Cap. 008
Que porra acabou de acontecer aqui?
Ele deu em cima dela na minha frente!?
Não é possível que isso realmente tenha acontecido. E para piorar tudo ela ainda confirmou estar solteira.
Essa mulher vai acabar com o resto da minha sanidade mental!
Ferran bebeu demais — o que não é uma grande novidade — e eu saí por alguns minutos para buscar uma água para ele.
Não foi algo demorado, mas foi tempo suficiente para a Clara se encontrar de alguma maneira com o Vini Júnior.
Desde o dia do jogo contra o Real Madrid eu havia notado o interesse dele por ela.
Ele não iria lhe dar uma camisa do Madrid vendo que ela nitidamente torce para o Barcelona sem segundas intenções.
Eu sabia que a trazendo para o meu mundo esse encontro iria acontecer cedo ou tarde — Só não esperava que fosse tão cedo e justo essa noite.
Ele sabe que me abalou quando falou aquelas palavras para ela.
E eu tenho certeza que ela também sabe disso.
A única coisa que me tranquilizou no meio de tudo isso foi que ela não se opôs a vir comigo quando fui buscá-la.
Mesmo bêbado, Ferran berrou que ela havia passado a poucos segundos acompanhada de um jogador do Real Madrid, e é óbvio que ele dedurou para onde ela havia ido.
Essa é a graça de ter um amigo fofoqueiro. Ferran entregaria até sua mãe se estiver bêbado.
Minha cabeça estava confusa e eu só conseguia pensar em manter a calma, não tenho direito algum de querer cobrar nada dela, mas ao menos uma explicação ela vai ter que me dar.
Saímos de todo aquele alvoroço de pessoas e paramos em um corredor vazio.
Soltei sua cintura e virei de costas para ela que cruzou os braços e fixou o olhar em mim.
Respirei fundo algumas vezes e virei em sua direção outra vez.
É incrível como ela fica ainda mais linda quando está séria.
— Por que saiu de perto de mim? — As minhas primeiras palavras pareceram surpreendê-lá.
E logo sua expressão indiferente passou para irritada.
— Sou algum tipo de propriedade sua para ficar perto de você 24 horas? — Um passo em minha direção.
— Você sumiu, não me disse onde iria. Os garotos que te encontraram depois, aliás, quem era aquela que estava com você?
— Eu não preciso te dar satisfações de nada. Você me trouxe nessa festa porque quis, o máximo que eu posso fazer estando aqui é aproveitar.— Ela não vai baixar a guarda por nada.
— Você está aqui comigo, então ao menos uma satisfação você me deve sim. — Seus olhos reviraram e ela apontou o dedo no meu peito.
— Eu. Não. Te. Devo. Nenhuma. Satisfação. — Disse pausadamente enquanto andava e me empurrava ao mesmo tempo.
— Caralho, por que você sempre tem que ser tão teimosa?! — Outro passo.
— Porque você é chato pra caralho. Não sei se alguém já te avisou, mas o mundo não gira em torno de você. — Suas bochechas estavam ruborizadas, o que quer dizer que ela está com raiva.
Como ela consegue ficar cada vez mais linda?
Eu só queria conversar com ela, porém, agora estou contendo uma vontade absurda de agarrá-la e beijá-la.
— Você é uma mimadinha do caralho! Que merda pensou quando foi falar com ele? — Ela riu irônica.
— Escuta aqui seu riquinho metido a besta, eu não sei se alguém já te disse isso, mas você só pode cobrar ciúmes do que é seu. E eu NÃO sou sua. — A ênfase que ela deu a palavra "não" me fez travar o maxilar. — Não queira me controlar só porque sou sua acompanhante, não somos nada mais que isso. Então, nesse caso, sugiro que aprenda a controlar esse seu ciúme.
— Ciúmes? Você acha que eu estava com ciúmes de você? — Ri e toquei levemente seu rosto. — Só fui mostrar a ele que você está acompanhada. Eu sou solteiro Clara Guimarães. Não sinto ciúmes.
