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Cap. 010

Eu definitivamente precisava tomar essa atitude sobre nós.

Normalmente eu não corro atrás de nenhuma mulher, minha carreira sempre será mais importante do que qualquer coisa temporária que possa vir.

Mas ela não. Ela é diferente de todas as outras que eu já conheci.

Clara Guimarães conseguiu revirar minha cabeça ao avesso por simplesmente me ignorar e querer passar despercebida entre as demais.

O único problema dela é justamente ser diferente.

Desde o dia em que nos conhecemos naquele jogo eu quis saber quem era ela. A maneira que ela me tratou, despertou um grande interesse nela de minha parte.

Já estou acostumado à muitas mulheres caindo aos meus pés e me tratando como um deus supremo.

Mas ela não.

Clara fez questão de ser indiferente comigo desde o primeiro dia.

Ela consegue arrancar o meu mais profundo eu. Com ela eu sou apenas o Pedro.

Com ela eu sou apenas eu. Sem câmeras, sem holofotes, sem fama, sem o Pedri. Só o Pedro.

Eu não sei exatamente por tudo que ela já passou antes de nos conhecermos, mas espero ter todo tempo suficiente para entender tudo e poder cuidar dela.

Cuidar de mi corazón.

Nossas férias finalmente chegaram e eu espero poder passar esse tempo com ela e meus familiares.

Mamãe e Fernando não param de encher meu saco para que eu a apresente logo.

Sim, eu falei sobre ela para meus pais e meu irmão.

Talvez eu tenha me equivocado um pouco? Talvez. Mas ela desperta coisas novas, coisas boas e que eu quero compartilhar com ela.

Saí do banheiro com uma camisa folgada e um dos meus calções do Barcelona.

A noite estava um pouco fria, e ao sentir o vento que adentrava pela janela eu encolhi meus ombros.

Guardei minhas roupas usadas na mochila e tirei a sacola plástica de doces e outras besteiras que pedi ao meu irmão que comprasse hoje pela tarde.

Ainda não tínhamos decidido se assistimos na sala ou aqui mesmo no quarto pelo notebook. Por isso deixei a sacola sobre um móvel e sai de seu quarto à sua procura.

Bem diferente da minha casa, o apartamento dela é pequeno, porém muito aconchegante e organizado. Para uma mulher tão ocupada como ela, é incrível como consegue ser extremamente organizada em tudo que faz.

Zico, meu novo parceiro e possivelmente futuro "filho", miou para que eu o pegasse no colo e assim eu o fiz. Ele é o gato mais manhoso que eu conheci na vida.

— Vamos achar sua mãe? — O gato ronronou enquanto eu acariciava sua cabeça e me encaminhei até a cozinha.

Lá está ela, de costas para mim enquanto colocava algo em um prato.

Seu corpo está coberto apenas com um short soltinho e uma blusa de alças com estampa de abacate.

A forma como ela é ela mesma me faz sorrir sem controle algum. Essa mulher é incrível!

- Se você tirar uma foto dura mais. - Ouvi sua voz e pisquei algumas vezes voltando à realidade.

- Não posso mais admirar você, corazón?

- Você tava olhando pra minha bunda, González. - Disse e eu ri, eu juro que não tinha olhado para a bunda dela, mas agora que ela falou eu desviei meu olhar para a região.

- Em minha defesa é uma bela bunda. - Ela jogou o pano de prato que tinha em mãos sobre mim e eu ri. - O que está fazendo aí?

- Brigadeiro.

- O que é bir... brigadero? - A morena riu com o meu sotaque.

- É um doce do Brasil, você nunca provou? - Neguei e ela pegou uma colher. - Raphinha é um péssimo brasileiro, como ele simplesmente não mostrou isso a vocês?

Ela realmente estava indignada. Dei de ombros e ela virou na minha direção com a colher.

- Prova.

- E se eu não gostar disso?

