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[07] extravaganza.

O capítulo tem uma playlist especial com todas as músicas que serão citadas, se quiseres, o link está localizado no meu perfil (Capítulo 7 - EXTRAVAGANZA).

Leiam as notas finais e boa leitura!

🏳️‍🌈

[PARK JIMIN]

Atuar é a minha vida.

Quando eu escolhi cursar Artes Cênicas, não foi apenas porque todos falavam que eu tinha aptidão para ser ator e que eu tinha um futuro brilhante, e sim o fato de eu respirar tudo que envolve arte, sobretudo o teatro.

É como... Você estar na padaria (sim, padaria. Eu agora trabalho meio expediente em uma, ok?) e vê na vitrine um digníssimo bolo de chocolate, com cobertura de chocolate e granulados... de chocolate! Você pensa: uau! Isso deve estar muito gostoso, eu quero para mim!

Acho que teatro é basicamente um bolo de chocolate. Quanto mais você conhece, quanto mais você aprecia, você sente que precisa daquilo.

Em outras palavras, você quer ser parte daquilo.

E é o que eu estou caminhando para me tornar, me afundando cada vez mais nesse curso e sentindo que apenas atuar não é o suficiente. Eu quero dançar, cantar, dublar... Tudo o que me disporem!

Bob diz que isso é sentimento de calouro, sempre entra na faculdade com brilho nos olhos e com cabeça de sonhador. É literalmente o que eu sou, mas não ligo! Eu gosto da sensação e nem escondo!

― A gente precisa de uma pausa, é sério! ― Sana diz, sentando-se ao meu lado.

Bob concorda com o cenho franzido, jogado do outro lado da sala, enquanto limpa o rosto encharcado de suor.

Estávamos a mais de quatro horas ensaiando para o musical que vai ter no fim do período. Bob quem propôs e a Sana foi a primeira a se voluntariar, com argumento de que eles precisam de uma figurinista. De fato precisamos, mas quando foi na hora de dividir os papéis, a enxerida, com a lábia que tem, conseguiu um papel de apoio para além de somente cuidar dos figurinos.

Eu me voluntariei logo em seguida, pois é uma ótima oportunidade de ganhar umas horas extras e também me ajudaria a receber atenção de professores e alunos mais antigos (ganhar confiança, sabe?) e talvez, no futuro, isso me garantiria um papel na Broadway.

Viajei legal, né? Não custa sonhar!

― O que tens em mente? ― Min Yoongi pergunta, enquanto tira os óculos de grau e massageia as têmporas. Tão cansado quanto.

Ele cursa música e é pianista de peça teatral; Yoongi possui tem os olhos pequenos, puxados e com pálpebras minúsculas provindas da família materna que coincidentemente é coreana, porém Yoongi só tem descendência. Ele mesmo nasceu e cresceu nos Estados Unidos, no estado de Tennessee e não entende bulhufas de hangul.

Quando Yoongi conta sobre a família e seus almoços de fim de semana, onde todo mundo começa a falar coreano. Ele fica com um ponto de interrogação estampado na cara. Se o xingarem, ele não vai saber e só vai responder um "Saúdedaseyo!".

― Sei lá... A gente podia sair agora. Que horas são?

Pego meu celular: ― Cinco da tarde.

― Abundance abre às dezenove.

― Você quer levar a gente num bordel, Bob?!

― Bordel minha pica, respeita minha casinha, garota!

― O que é Abundance?

― É uma boate lá na Hell's Kitchen.

― Ah não! É perto da Times Square, imagina a muvuca que aquele lugar deve tá'.

― E quando que não tá' uma muvuca?

― Ok. Você tem um ponto.

― Por favor, né, madame? Eu sempre tenho um ponto!

― Eu acho uma boa, já terminamos o ensaio e é sexta-feira, então...

― Obrigado por tudo, Yoongizinho!

― Para de flertar com hétero, Bob.

