[06] pior que trigonometria.
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[JEON JUNGKOOK]
― 1, 2, 3, VAI!
Ouço o apito e impulsiono-me em direção a água, bato braços em uma velocidade que diria mediana e sigo indo e voltando, tendo todo o cuidado de controlar a minha respiração para que não corra o risco de eu me cansar antes de acabar a primeira das cinco séries.
― Não sei como você consegue seguir esses 500 metros sem parar na metade, eu tive que parar duas vezes porque tava' foda de respirar... Ai! ― Chinhae resmunga balançando a cabeça enquanto tentava tirar a água da orelha que eu havia jogado em si.
Sorrio, tirando meus óculos de natação e colocando minhas mãos sobre a borda para pular e me sentar na beirada, com os pés ainda mergulhados na água da piscina e com a respiração descompassada após o treino.
― Não é tão difícil assim, é só não sair nadando com tudo porque você cansa e precisa ficar emergindo.
― Você fala isso porque você é boa, Jungyon ― eu reviro os olhos. ― Tem certeza de que nunca fez natação antes?
― Sim, o máximo que nadei foi em piscina de plástico.
― Mentira!
― Verdade. Por que você tá tão encucado com isso?
― Do que estamos falando? ― Sarang pergunta, se agachando para sentar ao meu lado e balança os pés sob a água fazendo que uns respingos caiam no rosto de Chinhae. Ele pragueja, antes de se aproximar da namorada e apoiar os braços em suas pernas.
Faz exatos três meses que faço aula de natação e nesse meio período fiz alguns colegas, como Kim Sarang e Jo Chinhae, os dois namoram desde antes do secundário e estão no último e segundo ano, respectivamente. Nossa amizade não passa das conversas nos intervalos minúsculos que o Sr. Kwan nos dá. Fora isso, só "oi's" rápidos no corredor ou na cantina.
― De como a Jungyon nada pra caramba, mas é modesta demais pra admitir.
― Oh... Mas você nada pra caramba mesmo!
― Viu?!
― Quando foi que isso se tornou sobre mim? Sarang também nadou os 500 metros sem parar e terminou bem antes da gente ― argumento e ambos me encaram com tédio.
― Ah mas eu tô há dois anos na natação então não dá pra comparar o meu desempenho com o de vocês que nadam só há três meses.
― Aceita logo que você é muito boa pra quem acabou de começar, Jungyon!
― É!
― Tá bom, tá bom, tá bom. Talvez eu seja um pouquinho.
― Tá vendo? Ninguém morreu ― bufo, jogando água na cara do Chinhae. ― Ai! Tem cloro!
― Bem feito.
― Ah mas você vai ver só! ― o pertubado me puxa pelos braços, me fazendo cair na água e uma mini guerrinha para ver quem afoga quem primeiro se inicia.
Em meios as nossas risadas e resmungos do Chinhae embaixo da água enquanto eu projetava todo o meu corpo para cima dele, o som do apito do Sr. Kwan se faz presente.
A cara dele, de longe, não era uma boa coisa.
É, ferrou.
― VOCÊS ACHAM QUE ISSO É ALGUM TIPO DE BRINCADEIRA?! ESTÃO EM AULA AINDA! ― ele gritou estridente e eu me encolhi acuado na piscina, enquanto Chinhae engolia a seco e Sarang mantinha-se sentada imóvel na beira, evitando encarar o outro. ― Andem! Em suas posições. Uma série de mil metros para vocês três, AGORA!
― Mil?!
― Sem reclamações, Sr. Jo Chinhae! Quer parar na diretoria, por um acaso? ― Sr. Kwan pergunta com desdém e Chinhae engole a seco, abaixando a cabeça em submissão. ― Pelo visto não. O resto, tirando os três engraçadinhos, façam nado intercalado. ANDEM!
[...]
― Eu não sinto meus braços... Ai! ― Sarang pragueja, usando as mãos para massagear o próprio ombro e entrando no vestiário junto a mim.
Eu suspiro murmurando um "sim", tremendo um pouco enquanto me jogava com tudo num dos bancos de madeira. Os meus braços e pernas pediam arrego e parecia que havia uma tonelada em minhas costas.
Sr. Kwan não teve nenhuma piedade nesse treino mesmo.
Movo minha cabeça de um lado para o outro, antes de tirar meus óculos junto com a touca. Percebo então que não havia colocado a touca direito, pois o coque do meu cabelo estava totalmente molhado.
Ótimo, mais uma luta para tirar esse cloro!
Bufo, já sentindo o resto das forças em meu corpo esvaziarem quando dolorosamente tiro a liga do meu cabelo. Embolou tudo e ardeu para um santíssimo caralho.
― O Kwan consegue ser um pé no saco quando quer ― eu sussurro. Vai que ele tem microfones no vestiário, né?
― Ele sempre é um pé no saco! ― diferente de mim, Sarang fala em alto e bom som. Dou de ombros e na maior preguiça, abro a mochila na intenção de pegar a minha toalha.
Era para ser a toalha, mas meus olhos viajaram para a tela desligada do meu celular e quando dei por mim, torcia na esperança de algo estar na barra de notificações.
Nenhuma mensagem. Ok.
Desligo o aparelho, colocando de volta em minha mochila. Escondo aquele sentimento estranho que inconscientemente começa a crescer dentro de mim e pego a toalha, já me levantando para ir até um dos box's fechados para me trocar.
― Aonde você vai? ― Sarang pergunta.
― Me trocar, talvez?
― Ué, troca aqui ― ela fala e eu travo.
― N-não... é que...
― Somos meninas, o que eu tenho, você tem. Deixa de vergonha!
Assim que Sarang diz, ela tira as alças do maiô e começa a se despir. Não era a primeira vez que eu via as meninas se trocarem uma na frente da outra, mas eu sempre evitava olhar ou até mesmo me trocar na frente delas, pois é muito desconfortável para mim. Por conta disso, eu instantaneamente arregalo meu olhos, sinto o maxilar travar assim que viro o meu rosto com tudo, encarando qualquer ponto que não fosse a Sarang.