- Prova logo, você não vai se arrepender. Eu juro! - A encarei e notei um sorrisinho de canto em seus lábios.

Abri a boca e a morena levou o tal brigadeiro até a mesma. Suspirei ao sentir aquele sabor e ela permaneceu me encarando.

- E então? Gostou?

- Isso é perfeito corazón! Como eu nunca soube da existência de uma coisa tão maravilhosa assim?! - Ela riu e segurou o prato em uma mão enquanto puxava o meu braço com a outra.

- Eu falei que não iria se arrepender. - Paramos no sofá da sala e ela deixou o doce sobre uma pequena mesa no centro.

Coloquei o gato sobre o sofá e o mesmo se aconchegou em um canto.

- Vou buscar um cobertor para nós, pode ir pensando no que vamos ver.

- Claro, pode trazer uma sacola que deixei sobre sua escrivaninha? - Ela assentiu e se retirou.

Confesso que ela me deixou intrigado, depois que a toquei hoje mais cedo notei que seu comportamento mudou um pouco.

Ela ficou mais pensativa e parecia inquieta com algo. Eu só não faço ideia do que possa ser.

Nós não tivemos muito tempo para sairmos juntos ou apenas conversar. O FC Barcelona estava a todos os nervos com a final que daria ou não o título para nós. Infelizmente isso acabou fazendo com que nós não tivéssemos tempo para quase nada.

Por isso eu quis tomar essa iniciativa hoje, preciso conhecê-la melhor. Quais seus medos, seus sonhos, do que gosta e o que mais odeia. Eu quero conhecê-la inteiramente. De corpo e alma.

- Pepi? - Ouvi sua voz me chamar e saí de meus pensamentos. Ela segurava um cobertor em uma das mãos e a sacola que eu trouxe na outra. - Tudo bem?

- Tudo sim, aliás, quando você passou a me chamar por um apelido? - Ela deu de ombros e deixou a sacola sobre a pequena mesa.

- Prefere Pedro? - Neguei. - Então é isso. Me ajuda a montar o sofá cama?

- Por que você tem um sofá cama? - Questionei enquanto a ajudava.

- Às vezes o Lucca e a Angela dormem aqui. Não tenho outro quarto, então a melhor opção é um sofá cama.

- Quem é Lucca? - Ela ligou a TV e apagou a luz. Clara deitou no sofá e me chamou para o seu lado.

- É meu amigo, nos conhecemos na faculdade. Ele fazia psicologia e eu fisioterapia, acabamos nos aproximando e alguns meses depois a Angela chegou por lá e criamos o nosso trio inseparável.

- Lucca e Angela são aqueles que estavam com você no dia em que nos conhecemos? - Ela assentiu e eu me aproximei de seu corpo a puxando para mim. Clara se aconchegou ao meu corpo e passou uma das pernas por cima da minha coxa.

- Eles me apoiaram muito quando eu e o... - E de repente ela parou de falar. Notei um pequeno aperto que ela deu no controle e passei minha mão pelo seu braço.

- Se não quiser falar, tá tudo bem. - A brasileira negou e entrou na Netflix.

- Eu não deveria me importar tanto em falar sobre isso, mas de alguma forma ainda me assusta lembrar de tudo.

É notório o temor que a voz dela carrega, com certeza algo ruim aconteceu com ela a ponto de deixá-la dessa maneira apenas por tocar no assunto.

- Você prefere série ou filme? - Me perguntou e eu analisei seu rosto. Ela estava tentando encontrar uma maneira de falar sobre isso.

- Filme. Clara, por que não fazemos um jogo?

- Jogo? Mas não iríamos assistir?

- Sim, e nós vamos. Mas também precisamos nos conhecer mais um pouco, não acha? - Ela concordou e o Zico subiu sobre minhas pernas e se aconchegou entre eu e ela.

- Ele sempre deita comigo, você que é o intruso aqui. - Ri com sua fala e acariciei o gato.

