foi realizado. Ela finalmente me permitiu saciar minha vontade de possuir seu corpo. De tê-la para mim.
Não posso dizer que foi apenas uma noite de sexo como as outras. Não foi apenas sexo, houve uma conexão maior que apenas o carnal.
Eu não consigo mentir, não sobre o tanto que eu estava louco por esse momento e o quão obcecado por ela eu estou, Clara é uma mulher totalmente atraente e conseguiu me deixar hipnotizado por cada detalhe seu.
Seu corpo repousado contra o meu me permitia observá-la dormir calmante, estávamos nus e com os corpos enroscados um contra o outro. Melhor maneira de acordar.
Estiquei meu braço até o móvel da lateral da cama assim que ouvi meu celular notificar uma mensagem. Desbloqueei o mesmo e vi várias mensagens e ligações perdidas do Ferran, do Raphinha e do Gavi. Que merda aconteceu?
Retornei a chamada do Ferran e quase joguei o telefone na parede quando escutei o idiota gritar no outro lado da linha.
- Você é um filho da mãe González!
- Que porra você tá falando?
- Somos amigos e eu só descobri que você e a Clara estão tendo um rolo por causa de um site de fofocas de Portugal? - Arregalei os olhos no mesmo instante.
- Como assim Ferran, o que você viu exatamente?
- Eu te mandei por mensagem, mas resumindo, um jornal bem fofoqueiro daí de Portugal flagrou você e uma mulher entrando no hotel e a notícia está circulando horrores por aí.
- Torres, todos já sabem que é a Clara?
- Não, ninguém que não conheça ela muito bem vai saber. Só tinha ligado para te avisar, precisam tomar cuidado com isso. - Respirei mais aliviado e apertei meu braço em volta do corpo da mulher que permanecia dormindo.
- Valeu, espero que a diretoria não perceba, caso contrário podem demitir ela por se envolver comigo.
- Relaxa, vamos resolver isso. Ninguém da diretoria vai saber quem é a garota. Pode deixar com a gente. - O que ele quis dizer com a gente?
- Como assim "a gente"?
- Ué, Gavi e Raphinha. Eu não sou idiota González. Pra ser sincero, acho que quase todo o time deve saber que vocês estão juntos a no mínimo 1 mês.
- A gente era discreto, Ferran, como deduziram isso?
- Nunca subestime a inteligência de ninguém, meu caro Pepi. Eu já sabia desde o início que você tinha se interessado por ela, e eu vi tudo o que aconteceu na sala onde você deu a camisa do Messi para ela. Você quase comeu a menina lá mesmo! Só não o fez porque o Adrián entrou lá.
- Que porra você foi fazer lá?
- Matteo me pediu para ver se ela tinha chegado porque queria passar a ficha de quem ela cuidaria, daí quando eu ia entrando vocês estavam no maior clima, quase rolou o primeiro beijo ali. - Revirei os olhos e não pude evitar um sorrisinho de canto, realmente, se Adrián não tivesse entrado no momento seguinte eu teria beijado ela naquele momento.
- Isso não vem ao caso, o que importa agora é que nenhum dos superiores dela podem ficar sabendo de nada.
- Eu pensei em algo, acho que vai funcionar.
- O que?
- Mais tarde, vou abrir uma live e deixar "escapar sem querer" a foto de alguma garota e citar seu nome. Acho que assim as pessoas irão seguir o caminho errado.
- Talvez funcione, ah, lembra de avisar ao Fer ou então ele vai te desmentir na cara de pau.
- Relaxa, vamos resolver seu novo problema. Não faça uma mini cópia de você durante a viagem.
Antes que eu pudesse retrucar, Torres desligou o telefone e me deixou xingar as paredes do quarto. Abri as mensagens dos outros jogadores e pude ver a quantidade de posts que já haviam feito.
Entrei rapidamente no Instagram e as primeiras postagens que apareceram já indicavam o meu relacionamento com uma mulher ainda desconhecida. Abri rapidamente os comentários e respirei fundo inúmeras vezes tentando manter a calma, a quantidade de pessoas que estão atacando a Clara sem ao menos saberem quem de fato ela é me deixam completamente puto. Tudo bem ter fãs que são apaixonadas por mim, infelizmente não posso controlar os sentimentos de ninguém, mas desejar que a mulher que eu escolhi morra já é um pouco demais.
Desliguei o aparelho e o joguei sobre o móvel outra vez. Eu sabia que uma hora ou outra isso iria acontecer, só não esperava que fosse tão cedo assim. Envolvi ela contra meu corpo e deixei alguns beijos no topo de sua cabeça, se depender de mim ela nunca vai precisar saber sobre isso, não faço ideia de como, mas irei dar o meu máximo para deixá-la confortável e longe da maldade dessas pessoas. Ao menos até onde eu conseguir.