Ai Deus... meu rosto tá pegando fogo!
― Tá esperando o que pra você se trocar?
― E-eu não...
Gente. Que. Vergonha.
― Você o que?
― E-eu..
Inventa uma desculpa, pelo amor de tudo que é mais sagrado, Jungkook!
― O que, Jungyon?!
― Tô menstruada! É... Eu... hm, preciso ir ao banheiro!
Caminho o mais rápido que posso ao banheiro do vestiário, me trancando e respirando fundo, só que aí eu me toco do que eu falei...
Péssima desculpa, a pior possível!
― Jungyon, como assim você tá menstruada se você entrou na piscina? Tá doida?!
Ah merda...
― E-eu uso tampão!
Tampão? Sério, Jungkook? Não tinha ideia melhor?!
― Ah...― ouço a voz dela contra a porta, seguido de uma risadinha maliciosa. Ai, socorro... ― Não sabia que você já tinha-
― O QUE? NÃO! ― meu jesus cristino, só piora. ― Unnie, pode por favor dar licença...!
― Ok, ok ― mais risinhos. ― Não tá mais aqui quem falou.
Eu acho que a minha cara está mais vermelha que um pimentão.
Não, não. Pior. Eu estou mais para ser a personificação do ELE, o vilão das Meninas Superpoderosas, vermelho dos pés a cabeça.
Dou uns tapinhas em minhas bochechas tentando dissipar os resquícios físicos de vergonha.
Após um tempo, já não tão mais corado, minha cabeça parece gostar de me sabotar, pois logo sinto uma onda ruim de desconforto aumentar em meu peito e suspiro já sabendo o que levou isso acontecer.
Era sempre um incômodo gigantesco ter que trocar de roupa em lugares que não fossem no meu quarto, mas não havia muito o que eu pudesse fazer além de me vestir e ser complacente.
São situações que não vão mudar por agora.
Sarang, pelo menos, não fez comentários que eu não gostaria de ouvir e deixou o assunto morrer, voltando ao seu canto para se trocar.
Sarang é exceção, diferente das outras meninas do clube.
Elas faziam questão de soltar umas piadinhas ou até teorizar se eu tinha alguma anomalia que me impedia de me trocar na frente dos outros, tipo 20 mamilos espalhados pelo corpo. Na maior parte do tempo, eu tento não ligar, elas não falam diretamente comigo e tão pouco eu me dou o trabalho de falar diretamente com elas.
Não muito tempo depois saio do box vestido com a farda, porém sem o blazer que ficava por cima (daqui já iria para casa, de qualquer forma) e Sarang me espera encostada próximo a entrada do vestiário, distraída vendo algo em seu celular. Aproximo-me da mesma e toco de leve seu ombro, chamando a sua atenção para sairmos.
― Acabaram de postar uma imagem no grupo de natação ― ela diz assim que começamos a andar quadra afora. ― Vai abrir testes para a equipe oficial.
― Equipe oficial?
― Sim, é a equipe que representa a escola nas regionais de natação. Sempre os que se destacam mais fazem o teste ― Sarang explicou, mostrando-me a imagem com algumas informações que sinceramente não me dei o trabalho de ler ― Você devia tentar.
― Não.
― Por quê?
Sarang dá um soquinho no meu ombro.
― Eu não gosto de competir, sem contar que não sei se tenho preparo físico pra isso.
― Para com isso, todo mundo é um pouco competitivo e você tem potencial o suficiente pra ser parte da equipe ― ela argumenta, parando na minha frente com os braços em cada lado da cintura, me olhando semicerrado ― Vou dar uma de Chinhae: "Você é boa pra caralho!"
Sorrio, revirando os olhos, passando por ela e seguindo caminho.
― Vou pensar sobre.
Sarang revira os olhos apressando o passo até que estivesse novamente ao meu lado. Assim que chegamos na frente da escola, a moto do pai de Sarang já estava estacionada esperando-a.
― Pensa mesmo. Tô' cansada de ser a única menina da equipe ― ela resmunga ― Você entrando na equipe, as coisas ficam mais fáceis.
Sorri um tanto confuso com a sua colocação, por que seria difícil?
Bom, não me prendo muito a esse questionamento. Não quando vejo Sarang se esticar até que seus lábios alcancem a minha bochecha. Ela sorri ao perceber que eu estava corado, para logo em seguida seus dedos magros apertarem minha bochecha selada antes de sibilar um "tchauzinho!" e subir na garupa da moto.
Depois disso, pego os meus fones de dentro da mochila e fui desembolando os fios até a parada de ônibus. Durante o caminho, acabo por pensar no teste.
Eu deveria tentar?
Ah. Meu ônibus vem logo atrás.
Eu ainda não desembolei os fios. Como foi que esse demônio embolou ao ponto de quase fazer nó de marinheiro?!
Merda, não vou ouvir música!
Olho a barra de notificação.
Nenhuma mensagem.
[...]
― Eu tinha sua idade quando eu conheci o seu pai, Sunmin. Você tem quantos anos...? 16?... É. Foi na sua idade. Ele era pescador... Passava madrugadas pegando camarões nas costa de Jeju e só saia do mar de manhãzinha... Ah, filha... Eu vivia indo lá de manhã. Preparava um chá forte... Ou era café? Ele gostava de café?... Enfim, filha, eu conquistei seu pai pela barriga... ― vovó abriu a boca para receber mais uma colherada da sopa, antes de voltar a contar inúmeras histórias que ela esporadicamente lembrava em seus momentos de sanidade. ― Você está me ouvindo, Sunmin?
Sorrio, limpando com um lencinho o canto da boca da vovó.
― Tô' sim, vovó.