― Você é tão sem graça, emozinha!

― Se Bob Caldwell Tidicue quiser, eu quero!

― 'Tá vendo, Sana? Já consegui um date com Min Yoongi!

― Insuportáveis, na moral... Jiminie? Terra chamando Jiminie.....

Pisco algumas vezes antes de erguer minha cabeça e ver Sana parada na minha frente, estalando os dedos para chamar minha atenção.

Quando foi que ela levantou?

― Ahn... O que?

Sana sorri, balançando a cabeça antes de voltar ao meu lado e olhar por cima do ombro meu celular ligado em meu colo. Quando eu a percebo, me atrapalho ao bloquear o aparelho e acabo apertando duas vezes seguidas no volume do telefone.

― É ela? ― assinto, com as orelhas levemente quentes, brincando com a pele solta do meu polegar.

Enquanto eles conversavam, me vi tediosamente mexendo nos aplicativos do meu celular. Instintivamente, meu dedo pressionou o contato da Jungyon e amplia sua foto de perfil, a qual ela não muda tem uns três anos, seu rosto parcialmente cortado da foto, e o sorrisinho com os dentinhos avantajados se destacando.

Meu sorriso cresce por ela ser linda demais ao ponto de fazer o meu coração aquecer, mas logo se fecha, frustrado, ao me dar conta de que a nossa última conversa foi no começo da semana e por ventura, eu esqueci de responder.

Parabéns, Jimin.

― Você disse que voltaram a conversar, então por que dessa cara?

― Voltamos, quer dizer, às vezes. Quando dá.

― Ainda não conseguiriam conciliar os horários?

Eu nego, encostando minha cabeça na parede e olhando para o teto da sala.

― É quase impossível. Quando eu tô' disponível, ela tá' em aula ou na natação. E quando ela que tá', eu tô' na faculdade ou no meio do expediente da padaria.

― Você disse que eram só amigos, mas estão mais pra outra coisa...

― Sana, não... ― eu resmungo, colocando minhas mãos em meu rosto na tentativa de esconder a vermelhidão. Sana ri, usando a garrafa para cutucar meu ombro.

― Tão fofo! Ela tem sorte.

― Esquece isso...

― Eu não! É muito engraçado te zoar, olha como as suas orelhas pegam fogo!

― Eu te odeio!

― Jurou!

Reviro os olhos cansado de discutir com a protótipo de Emo e me levanto do chão, esticando meus braços e corpo para estalar todas as articulações possíveis.

AstaghfirUllah!¹ ― Sana resmunga, me olhando com estranheza, Ah pronto! ― Garoto?! Seus ossos não quebram não?!

― Eu sou flexível! ― eu protesto mostrando língua, passando a ignorar Sana e caminhando até onde os outros dois estavam.

― Você precisa ver! As apresentações são tudo! Você se sente parte daquilo o tempo inteiro.

― Uou... Deve ser muito legal!

― Eu tô' te falando! Se todo mundo concordar em ir, eu tenho certeza que vocês não vão se decepcionar!

― Decepcionar com o que? ― pergunto, parando em frente dos dois.

― O Bob quer levar a gente numa boate.

― Oh. Sério?

― Sim. Você não prestou atenção quando eu falei logo cedo? ― Bob questiona e eu nego, sem jeito.

― Ele tava' ocupado gamando na namoradinha dele!

― Sana, eu vou te prender no banheiro!

― Encosta um dedo em mim pra vê se eu não chuto teu amiguinho lá embaixo!

― Hmmm... A "Princesa", é? ― Bob ri malicioso, piscando para mim enquanto cutuca minha barriga com o seu cotovelo e eu reviro os olhos sabendo que as provocações começaram por parte dele.

E pensar que até um tempo atrás eles me tratavam como um bebê, mas era tudo uma puta mentira! Pegou intimidade e agora a gente vive por se provocar!