Seus olhos percorreram todo o meu corpo e pareciam estudar cada parte de mim.
Ela negou enquanto colocou a palma da mão no meu peito e me empurrou até a parede.
Seu olhar fixo ao meu me deixou um pouco atordoado. O que ela está fazendo?
— Não ouse negar o óbvio na minha cara Pedro González. Sei bem que você é solteiro e nunca agi de forma contrária com isso, já você... bom, talvez queira algo e não esteja sabendo muito bem como pedir. — Ela não fez isso!
Clara acabou de insinuar que eu a desejo e não sei como pedir?
Porra garota, você mexeu com a pessoa errada.
Ela virou de costas com a intenção de ir embora, mas eu segurei em seu pescoço a puxando para mim.
A brasileira deixou um suspiro alto escapar e pude ouvir um pequeno gemido ser contido em seus lábios.
Aproximei seu corpo do meu e me inclinei brevemente sobre ela.
— Você não faz ideia do que está falando, não é? — Rocei meus lábios em sua orelha e ouvi um suspiro escapar de sua boca. — Quando eu quero algo eu não peço, mi corazón... — Beijei seu pescoço e virei seu corpo para ficar de frente comigo. — Quando eu quero algo eu faço.
Suas pupilas estavam dilatadas e sua respiração um pouco ofegante.
Sua boca entreaberta era praticamente um convite para que eu provasse de seus lábios carnudos.
— E o que você quer fazer nesse exato momento? — Suas palavras me fizeram rir e apertar sua cintura contra meu corpo.
— O que eu quero corazón? Você não faz ideia de tudo que eu quero... — Ela tentava relutar.
Eu tentava relutar.
Mas era como se um ímã me puxasse para ela. Por mais que eu tentasse ficar longe, alguma coisa sempre me traz de volta para ela.
— Caralho Pedro, o que você está esperando então? — Suas palavras foram a confirmação que eu precisava.
Coloquei uma mão em sua nuca e colei nossos lábios. Clara largou a bolsa no chão e suas mãos percorreram meu corpo.
Eu estou a dias relutando contra esses pensamentos. Relutando contra ela.
Mas é totalmente impossível tentar lutar contra o desejo de beijá-la até o ar acabar.
Seus lábios macios chupavam minha boca com desejo enquanto suas unhas arranhavam meu pescoço.
Inverti a posição em que estávamos e a deixei entre meu corpo e a parede. Desci uma de minhas mãos pela lateral de seu corpo e senti quando ela estremeceu.
Um sorriso escapou dos meus lábios entre o nosso beijo. É esse o efeito que ela me causa. Eu simplesmente não consigo mais controlar o meu desejo por ela, e odeio ter que admitir isso, mas, Gavira estava certo desde o início.
Sua mão invadiu minha camisa e desceu vagarosamente pelo meu abdômen, me deixando arrepiado.
Desci minhas duas mãos até suas coxas e fiz com que ela pegasse impulso e passasse as pernas ao redor da minha cintura.
Encostei suas costas na parede outra vez e ela passou os braços ao redor do meu pescoço, uma mão em meu pescoço onde ela deixava alguns arranhões de leve e a outra no meu cabelo.
Levei uma de minhas mãos até sua bunda e deixei um aperto ali, um suspiro escapou de sua boca e a mão que estava em meu cabelo o puxou de leve.
Afastamos nossas bocas pela falta de ar, mas continuamos na mesma posição. Ela parecia relutar contra algo, sua respiração estava mais ofegante que antes e o aperto em meu cabelo aumentou.
Nossas testas estavam juntas enquanto permanecíamos de olhos fechados.
Rocei meus lábios nos dela e a garota juntou os mesmos outra vez. Um beijo mais rápido que o primeiro.