― Vovó? Sunmin, eu estou velha, mas nem tanto ― ela ri e eu a acompanhei. ― Hm... Ah... Cadê o seu pai?
Vovô...
― Ele saiu com a mamãe ― dou mais uma colherada. ― Logo ele volta.
― Hm... Eu espero... Que horas são?
Viro a cabeça para a janela ao lado do sofá, já havia escurecido; então pego meu celular e olho seu visor, ignorando a barra de notificação vazia e vendo a hora.
― Oito da noite.
― Oh. Hm... ― vovó murmura, com os olhos fechados mastigando a língua ― Filha, cante uma música para mim.
Arqueio as sobrancelhas, surpreso ao mesmo tempo que sinto um bolo formar na garganta.
― O que a senhora quer que eu cante? ― mesmo fragilizado com o seu pedido, eu pergunto.
Ela abre os olhos escuros com leves sinais de uma vista desgastada ao longo do tempo e inclina o braço até que suas mãos toquem o topo da minha cabeça, num carinho singelo: ― Aquela que eu gosto, você sabe qual é...
Meu lábios tremem, eu respiro fundo, sabendo muito bem qual era. Aquela que o vovô cantava para mim quando eu era criança.
Quando ele ainda estava aqui, todas as noites, sem exceção, ele me colocava na cama, colocava minha pelúcia ao meu lado e me embrulhava dos pés até abaixo do meu nariz. O rosto cansado sorria para mim, sentado na poltrona que ficava ao lado da cama, ele cantava sempre a mesma música para eu dormir.
― Vovô? ― eu o chamo, bem baixinho, antes dele sair do meu quarto.
― Sim?
― O seu vovô também cantava essa música para o senhor?
Eu pergunto, curioso.
― Sim, pequena.
― Vovô vai cantar pra sempre pra mim?
Ele sorri, afagando meu cabelo antes de deixar um selar em minha testa.
― Até quando eu não puder mais.
Suspiro, deixando as primeiras palavras saírem de minha boca: ― Por tudo que sabemos, nós talvez nunca nos encontremos de novo [...].
Vovó fechou os olhos novamente, encostando-se totalmente na velha cadeira de balanço, ouvindo cada verso cantado por mim. Sem que eu percebesse uma lágrima singela desceu pelos meus olhos, que também haviam se fechado.
― Então me ame, me ame hoje [...] amanhã talvez nunca virá...
Assim que eu termino a canção, abro meus olhos e encontro vovó me encarando fixamente, sorrindo com o nariz franzido semelhante ao meu e batendo palmas suaves.
― Minha filha canta tão bem. Puxou para o pai.
Balanço a cabeça, levando a última colherada de sopa até a boca da vovó.
Algum tempo depois, por volta das 22h, com a vovó assistindo religiosamente seu programa de culinária enquanto eu batia cabeça com o exercício de química no sofá, ouço a tranca da porta, logo em seguida o barulho desgastado da maçaneta sendo girada e a figura da mamãe fazendo presença finalmente chegando em casa.
― Boa noite, meus amores ― ela anuncia, sorrindo cansada e se aproximando para deixar um beijo em nossas cabeças. ― Sua avó já comeu?
― Sim, 20h. Ela se engasgou uma vez, mas eu dei água ― eu digo, tirando os fones de ouvido e deixando meu caderno e lápis de lado. ― Ah. Ela tá' sã.
― Oh. É mesmo, mãe? ― mamãe pergunta se agachando em frente da vovó, apoiando de leve as mãos no joelho da mais velha. ― Sabe quem eu sou?
― Hm...
Certo. O momento de sanidade passou. Até que foi mais longo do que dá última vez.
Eu suspiro, vendo a mamãe acariciar as mãos enrugadas da vovó antes de se levantar e voltar-se para mim
― E você? Já comeu? ― mamãe pergunta e eu assinto, vendo-a deixar o olhar abalado passar ao sorrir para mim.
Agora estávamos na cozinha, eu apoiando os braços numa das cadeiras, observando-a vasculhar as inúmeras tupperwares da geladeira.
― Oh. Já acabou o porco da semana? ― assinto novamente, sabendo bem o que a mamãe falaria a seguir quando revirou os olhos, risonha: ― Eu esqueço que crio uma ogrinha.
Dou de ombros e me sento na mesa de jantar, logo sendo acompanhado pela mais velha. Vez ou outra olho meu celular, deslizando a barra de notificação.
De novo, nenhuma mensagem, então eu desligo-o. Depois, novamente digito a senha e refaço a mesma ação que fiz anteriormente. De novo e de novo.
― Você tá esperando a mensagem de alguém, filha?
Ah.
― N-não... É... ― suspiro, dando voltas com meus dedos pelos detalhes de crochê da toalha de mesa ― Não sei.
― É o Jimin?
Eu paro de movimentar os dedos, sentindo uma sensação estranha apossar do meu peito e minha respiração pesar sem que eu soubesse o por que disso.
― É...
Volto meu olhar para minha mãe que botou um punhado de arroz com acelga na boca antes de me encarar com os olhos esbugalhados e as bochechas cheias. Parecia uma coelhinha.
― Mãe sabe de tudo, criança ― ela diz, ainda de boca cheia.
― Certo...
― Quando foi a última vez que vocês se falaram?
― Sei lá... Uma semana, talvez? ― eu digo, com uma falsa indiferença, mas logo suspiro ― Falei com ele na quinta da semana passada...
― E por que não manda mensagem?
― Eu acho que tô incomodando, não sei...
― Por que você acha isso, pequena?
Respiro fundo, eu não queria tocar no assunto, mas só foi eu olhar para a mamãe, que apoiava os cotovelos na mesa com queixo nas mãos, me encarando com o semblante interessado, quase parecido com o daquelas vizinhas fofoqueiras esperando uma fofoca no condomínio (a gente nem mora em condomínio). Sabendo que minha mãe não desistiria até que eu contasse para ela, eu tomo coragem para me abrir um pouquinho.