Já passava das 9h quando eu finalmente me levantei e deixei a Clara deitada. A programação para hoje é algo bem diferente, como mi corazón disse que nos últimos anos não teve tempo para sair e conhecer os lugares, eu irei levá-la ao máximo de lugares que eu conseguir aqui em Portugal.
Aproveitando a hospitalidade do hotel, eu pedi que preparassem um café da manhã para duas pessoas. Não é de minha rotina comer coisas muito pesadas, mas Clara não precisa seguir uma dieta à risca, por isso pedi que trouxessem algo bem balanceado para termos opções de escolha.
Saí do banheiro com a toalha sobre o meu ombro e as gotas de água do meu recente banho escorreram pelo meu abdômen até sumirem na barra da minha calça.
Acho eu, que a mistura do cansaço da viagem com a noite que tivemos ontem a fez dormir tanto desta maneira. Acordei mais cedo por duas vezes, desci para a academia do hotel onde fiz uma pequena série de exercícios por 30 minutos, subi para o quarto novamente onde tomei banho e agora um dos funcionários trouxe um carrinho com o café da manhã que havia pedido. Tudo isso com ela dormindo.
Após o homem se retirar eu observei tudo e sorri de canto, estava exatamente como eu pedi.
Me aproximei da cama outra vez e deitei do lado dela começando a acariciar seu rosto e chamar por ela.
- Mi corazón? Hora de acordar... - Seus olhos foram abrindo aos poucos e um sorriso tímido se formou em seus lábios assim que seu olhar se encontrou com o meu. - Bom dia linda.
- Bom dia lindo. - Foi minha vez de sorrir.
- Dormiu bem corazón? - Ela assentiu e ergueu o corpo cobrindo os seios com o cobertor.
- Tive um sonho, sabia? - Acariciei seus cabelos enquanto ela acordava totalmente.
- Com o que sonhou?
- Que o camisa 8 de um certo time e eu tivemos uma noite inesquecível. - Sorri a puxando para um beijo rápido e acariciei sua bochecha.
- Acredita que tive um sonho parecido? Sonhei que a mulher mais linda que já conheci na vida me proporcionou a melhor noite da minha vida. - Demos outro beijo e os olhos da morena se dirigiram até a pequena mesa de café da manhã.
- O que é isso?
- Nosso café da manhã, como já é um pouquinho tarde, eu pedi que trouxessem até aqui. Gostou da surpresa?
- Não tem ideia do quanto. Obrigada.
- Não me agradeça corazón. Mas vamos comer, tenho ótimos planos para hoje. - Ela pegou a minha camisa que estava próxima e vestiu cobrindo seu corpo nú.
- Que planos senhor González?
- Logo logo você irá descobrir. Por momento, nós vamos comer e depois a senhorita vai se arrumar para sairmos. Tudo bem?
- Quem sou eu para ir contra. - Sorri com sua ironia e nos sentamos para finalmente comer.
Não sei ao certo se ela segue alguma dieta de manhã, mas as comidas das mais calorosas e com maior teor de gordura estão do mesmo jeito que vieram.
- Você segue algum tipo de dieta?
- Não. Só não gosto de comer muita coisa de manhã, principalmente coisas que não são saudáveis.
- Como é ser tão responsável assim? - Ela riu enquanto dava de ombros.
- Acho que desde que me entendo por gente eu sou assim, minha mãe me influenciou bastante em relação a ser responsável em tudo.
- Então quer dizer que minha futura sogra é uma pessoa organizada e responsável?
- Mais do que deveria algumas vezes. Você tinha que ver ela nas festas de fim de ano, simplesmente teve um ano que ela fez os meus tios e o meu pai tirarem todas as telhas da casa para limpar todas e colocar no lugar outra vez.
- Você não está falando sério, tá?
- Nunca falei tão sério na vida. - Soltei uma gargalhada e ela acabou rindo em seguida.
- Ela é incrível.
- É sim, tenho certeza que vão se dar bem.
- Acha que ela vai gostar de mim?
- Claro que sim, Pepi! Você é um cara incrível, ela vai te adorar.
- Espero que esteja certa.
- E por acaso eu já estive errada?
- Bom, até onde eu me lembro... uma vez apenas.
- Quando? - Seu olhar de indignação era nítido.
- Quando disse que não queria nada de mim. - Automaticamente suas bochechas ficaram ruborizadas e sua língua se sobrepôs contra seus lábios.
- Omissão de fatos não é estar errada.
- Tudo bem, não irei discordar. - Disse e ela terminou de tomar seu café.
- Onde vamos agora? Preciso saber como me arrumar.