Afastei um pouco nossos rostos e abri os olhos, ela está com a boca um pouco aberta e com as bochechas levemente ruborizadas.
Seus olhos se abriram devagar e se fixaram nos meus. Uma de suas mãos subiu para o meu rosto e acariciou levemente a minha barba por fazer.
— A gente não... — Lhe dei um selinho demorado e Clara me olhou em seguida.
— A gente pode sim. Você não vai negar o que é nítido, vai? — Ela desceu as pernas da minha cintura e a coloquei no chão, mas sem tirar minhas mãos de sua cintura.
— Não tem nada nítido Pedri, eu só... você...
— Fica mais fácil se você admitir que também me deseja, corazón. — Toquei brevemente seus lábios. — Será muito pior para nós dois se você ficar negando para si mesma.
Seus olhos castanhos me olhavam com atenção enquanto sua expressão ficava em uma total confusão.
— Você... você está admitindo que me quer? — Um pequeno sorriso com duplo sentido se formou em seus lábios.
— Você sabe a resposta, mas eu preciso saber se você também quer, porque por mais que eu te queira não é o suficiente para que eu possa te ter.
Sua mão acariciou meu rosto e eu fechei meus olhos com seu toque.
— Como eu vou saber se você não está falando isso para eu não ter nem um tipo de contato com o Vini ou outro homem? — Mordi meu lábio e abri os olhos. Até agora esse cara não vai deixar de me atrapalhar?
— Você vai mesmo tocar no nome dele agora? — Respirei fundo antes de olhar para ela outra vez. — Acho melhor eu te deixar ir atrás do seu jogadorzinho, não quero interferir no romance do casal.
— Você é um tipo de criança imatura ou o que? — Suas palavras me fizeram soltar um riso inalado. Que merda ela pensa que está falando? — Não vai me dizer o que eu tenho que fazer, tá legal?
— Claro corazón. Deveria pedir uma carona de volta para casa com o seu jogador preferido, ou o melhor dessa geração como você mesma disse ontem depois do jogo.
Ela deixou um pequeno grito escapar e bateu os pés no chão.
Confesso que chega ser engraçado ver ela tentando controlar a raiva.
Passei por ela com a intenção de voltar para onde os garotos estavam, porém ela puxou meu braço.
— Você não vai me largar aqui sozinha, Pedro. — Coloquei seu cabelo atrás da orelha e aproximei meu rosto de seu ouvido.
— Não vai estar sozinha se for com ele mi corazón. — Sussurrei em seu ouvido e roubei um selinho de seus lábios.
Saí andando e em poucos segundos ouvi seus saltos baterem com firmeza contra o chão.
Chegamos ao mesmo tempo onde todos estavam conversando, Clara bateu seu ombro contra o meu corpo e passou por mim.
Gavi nos encarou um pouco confuso e antes que eu pudesse ter qualquer reação ela simplesmente puxou Vinícius que conversava com Neymar e Raphinha e beijou o brasileiro.
— CARALHO! — Ferran gritou e eu pisquei algumas vezes enquanto olhava aquela cena.
Ele se assustou logo de início, mas não se separou. Antes isso, ele colocou a mão em sua nuca e puxou sua cintura.
— Aí Pedri, eu pensei que rolava alguma coisa entre vocês. Viajei? — Neymar comentou e eu apertei os punhos.
Autocontrole é algo muito importante em momentos de raiva. Principalmente agora.
— Oh seu idiota, vai ficar olhando ela beijar outro na sua frente e não vai fazer nada? — Gavi se levantou enquanto empurrava levemente o meu ombro.
Neguei para mim mesmo enquanto respirava fundo e tentava me controlar só máximo.
Me aproximei deles e empurrei o ombro do brasileiro, fazendo eles se separarem.
— Qual foi seu idiota, tá com algum problema? — Vini aproximou nossos corpos e começamos a nos encarar.
— Você não tem nem ideia do tamanho do meu problema.