― Eu mandei vários "bom dia", mas ele só respondia no dia seguinte e às vezes nem responde. Aí ele diz que passa o dia ocupado porque entrou pro teatro e não sobra muito tempo e eu fiquei "ok, tudo bem, relaxa", mas a gente não conversa tem um tempo, nem no domingo... e eu não quero incomodar tanto também...
Eu realmente estou desabafando com a minha mãe e continuo: ― Eu entendo que ele tem outras prioridades, sabe... tá' na faculdade, é mais velho, tá' conhecendo gente nova, tá' melhorando no inglês... Mas... e se ele cansar de mim? E se ele tiver enjoado e achado amizades bem melhores que a minha?... Não sei, eu só tô' com muita saudade e ele é meu melhor amigo, um dos únicos... é compreensível, né?!
Termino meu trágico monólogo de saudade, mal percebo que mantive o cenho franzido todo esse tempo, cabisbaixo; Sinto as mãos macias da mamãe esticarem até tocarem em meu rosto no outro lado da mesa na intenção de me dar carinho. Aceito de bom grado, deixando minha cabeça pender em sua mão.
Depois de um tempo nessa posição, ela diz:
― Eu acho que você não devia bater tanto a cabeça com isso, filha.
― Mas mãe...
― Não, é sério! Jimin-ah está na faculdade e em outro país fazendo o que ele gosta, filha. Às vezes as pessoas estão se abrindo a novos caminhos e nem sempre sobra tempo para manter uma rotina antiga. Ele não está deixando de lado de propósito, é só que agora ele está priorizando o futuro dele, minha princesinha.
Suas palavras faziam sentido, mas naquele momento eu só sabia ficar com a cara fechada, quase parecido com a de uma criança tola e mimada. Mamãe, não se abalando pela a minha careta, prosseguiu:
― É comum a gente sentir que está sendo deixada de lado, quando a gente se acostuma a falar com alguém e quando acontece desse alguém parar de falar com a gente, fica um silêncio desconfortável... Mas assim...
― O que, mãe? ― pergunto, cabisbaixo e ela sorri, acariciando mais uma vez minha bochecha, dando um beliscadinha para em seguida se afastar.
― Eu conheço o sujinho, criança, ele não é nem doido de te esquecer ou qualquer coisa que se passa nessa sua cabecinha!
― Mãe! O Jimin não é mais sujinho! ― eu rebato, já um pouquinho mais bem humorado.
― Quem garante que ele toma banho agora?! Quando vocês eram crianças, o sujinho permutava sem tomar banho!
― MAMÃE!
― Estou brincando, pequena. ― ela diz risonha e eu a acompanho.
Então eu arrasto a minha cadeira, ouvindo as reclamações da mais velha sobre o piso, até que eu pudesse me esconder em seus braços.
Mamãe me recebeu, sem pestanejar, fazendo carinho nos meus braços que davam a volta em sua cintura. Seu queixou apoiou-se no topo da minha cabeça e com um suspiro me aconchego cada vez mais no calor de minha mãe.
― Você podia fazer que nem ele, filha.
― Hm?― eu murmuro sonolento.
― Experimentar coisas novas. É bom se distrair.
Fecho os olhos e logo o teste vem em minha cabeça. Agora, não parece uma ideia ruim.
― Mãe...
― Oi.
― E se eu entrasse pra equipe oficial de natação?
― Oh. Sério? Mas você já não faz natação? ― ela questiona e eu sorrio, negando.
― Faço... Mas é diferente, essa equipe é pra competição.
― Você quer competir?
Dou de ombros, ainda sorrindo. Sem perceber, sinto-me animado com a ideia de competir.
― Não custa tentar. Acho que pode ser legal.
― Bom, se é assim, então se inscreva. Eu vou apoiar você em qualquer que seja a sua escolha ― ela beija o topo de minha cabeça, antes de empurrar meu corpo para longe. ― Agora, sai, sai, sai! Deixa eu comer, que eu tô com uma fome de doze Jungyon's!
― Mamãe!
[...]
Eu:
Oi, Jimin-ah!
Eu:
Bom dia!
― Nossa! Mas esse quadro tá cheio, né? Não tem onde prender papel mais.
Tiro meus olhos do celular assim que ouço uma voz grave se pronunciar ao meu lado. Não o encaro, mas ainda sim assinto.
― Ahn... É, verdade.
― Vai colocar algum panfleto no mural também?
Nego com a cabeça e sem interesse em estender o assunto, pego meus fones e aumento o volume até que a única coisa que eu pudesse ouvir é a voz do Adam Levine.
Enquanto procuro o papel de inscrição no mural, mal percebo que começo a cantar despreocupadamente, nem percebo também que alguém me observava ao meu lado e...
Espera. Alguém está me observando!
Viro minha cabeça com tudo, já sentindo minhas orelhas queimarem quando encaro quem me observava tão intensamente. Era um garoto um pouco mais alto, mas que parecia bem mais novo do que eu. Ele usava óculos grandes demais para o seu rosto e por algum motivo parecia alegre enquanto mexia a boca. O que ele está tentando falar?
― Ah... O que disse? ― eu pergunto, tirando um dos fones (com muita dor no coração, pois era uma das melhores partes da música!).
― Você tá' ouvindo Mério fívi?
― Quê?
― Mério fívi! ― ele diz, com empolgação ― Aquela lá oooooh ma lúqui istraiqui.
Ah. My lucky strike.
Instantaneamente eu rio ao ouvir a sua pronúncia carregada de sotaque. Dessa vez, um pouco mais á vontade, eu assinto, agora dando pause na música. Ele sorri grande, mostrando todos os dentes e quadrangular, até mesmo dá uns espasmos de empolgação fazendo seu óculos deslizar pelo nariz quase caindo, mas logo ajeita. Meu deus, ele é elétrico demais!
