[05] as aulas começaram.
Esta história não tem a intenção de generalizar experiências de uma pessoa trans. Cada trans tem sua vivência, cada trans tem seus ideais.
Ser trans é ser plural!
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[PARK JIMIN]
Quando meu irmão me contou que a adaptação numa nova cidade, sobretudo, num novo país, seria difícil; fiz a minha melhor cara de "panaca confiante", rindo debochado após dizer que seria fichinha.
Um verdadeiro tonto por achar que seria fichinha.
Primeiro que, logo ao entrar no avião, meu estômago embrulhou e eu senti que cagaria nas calças. Nunca havia andado de avião, tipo, nunca mesmo!
O máximo que eu andei de transporte-que-voa foi um brinquedo que eu e Jungyon nos prestamos a ir no parque de diversões de Busan. Era um carrossel com vários balanços que giram muito, muito rápido.
Obviamente a Yon adorou, já eu, por outro lado, quase vomitei assim que saí daquele demônio giratório (extra: me ajoelhei e beijei o chão, bem dramático mesmo para combinar com a minha futura profissão!)
Eu nunca fui um exemplo de coragem quando a situação envolvia altura.
Então não foi novidade eu estar suando frio, me tremendo feito Pinscher em meu assento, só tendo pensamentos extremamente "otimistas" enquanto o avião decola.
É agora que eu morro, né?
Se isso cair, quais as chances de eu sobreviver?!
Meu deus do céu esse avião tá lotado, será que aguenta? Minha mala tá pesada pra porra e se passou do peso aceitável... Tem peso aceitável? Óbvio que tem! O avião não vai aguentar, nós vamos morrer?!
― Senhor... ― me espanto com o toque de uma mão em meu ombro e encaro a aeromoça em pé ao meu lado ― Está bem? Deseja um copo d'água?
― E-eu...
Engulo a seco, passando a mão pela minha testa que, até então não tinha percebido estar tão suada, e respondo a moça não tendo certeza se de fato eu queria ter dito isso: ― T-tô' bem sim. Não preciso de água...
A aeromoça franziu o cenho e assentiu; talvez não tão convencida assim sobre o meu estado, mas não questionou e tratou de atender o assento paralelo ao meu. Nesse intervalo, olho de relance para as duas "companhias" de poltrona: uma velhinha entretida com uma das revistas do avião e um cara ruivo barbudo dormindo contra a parede.
Uma tentativa de, sei lá... não ser o único a quase ter uma síncope no avião.
Respiro fundo outra vez, apertando mais o cinto e segurando firme no braço da poltrona. E foi no instante que eu seria rondado por mais uma pilha de pensamentos sobre como essa viagem poderia acabar em uma tragédia, que eu ouço o pigarro da senhorinha ao meu lado.
― Com licença, ― ela começa, tendo a atenção da aeromoça para si ― Por favor, traga um copo d'água para essa criança, ele está com vergonha.
A aeromoça assentiu, servindo um copo com uma quantidade bem considerável de água com alguns blocos de gelo e me entregou. Agradeci, envergonhado, tomando uns bons dois goles antes de me virar para a mais velha.
― Obrigado.
― Não precisa agradecer, também é a minha primeira vez viajando. ― falou, ajeitando os óculos de leitura sobre o nariz miúdo, com atenção focada na explicação de como pôr os coletes salva-vidas ― Ler essas revistas ajuda a distrair o frio na barriga. Por que você não tenta?
Sorri, grato demais para verbalizar um outro "obrigado" e tratei de pegar uma das revistas para então folheá-las. Achei que seria chato, que não ajudaria, mas, para a minha surpresa com páginas falando sobre vários pontos turísticos e repeti o processo após cada parada em diferentes países. Mesmo com o frio na barriga e as mãos suadas feito a de um porco (porcos não têm mãos, não sei porque usei essa expressão), cheguei em Manhattan nos Estados Unidos.
E quando passei pelo portão, eu vi, no meio de um amontoado de pessoas, meu irmão se esticando nas pontas dos pés para me procurar enquanto segurava na altura do peito, uma placa branca cheia de desenhos ridículos e com escritos espalhafatosos e tortos feitos por algum tipo de pincel azul.
'PARK MINNIE JIMINIE SZ'
Reviro os olhos ao mesmo tempo que senti uma saudade que nem achei que sentia tanto assim se apossar de meu peito. Minha bochecha esticou, meus olhos se fecharam, soltei a minha mala e corri em direção ao meu irmão, o abraçando mais forte que conseguia.
Foram dois anos sem vê-lo.
Eu senti muita falta do meu irmão. Muita mesmo.
― Você realmente tá aqui! ― ele falou entre risadas ainda me apertando em seus braços ― Não acredito que o meu caçulinha tá aqui, eu vou chorar, foda-se!
― Hyung!
― E você ainda me chama de "hyung", socorro! ― apertou as minhas bochechas e eu grunhi ― Faz tanto tempo que não ouço honoríficos coreanos ao vivo. Eu sentia tanta falta disso!