- Sugiro algo mais leve.
- Vamos em pontos turísticos? Tô louca pra brigar com portugueses. - Ri com sua fala e ela deu de ombros enquanto sorria igual uma criança travessa.
- Quem sabe você não arranje alguma briga por aí. - Ela sorriu enquanto pegava alguma peça de roupa na mala e se encaminha para o banheiro. O tempo dela tomar seu banho será o suficiente para que eu me organize e possa me arrumar também.
O clima entre nós dois segue tranquilo e muito leve, se tudo sair como eu planejo, só irei contar para ela sobre o ocorrido quando estivermos de volta em Barcelona.
Eu quero muito conhecer os pais dela, sempre que ela fala sobre eles dá pra ver o quão ela os ama. Não sei se eles têm algum tipo de problema além do meu conhecimento, mas nunca ouvi ela reclamar deles quando os cita em alguma conversa.
Os meus pais se empolgaram bastante na possibilidade de passarmos o natal todos reunidos. Depois da Cecília, as coisas mudaram muito para mim e consequentemente isso afetou um pouco minha família. Acho que depois de anos é a primeira vez que eu realmente me permito viver me deixando ser guiado pelo o que sinto. Eu não sei explicar, mas sinto que dessa vez realmente as coisas irão dar certo.
Ainda é cedo para pensar nisso, mas eu estou estudando as melhores maneiras de tentar convencer a diretoria do Barcelona em me permitir ter um relacionamento com ela, mas é claro que só trarei isso à tona quando formos algo realmente sólido. Quero que ela tenha total certeza dessa decisão, não aguentaria ter que deixá-la ir por ter me precipitado em uma decisão importante.
Por isso as coisas têm de ser devagar. São com pequenos esforços que erguemos nossos pilares. Os nossos pedestais.
E claro que com ela não é diferente, eu fiquei imensamente feliz em saber que ela confia em mim a ponto de se abrir comigo sobre seus traumas do passado. E eu quero poder contar tudo sobre mim também, mas quando for o momento certo.
Se eu achei que não podia ficar ainda mais apaixonado por ela, eu me enganei muito. Clara está com um vestido creme que vai até metade de suas coxas que a deixou ainda mais encantadora.
Nós já visitamos vários lugares daqui de Lisboa. Nesse momento estamos na fila esperando nossa vez para comermos o tal pastel de Belém que ela cismou que eu tenho que provar.
Até que para minha surpresa, a quantidade de pessoas que realmente me reconheceu e me pararam para pedir uma foto ou um autógrafo foram bem razoáveis. E é claro que nós estamos saindo às escondidas e frequentando os lugares em momentos onde o público é menor, não posso e não quero correr o risco de conseguirem revelar quem ela é de verdade.
- Posso ser sincera? - Perguntou assim que deu uma mordida no doce em sua mão.
- Claro que sim corazón.
- O pastel de nata do Brasil é bem melhor. - Disse com orgulho e eu sorri. - Mas esse também é incrível, tenho que admitir que os portugueses deram o nome nesse aqui.
- Olha, pra quem falou que iria arrumar briga com os portugueses, você está se saindo muito bem comportada.
- É que até agora ninguém foi idiota, mas não perca as esperanças mi corazón. É apenas o nosso segundo dia aqui. - Não pude deixar de sorrir ao ouvir ela me chamar pelo mesmo apelido que eu a chamo. Se ela soubesse o quão especial é para mim.
- Só não perca seu réu primário pelo amor de Deus. - Ela deixou uma risada escapar e em seguida voltou a comer.
- Já sabe o que vai fazer no seu aniversário?
- Ué, não foi você quem me disse a umas semanas atrás que ainda estava longe demais para pensar nisso?
- Disse foi? Nem recordava. - Seu tom de sarcasmo me fez rir.
- Tudo bem cariño. Eu ainda não sei, mas estou pensando em algo mais simples. Acho que a ideia da festa grande pode esperar um pouco.
- Por que mudou de ideia?
- Sei lá, acho que prefiro passar esse dia com as pessoas que eu amo de verdade. Uma festa seria bom, mas não seria melhor do que ter as pessoas da minha vida comigo.
- A melhor resposta que eu poderia receber. - O sorriso de canto que ela esboçava me fez ter a mesma reação que ela.
Na realidade, se eu fizesse uma festa grande como eu estava pensando, iria acabar me expondo demais. Além de que eu quero ela grudada em mim, não poderia fazer isso num local tão cheio de pessoas que poderiam facilmente tirar fotos de nós dois e terminar estragando tudo.
Já conversei com meus pais e eles super apoiaram uma coisa mais simples. Não quer dizer que deixa de ter festa, mas para uma quantidade bem menor de pessoas e apenas os próximos.