― Eu amo essa música e uaaau... ― ele esbugalha os olhos ― Você canta pra caramba, já pensou em entrar pro' Clube de Música?!
― Ahn... Eu... Hm... não.
― Sério? Espera um segundo!
O garoto elétrico abre a mochila apressado e tira de lá inúmeros papéis, deixando alguns caírem, no qual eu me prontifico a juntá-los, pois ele parece não ter se tocado enquanto se resolvia com aquele furacão de papéis ― Obrigado. ― ele diz assim que eu entrego os papéis, ajeitados em suas mãos ― Eu só tô' procurando... hm... deixa eu ver, cadê...Ah! Achei!
Ele me entrega um folheto rosa e enquanto enfiava tudo de uma vez sem nenhum pingo de cuidado na mochila, eu dou uma lida rápida. Sarau? O quê?
― O que é isso?
― É o folheto que eu vou prender no mural. O clube costuma fazer um Sarau duas vezes ao ano, um na Primavera e outro no Outono, a gente se junta na praça em frente a escola, com um palco e microfone para quem quer participe, pode cantar, tocar, atuar, recitar poemas e xingar o governo. É muito legal! Se te interessar, é na próxima quarta-feira! ― ele diz e eu suspiro desgostoso. O Sarau é no mesmo dia do teste.
― Eu tenho um teste no dia, foi mal...
― Ah sim. Então fica pra' próxima! ― assinto e pensando que essa era a hora que o garoto elétrico iria embora, volto a procurar o que é de meu interesse inicialmente.
― Você tá' procurando o que? ― Ah. Ele não foi embora.
― Tô' procurando o papel de inscrição da natação.
― Oh! Esse aqui? ― aponta para o papel ao lado da sua cabeça e eu assinto, chegando mais perto.
― Esse mesmo, valeu!
Retiro uma caneta preta de dentro da mochila e rabisco rapidamente meu nome e número de matrícula. Nesse tempo, o garoto elétrico continua a me encarar no processo.
Quando termino, mexo as mãos despedindo-me rapidamente e me preparo para sair.
Contudo, o garoto elétrico parecia querer continuar o assunto, pois logo ficou na minha frente, impedindo que eu continuasse a andar
― Espera. Você é de que turma?
― E-eu nem te conheço. ― digo, desconfiado ao ponto de gaguejar. É muito estranho ver alguém puxando assunto comigo que não sejam as noonas.
― Eu sei. Eu também não te conheço!
― Então...
― Você ainda não respondeu.
Eu enrugo o nariz, meio acuado: ― 1ºA.
― Oh! Eu sou do 3ºC.
― Hm... Legal.
O que ele quer comigo?
― Legal.
― Por que você tá falando comigo?
― Porque você parece legal e ouve música boa.
― Tá... Valeu, mas eu tenho que ir pra cantina ― eu digo, dando a volta por ele e dando play na música.
Contudo, alguma força superior devia estar testando o meu autocontrole, pois o garoto elétrico ― agora, estranho também ― deu passos rápidos até estar andando ao meu lado.
Sério isso?
― Pergunta meu nome! ― ele diz, parecendo indignado. Ué, filho?!
― Por que eu perguntaria o seu nome?
― Porque eu sei o seu, Jeon Jungyon, certo? Tava' lá no papel.
― E?
― Pergunta meu nome!
Reviro os olhos com tamanha insistência e pergunto: ― Qual o seu nome?
Ele sorri, franzindo o nariz para ajustar o óculos. Ele fez isso algumas vezes, parecia ser uma mania, pelo visto.
― Kim Taehyung, prazer!
― Quem é esse? ― Hyejin pergunta assim que pôs a bandeja do almoço na mesa. Encara Taehyung com o olhar semicerrado, quase como se ele fosse um criminoso; por outro lado, ele pouco prestava atenção em outra coisa que não fosse abrir o suquinho de uva.
― Taehyung. Acabei de conhecê-lo.
― Ele vai sentar com a gente agora?
Dou de ombros, enfiando um pedaço da carne de porco na boca.
― Se ele quiser... por mim, tanto faz.
― Hum... Tá ― Taehyung sorri assim que percebe a mão estendida de Hyejin para si. ― Prazer, eu sou Ahn Hyejin. MELHOR amiga dessa pessoinha ao seu lado.
Kim Elétrico Taehyung suga um pouco mais do suco antes de apertar a mão da Noona. Ele parece verdadeiramente alegre, pois balança as mão da minha melhor amiga com animação.
― Prazer, eu sou Kim Taehyung. O NOVO amigo dessa pessoinha ao meu lado.
Meus lábios se curvaram para cima num meio sorriso ao ouvir o tom de provocação barata que facilmente a Hyejin cairia. Tanto que a ruiva faz bico, semicerrando mais ainda os olhos e usando o indicado e o médio numa tentativa de avisar que ela estava de olho.
― Temos companhia nova?
Wheein logo aparece com a sua bandeja, ainda com seus fones laranjas enormes envolta do pescoço e um livro embaixo dos braços. Quando ela se ajeita na cadeira ao lado de Hyejin e de frente a nova pessoa da mesa, ela arregala os olhos e sorri surpresa.
― Taetae oppa!
Taetae?
― Oi, Wheein-ah! ― Taehyung responde nos mesmo, batendo as mãos com as de Wheein ― Não sabia que esses eram seus amigos!
― Agora já sabe!
Eles se conhecem?
― Espera... Vocês se conhecem? ― como se lesse os meus pensamentos, Hyejin pergunta.
Wheein sorri antes de responder com entusiasmo: ― Claro! Taehyung oppa, assim como eu, faz parte do Clube de Música.
― Ah... ― eu e a noona respondemos em uníssono.
Ainda entusiasmada, Wheein comenta: ― Vocês não sabem o quão engraçado e legal o Taetae oppa é! E muito talentoso também!