- Ele aprende a te dividir. - Ela deu de ombros. - Eu começo com as perguntas ou você faz isso?

- Pode começar, assim tenho mais tempo para formular minhas perguntas. - Concordei e pensei um pouco.

- Quando você começou a gostar de futebol? - Senti a ponta de sua unha fazer pequenos círculos imaginários sobre meu abdômen.

- Desde criança. - Ela parou de falar um pouco e pensou. - Meu tio era um dos chefes da torcida organizada do Flamengo. Desde quando eu tinha 5 anos ele me levava com ele nas reuniões e sempre que tinha jogo eu também ia. Aprendi a cantar todas as músicas do Flamengo ainda criança. - O tom de felicidade que havia em sua voz me fez sorrir. Ela é apaixonada por esse time.

- E o seu tio corazón? Ele ainda frequenta os jogos? - Seu semblante mudou quase que imediatamente. Um sorriso amarelo em seus lábios e ela fechou os olhos brevemente.

- Ele não consegue mais, 1 ano antes de eu me mudar para Barcelona ele sofreu um acidente quando estava voltando do estádio. Um motorista irresponsável avançou o sinal vermelho e acertou em cheio o carro do meu tio, ele sofreu lesões e outras coisas muito graves e perdeu o movimento de quase todo o corpo.

- Não existe nada que a medicina possa fazer por ele? Existem tantos tratamentos e estudos, você deve saber de algo já que é fisioterapeuta. Não é?

- Existe... mas os custos são muito altos. Minha família não conseguiria arcar com tanto. Além de que não é 100% de certeza que ele voltaria com os movimentos. As chances são mínimas. - Ela suspirou e parou de mexer a unha sobre meu abdômen. - Agora é minha vez, você já perguntou duas vezes.

Sorri brevemente e comecei a fazer carinho em seus cabelos.

- Com quantos anos você se relacionou com alguém? - Deixei uma risada escapar e ela riu também.

- É sério mesmo essa pergunta?

- Claro que sim, preciso ter certeza que você é experiente no que faz! - Mordi o lábio inferior e a encarei. Um sorriso travesso em sua boca.

- Eu tinha 14 anos, e foi uma bela porcaria se você quiser saber. - Ela deixou uma risada escapar.

- Era atacante desde criança, Pepi?

- Nem posso dizer que foi sem querer porque seria mentira. - Ela concordou. - Mas então, sou experiente suficiente para você, corazón?

- Um pouquinho. - Roubei um beijo dela e a garota sorriu.

- E você, se relacionou pela primeira vez com quantos anos? - Suas bochechas ficaram ruborizadas e ela escondeu o rosto no meu peito.

- Me sinto uma freira perto de você González. - A observei e ela sorriu timidamente. Não é possível que ela... Deus, como ela conseguiu?

- Você nunca se relacionou com homem nenhum? - Ela negou logo começou a falar.

- Eu não sou virgem, mas não tenho uma vida sexual ativa. Perdi minha virgindade quando tinha 15 anos, e foi a pior experiência da minha vida. Depois disso eu só fiz algo novamente com 19 anos.

- Você é a mulher mais pura que eu já tive o privilégio de conhecer, sabia?

- Você prefere as experientes. Eu sei, Gavi me contou sobre o seu gosto por casadas - Seu tom de ironia era nítido. Eu mato aquele moleque.

- Eu prefiro ensinar as novatas. - Sussurrei próximo ao seu ouvido. - Posso mostrar como conhecer o céu e o inferno ao mesmo tempo.

Sua pele se arrepiou e um pequeno suspiro escapou de sua boca. Seus lindos olhos me encararam e ela tocou meu maxilar com a ponta dos dedos.

Seus traços angelicais me faziam suspirar e ter vontade de colocá-la em um pedestal, apenas para ficar admirando cada traço de seu corpo.

Cada detalhe dela é único. E eu sequer tive a oportunidade de poder observar de perto seu corpo nú.