Tipo agora que o Bob começa a imitar o suposto bico que eles dizem que eu faço enquanto murmura "princesa", fazendo movimentos exagerados que arrancou risada de todos, inclusive de mim.

― Tá' bom, tá' bom! ― digo, limpando os cantos dos olhos depois da crise de riso. ― Agora podemos falar sobre essa boate que eu não tinha prestado atenção no começo?

[...]

Ok. Estamos indo à uma boate.

É a minha primeira vez indo à uma boate!

Bob não explicou como era o local e nem o que eu esperaria, mas disse que é algo muito além do que eu estou acostumado ou tenho conhecimento; disse que era bastante colorido, era noite de performances, há também um cardápio de bebidas com nomes estranhos e quase deu uma voadora estilo Sub-Zero em Sana quando ela repetiu que era um "bordel".

De todo modo, eu não sei o que esperar daquele local e talvez eu esteja um pouco nervoso, com o estômago embrulhado de ansiedade, por finalmente ter idade para ir à uma boate!

Tendo consciência disso, eu sinto também uma queimação no peito de puro entusiasmo enquanto caminho com Sana ao meu lado, um Bob saltitante puxando Yoongi pelos braços a frente.

― Eu garanto que vocês vão adorar! ― Bob diz, mostrando sorrisos de orelha a orelha.

― Eu espero que aquele lugar seja pelo menos quente ― Sana grunhi, tremendo ao meu lado. Eu balanço a cabeça, também sentindo o arrepio em meu pescoço. Nova York era uma cidade bastante fria a noite.

― É uma lugar cheia de suor, música boa e gente dançando. Frio é a última coisa que você vai sentir!

Depois de uma caminhada de vinte minutos, chegamos ao famoso Hell's Kitchen.

É um bairro conhecido pelos seus inúmeros teatros e bares. Desde que passei a morar na cidade, só vim aqui umas cinco vezes e todas foram para acompanhar peças e backstage de matéria da faculdade, pela parte do dia. Mas agora, numa sexta à noite, é a primeira vez que vejo esse bairro, normalmente discreto, tão animado, lotado e colorido.

Em específico na rua em que entramos, a batida música poderia ser ouvida em todos os cantos das portas dos bares e boates. Filas e mais filas esperando para entrar e para minha curiosidade, muitos se vestem... Extravagante.

Ver tanta gente vestida dessa forma, com roupas e perucas chamativas, porém não mais que a própria maquiagem carregada e cheia de formatos estranhos; me lembrava um pouco Kabuki, a peça teatral japonesa composta só por homens que se maquiavam.

Por que eles usavam peruca? É um homem ou uma mulher? Alguns parecem tão andrógenos... É algum tipo de peça?

― Isso é Arte Drag², Jiminie ― Bob responde, parecendo ouvir meus pensamentos. ― O que você tá' vendo são Drag Queens e Kings. Hell's Kitchen é cheio disso!

Não posso ver a minha cara, mas pela risada de Bob apontando para o meu rosto, com certeza eu devo estar com os olhos brilhando, virando para todos os lados, como uma criança no parque de diversões.

― Você faz isso também?

Ele dá de ombros com um sorriso leve estampado no rosto. Não respondendo a minha pergunta.

― Aqui estamos ― Bob diz assim que paramos na frente de um estabelecimento com vidraças pretas refletindo a parte de fora, mas nos impossibilitando de ver e ouvir o que tinha dentro no fim da rua. Era totalmente diferentes das outras locações tão cheias de vida.

Eu me sinto confuso e minha confusão não deixa de passar perceptível pela forma que, não só eu, mas Sana e Yoongi também, olhamos para nosso amigo. ― O que foi?! Não me olhem com essa cara! Vocês já vão ver o que tem aí dentro.

Bob toca a campainha e eu dou um pulo pra trás quando a porta se abre e um segurança do tamanho de uma geladeira duplex para em nossa frente.

― Oi JoJo!!