— Parem com essa idiotice agora! — Ouvi sua voz um pouco exaltada e em segundos ela entrou entre nós dois e nos separou.
— Porra Clara, primeiro você arranja a confusão e depois você mesma acaba com ela? Sua chata! — Ferran balbuciou com irritação.
— Eu vou embora, essa festa já deu para mim. — Disse e encarei Vinícius uma última vez.
— Já vai tarde seu imbecil. — As palavras dele fizeram meu sangue ferver. Antes que eu me virasse outra vez, Clara segurou minha mão e me puxou até estarmos do lado de fora da mansão.
A morena me soltou enquanto passava as mãos pelos cabelos e tentava se acalmar.
Minha maior vontade era de voltar lá dentro e acertar minhas contas com ele, mas porra, o que eu estou pensando?
Eu nunca fui de brigar, sempre preferi chegar na conversa e resolver tudo pacificamente. Essa mulher está revirando minha cabeça de uma maneira absurda.
— Você pensa antes de fazer alguma coisa? — Suas palavras me fizeram rir.
— E você já se fez essa mesma pergunta? Que porra Clara, por que você foi beijar ele? — Um silêncio se instalou entre nós e ela tentou falar algo, mas acabou desistindo.
Algumas pessoas começaram a prestar atenção em nós dois e ela não demorou a perceber isso.
Seu corpo se encolheu um pouco em uma tentativa de fazer com que as pessoas parassem de olhar para ela.
Retirei minha jaqueta e passei por cima de seus ombros.
Nossos olhares se encontram brevemente e eu coloquei meu braço ao redor da sua cintura.
— Vamos para o carro, ninguém vai nos dar privacidade aqui. — Ela concordou e me acompanhou até onde tinha estacionado o carro mais cedo.
Adentramos o mesmo e o silêncio permaneceu entre nós.
Joguei a cabeça para trás e a ouvi suspirar.
— Tá Pedro, me desculpa! Eu sei que agi igual uma criança mimada e imatura. — Virei meu rosto em sua direção.
— Bem pior que uma criança imatura Clara, muito pior.
— Eu já entendi porra. — Ela massageou sua testa e pareceu pensar em algo. — Se você não tivesse me beijado isso não teria acontecido.
— Agora a culpa é minha? — Ela concordou. — Eu não te obriguei a enfiar sua língua na boca dele.
— Mas me provocou e ficou me irritando até eu agir por impulso! — Sorri com sua fala e me virei totalmente em sua direção.
— Se arrependeu corazón? — Suas bochechas ficaram um pouco vermelhas e ela virou o rosto para me encarar.
— Me arrependi de ter te beijado, isso sim. Teria evitado essa dor de cabeça. — Puxei seu corpo para cima de mim e a morena não recuou quando sentou em meu colo.
— Que tal se arrepender outra vez? — Ataquei seus lábios e minhas mãos apertaram sua bunda com força. Um pequeno gemido escapou entre nosso beijo e ela acabou rebolando devagar contra mim.
— Assim não corazón... — Falei brevemente e ela sorriu enquanto me beijava outra vez.
— Eu te odeio tanto González. — Suas palavras me fizeram sorrir.
— Eu também te odeio muito Guimarães. — Acariciei seu rosto com a ponta dos meus dedos e ela fechou os olhos. — Deveria ter deixado seus cachinhos.
— O que? — Me olhou confusa.
— Seu cabelo, já te disse que ele é lindo com os cachos.
— Então quer dizer que eu estou feia?
— Nem que você quisesse. É impossível você não ficar linda. Você é linda de qualquer jeito mi corazón. — Um sorrisinho apareceu em seus lábios e pude observar as covinhas que se formaram em suas bochechas.
Deus, ela tem covinhas!
— Desculpa pelo o que aconteceu, acabei estragando tudo. — Sua mão acariciou meu rosto.