No dia do incidente no banheiro do meu quarto, as coisas aconteceram tão rápido que eu não vi muita coisa. Mas tenho certeza absoluta que ela é perfeita pelos breves segundos que olhei.

Foram segundos que pareciam me anestesiar no tempo. As curvas dela são impecáveis. Suas coxas nem muito grossas e nem muito finas a fazem totalmente proporcional.

Ela é a proporção exata do cúmulo da perfeição.

- Eu... você tem ou gosta de tatuagens? - Ela mudou de assunto repentinamente e me fez rir.

Acho que deixei alguém um pouco constrangida.

- Não tenho nenhuma, não acho que combinam comigo. Mas acho bonito. Não muitas, aí é exagero.

- Você faria alguma coisa?

- Se tivesse algo muito importante e que eu sentisse que precisaria marcar de uma forma diferente, acho que faria. - Sua mão tocou meu pescoço em um lugar específico e ela sorriu ao acariciar a região.

- Ficaria ainda mais lindo, uma bem aqui. - Ela tocou a lateral do meu pescoço, no lado esquerdo, bem próximo a minha orelha. - Algo pequeno e com algum significado grande.

- Quem sabe um dia. - Falei.

- Quem sabe... - Levei minha mão até seu rosto e alisei sua bochecha.

- Você tem alguma tatuagem?

- Tenho duas na verdade. Mas são muito pequenas. - Olhei para ela impressionado. Nunca notei nenhuma tatuagem nela, a menos que sejam em uma parte de seu corpo muito escondidas.

- Eu posso ver?

- Uma delas, sim. - Ela colocou o cabelo para o lado e puxou um pouco a orelha. É uma tatuagem muito delicada, quase invisível se realmente não prestar atenção.

A tatuagem em questão é uma tartaruga muito pequena e feita em pequenos traços bem finos.

Toquei a região com a ponta do dedo e fiz um breve carinho ali.

- O que significa?

- Longevidade, resiliência, boa sorte, equilíbrio, paciência, confiabilidade, estabilidade e sabedoria. Eu fiz ela logo depois do meu tio sofrer o acidente, ele tem uma igual no pulso esquerdo.

Tenho certeza absoluta que esse tio dela é alguém de extrema importância em sua vida. A maneira que seus olhos brilham ao falar dele deixam isso mais que óbvio.

- E a outra? Não vai me mostrar? - Ela negou e eu ergui uma das sobrancelhas. - Por que não, é em um lugar inapropriado?

- Mais ou menos.

- Nos seus peitos? - Ela riu enquanto negava. - É pior que isso? Acho que estou com medo agora.

- Não é onde você está pensando. É nas minhas costas, no cóccix para ser mais exata.

Uma tatuagem quase na bunda? Ela é extraordinária!

- Por que eu não posso ver?

- Nem pensar, não vou descer meu short para te mostrar isso.

- Mas vai descer por outros motivos, não vai? - Recebi um tapinha seu e sorri.

- Você está muito ousado hoje, senhor González.

- É o seu efeito sobre mim, corazón. - Clara negou e eu apertei sua cintura contra o meu quadril. - Qual o significado da outra?

- Maktub. É uma palavra árabe que pode ter o sinônimo de "destino", "estava escrito", "tinha que acontecer". Algo "predestinado" e que "estava escrito nas estrelas".

Nossos olhares se encontram e uma corrente elétrica parecia percorrer meu corpo.

"Algo predestinado".

"Tinha que acontecer".

O significado dessa palavrinha pequena é bem maior do que parece. E olhando para a mulher em meus braços eu tenho ainda mais certeza disso.

Um silêncio se instalou entre nós dois enquanto nossos olhares se mantiveram fixos.

"Estava escrito nas estrelas".

O que mais as estrelas teriam escrito para mim?

Para nós?

- Então nós somos um Maktub? - Minha voz saiu quase em um sussurro.