― Olá Bobie, chegou cedo, vai se apresentar hoje? As rainhas já estão no camarim. E quem são esses?

― Meus amigos, é a primeira vez deles! Quis chegar cedo pra pegar um bom lugar. E não, não vou me apresentar hoje, deixo por conta das minhas irmãs!

Bob se apresenta aqui? Poxa, queria assistir.

― Ah sim. Então, sejam bem-vindes ao Abundance! ― o segurança sorri, nos dando passagem.

De primeira, você poderia pensar que é apenas um auditório, mas assim que atravessamos a segunda porta aos fundos... É um lugar tão similar ao que tinha lá fora, porém muito mais que isso.

Em poucas palavras, tudo remetia ao arco-íris.

Há mesas espalhadas com led rosa nas extremidades, alguns puffs das mais variadas cores e sofás em tons de laranja e amarelo nos cantos do lugar. O balcão aos fundos é extenso e atrás dele há em exposições diversas garrafas com conteúdos que eu não faço a menor ideia e dos nomes que eu nunca ouvi falar.

No centro, a pista de dança, um chão de espelho fosco iluminado por quatro refletores coloridos, um em cada vértice, e um globo de discoteca girando. Em frente a pista, um palco, tão similar àqueles de passarela, onde alguns funcionários arrumavam os equipamentos para uma possível atração especial.

Olhando com mais detalhes, a parede do estabelecimento me chamou atenção pelos inúmeros quadros de variados tamanhos com rostos desconhecidos que atiçam minha curiosidade e eu não deixo de questionar ao Bob assim que nos posicionamos numa das mesas próximo a passarela.

― Quem são essas pessoas na parede?

― Ah. Você tá' falando dos quadros? ― Bob olha em volta, antes de virar para mim e sorrir ― São as figuras mais importantes e memoráveis do mundo Queer³.

― Queer?

― Sim, todas aqui são pessoas fora da bolha heteronormativa ― Quanto mais o Bob explica, mais eu fico confuso. Porém, não deixo de dar atenção enquanto ele aponta para cada rosto e diz seus respectivos nomes.

― Tem rostos conhecidos também... David Bowie, Elton John, Rob Halford...

Yoongi estica o dedo para os quadros mais ao fundo e eu assinto finalmente conhecendo algum rosto famoso.

― Joan Jett! ― a Emo escandalosa da Sana grita, animada que só.

― Tá' vendo aquelas ali? ― Bob aponta para os quadros maiores, sendo iluminados com refletores que ficam envolta do palco. ― São Marsha P. Johnson, Stormé Delarverie, Sylvia Rivera, Rupaul, Silvetty Montilla e Luísa Marilac. Mulheres e Drags que encabeçaram nossa história e deixaram um legados de luta da Comunidade.

Eu não entendo o quão importante elas são, mas Bob diz tudo com tanto brilho que sinto meu peito aquecer.

Um garçom traz as respectivas bebidas. Enquanto Sana se mantém na água, Bob oferece um drink rosa para mim e para Yoongi. Eu acabo gostando mais do que devia, ao ponto de passar as horas, a boate começar a lotar e eu já me sentir um pouco alto demais.

― Se preparem, a apresentação das minhas meninas já vai começar ― nosso amigo sibila para nós.

Então as luzes da boate se apagam deixando apenas um refletor branco apontando para o centro do palco. A música eletrônica diminui e logo um homem usando um smoking todo no paetê roxo aparece de trás das cortinas.

― Sejam bem-vindes a mais uma noite de muito glamour em Abundance! Hoje teremos um tributo especial, da rainha que entrou em seu auge com o lançamento de "Like A Prayer", senão o maior disco LGBTQ+ da época. Um álbum que advertia a família Queer sobre HIV, mas também enchia nossos pobre corações de bichas reprimidas de esperança por dias melhores. Também foi naquele ano, que completava 20 anos de uma das maiores rebeliões da nossa comunidade, a Rebelião de Stonewall.