— Não estragou tudo, nós dois estragamos tudo. Não tire o meu mérito de desastrada. — Acabei rindo. — Agora é sério, não foi tão ruim assim. Você só precisa se controlar mais quando me ouvir falar no nome do Vini.
— Não fode Clara. — Ela riu e acariciou meu rosto, sua mão é extremamente macia. — Como eu vou ficar calmo se toda vez que eu olhar pra ele irei lembrar de vocês se beijando?
— Quer que eu te beije até esquecer disso? — Sua proposta foi ousada, não sei se pelo álcool que ela ingeriu ou por talvez sentir o mesmo desejo que eu sinto por ela.
— Não acho que você vá querer me beijar por muito tempo.
— Quanto tempo?
— Até o final de nossas vidas parece muito tempo para você? — Ela fingiu pensar e me deu um selinho.
— Nós não vamos envelhecer juntos Pedro. Tudo isso aqui vai acabar quando você encontrar outra mulher melhor que eu, uma mais nova que você e que esteja disposta a atender seus caprichos. — Ela roçou nossos lábios e sorriu contra minha boca. — Você e eu sabemos que nós dois nunca daríamos certo. Somos um confronto direto, a melhor sonificação de caos. É assim que nós dois somos quando estamos juntos.
— O caos sempre foi mais interessante, principalmente se ele tiver um olhar intenso e um sorriso mais radiante que o sol. — Acariciei sua bochecha. — Clara, não existe uma mulher melhor que você. Você é única, não existe uma cópia. Porra, que tipo de droga você me deu? Eu simplesmente não consigo mais me controlar perto de você.
— Eu não quero você... — Sua voz saiu praticamente em um sussurro enquanto meus lábios roçavam os seus.
— Não adianta negar o que é nítido. Seu corpo não condiz com nada que sai da sua boca. — Apertei sua cintura.
— Você sabe que não podemos... — Puxei sua cintura para mais perto de mim e ela acabou rebolando devagar contra meu colo.
Soltei um suspiro e mordi meu lábio inferior.
— Nós podemos sim.
— Mas é contra o que foi colocado em acordo. — Clara continuava relutando, seu lado racional tentava relutar.
— O errado é mais gostoso. — Um sorriso sacana se formou em seus lábios e ela segurou meu queixo.
Nossas bocas estavam muito próximas, porém quando tentei beijá-la ela recuou.
— Então nós vamos quebrar as regras, Pedro? — Seu corpo reagia imediatamente ao meu toque, sua pele arrepiava com um simples toque no pescoço ou na coxa.
Porra, eu vou enlouquecer se ficar mais tempo sozinho com ela nessa posição.
— Você está me fazendo sair da linha garota.
— Acho que a diretoria do Barcelona não iria gostar nem um pouco de saber que seu jogador mais comportado está querendo quebrar regras. — Mordi seu queixo e a apertei mais contra mim — se é que era possível. —
— Ninguém é perfeito o tempo todo. — Colei nossos lábios e outro beijo foi iniciado.
Seus lábios são extremamente viciantes.
Cada pequeno detalhe dela é viciante.
Ela é a própria perdição em pessoa.
Pedi passagem com a língua e ela cedeu quase que imediatamente. Suas mãos deslizavam por meus braços desnudos — já que havia tirado a jaqueta — e algumas vezes se infiltraram por dentro da minha camisa arranhando meu abdômen.
Apertei sua bunda outra vez e ela mexeu o quadril para frente e para trás me fazendo deixar um pequeno gemido escapar.
Nos separamos quando a falta de ar se instalou entre nós.
Respirei pesadamente e abri os olhos. Ela tem que sair de cima de mim o mais rápido possível.
— Eu sei que está muito tarde, mas você aceita ir a um lugar comigo? — Suas pálpebras se abriram e ela me encarou.
— É sua última surpresa?
— Para hoje sim. — Um sorriso e suas covinhas apareceram. — O que me diz?
— Eu aceito Pedro.