Quando eu penso no amor, é inevitável não lembrar de tudo que já vivi. Mas eu também lembro que o amor é algo bom, algo que nos cura. Se machuca, se dói, se te deixa inseguro, é qualquer coisa, menos amor.
Cecília foi uma pessoa muito importante na minha vida. Não me arrependo de nada que fiz ao seu lado, se pudesse voltar atrás faria tudo exatamente da mesma maneira. Claro que evitando determinados erros.
Só que eu não iria me maltratar tanto. Por mais que eu a amasse, ela nunca teria o direito de fazer comigo o que fez. A verdade é que ela nunca me amou de verdade, apenas encontrou alguém que lhe desse um ombro amigo e um peito como consolo. Eu não a culpo, acho que tudo que vivemos no passado foi de extrema importância para que eu me torna-se quem sou hoje. Hoje eu vivo em uma versão melhorada de mim mesmo.
- Pepi? Tá tudo bem? - Pisquei algumas vezes e encarei a morena sentada à minha frente.
- Oi? Tudo bem sim minha linda, só dei uma viajada nos meus pensamentos. - Ela sorriu e tocou meu maxilar com a ponta dos dedos.
- E foi uma "viagem" boa?
- Posso dizer que foi essencial. Necessária para eu ser alguém com valores.
- Então foi ótima. - Falou com serenidade. - O que acha de irmos visitar a torre de Belém? - Sua voz angelical saiu em um entusiasmo absurdo, não dá para negar um pedido desses.
- Tudo bem, mas como chegamos lá?
- GPS cariño, mas espero que o seu senso de direção seja melhor que o meu e saiba virar na esquerda quando for para esquerda. - Ri com sua observação e assenti. Uma coisa que descobri sobre ela nesses últimos meses em que convivemos juntos é que ela simplesmente se embola toda em saber onde é a direita e a esquerda quando está dirigindo ou seguindo mapas ou GPS. Engraçado, porque ela sabe o nome de todos os ossos de um esqueleto humano e não tem senso de direção.
- Não vamos nos perder corazón. Pode confiar.
Estamos perdidos em Portugal.
Tudo bem, ela não tem um dos melhores sensos de direção do planeta, mas poxa essa era a minha função e agora estamos perdidos no meio de Lisboa.
- Eu acho melhor a gente pedir informações. - Disse enquanto tentava se localizar no GPS do celular.
- Acho que sim. Porra, como a gente se perdeu seguindo um GPS? - Ela riu e deu de ombros.
- As ruas desse lugar são todas iguais. Para ali naquela esquina que eu vou pedir informação. - Fiz o que ela mandou e a brasileira abriu a porta do carro seguindo até uma loja.
Em menos de 5 minutos ela retornou com um sorvete na mão e um sorriso travesso nos lábios.
- E então, conseguiu algo?
- Humm, é só seguirmos reto por essa rua e virar as quatro próximas esquerdas.
- Está mais perto do que esperávamos.
- Exatamente. Ah, você precisa provar isso aqui! Fazia séculos que eu não comia um sorvete de delícia de abacaxi tão bom quanto os de Pernambuco.
- Abacaxi?
- Sim, e nem diga que é ruim porque é mentira. - Ergui uma sobrancelha e ela aproximou a casquinha dos meus lábios me fazendo provar o novo sabor.
- Não é tão ruim.
- É perfeito, só não é mais gostoso que açaí, mas tudo bem.
- Acho que preciso de uma aula sobre o Brasil.
- É um sorvete de uma fruta parecida com uvas roxas que dão em uma planta parecida com palmeiras. Normalmente a gente coloca o sorvete com várias outras coisas. Você vai amar!
- A comida brasileira é bem curiosa na verdade.
- O que você mais tem vontade de saber do Brasil?
- Na verdade, eu fiquei muito curioso a respeito do carnaval. Ouvi o Raphinha falar sobre e parece bem legal.
- É uma das melhores festas do Brasil! As escolas de samba e todas as loucuras que só acontecem no carnaval são extraordinárias.
- Verdade que vocês beijam livremente e dançam colados a festa inteira? - Ela riu e lambeu o sorvete me fazendo desviar o olhar da estrada para os seus lábios por alguns segundos.
- Não é tão mentira assim. Lá nós somos um povo muito caloroso e sempre buscamos o contato com as pessoas ao nosso redor. - Assenti e desci uma mão até sua coxa nua deixando um aperto naquela área.
- Eu gostaria de passar esse tal de carnaval todo colado com você. - Senti sua pele arrepiar e a garota mexeu o corpo no banco que está sentada.
- Gostaria é?