A cada palavra dita pelo apresentador, tão cheio de emoção, tão cheio de vida. A plateia da boate fazia um coro de aplausos e gritos.

Eu não entendia.

― E é pensando em nós, pensando em quem se foi para que podermos ser quem somos que vos apresento a trindade mais esperada da noite, apresentando um tributo a Madonna e a Comunidade Queer: Sasha, Mykka e J-Hope!

Agora acho que estou começando a entender.

Barulho de tambores, três figuras saem de trás das cortinas com cabeças abaixadas de tal maneira que não dá para ver seus rostos maquiados, cada uma se vestia de uma maneira mais extravagante quanto a outra.

Era impossível desviar o olhar e a minha curiosidade só se mantinha mais atiçada.

A música começa, o som do teclado eletrônico e dedos estalando. A primeira da esquerda para a direita dá um passo à frente levantando o rosto.

A pessoa vestia-se como uma dama da realeza, o vestido bege era longo e grande para os lados, o espartilho bem apertado fez com que eu prendesse a respiração por um momento (dava para respirar naquilo?) e nas mãos pendia um cajado dourado parecido com aqueles de reis e rainhas.

A face foi o que me deixou mais intrigado. Chegava até tornar a roupa um figurino tão simples perto das linha faciais tão marcantes. Os olhos num delineado bem puxado, as sobrancelhas pareciam desenhadas daquela forma propositalmente e na cabeça, careca, apenas uma coroa branca.

"Strike a Pose. Vogue! Vogue! Vogue!"

Essa pessoa interpreta a música da sua maneira, tão envolvente como uma apresentação de Ópera, que me peguei sorrindo e balançando a cabeça no ritmo até que, subitamente, num remix, a música e o indivíduo pararam e uma nova melodia entrou em seguida.

O segundo sujeito deu um passo à frente e começou a interpretar a nova música.

A roupa não era tão alegórica como a da primeira, era um vestido branco aos farrapos com parte do peito largo aberto, dando vista às inúmeras tatuagens. A peruca era curta, estilo Amélie Poulain e também usava uma coroa, só que o dela era um modelo espiral.

A maquiagem, diferente da outra que tão requintada, era propositalmente horrenda, mas tinha um glamour que me deixou de queixo caído.

Tanto que passei a apresentação em silêncio hipnotizado.

"I can dress like a boy. I can dress like a girl."

A música era forte, me causava arrepios a cada acorde do piano, ainda mais com a sua dança, que era tão teatral. Quando a música parou, ela se jogou no chão que fez todos a volta gritarem.

Houve outro remix.

A última pessoa levantou o rosto e deu um passo à frente.

Ela parecia ser a mais esperada da trindade.

"I think that you're afraid to look in my eyes."

Gritos em coro, assovios e palmas ficaram mais altas. Até mesmo uma luz diferente a iluminou em tons de azul.

Não usava vestido como as outras, era mais ousada. Usava um collant preto com detalhes parecidos com espinhos. Nos braços, luvas de couro com detalhes dourados. As pernas marcadas sustentadas num salto alto que me fez questionar como uma pessoa se mantinha em algo tão fino.

O rosto era, de longe, o que mais me intimidava, não por conta da maquiagem, e sim pela expressão que a outra mantinha enquanto sensualizava. Vira e mexe dando sorrisos tão iluminados que faziam todos a volta gritarem "J-HOPE! J-HOPE! J-HOPE!" sem parar.

Eu, sem perceber fui uma dessas pessoas.

― Isso. Foi. Incrível! ― Sana grita colocando as mão sobre a cabeça em êxtase.

O show havia acabado, mas a animação do pessoal parecia ter aumentado, pois todos dançavam com mais afinco e cantavam em uníssono acompanhado da voz de Cyndi Lauper num remix de "Girl Just Want To Have Fun".