Já se passavam das 04h da madrugada e nós dois estamos sentados no chão de um terraço de uma cobertura.
— Ainda não me explicou o porquê de estarmos aqui!? — Sua cabeça estava apoiada em meu ombro enquanto eu abraçava seu corpo para deixá-la aquecida.
— Conhece as praias de Barcelona?
— Não muito, acho que já comentei que não saí para muitos lugares.
— Você é estranha, sabia disso? — Ela riu e concordou.
— Obrigada pelo elogio. — Deixei um riso inalado escapar e acariciei sua coxa.
— O que está achando da vista?
O prédio em que estamos fica de frente para uma das praias daqui de Barcelona.
Já a cobertura por sua vez, é de um grande amigo meu que, quando expliquei qual a minha intenção, cedeu o lugar por essa noite — ou madrugada — para mim.
O mar visto daqui é ainda mais incrível.
— É perfeita! Acho que nunca vi algo tão lindo assim. — Sua voz estava calma e ao mesmo tempo carregada de sono, aliás, não havíamos dormido nada essa noite.
— Então tenho certeza que você vai gostar muito do que eu quero te mostrar.
— Não vai me dizer mesmo?
— Logo você verá corazón. Consegue aguentar mais um pouco acordada? — Ela concordou e saiu dos meus braços.
— Esse salto está me matando. — Me inclinei um pouco e toquei em seus pés, Clara me olhou um pouco surpresa e eu retirei os saltos de seus pés.
— Assim fica melhor corazón? — Ela deitou a cabeça contra o meu peito e segurou em minha mão acariciando meus dedos.
— Muito. — Beijei o topo da sua cabeça e voltamos a ficar em silêncio.
A minha surpresa não dependia totalmente de mim, mas espero muito que ela goste.
Sempre que eu preciso pensar sobre algo ou tomar uma decisão muito importante eu costumo vir aqui durante a madrugada.
É o lugar mais calmo que eu consigo ter privacidade para fugir um pouco da minha realidade.
Muitas vezes a falta de privacidade acaba me deixando estressado demais, algumas pessoas simplesmente não compreendem que eu preciso do meu espaço pessoal e isso me incomoda demais.
— Pedri? — Sua voz calma me trouxe de volta para a realidade.
— Oi?
— Nós realmente vamos fazer isso? — Acariciei seu rosto com meu polegar.
— Se você quiser e estiver disposta a viver um pouco do meu mundo, sim, nós vamos. — Ela virou de frente para mim e puxou a jaqueta em seus braços.
— Podemos ir devagar com isso? — Segurei seu queixo e olhei diretamente em seus olhos.
— Vamos devagar. Não precisamos apressar nada, tudo bem? — A brasileira concordou e eu sorri ao ver que "minha" surpresa estava prestes a acontecer. — Corazón, pode virar agora?
— O que? — Ela ficou de costas para mim e travou seu corpo na direção do nascer do sol sobre o mar.
O céu sendo iluminado vagarosamente e mesclando suas cores enquanto o mar escuro ficava em um tom de azul real e o sol subia vagarosamente em um tom meio alaranjado.
Suas costas recuaram devagar até encontrarem meu peito. Passei um de meus braços ao redor de sua cintura e ela deitou a cabeça próxima ao meu ombro.
— Pedro, isso é... é muito lindo, eu nunca poderia imaginar presenciar algo assim! — Suas palavras me faziam sorrir, eu a levei em três lugares comigo e o que mais a deixou impressionada foi um nascer do sol.
Acho que eu tomei a decisão certa há seu respeito.
— Você gostou?
— Eu amei muito! Obrigada por me trazer aqui. — Seu olhar se encontrou com o meu e eu inclinei um pouco minha cabeça para poder alcançar seus lábios.
Demos um selinho um tanto demorado e em seguida voltamos a ficar abraçados.
— Posso tirar uma foto nossa? — Clara virou o rosto para mim e acabou concordando.