― Seu coreano continua muito bom, Jin-hyung.
― Claro que continua, eu falo toda semana com a mamãe, não perco o sotaque tão rápido assim! ― disse, pegando umas das minhas malas ― Vamos logo. Como é o seu primeiro dia, eu quero te levar num restaurante coreano onde tem um dos melhores bulgogi que eu já comi!
― Não deve ser melhor que o da nossa mãe. ― digo travesso, acompanhando o hyung que já andava para fora do aeroporto.
― Qualquer comida é ruim perto da comida da mamãe. Não tem graça comparar! ― constata risonho passando um dos braços envolta do meu pescoço, me forçando a caminhar mais rápido.
Comemos bastante e de fato o bulgogi era delicioso. Hyung aproveitou para me contar o que eu não sabia, mesmo que nos falássemos toda semana por ligação, ainda tinha muita coisa a ser comentada.
Descobri que seus amigos estavam doidos para conhecerem o ChimChim (eu odeio esse apelido) e o quarto de hóspedes ― agora, meu quarto ― já estava todo arrumadinho, pronto para me receber.
Então eu conheci o apartamento do meu irmão, conheci o meu quarto e conheci os seus amigos, em especial, Namjoon-hyung, um cara gigante dos cabelos loiros, dono de umas covinhas charmosas e que, por ironia do destino, é um dos professores de língua do meu curso.
Ah! Sobre o meu curso? Posso dizer que não tem sido nenhum pouco fácil.
Em primeiro lugar, eu não sei inglês (trágico, né?).
Quer dizer... eu estou estudando e o meu irmão junto com o Namjoon sempre me tiram dúvidas ou me ajudam na pronúncia.
Na faculdade tem um programa específico que dá suporte aos estrangeiros, mesmo assim tem sido muito difícil me habituar ao idioma.
Eu estou tentando, de qualquer forma. Já consigo comprar as coisas sozinho, tirar dúvidas e ter conversas (não tão elaboradas, mas já são conversas).
Além disso, nesse programa, eu conheci duas pessoas que estão sendo extremamente importantes para mim nesse momento de adaptação.
A primeira a falar comigo foi a Sana.
Sana é jordaniana e caloura do curso de Moda. Ela é uma das pessoas mais estilosas da faculdade e devo dizer que ninguém combina a maquiagem + hijab + roupa melhor que ela. Sana também ama músicas emo, mas ela odeia que a chamem de emo. Prova disso, é que o nosso primeiro contato foi num dia em que eu estava na fila do bandeijão (a melhor coisa existente da faculdade) com os meus fones tocando músicas aleatórias da minha playlist no último volume.
E quando começou a faixa seguinte, as notas da guitarra e em seguida a voz do Andy Biersack em Perfect Weapon puderam ser ouvidas. Sana, que estava a minha frente na fila, se virou com tudo e me encarou com os olhos de gato arregalados.
Eu achei que ela fosse brigar comigo porque o jeito que ela me encarava era meio que... assustador demais!
Porém, a Sana deu um sorriso no segundo seguinte e cantarolou junto comigo, aproveitando para imitar até os solos da guitarra.
Aí eu percebi que o jeito que ela me olhava não era de querer brigar, e sim de ter achado alguém, no caso eu, que gostasse das mesmas músicas emo que ela.
Outra pessoa que conheci foi o Bob.
Bob é senegalês e é veterano do meu curso. Eu o vi no primeiro dia de aula.
Não entendia quase nada do que ele falava em frente a turma, mas Bob discursava com tanto entusiasmo e sua presença como um todo foi tão cativante que foi quase impossível não criar uma certa admiração por ele e isso acentuou mais com o passar dos dias e das semanas.
Até porque ele é literalmente bom em TUDO! Canta, dança, atua, faz stand ups como ninguém e é poliglota ainda por cima (isso me lembra a Hyejin).
Além disso, ele também encabeça vários movimentos e costuma auxiliar o pessoal estrangeiro (eu fui um que ele auxiliou).
Não lembro bem quando foi que eu e ele nos aproximamos tanto, só sei que depois da segunda semana, Bob já estava sentando comigo e com a Sana no refeitório.
― Tá'! Beyoncé, Jennifer Lopez e Eminem.
― É sério, Bob?
― Sim ué.
Sana suspira, tomando um gole do seu Yakult, antes de encarar o Bob com uma das sobrancelhas arqueadas: ― Beleza. Mato o Eminem, por motivos óbvios. Beijo a bochecha da Jennifer Lopez e se a Beyoncé fosse muçulmana, eu casava com ela.
― Eu casaria com a J-Lo ao som de On the Floor num barco super chique no Caribe, beijava a Beyoncé e depois endeusaria meus lábios, pois não é todo dia que eu beijo uma Deusa. Por último e menos importante, mataria o Eminem porque ninguém aguenta esse branquelo péssimo em rimas.
― Era só pra responder quem você casa, beija ou mata, e não fazer um sermão...