― Eu falei! ― Bob diz enquanto brinca com o canudo do drink e então passa a me olhar com um sorriso sugestivo até demais ― Olha só vocês. Dois marmanjos que faltam babar! As rainhas já saíram do palco e vocês continuam com a mesma cara de pamonha!

― Eu tô' chocado, ok? Foi uma experiência insana. Eu nem sabia que uma música da Madonna poderia ser interpretada assim!

Eu balanço a cabeça, concordando com Yoongi. Foi uma experiência surreal, que deixou um gostinho de quero mais ao ponto de eu perguntar...

― Quando é o próximo show?

Bob se engasga com a bebida ao ouvir meu questionamento, arregalando um pouco os olhos.

― Park Jimin não era hétero?! ― Bob brinca.

― Eu sou, cara ― eu reviro os olhos, rindo da sua provocação. ― Ainda acho tudo isso muito estranho, talvez a bebida esteja fazendo efeito e eu tenha achado essa estranheza toda interessante.

― Papo de enrustido la-la-la... ― Sana cantarola.

― Sana, Sana... Você consegue ser uma cobra quando quer... Emozinha de quinta! ― Bob revida, tão venenoso quanto a outra ― Bom, elas se apresentam toda sexta e domingo. Se quiser vim na próxima, me avisa.

― Ui, Bob requisitado!

― Amada, eu falei! Aqui é a minha casa.

― Um hora eu perguntei se você fazia isso também, você não respondeu.

Bob coça a garganta antes de me olhar atentamente.

― Primeiro: Você não vê problema?

― Eu falei que só achava estranho, mas não vejo problema ― dou de ombros, sugando um pouco mais da bebida. ― Isso não é da minha conta.

Bob sorri, dando uma olhadela para Sana e depois para Yoongi, antes de suspirar e dizer: ― Eu faço drag.

Nós três arregalamos os olhos para o nosso amigo que, surpreendentemente, ficou tímido com tanta atenção.

Bob tímido chega a ser uma novidade. Por que ele parecia tão desconfortável?

― Sério? ― Yoongi pergunta e Bob confirma.

Um silêncio estranho se formou em nossa mesa e Bob parecia cada vez mais desconfortável enquanto nada falávamos.

Mas durou pouco, porque logo...

― A GENTE PRECISA TE ASSISTIR! ― Sana grita, entusiasmada, enquanto eu e Yoongi riamos balançando a cabeça.

― Como você... se veste? ― eu pergunto, torcendo para não ser uma pergunta boba.

― Como eu me visto? Ah... Depende da proposta. Olha! ― Bob suspende o celular, abrindo a galeria, e passando foto por foto montado em vários looks e com maquiagens das mais variadas.

― Bob, socorro, isso é incrível! Você precisa nos chamar na próxima vez que se apresentar.

― Yoongi tem razão! ― Sana diz, sorrindo de orelha a orelha. ― E Bob, você se maquia muito bem, nem eu consigo fazer um delineado tão lindo e certinho assim! Eu te odeio, tô' morrendo de inveja!

― Eu te dou umas dicas, emozinha.

― Enfia esse emozinha no você-sabe-aonde! ― Sana o fuzila e nós três caímos na gargalhada. ― Agora você bem que podia maquiar a gente também, já quero virar drag!

― Olha eu topo!

― Eu passo essa! ― falo, levantando a mão, com um sorriso no rosto ― Mas eu ainda quero ver você performando, Bob. De verdade!

As horas passam e com isso, já bebi mais drinks do que posso contar.

Se antes eu achava que estava só animado, agora talvez eu esteja bêbado, não sei.

Era a primeira vez que eu bebia assim e foi o suficiente para que eu começasse a misturar inglês e coreano, tirar meu moletom e amarrá-lo envolta da cintura, ficando apenas de camisa preta gola alta, rir alto enquanto rebolava para os três no intuito de mostrar a minha bunda dura.

Sim. Minha bunda. Ela é durinha!

Ok, eu estou muito bêbado, por que mostrar a bunda? Que inferno?!