- Com toda certeza. - Desci meu olhar por suas pernas e mordi meus lábios, ela me tira toda razão sem ao menos perceber. - Merda...
- O que?
- Clara, eu juro que se pudesse eu te fodia aqui e agora. - Seus lábios partiram e as palavras pareciam ter fugido de sua boca. Não é todo dia que um cara chega em você e diz o que eu acabei de dizer, mas desde o momento em que ela saiu daquele quarto com esse vestido eu tive vontade de tocar todo o seu corpo novamente.
- Acho que já chegamos... - Sua voz saiu em um sussurro enquanto ela desviava o olhar com as bochechas coradas. Sorri mordendo o lábio em seguida.
- Ficou tímida, cariño?
- Claro que não, você só me pegou desprevenida. - Ri inalado e sai do carro indo abrir a porta para ela.
- Tudo bem, eu sei o efeito que tenho sobre você. - Falei bem próximo ao seu ouvido.
- Vem cá, desde quando você tem toda essa auto confiança?
- Faz uns anos já. - Estufei o peito para frente e ela riu.
- Tá bom senhor confiante, vamos logo antes que o lugar fique lotado. - Peguei a mão direita dela e entrelacei nossos dedos.
- Você precisa parar de maltratar seus cachinhos.
- O que?
- Seu cabelo corazón, ele é muito lindo com os cachinhos.
- Então quando ele está liso eu fico feia?
- Óbvio que não! Mas os cachos te deixam mais linda.
- Dão muito trabalho para finalizar, odeio perder horas produtivas só finalizando e depois tendo que secar. Sem contar que em dois dias eles perdem totalmente a definição.
- E se eu fizesse isso pra você? - Ela parou de andar para poder me encarar de frente.
- Você? Pedro, você sabe qual a diferença de uma finalização dedoliss para uma tesourinha? - Cocei minha nuca enquanto negava.
- Mas você pode me ensinar e explicar como eu devo fazer, te garanto que aprendo rápido.
- Se você realmente quiser eu posso te ensinar quando voltarmos para Barcelona.
- Pode ter certeza que eu quero. - Roubei um selinho de seus lábios que logo evoluiu para um beijo calmo.
- Pepi... podemos ser vistos aqui.
- Só mais um... - Roubei outro beijo da brasileira e nos afastamos logo em seguida.
- Você é louco.
- Posso ser o que você quiser linda.
- Eca, odeio clichê. - Disse fazendo uma cara de nojo e eu ri.
- Então você prefere os vilões?
- Vilões mal compreendidos tem o meu coração.
- Tenho muitos concorrentes então.
- Pra sua sorte eles são apenas ficção. - Abracei sua cintura enquanto andávamos devagar pela torre de Belém.
É um lugar lindo, com certeza um pôr do sol aqui seria incrível para o que planejei. Mas ainda não acho que seja o lugar certo.
Ouvi meu celular notificar algo e ignorei completamente, não quero estragar o momento com ela por conta disso. Quero aproveitar cada segundo dessa viagem ao lado dela, tenho absoluta certeza de que quando voltarmos às nossas rotinas normais, mal teremos tempo para respirar direito.
- Eu já falei mais de cinco vezes que não vou sair daqui! - Clara disse totalmente irritada enquanto tirava os saltos recém colocados de seus pés.
Estávamos prontos para irmos para uma festa aqui na cidade quando ela teve a brilhante ideia de responder as mensagens da mãe e de sua amiga. O que nenhum de nós esperávamos é que a tal Angela teria visto o post no site de fofoca e enviaria tudo para ela. E pior, de alguma maneira conseguiram fotos do momento em que eu e ela estávamos juntos hoje mais cedo lá na torre de Belém e vazaram imagens do meu beijo com ela. Absolutamente toda a imprensa está caindo por cima desse assunto, todos querem saber quem é a mulher que roubou o coração do mágico do Barcelona.
Eu tô muito fodido para apaziguar tudo.
- Olha corazón, pensa pelo lado bom, ninguém sabe que é você e...
- Para Pedro, não existe um lado bom nisso! Essas pessoas não nos dão privacidade e será apenas questão de tempo para conseguirem descobrir quem sou eu e acabarem com tudo. - Sua voz saiu em um tom de angústia enquanto suas mãos puxavam seus próprios cabelos.
- Vamos dar um jeito nisso. E ninguém vai acabar com nada, Clara. - Ela respirou forte e negou.
- Não, não vamos dar um jeito nisso. E sabe por que? Porque você sabia de tudo desde hoje cedo e não me contou. Achou o que? Que eu nunca iria descobrir isso? Pedro, as páginas de fofoca brasileiras estão matando em cima do assunto. Se alguma delas sonhar que a pessoa da foto sou eu, uma brasileira, acabou. Vão descobrir até o futuro da minha vida.