Assim que ouve os elogios, Taehyung cora pela primeira vez e dá de ombros.
― O que você faz no Clube de Música? ― Hyejin pergunta.
― Ah... Eu toco um pouco de tudo, mas minha especialidade são instrumentos de sopro, em específico saxofone.
― Ele canta também, unnie!
Taehyung franze o nariz antes de dar de ombros.
― Pode-se dizer que sim.
― Oppa, você pregou os folhetos do Sarau?
― Nem rolou. Tava' lotado de folheto dos outros.
― Folhetos de que?
― Do Sarau que vai ter semana que vem ― eu digo.
― Ah, você já sabia, Yon-ah? ― Wheein pergunta e eu assinto.
― Eu contei a ela mais cedo quando fui pregar no mural. Foi assim que eu a conheci.
― Foi fazer o que no mural? ― Hyejin pergunta.
― Fui me inscrever no testes do Clube de natação.
― E quando vai ser?
― Na próxima quarta-feira. Você vai comigo, né? ― pergunto direcionada a noona e ela assente, dando um soquinho em meu ombro.
― Óbvio!
Metade do almoço já havia passado, Taehyung era bastante extrovertido e puxava assunto como ninguém, Wheein o acompanhava e às vezes corava olhando para o mais velho (ela parecia gostar dele). Minha noona, apesar de estar desconfiada no começo, os acompanhou na mesma vibe.
Enquanto isso, eu mais os observava do que falava, mas não deixava de me sentir parte da conversa. O clima era tão leve, isso me deixou feliz e até um pouco nostálgico, tanto que foi impossível não me lembrar do hyung.
No instante seguinte, pego meu telefone e para a minha felicidade, vejo uma notificação sua.
Meu hyung:
Oi princesa!
Meu hyung:
Boa noite!
Eu:
Jiminie!! Tá bem?
Meu hyung:
Tô sim e você?
Eu:
Tô bem. Tá fazendo o que?
Meu hyung:
Saindo da faculdade e você?
Eu:
Tô na cantina, é intervalo.
Meu hyung:
Legal!
Eu:
Sim ㅋㅋ
Ok, que desastre. Isso está tão estranho!
E agora? É isso? O que eu faço?!
Eu deveria puxar assunto, certo? Mas o que eu pergunto?
Antes era tão mais fácil conversar com o Hyung...
Ele parece ter deslogado antes mesmo de eu cogitar puxar assunto, talvez falando do que eu almocei ou de perguntar como que está a faculdade, se ele fez amigos, etc.
Encaro a conversa aberta por mais tempo que o necessário, frustrado ao ponto de nem perceber a careta que faço e os olhares dos três na mesa que caíram sobre mim.
― Terra chamando Jeon, alôÔô... ― Hyejin balança a mão em frente aos meus olhos e eu me desperto. ― Você tava' parecendo a Raven, só que uma Raven puta da vida!
― Desculpa, eu tava' respondendo alguém ― digo, sem jeito. ― O que vocês estavam falando?
― Sobre a sua voz ― Hyejin diz e eu arregalo os olhos, sentindo minhas orelhas esquentarem. ― O doido de óculos falou que ouviu você cantar e que sua voz é linda.
― Ei! Eu tenho nome! ― Taehyung protesta.
― É mesmo? Pena.
― Não sabia que a Yon-ah cantava ― Wheein diz.
Ai socorro, será que eles podem parar de falar disso?
― E como canta! Jeon tem uma voz linda, mas morre de vergonha de dizer um "a" ― Hyejin diz, batendo as mãos na mesma, totalmente exagerada.
― Não é bem assim...
― Óbvio que é, Jeon! Você fica todo vermelho só de ouvir alguém falando da sua, as orelhas faltam explodir, tipo agora!
― Deixa de ser chata...!
Escondo minhas orelhas com as duas mãos e os três riem. Hyejin aproveita da oportunidade de me sacanear e apertar a minha bochecha, bufo com o ato zombeteiro, dando dou um tapinha na sua mão.
― Relaxa, não precisa ter vergonha, não! ― Taehyung diz, ajeitando o óculos. ― Se quiser aproveitar esse talento, entra pro Clube!
Há! Vai nessa.
Talento? Piada.
[...]
Uma semana depois... Dia do teste. Ok. Tudo certo.
...
Mentira, não está nada certo!
Eu estou suando como se estivesse no auge do verão, sendo que estamos no Inverno, fazendo 8°C fora do ginásio e logo cedo passou no noticiário que haveria chance de nevar... Então, sim, o meu suor é fruto de todo o nervosismo que eu está me consumindo!
não consigo parar os meus pés, meu estômago revira e meus lábios já estão machucados de tanto que eu arranquei a pelinha.
Hyejin está ao meu lado, massageando os meus ombros enquanto murmura as frases motivacionais mais bregas possíveis.
― Para vencer, precisa perseverar ― Minha nossa senhora, Ahn Hyejin...
― Essa foi péssima, viu? ― Taehyung diz, parando a minha frente com dois milk shakes em mãos. Wheein vem logo no seu encalço, sentando ao lado da Hyejin.
Desde que Taehyung sentou conosco, a presença dele passou a ser frequente tanto nos intervalos quanto na saída. Acho que agora somos um quarteto de colegas, quem sabe amigos mais pra frente.
― Tem uma melhor? ― minha melhor amiga pergunta, empinando o nariz.
― Óbvio que tenho!
― Diz então.
― Boa sorte!
Hyejin revira os olhos enquanto Taehyung e Wheein riem. Eu deixo escapar um leve sorriso também porque apesar de nervoso, pelo menos a presença deles ajuda a dissipar um pouco.
― Toma ― Taehyung aponta um dos milk shakes, o de morango, em minha direção e eu nego fervorosamente.
― Isso tem leite, se eu tomar antes da hora, é capaz da minha barriga me sacanear e eu acabar vomitando na piscina.