Peguei meu celular e colei nossos lábios em um beijo rápido, sua mão tocou meu rosto e eu apertei na tela para que tirasse a foto.
Me afastei dela para poder ver se a foto ficou boa e sorri com o resultado.
— Posso ver? — Entreguei o celular a ela que sorriu ao analisar a foto. — Você é um bom fotógrafo González.
— A modelo ajuda bastante também. — Um sorriso tímido apareceu em seus lábios e eu acabei sorrindo também.
Ouvi meu celular notificar alguma mensagem e peguei o aparelho outra vez para ver a mensagem.
— Merda. — Suspirei pesadamente e ela saiu de meus braços.
— O que aconteceu?
— Matteo quer conversar comigo daqui 4 horas.
— Acha que é algo grave? — Neguei e acariciei seu rosto.
— Provavelmente deve ser em relação a minha última lesão. Você sabe melhor que eu que os fisioterapeutas nunca acreditam 100% quando nós falamos que estamos bem.
— A gente acredita que vocês falam que está tudo bem para voltar a jogar rápido. — Ri enquanto concordava.
— E vocês nunca acreditam.
— Se a gente der um diagnóstico errado e acabar prejudicando vocês, pode arruinar suas carreiras para o resto de suas vidas, além de que vamos parar no olho da rua.
— Tudo bem, você está certa. Mas eu realmente estou bem, não tem necessidade de outro exame hoje, fiz um antes de ontem. — Seus olhos percorriam meu rosto e ela parecia gravar cada detalhe com o olhar.
— Ter certeza de que está tudo bem nunca é demais. — Seu olhar era indecifrável, ela é totalmente intrigante. — Acho melhor irmos para casa, você precisa descansar um pouco antes de ir para o CT.
— Certa outra vez corazón. — Nos levantamos e eu peguei os saltos dela.
Sem os sapatos ela fica mais ou menos na altura do meu peito. Entrelacei nossos dedos e saimos do apartamento.
Tenho que levá-la em casa antes de poder passar na minha, tomar um banho e dormir algumas horas antes de ir para o CT.
Parei na frente de seu prédio e a morena se inclinou contra mim para conseguir me beijar.
— Obrigada por tudo, foi muito bom passar esse tempo com você. — Seu sorriso de canto me fez sorrir também.
— Não foi nada corazón, espero passar ainda mais tempo com você de agora em diante.
— Devagar Pedro, lembra disso. — Roubei um selinho dela e a garota pegou seus saltos e a bolsa. — Até amanhã corazón.
— Até mi corazón. — Ela saiu do carro e eu fiquei a observando até que ela estivesse dentro do prédio.
Quando seu corpo sumiu de minha vista eu fiz a volta do carro e dirigi para minha casa. Preciso descansar um pouco.
Como eu sabia e esperava, meus exames deram um ótimo resultado.
Estou 100% outra vez e agora mais que nunca Matteo tem certeza disso.
Outros jogadores também estavam aqui para realizar exames, e isso inclui Ferran e Gavi.
Acho que nem preciso comentar sobre o estado de Ferran, certo?
— O que rolou depois que vocês saíram de lá? — Gavi me questionou.
— Nós conversamos e nos resolvemos. — Peguei minha mochila e me encaminhei até o estacionamento.
— Apenas conversaram ou você enfiou a língua na garganta da menina? — Dei um soco no ombro dele que riu.
— A gente CONVERSOU Gavira.
— Tá bom senhor das conversas, eu já entendi. — Caminhamos juntos pelo estacionamento até ele voltar a falar. — Estou aceitando caronas hoje.
— E a sua carteira? Nunca vem?
— Estou encaminhando isso, mas até lá... — Revirei os olhos e ele entrou no banco do carona. — Desembucha logo, estamos sozinhos agora.
— O que?
— Eu vi vocês no maior amasso dentro do carro.