Adoro a maneira como ela é dramática.
Cruzei os braços e respirei fundo tentando encontrar a melhor forma de convencê-la que tudo iria dar certo.
- Cariño, escuta, você ficar trancada aqui não vai mudar absolutamente nada do que já aconteceu. Aliás, vai te fazer não aproveitar o momento. E eu te garanto que ninguém vai descobrir nada.
- Você não pode me garantir isso.
- Mas posso dar o meu máximo. - Ela me encarou outra vez e permaneceu de braços cruzados.
- Escuta , o lugar onde vamos não é permitido a entrada de celulares e vamos ficar no camarote. Pode confiar em mim? - Ela negou e eu suspirei. - Não vai confiar em mim, então?
- Não é isso, é que eu só não quero estragar tudo. E ainda estou com raiva de você por ter escondido isso de mim. - Me aproximei dela e agarrei sua cintura deixando um beijo demorado em sua testa.
- Me perdoa mi corazón? Eu iria contar para você, mas só quando voltássemos para Barcelona. Queria evitar esse conflito no meio da nossa viagem.
- Não muda o fato de você ter escondido algo sério de mim. Estamos falando da minha vida também, Pepi. - Ela não estava errada, mas eu só quis omitir certas coisas.- Eu também tenho que saber o que acontece.
- Eu sei, você está certa. Mas eu só quis te proteger por um período de toda essa exposição. Desculpe. - Ela suspirou e descruzou os braços o levando ao redor do meu pescoço, abraçando o meu corpo.
- Não precisa se desculpar, mas eu quero deixar claro que qualquer coisa que aconteça com nós dois, qualquer coisa que nos envolva, se você descobrir primeiro que eu deve me contar. Okay?
- Tudo bem mi corazón, não vou esconder de você outra vez. - Uma de suas mãos acariciou o meu rosto e ela apoiou a cabeça no meu peito enquanto eu a apertava em meus braços. - Vamos para aquela festa agora?
- Tem certeza que não irão nos flagrar novamente? - Me afastei dela por breves segundos para observar seu rosto.
- Tenho. Ninguém vai nos incomodar nessa festa, eu prometo isso.
- Nesse caso eu vou, mas se qualquer coisinha acontecer eu volto para o hotel. Certo?
- O que você decidir por mim está ótimo. - Ela deixou um beijo no canto da minha boca e se afastou para colocar os saltos outra vez.
Eu compreendo perfeitamente o medo que ela tem, Clara segue as regras. E no momento em que decidimos ter algo, quebramos essas regras. Regras que podem decidir o futuro dela no FC Barcelona.
Mas por outro lado eu gostaria de entender o real motivo de tanto receio. Algo em mim sente que não é apenas o fato de que existe o contrato com a diretoria que a impede de ter um relacionamento com os atletas. Tenho absoluta certeza de que ela tem algum medo a mais de algo que eu ainda não sei.
Por sorte, uma coisa que eu aprendi nesses anos de treinamento para me tornar um atleta cada vez melhor, foi o desenvolvimento da paciência. Não é legal ficar ouvindo ela sempre falar sobre "e se descobrirem", mas é importante que estando no meu lugar, eu saiba que nem tudo está certo ainda. Desde o nosso primeiro beijo até o dia em que resolvemos ser realmente ficantes já se passaram 2 meses. Mesmo que tenhamos concordado em ir devagar, o que temos agora fluiu de uma forma tão espontânea e natural que quando percebemos já estávamos envolvidos demais para tentar desacelerar algo.
Tudo bem, podemos ser acelerados no início, certo? Podemos ir no nosso tempo ao decorrer do nosso relacionamento.
Estamos apenas na metade do ano, quer dizer, logo a próxima temporada se inicia e vamos focar ainda mais em nossas carreiras profissionais. Acho que vale a pena acelerar certas coisas para conseguirmos aproveitar melhor esse momento.
A boate estava lotada. Não sei muito bem como funcionam as coisas nesse país, mas não deve ser comum que tantas pessoas estejam desocupadas em um dia útil da semana.
As músicas daqui são mistas, vão desde o Reggaeton até o funk brasileiro. Apostei certo quando coloquei esse lugar na minha lista de onde iríamos.
Já fazem algumas horas desde a nossa chegada aqui, Clara e eu já bebemos alguns drinks e ela acabou encontrando uma amiga lá de Barcelona que está passando uns dias aqui em Portugal. Aryella se eu não tiver ouvido errado.
Neste momento eu estou apenas observando ela dançar uma música brasileira junto da amiga. Clara mexe o corpo de acordo com as batidas da música e suas mãos seguem os movimentos de seu corpo, deslizando por todas as suas curvas.