- Definitivamente nós somos Maktub. - Me devolveu no mesmo tom.

Ela é o meu Maktub.

Eu realmente preciso aprender a controlar melhor uma situação.

Logo após nossa conversa sobre nós mesmos - o que me ajudou muito a conhecer um pouco mais dela e ela de mim - fomos ver o filme.

Porém, ela insistiu para assistirmos "After". E agora eu estou tentando me controlar ao máximo com as cenas que passam naquela TV.

Isso porque eu não deixei ela colocar 365 dias, aí sim eu teria um grande problema.

- Só tô imaginando a reação dela quando descobrir toda a verdade. - Ela comentou e mexeu um pouco o quadril, roçando levemente contra a minha virilha.

Respirei fundo e passei a mão pelo rosto, espero que isso não demore muito para acabar.

- Pepi? Tá tudo bem? - Tirei a mão do meu rosto e a encarei. Ela havia virado de frente para mim e me olhava atentamente.

- Tá tudo bem sim, por que não estaria?

- Você ficou calado e está parecendo nervoso. - Mordi o lábio inferior e ela sentou sobre o sofá.

- Não foi nada.

- Se você não me contar, eu vou descobrir sozinha. - Sorri com sua determinação e me sentei de frente para ela.

- Você, Clara. Você aconteceu.

- Eu? - Seu rosto fez uma expressão de confusão e eu passei as mãos pelo meu cabelo.

- Desculpa, mas eu não tô conseguindo me controlar com você assim. - Seus lábios se moveram em um sorriso malicioso e ela ficou de joelhos logo passando uma perna por cada lado do meu meu colo e sentando sobre minhas pernas.

- Assim como? - Ela deslizou as mãos pelo meu abdômen e rebolou devagar contra meu volume. Levei minhas mãos até sua cintura e joguei a cabeça para trás deixando alguns suspiros escaparem de minha boca.

Ela vai me deixar louco.

- Acho que estou começando a achar que você realmente me odeia. - Ela colou nossas testas e deixou um beijo na ponta do meu nariz.

- E eu te odeio, mas é impossível te odiar por muito tempo. - Seus olhos estavam levemente marejados e ela parecia querer falar algo, mas, sequer sabia como.

- Ei, você quer me dizer alguma coisa? - Acariciei seus cabelos e ela assentiu.

- Eu não sei como posso te falar sobre isso. Apenas meus pais, meu irmão, meu tio e meus dois melhores amigos sabem dessa história. - Uma pequena lágrima escorreu pelo seu rosto e eu a enxuguei.

- Você pode pensar, tenha todo o tempo que precisar para isso. - Ela respirou fundo e passou a mão pelos cabelos.

- Você já teve algum relacionamento sério com alguém? - Concordei brevemente
Havia tido um relacionamento sério a alguns anos. Porém, as coisas não deram tão certo quanto esperávamos e decidimos que o melhor seria nos separarmos.

- Quando estava com a pessoa, você sentia que ela era a pessoa certa? Que independente de tudo vocês ficariam juntos para sempre e nem nada nem ninguém seria capaz de atrapalhar vocês?

- Logo no início, sim. Mas depois as coisas foram esfriando e cada um seguiu o seu caminho. - Ela concordou e respirou profundamente.

- Então você sabe um pouco do que estou falando. Eu conheci uma pessoa na faculdade que me fez sentir exatamente isso. Ele era incrível, a maneira como ele me tratava, cuidava e acima de tudo me respeitava como eu era, me fizeram ficar apaixonada por ele.

A cada palavra que saia de seus lábios eu podia sentir o temor em sua voz. Por isso resolvi apenas escutar o que ela tinha a dizer.

- O nome dele era Juan, Pablo Juan. Eu tinha 19 anos e ele 21, mas ele me despertou algo novo, algo que eu nunca tinha sentido por ninguém antes. A gente começou a conversar e viramos amigos, ele me mostrou o mundo e estava disposto a lutar todos os dias para me dar esse mundo.