Agora o Bob me puxou para a pista de dança e... Tem casais se pegando, homens, mulheres, não sei...

O Bob quer me beijar?

Mas eu não quero beijar o Bob!

Ele é homem e... E eu também sou!

Eu não sou gay!

Não é minha praia, minha praia é... Jungyon...

Jeon Jungyon... Ela... é... Uau, sabe.

Bobieee!

Alguém grita, tão agudo, que eu sinto um dos meus tímpanos doerem. Isso acaba por chamar a minha atenção e quando recupero segundos de de sobriedade, percebo estar uma rodinha no canto da pista próximo aos banheiros com... Espera!

Eu conheço esses rostos maquiados!

― Mykka! Bicha, que apresentação foi aquela?

Bob abraça a tal Mykka que, se minha memória não me sacanear, foi a que apresentou toda ensanguentada.

― Meu amor, eu sou a melhor! ― Mykka diz, batendo no ombro de Bob. Até que seus olhos caiam sobre mim e ela pressiona os lábios como se tivesse tirando sarro ― E esse bêbado ao seu lado?

Antes que eu (ofendidíssimo, ok?) pudesse responder ou até mesmo o próprio Bob falar por mim. A drag que se vestia como da realeza passou na frente de Mykka para então abraçar meu amigo.

Ela cheira a cigarro.

― Sasha! Você parece uma Grande Gostosa dos contos de fada!

― É porque eu sou A Grande Gostosa dos contos de fada!

Meio de lado, observo o trio engatar numa conversa, até que sinto um par de olhos queimar sobre mim. Viro a cabeça e me deparo com a famosa J-Hope.

Ela me encarava de cima para baixo, enquanto levava o cigarro até os lábios e deixava lufadas de fumaça sair pelo nariz. Por usar salto, ela parecia perigosamente mais alta que todos enquanto se mantinha encostada na parede. É impossível não engolir a seco.

Sinto-me intimidado com um inferno!

― Bobie, quem é esse daí?

Então ouço sua voz, carregada de sotaque.

― Ah! ― Bob se vira para mim, puxando-me pelo ombro num abraço de lado, enquanto distribui sorrisos as três. ― Meu caçulinha da faculdade, Jimin. É a primeira vez dele aqui, né Jiminie?

― S-sim.

Por que eu gaguejei?!

― Oh ― Sasha é a primeira a se pronunciar, dando um sorriso malicioso. ― É solteiro, gatinho?

― Deixa de ser tarada! ― Mykka a empurra. ― Mas responde a pergunta, é solteiro?!

― Como vocês não prestam! Eu venho apresentar um amigo e vocês já querem arrancar um pedaço! ― Bob revira os olhos e eu dou um sorriso amarelo; enquanto passo a mão em minha franja e sinto minhas orelhas esquentarem. ― Além do mais, ele é coreano, aonde que ele iria querer namorar estadounidense!

― Bob! N-não é bem assim...

― Ouch! Assim você magoa meu coração!

― Que coração, Sasha?

― Então você é coreano?

As duas drags viraram para J-Hope que observava aquilo com puro tédio. Parecendo saber o que viria.

― Nossa amiga aqui é coreana também!

Sasha aponta para J-Hope que dá de ombros, puxando o cigarro, que se olhasse assim parecia mais um baseado. Os seus olhos se comprimiam enquanto a fumaça saia pela boca e narinas. De fato, ela possuía bem traços coreanos apesar da maquiagem exagerada fizesse uma ilusão de olhos maiores que o normal.

― Dá pra duas bichas pararem de me jogar pra qualquer homem? Eu como o cu de vocês!

― Não é como se a gente desgostasse da ideia... ― Mykka ri, dando uma piscadela que fez os três riem, incluindo J-Hope.

― Continua assim que eu pego a sua apresentação de domingo, taradona!

― Você nem ouse que eu roubo o seu laquê!