Seu olhar de felina não desviou do meu por um simples momento sequer, já tive que sentar e colocar minhas mãos sobre o volume que se formou na minha calça. Porra, se ela continuar assim eu estou muito fodido. E para piorar ela nem me tocou, apenas me olha enquanto dança. Maldito descontrole masculino.
Ela falou algo no ouvido da morena ao seu lado que apenas riu e fez um gesto de ok com os dedos. A brasileira pegou dois copos com alguma bebida que um dos garçons passou em uma bandeja e veio em minha direção parando no meio das minhas pernas.
- Corazón, você vai ficar o tempo todo aqui? - Perguntou-me entregando um copo de cerveja.
- Você está com a sua amiga, não vou atrapalhar sua diversão. - Dei um gole na bebida e ela sentou em uma das minhas pernas. Quase como um reflexo levei minha mão ao encontro de sua coxa, bem próxima a sua bunda.
- Aryella está bem ocupada. - Virei minha atenção para a outra mulher e a vi dançar enquanto beijava um homem aleatório. - Sem contar que você é meu acompanhante, não ela. Apenas nos encontramos aqui por acaso.
- Então o que você sugere? - Questionei e ela sorriu antes de engolir toda a cerveja de uma única vez.
- Vamos dançar.
- E se eu não souber dançar?
- Claro que você sabe dançar González. Vem. - Terminei minha cerveja e coloquei o copo na bancada que estava próximo. Ela segurou minha mão e me puxou até o local que estava antes.
"Gasolina" ecoou por todo o local e a morena virou de costas para mim encaixando sua bunda no meu quadril. Levei minhas mãos até a sua cintura e começamos a nos movimentar juntos de acordo com a música.
Clara rebolou devagar contra minha ereção e eu mordi os lábios apertando sua cintura. Ela roçou sua bunda lentamente e virou um pouco o rosto para poder me olhar.
- Você está bem animado Pepi! - Falou em provocação e sua mão percorreu minha coxa até o meu pau que latejava dentro da calça.
- Você é a responsável. - Ela sorriu e colou nossos corpos novamente. Pressionei minha ereção contra sua bunda e ela jogou um pouco a cabeça para trás. Sorri ao ver sua reação e apertei a lateral de sua coxa enquanto íamos deslizando devagar ao som da música.
Ela se afastou brevemente para conseguir se virar e suas mãos seguraram na lateral do meu corpo. A brasileira rebolou lentamente até o chão enquanto suas mãos percorriam pelo meu abdômen e se aproximavam perigosamente do meu pau.
Seu corpo subiu outra vez ao mesmo tempo em que a puxei para mim nos deixando grudados outra vez. Segurei sua nuca colando nossos lábios em seguida. Apertei sua bunda e ela gemeu entre meus lábios me fazendo sorrir e ficar ainda mais excitado.
Separamos nossos lábios vagarosamente para recuperarmos o fôlego. Mordi seu lábio inferior e segurei sua mão puxando na direção de um dos banheiros desse lugar.
Adentramos o local que por sorte estava vazio nesse momento, segurei seu queixo com dois dedos e chupei seus lábios mordiscando levemente. Minhas mãos desceram pela lateral de seu corpo e em segundos eu a ergui deixando-a sentada sobre a pia. Pressionei meu quadril contra sua intimidade e ela apertou os meus ombros.
A adrenalina de estar fazendo algo assim em um local público, apenas me deixa mais excitado, e pelo o que estou percebendo ela também está se sentindo assim. Deslizei meus dedos por cima de sua calcinha e sorri ao notar o quão molhada ela está.
A morena apertou os próprios seios e inclinou a coluna para trás, roçando nossas intimidades e arrancando um gemido de ambos.
Segurei em sua cintura com minhas duas mãos e pressionei meu pau contra ela. O vestido preto colado que ela usava, havia subido e já estava quase deixando sua calcinha aparecer, suas coxas desnudas me faziam salivar de desejo.
Clara voltou a endireitar sua postura e suas mãos desceram de encontro aos botões da minha calça começando a desabotoar. Juntei nossos lábios enquanto ela fazia breves movimentos para conseguir se livrar da minha calça e assim que conseguiu enfim abrir os botões, sua mão viajou de encontro ao meu pau onde ela deixou um aperto que me fez gemer.
Apertei um de seus seios e a morena colocou a mão por dentro da minha cueca tocando meu membro. Quero fode-la agora.
- Me diz que eu posso foder você aqui? - Sussurrei entre os lábios dela e recebi um sorriso travesso em troca.
- Faz o que você quiser. - Sorri com sua resposta e desci meus dedos ao encontro de sua calcinha encharcada, deslizei a mesma para o lado e toquei brevemente seu ponto de prazer recebendo um suspiro dela.