Seus olhos se fecharam brevemente e algumas lágrimas desceram por suas bochechas.

- No dia do aniversário dele, ele se declarou para mim, me disse coisas lindas e que me amava. Juan falou que estava apaixonado por mim e me queria para ele, apenas para ele. Foi incrível, aquele dia foi um dos melhores da minha vida, tudo estava dando certo para mim naquele momento. A poucos dias disso acontecer, o meu tio tinha iniciado um tratamento novo com os valores cobertos pelo governo e isso já havia me deixado muito feliz, e ouvir que a pessoa que eu era apaixonada se declarar para mim daquela maneira foi o cúmulo da minha felicidade.

Ela permaneceu de olhos fechados e um sorriso sem graça apareceu em seus lábios.

- Eu e Juan vivemos coisas únicas e maravilhosas juntos, ele me mostrou o mundo com uma nova visão. Ele cuidou de mim e fez questão de me mostrar o quanto me amava e ele também me prometeu ficar comigo até que não houvesse mais tempo para nós dois aqui nessa vida.
Ficamos juntos por mais 2 meses depois disso. Tenho certeza que eu vivi alguns dos meus melhores dias aqui com ele durante esses 2 meses. Mas então, em uma manhã de quinta-feira quando eu estava organizando minhas coisas para ir para a faculdade, o irmão mais velho dele me ligou avisando que ele... bom, que ele tinha falecido em acidente grave. Um motorista embriagado depois de vir de uma balada, bateu na moto dele e ele quebrou o pescoço.
Não conseguiram nem prestar socorro a tempo.

Observei cada traço de seu rosto e a abracei forte contra mim. Um soluço alto escapou de sua garganta e senti suas mãos apertarem meu peito.

Não fazia ideia do tanto que ela já sofreu.

Clara quase perdeu o tio, alguém que ela ama incondicionalmente e em pouco tempo depois perdeu alguém que ela amou como nunca.

E ela seguiu em frente. Mesmo machucada e tenho certeza que sentindo seu mundo desabando, ela foi forte suficiente para erguer a cabeça e seguir em frente.

- Eu sinto muito Clara. Sinto muito por tudo que já passou. Infelizmente a vida tende a ser injusta com muitas pessoas boas e você foi uma delas.

Ergui sua cabeça para enxugar suas lágrimas e acariciei suas bochechas.

- Mas olha para você agora, veja a grande e extraordinária mulher que você se tornou! Você conseguiu ser forte e encarar tanta coisa, você se reconstruiu sozinha e isso é incrível.

- Mesmo sabendo que meu tio não respondeu a quase nada do tratamento? Sabendo que ele precisaria de médicos que dedicaram suas vidas para casos como o dele e vendo ele perder as esperanças a cada dia que passa? - Ela forçou um sorriso. - Eu me sinto tão fraca às vezes, sinto que sou incapaz de proteger as pessoas que eu amo de todo o mal que possa atingi-las.

Juntei nossas testas e fiz um carinho em seu nariz com a ponta do meu.

- Ninguém pode livrar ninguém do destino corazón, é como a sua tatuagem significa, predestinado a acontecer. É muito além do nosso controle. Nada que aconteceu com eles é culpa sua, o que você poderia fazer? Ninguém consegue controlar os propósitos que cada um carrega com si. E você é tão foda. Olha por tudo que já passou! E olha onde você chegou, você foi e é extremamente forte, tem que sentir orgulho da grande mulher que se tornou. Muitas garotas sonham em ser tão forte quanto você.Pode ter certeza disso.

Ela juntou nossos lábios em um beijo intenso e eu a abracei com força.

Minhas mãos percorreram pela lateral do seu corpo e repousei uma delas sobre sua cintura deixando um pequeno carinho na região.

- Desculpa por isso. - Lhe dei um selinho demorado e fiz carinho em seu cabelo.