― Começou a pombaiada do caralho, todo mundo sabe que apresentação de domingo é minha!

― Bobie, entra na fila, meu amor!

Mesmo eles não falando diretamente comigo, por estar bêbado; acabou que fui absorvido pela energia dos quatro.

Ainda observando-los, não percebi em que momento J-Hope desencostou-se da parede e se aproximou mais de nós, parando especificamente em minha frente.

Ela é bem uns 10 centímetros mais alta que eu.

Uau, intimidador!

― É coreano mesmo?

― S-sou ― Por que diabos eu continuo a gaguejar?!

― Sendo assim, ― ela se curva levemente a cabeça antes de estender a mão e falar num coreano fluente ― Olá! Eu sou a Drag J-Hope, mas pode me chamar de Jung Hoseok.

Eu aperto de volta, com as mãos levemente suadas e me tremendo ao meu curvar minimamente. Talvez fosse a bebida que estivesse me entorpecendo.

Ou só a figura dessa Drag que me intimidava horrores.

― E-eu sou Park Jimin, prazer.

― Prazer só na cama, xuxu!

― Pelo amor de deus, Sasha, apaga esse teu fogo!

~

¹ AstaghfirUllah = "Eu peço perdão de Deus" expressão muçulmana usada, geralmente, em momentos vergonhosos ou em situações que algo aconteceu e você não gostou.

² Arte Drag = forma de arte ligada à cultura LGBTQIA+; pessoas que entram num personagem, podendo ser feminina, masculina, animal, objetos e até mesmo abstrato.

³ Queer = tudo aquilo que não é cisheteronormativo, ou seja, LGBTQIA+.



🏳️‍🌈


Oie amores!!

Originalmente, esse capítulo não estava nos meus planos. O capítulo sete, na verdade, era um capítulo que todo mundo que acompanha está esperando: o do aniversário do Jungkook (Não vou dizer o que vai rolar, mas dá pra ter uma ideia do que pode acontecer hehehe).

Mas como o mês de junho passou aí (Mês do Orgulho LGBTQIA+), com vários acontecimentos tão recentes e tão impactantes, acabou que me levou a escrever esse capítulo, cheio de referências da Comunidade Queer, inteiramente narrado por Jimin. 

Não se preocupem, já é o próximo! E devo dizer que existem três capítulos específicos no meu planejamento que eu tô ANSIOSÍSSIMO para mostrar a vocês! O do aniversário do Jungkook é um deles! Então, aguardem ~o meme do VEM AÍ!

Mas me contem! Vocês gostaram do capítulo especial?

O que vocês acharam das minhas rainhas? Eu, particularmente, as amo!

Trindade + Bob maquiado:

Sim, capítulos com muitas drags, porque eu sou um projeto de drag nas horas vagas então por favor né óbvio que teríamos muitas bichas maquiadas!! kkkkkkk

Vocês já devem ter sacado que a cada capítulo, mais personagens são apresentados. IAAB é uma história com muitas caras; é sobre o Jungkook, é sobre o Jimin, mas também é sobre Bob, sobre Sana, sobre Hyejin, sobre Taehyung...

Todos os personagens são importantes, pois cada um conta a sua história e é a partir deles que vocês conhecem cada vez mais dos Jikook.

Por fim, obrigado mais uma vez por todas as leituras, comentários e votos, sério 🥺💕 isso significa muito pra mim! Eu amo quando vocês começam a debater sobre pensamentos de determinados personagens e isso me deixa muito animado, porque quer dizer que eu tô fazendo um bom trabalho!! kkkkkkk

E lembrem-se: O mês de Junho passou, mas todos os meses são meses de Orgulho. Lutar pela nossa existência nunca é fácil, mas se estamos aqui hoje, podendo ser quem somos, é porque milhares lutaram antes de nós pelo direito de existir! 

https://youtu.be/zM9ATZUsOZg

Até a próxima!

Abel xx





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