— Tava observando a gente, Pablo Gavira? — Ele deu de ombros.
— Eu fui levar o Ferran até o carro do Ansu. Não tenho culpa se vocês ficaram em um lugar iluminado.
— Não tinha tanta luz assim.
— Mas eu vi. — Revirei os olhos e prestei atenção no caminho.
— Sabe guardar segredo, não é? — Questionei.
— Você sabe que não sou duas caras, pode confiar cara.
— Eu e ela entramos em um acordo e resolvemos ir devagar, mas não dá pra contar para ninguém por enquanto por conta do emprego dela.
— Tú só quer o impossível né? Ou só pega casada ou mulher proibida pra ti.
— Caralho Gavira! — O mais novo riu enquanto eu só queria lhe dar um soco.
— Desculpa, agora é sério. Vocês vão realmente correr o risco?
— Ninguém vai saber. Vamos ser o mais discretos que conseguirmos.
— Vocês dois e ser discreto não é uma boa combinação.
— Cala boca Gavira.
— Se precisarem de mim para algo pode contar comigo. — Acima de adorar uma boa tiração, Gavira é um excelente amigo.
— Valeu cara. E por favor, não comenta com ninguém mesmo sobre nós dois, se for o caso de evoluirmos mais adiante nós vamos dar um jeito de contornar tudo.
— Relaxa. Tá comigo, tá com Deus. — Seu semblante descontraído me fez rir.
— Nem vou comentar.
— Quando vocês tiverem um bebê, eu posso ser o padrinho? — Freei o carro no sinal vermelho e Gavi foi para frente, só não bateu contra o porta luvas ou até mesmo o vidro porque estava usando cinto de segurança. — Você ficou louco González?
Seu tom de voz deixou nítido a irritação que ele ficou pelo breve susto.
— Você que veio com história de bebê. A gente tá se conhecendo agora porra, o máximo que fizemos foram alguns beijos. Não viaja.
— Depois não diz que eu não te avisei. — Ignorei esse pequeno comentário e voltei a dirigir.
A verdade é que eu estou totalmente rendido a ela, eu a quero mais que tudo e sequer sei explicar o motivo.
Nós sempre brigamos e eu quase sempre fico por um fio de perder a cabeça com as atitudes dela, mas no fim não consigo simplesmente tirá-la dos meus pensamentos.
Deixei Gavi em sua casa e segui para a minha.
Pretendo dormir algumas horas pela tarde e depois terminar o que eu tenho planejado para hoje.
Joguei minhas coisas no sofá e fui direto para a cozinha onde peguei uma maçã e subi para o meu quarto em seguida.
Faz quase uma semana desde o dia em que a Clara dormiu na minha cama, porém o seu cheiro continua no meu travesseiro.
Eu estou torcendo muito para que seja lá o que nós dois decidimos ter dê certo, eu sei bem dos riscos e ela também sabe, mas ela está disposta a enfrentar isso.
Clara é uma mulher incrível, e por mais que ela tente negar eu sinto que ela sente algo mais do que consegue assumir para si mesma.
Talvez ela já tenha passado por algo que a faz reagir dessa forma.
Independente disso eu estou disposto a esperar o tempo dela.
Eu vou mostrar a ela que eu sou diferente de qualquer cara que ela já conheceu ou pode chegar a conhecer.
Nem vou comentar sobre o pequeno caos no início dessa capítulo 😅 Clara bem apocalíptica e tirando o juízo do coitado do Pepi.
Queria aproveitar para agradecer pelos 2K de visualizações na história! Eu estava preparando uma postagem para os 1K , mas antes de eu terminar já havia batido 2.
Só tenho a agradecer a todos vocês por me darem uma chance e estarem acompanhando meu trabalho! Muito obrigada por tornarem isso aqui mais especial ainda!❤️
📝 Não esqueçam de comentar e de deixar o seu voto!
Até o próximo capítulo 💙
Beijos de luz,Kalisa.
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