― Uh. Então sem milk shake pra você!
― Me dá, eu quero! ― Hyejin estica os braços para pegar o copo da mão de Taehyung, porém ele é mais rápido levantando-os para o alto.
Sacanagem. A Hyejin é do tamanho de um bottom de mochila!
― A competidora é a Jeon, não você.
― E daí?! Me dá, eu seguro e entrego depois do teste!
Hyejin pula algumas vezes e bufa quando vê o sorriso sapeca do mais alto.
― Com certeza você vai segurar...
― Anda, me dá logo! ― Taehyung revira os olhos e entrega o milk shake de chocolate que estava na mão esquerda para Hyejin ― Ué?
― Eu comprei esse pra você.
― Achei que você ia tomar.
― Eu e a Wheein tomamos antes de vir pra cá.
― Sendo assim, obrigada então!
Um sorriso terno se forma em meu rosto observando Hyejin andar em pulinhos infantis até o meu lado. Taehyung balança a cabeça, de bom humor, antes de se aproximar e sentar atrás de nós na arquibancada.
Aos poucos vão chegando pessoas que também se inscreveram, no meio disso, vejo Sarang e Chinrae na arquibancada do outro lado na piscina e assim que seus olhares me encontram, ambos acenam. Logo, entram os que eu acredito que sejam os membros da equipe. Eram seis rapazes, usando uma jaqueta verde e branca com o símbolo do colégio e eles se direcionam para onde o casal está.
Percebo então que Sarang usava a mesma jaqueta.
Era só ela de menina.
Ouço o som conhecido do apito do Sr. Kwan e o vejo sentado atrás da mesa com outras três pessoas. Como sempre, ele carrega a carranca soberba e que me intimida muito.
― Boa tarde, alunos. Como muitos já me conhecem, sou o professor de natação do Clube e treinador da equipe oficial que representa o Colégio nas Estaduais de Natação. Além de mim, temos outras três pessoas que são fundamentais durante o treino...
Enquanto, Sr. Kwan apresentava cada instrutor, sinto meu celular vibrar em meu moletom, assim que eu acendo a tela do aparelho, sinto meu coração dar umas pontadas ansiosas.
Meu hyung:
Hye me contou que você tá se preparando pro teste de natação.
Você é a melhor, princesa, fighting!
― A cara de besta, meu pai...
― Dá pra você parar?! ― esfrego minha bochecha e dou um empurrão de leve com o ombro em Hyejin que, escandalosa como sempre, deixa uma risada explodir no meio do discurso do Sr. Kwan.
Ele apita de novo, furioso.
Ah merda.
― Senhorita Ahn, senão vai competir, posso saber o porquê de você estar aqui?
Ela arqueia as sobrancelhas e cruza os braços, antes de responder: ― Não é óbvio? Tô aqui dando apoio moral para um dos concorrentes.
― Ah é? Então dê apoio moral fora do ginásio ― ele responde, apitando esganiçado novamente. ― E quem estiver com ela e que não for fazer o teste, a acompanhe.
Minha noona bufa e se levanta contragosto, caminhando para fora do ginásio junto com Taehyung e Wheein. Eles acenam da entrada para então sumirem de minha vista. A mesma coisa acontece com Chinrae, ele dá beijo estalado na bochecha de Sarang e sai pela porta junto com outras duas pessoas aleatórias.
Sozinho, eu respiro fundo e presto atenção nas instruções.
Ou ao menos tento, porque minha cabeça é traiçoeira e logo eu começo a projetar possíveis situações na hora de realizar o teste, do tipo eu me afogar, dar câimbra (apesar que, eu comi muita banana durante a semana, por via das dúvidas) ou na hora de pular, eu cair de barriga em vez de me impulsionar com os pés. Seria trágico e provavelmente doeria para um caralho!
― Jeon Jungyon, próxima!
Eu pensei por tanto tempo assim?
― JEON, PELO AMOR DE DEUS, COMO FOI? DEU TUDO CERTO? ― Hyejin corre em minha direção assim que me vê saindo do ginásio após o teste, com os cabelos completamente molhados e com respingos caindo em meu moletom. A Noona pula em meus braços e eu a seguro, meio desajeitado, sorrindo durante o processo.
― Não sei, acho que eu fui bem, tinha muita gente boa também, enfim... Só vou saber quando sair a lista dos que passaram. ― respondo sincero, colocando Hyejin de volta ao chão e ajeitando a minha mochila nas costas.
― Vamos esperar pelo melhor!
― Cadê os dois? ― pergunto, enquanto pego das mãos da Hyejin o milk shake que recusei quando Taehyung ofereceu.
― Eles tiveram que ir pro' Sarau, você quer ir lá? Ainda tá' rolando.
― Eu tenho que voltar pra casa ― digo, sem jeito ― Você sabe, a vovó e tudo mais... Eu tenho que cuidar dela, mas você pode ir, noona! Me conta depois como foi lá!
― Como se eu fosse sem você, bobinho! ― ela sorri enquanto aperta minha bochecha e segura minha mão, me arrastando para longe do ginásio. ― Anda! Quando a gente chegar na sua casa, eu faço um bolo de chocolate pra nós. Ainda tem massa de bolo pronta lá, né? Eu comprei na última vez que dormi lá.
Sorrio, assentindo e me deixando ser levado pela minha melhor amiga.
[...]
― O que é essa muvuca toda no corredor? ― eu pergunto a Wheein assim que entramos no corredor do primeiro pavilhão da escola.
Wheein dá de ombros, como se não soubesse também. Eu esfrego as têmporas completamente mau humorado, por que, apesar de eu gostar de acordar cedo, odiava ter que socializar as 7h da manhã, e para minha infelicidade, eu ainda teria que me espremer entre os vários alunos até chegar a sala.