Em um fragmento de segundos, Clara estava de volta ao chão arrumando seu vestido enquanto eu fechava minha calça apressado. As bochechas da brasileira estavam levemente coradas enquanto o casal que havia entrado no banheiro continuava aos beijos e praticamente se comiam.
A morena me encarou e eu a olhei com um olhar irônico, era exatamente o que estávamos fazendo a minutos atrás, só não continuamos porque acabamos de ser interrompidos.
Ela pigarreou a garganta e o casal se separou imediatamente com o pequeno susto.
- Aí meu Deus, desculpem! Não vimos que está ocupado. - A mulher falou rapidamente enquanto se recompunha e o seu parceiro apenas observava tudo calado.
- Sem problemas, nós já estamos de saída. - Clara lhe respondeu e a garota revirou os olhos ao notar o sotaque diferente no português. - Algum problema?
Ela sabia exatamente o que estava acontecendo, mas o deboche estampado em seu rosto a fazia ter essas ações. Claro que o álcool também é responsável por isso.
- Na verdade sim, já perdi a conta de quantas vezes eu fui em algum lugar para ter um momento privado com o meu namorado e sempre têm algum brasileiro intrometido no lugar.
- Perdão meu bem, até onde eu sei os banheiros de baladas são públicos para o público que está frequentando no momento. Se você quiser privacidade sugiro algo como um motel, ou um bordel, quem sabe.
A garota olhou para a Clara com sua melhor cara de indignação enquanto eu observava tudo sem entender muita coisa.
- Você não tem esse direito sua vadia! Você invade o meu país e ainda quer ser melhor que os portugueses puros? Isso é o cúmulo!
- Primeiro você se coloca no seu lugar antes de me ofender. Segundo, até onde eu lembro ter estudado foi o seu povo que invadiu o meu país e terceiro, por acaso português puro é alguma raça de cachorro? - Tudo bem, com certeza ela ofendeu a portuguesa. A garota só não avançou em cima da brasileira porque o namorado a segurou no momento em que ela tentou partir para cima da morena.
- Corazón, acho melhor nós irmos agora. Não quer se envolver em algum escândalo, certo? - Ela assentiu e eu passei uma das mãos em sua cintura, passamos pelo casal que a encaravam com cara poucos amigos e saímos na direção de onde estávamos antes.
- Aí Pedro, deixa eu voltar lá e dar pelo menos uns tapas naquela cachorra? - Agarrei sua cintura e neguei enquanto beijava a ponta de seu nariz.
- O que ela falou para te deixar assim?
- Me chamou de vadia, disse que os brasileiros estão invadindo o país dela e tirando a privacidade dos "portugueses puros". Se bem que reparando agora ela parece aqueles cachorros sarnentos. - Deixei uma risada escapar e ela revirou os olhos.
- Por isso que ela quis te bater?
- Talvez... - Deu de ombros e segurou um copo de bebida o levando até sua boca. - Podemos ir ou você ainda quer ficar mais um pouco?
- Por mim podemos ir. Acho que podemos terminar algumas coisas em outro momento. - Ela mordeu o lábio inferior e assentiu.
- Vou me despedir da Aryella e já volto. - Falou e me deu um selinho antes de se aproximar da morena que a cumprimentou com beijos na bochecha e um abraço.
Eu não espero que nós dois vamos continuar o que começamos aqui, tanto ela quanto eu estamos cansados e tenho absoluta certeza de que no momento em que chegarmos no hotel, apenas tomaremos um banho e cairemos na cama. O horário não mente sobre isso, já é um pouco mais das 2h da manhã.
Não importa muito pois teremos mais três dias para aproveitar aqui, hoje foi apenas o segundo dia, por mais conturbado e cheio de surpresas que ele possa ter sido.
Apareci gente! Dessa vez eu não sumi por mais de um mês igual as outras vezes, só fiquei meio enrolada por conta da minha formatura que foi sexta feira passada. Enfim, agora eu sou oficialmente formada no terceiro ano e não irei mais para escola!
Uma coisa que aconteceu nesse período em que eu não fiquei muito ativa aqui foi que alcançamos 10 mil leituras em I can't lose You!! Sério, eu estou tão feliz que vocês nem tem noção! Obrigada, obrigada, obrigada e obrigada por estarem me proporcionando vivenciar isso.
Espero que gostem do capítulo e só posso dizer que, daqui pra frente é só pra trás. As coisas estão calmas demais, não acham?
Bom, espero muito que gostem 💙
Até o próximo capítulo!
📝 Não esqueçam de comentar e deixar o seu voto no capítulo em!? 🤍
Beijos de luz,Kalisa.
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