- Não tem que pedir desculpas, eu fico feliz por você confiar em mim para contar algo tão íntimo assim.

- Foi por isso que eu pedi para irmos devagar, lá no fundo eu ainda não consegui superar completamente tudo o que aconteceu e tenho receio que algo possa acontecer outra vez. Por isso eu... eu tento evitar relacionamentos.

- Vamos devagar, tudo bem? - Ela concordou. - Não precisamos apressar nada.

- Obrigada.

- Não me agradeça, não fiz nada demais. - Ela sorriu e me abraçou.

Pessoas intensas já viveram uma tempestade em meio ao mar sem colete salva vidas.

Clara é uma das provas vivas disso. Estar em meio ao caos e aprender a controlá-lo.

Mamãe estava certa quando me disse que Clara era tão profunda quanto eu, por isso me chamou tanto atenção.

Não foi apenas pela sua aparência, existe algo maior, uma conexão além de nosso entendimento.

É isso que me deixa tão fascinado por ela.

Ela já passou por tanto e não se deixou amargurar por isso.

Ela preferiu continuar sendo incrível com as pessoas mesmo estando aos pedaços.

Porra, essa mulher é absurdamente extraordinária.

Acho que nunca irei me cansar de falar sobre ela.

Eu tenho certeza que depois de tudo o que eu passei, finalmente encontrei alguém por qual valha a pena lutar outra vez.


Clara havia dormido.

O filme não demorou muito para acabar, porém, tinha outros como continuação e nós resolvemos assistir.

Mas o cansaço acabou por dominá-la e agora seu corpo está totalmente relaxado contra o meu.

Minha mão fazia um carinho em seu cabelo enquanto eu prestava atenção em seu rosto. Ela é tão linda que nem parece real.

Toquei cada detalhe de seu rosto, como se fosse capaz de guardar seus traços comigo e ter a falsa impressão de sempre materializar seu rosto.

Desliguei a televisão e a ergui em meus braços, andei com ela até o seu quarto e a deitei na cama fazendo o mínimo de movimientos possíveis para não acorda-la.

Cobri seu corpo com o edredom e deixei um pequeno beijo em sua testa.

— Boa noite corazón.

— Dorme comigo... — Ouvi sua voz quase em um sussurro e a encarei. Seus olhos estavam vagamente abertos e me encaravam.

— Tem certeza? — Ela concordou. — Tudo bem, só vou guardar as coisas da sala e já volto.

Me retirei de seu quarto e levei as coisas que estavam sobre a mesa até a pia de louças. Deixei tudo alí e organizei rapidamente o sofá cama.

Já estava de madrugada e chovia bastante lá fora, o tempo havia esfriado bastante.

Voltei para o quarto e apaguei as luzes, Zico me acompanhou até a cama e se aconchegou na parte inferior da cama.

Deitei ao seu lado cobrindo meu corpo e ela se aconchegou junto a mim.

Abracei seu corpo e continuei fazendo um carinho em sua cabeça. Eu quero tanto cuidar dela, por mais forte e determinada que ela possa ser, ainda sim, precisa de alguém que esteja ali para cuidar e dar apoio a ela sempre que precisar.

E eu estou disposto a fazer o impossível para ser essa pessoa.

Olá pessoas, o capítulo está atrasado, porém entregue!
Não saiu exatamente da maneira como eu queria, porém foi a melhor maneira que eu encontrei de contar um pouquinho do passado da Clara para vocês. Eu escrevi esse capítulo 3 vezes e apaguei porque simplesmente não estava gostando do resultado.
Essa parte final foi algo menos trabalhado pois ainda teremos a visão da Clara sobre esse desabafo que ela fez para o Pedri.

E o que será que o Pedri esconde sobre o passado dele?

Bom, espero muito que gostem 💙
Até o próximo capítulo!

📝 Não esqueçam de comentar e deixar o seu voto no capítulo em!? 🤍

Beijos de luz,Kalisa.

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