Foi empurra para lá, puxa para cá, pedidos de "licença" e "desculpa" completamente ignorados, gente espaçosa que forma círculos no meio da passagem, que deixam buracos no centro, mas impossibilitam quem quer passar. E, o pior de todos, gente que fica no empurra-empurra, rindo escandalosamente como se a escola fosse toda delas (sim, eu estou falando das equipes de natação e futebol).
Na metade do corredor, com pingos de suor descendo pela minha testa, sinto uma mão puxar meu braço e por instinto, seguro o antebraço de Wheein que me encara confusa mas deixa ser levada por mim, assim como deixei a tal mão me levar.
Apesar de saber já saber que eram as mãos da minha noona. E pela cabeleira ruiva, obviamente.
― Pra onde você tá' me puxando, doida?
― Shhh. Calma, você já vai saber!
Ela me larga de cara com o mural do colégio, arqueio minhas sobrancelhas em confusão, mas logo entendo do que se tratava.
Saiu a lista de quem passou no teste.
Dos vinte alunos que fizeram, só três foram chamados.
Im ChangKyun...
Choi JongHo...
Jeon Jungyon...
...
Eu!
Jeon Jungyon... Eu... Jeon Jungkook!
― Eu... Eu passei... ― falo desacreditado enquanto um sorriso cresce em meu rosto.
Logo sinto braços em minha volta, tanto de Hyejin quanto de Wheein, a qual nem me lembro em que momento a soltei.
― Eu te falei que você ia passar, confia na noona, porra! ― Hyejin me dá um peteleco, mas eu nem ligo. Eu tô tão animado que é capaz de eu explodir!
― Eu... Eu...
Não consigo terminar uma frase qualquer pois eu só consigo pensar que eu entrei para o time e de como eu preciso contar para o hyung!
Eu preciso falar para o Jimin!
Sem perder tempo, eu pego meu celular do bolso, tirando os fones que religiosamente ficam puglados, desbloqueio e procuro seu número, facilmente encontrando.
Chama uma, chama duas e na terceira, ele atende.
― Alô? ― essa voz não é dele.
― Hyu...Jiminie? É você?
― Ah! Hm! Desculpa, eu não falo coreano...
Não era ele. Era uma mulher.
― Consegue entender? Pode passar para o Jimin? ― Hyejin me olha confusa quando eu passo a falar da melhor maneira possível com o inglês básico que aprendi de tanto jogar.
― Nossa, sim, que alívio! ― a mulher do telefone ri. ― Eu passo sim, mas acho que ele não vai poder conversar agora, ele tá' no meio de um ensaio...
― Ensaio?
― Sim, a gente tá' com uma peça teatral e vamos apresentar em alguns dias, então tá' todo mundo muito ansioso.
― Ah sim.
― Mas eu posso passar pra ele! ― ela parece se exasperar.
― Não se preocupe, eu ligo outra hora, não é nada importante.
― Tem certeza? Eu ainda posso chamar...
― Sim.
― Hm... Ok, então ― silêncio na linha. ― Eu sou a Sana, prazer!
― Prazer, Sana. Eu sou a Jungyon.
Não demorou muito, eu me despeço, um tanto desanimado por não ter falado com Jimin e talvez até um pouco inseguro de ter falado com uma menina pelo celular do hyung. Será que era uma amiga? Namorada? Ela o chamava de 'Jiminie' também...
O sinal toca e aos poucos todos começam a dissipar, cada um indo para sua sala. Eu também faço o mesmo e ainda que eu sinta uma satisfação imensa de ter entrado para o time, não consigo parar de pensar que em algum momento as coisas entre eu e Jimin ficarão mais difíceis por conta do fuso horário e naturalmente ele vai fazer amigos e achar coisas em comum...
Não consigo evitar sentir insegurança e questionar sobre.
Esse sentimento é tão pior quando essa questão de trigonometria.
🦋
OIE AMORES!!!
A sumida de sempre, né? Dessa vez eu me superei e sumi por quase seis meses, socorro!
Tenho muitas coisas pra falar hoje:
Primeiramente, como eu vivo dizendo a vocês, eu tô sem computador e o único de casa disponível é o de mesa, mas como temos um vírus bactéria corna filha da puta que deu e agora com a quarentena, tá todo mundo em home office, mas só com um computador disponível... Então já viu né são poucos momentos que posso me focar em escrever.
Como tá sendo a quarentena de vocês? Tá difícil... Mas aos poucos, vamos melhorando.
SEGUNDO, gostaram do capítulo? Não tivemos muito do nosso casal-que-não-é-casal-ainda (choro & tristeza), porém tivemos a aparição de três personagens novos!
O casal Chinhae e Sarang:
Taehyung (nosso maluquinho e também uma peça importante na vida do nosso Jungkook):
TERCEIRO, eu estava pensando... Vocês gostariam que IAAB tivesse uma tag? Qual seria o nome, se tivesse?
Personagens no twitter? Vocês gostam da ideia? Pra não deixar tanto vocês na seca por conta da demora, poderíamos fazer os perfis no twitter... Do Jungkook desde "antes da transição" até "depois da transição" e do Jimin e sua nova realidade em outro país, conhecendo mais sobre tudo a sua volta (pois, logo nos próximos capítulos, vocês perceberão que o nosso bebezinho ainda tem uma cabecinha muito fechada, mas isso vai mudar bastante!).
E aí? Me digam se gostam da ideia. É só uma pesquisa, ok? Depende de como vocês reagirem.
Enfim, eu espero que vocês tenham gostado, obrigado a todo mundo que não desistiu e se dispôs a ler e obrigado pelos 40K DE VISUALIZAÇÕES (ainda em choque com isso), sério, eu fico muito agradecido mesmo!!
Não esqueçam que o link da playlist com todas as músicas está no meu perfil e aproveitando, me sigam no twitter/Instagram: @arabelluv
Até a próxima att, se cuidem e fiquem em casa! 💕🦋
Abel xx
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