― Ai me deixa, garota!... Vai, próxima!
― Kellin Quinn, Vic Fuentes e Joan Jett. ― Sana diz, risonha. Bob a encara de boquiaberta antes de acertar um petisco na cara da mais nova.
― Não vale! Eu não sei quem são. Aposto que são aqueles emos que tu escuta. ― ele fuzila Sana com o olhar.
Enquanto isso, eu abocanhava outro pedaço do frango e ria com as farpas que os dois trocavam. Mesmo que às vezes eu não entendesse o que eles falavam por pronunciarem muito rápido e com sotaques diferentes, eu ria porque as caras e bocas deles eram impagáveis.
― Ei, respeita. É pop rock, ok?
― É música emo.
― Não é!
― Cadê foto deles? Aposto que os três tem cabelo escorrido!
― Tão chato... Jiminie, expulsa o Bob da mesa! ― Sana resmunga e Bob mostra língua.
― Faça uma rodada mais fácil, anda! Uma que dê pra eu e o Jimin fazermos! ― Quando foi que eu entrei no jogo?
― Tá'... Vejamos... ― Sana apoiou o punho no queixo fazendo bico, enquanto isso nós dois a olhávamos com expectativa ― Brad Pitt, Dwayne Johnson, Vin Diesel.
― Opa agora eu gostei!
― Óbvio que você gostou, né?
Bob deu uma piscadela antes de estalar a língua no céu da boca.
― Só homens? ― perguntei, tímido.
― Sim, ué?
Eu sinto as minhas bochechas esquentarem.
Oh. Ok, isso é tão vergonhoso...
― N-não... É só que... ― como que fala isso em inglês? Eu tô me embolando todo.
― Amado, você não se torna gay por uma brincadeira, relaxa e respira. ― Bob diz, rindo enquanto eu tentava verbalizar em poucas palavras.
― Ele tá' todo vermelho, que gracinha. ― Sana diz, apertando uma das minhas bochechas.
― E-eu não... e-e...
Antes que eu pudesse terminar essa trágica frase (que eu nem sei o que eu ia dizer direito), sinto meu celular vibrar no bolso da minha calça e o tiro para então ver o nome da Jungyon na tela.
Ah...
Já esqueci completamente o que estava falando com os dois.
Ela havia mandado uma foto de si fazendo sinal de V com as mãos perto do olho esquerdo e com a boca entreaberto mostrando um pouco dos dentinhos salientes, ao fundo sua avó dormia na cadeira de balanço que eu conhecia ser da sala da casa dela. Não pude evitar de sorrir e sentir minhas bochechas vermelhas.
Só que dessa vez não era de vergonha, não mesmo.
Pensar em Jungyon me causava várias coisas que para ser sincero era bem difícil de descrever. A gente se conhece há bastante tempo e eu não sei dizer em que momento eu percebi que as coisas que eu sentia ― sinto ― passaram a ser uma verdade constante.
Em algum momento do dia, só vinha ela em minha cabeça. O seu jeito, a sua voz doce, o seu sorriso bonito, os seus dentinhos salientes, os seus olhos de jabuticaba, o seu cabelo macio. Em tudo que ela é.
Eu penso como eu fui um idiota tonto para caramba por ter escolhido justo o dia que eu fui embora para me declarar a ela.
― Não tinha dia melhor? ― meu irmão perguntou quando eu o contei.
Mas... ah. Eu sou covarde e pessimista ao extremo. Talvez um pouco emocionado também.
Pensar na possibilidade dela querer se afastar de mim me deixava em apuros. Porque, querendo ou não, Jungyon foi a minha única amiga além do meu irmão por um bom tempo.
Eu nunca me dei bem com as crianças da minha idade, elas me achavam animado demais. Do tipo que vivia ligado no 220 e só parava quando dormia.
E a Jungyon foi a primeira que não achou um problema, tanto que ela sempre fazia questão de lembrar que amava o meu jeitinho.
Agora me diz como não se apaixonar por alguém assim? É...
Eu contei antes de viajar porque a ideia de não ser correspondido parecia ser menos dolorosa longe do que estando perto.
E bom... foi o que aconteceu, não é? Ela não comentou sobre depois que fui embora e nunca deixou claro que sentia as mesmas coisas que eu.
― Ele tá olhando pra esse celular feito um bocó.
― Tá mesmo.
Por que eles estão sussurrando se eu posso ouvi-los?
― Não duvido nada que seja um Crush...
― Aposto que é lá da Coréia...
― Agora ele fechou a cara...
― Será que ele brigou com a ou o crush?
― Pode ser não-binárie.
― É verdade...
― Será que deu um pontapé nele...?
― Certeza...
Reviro os olhos ainda escutando os murmurinhos e desligo a tela do meu celular para dar atenção para os dois projetos de Tias Fofoqueiras.
― Eu ainda posso ouvir vocês, sabia?
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[JEON JUNGKOOK]
Eu nunca tive problemas para acordar cedo. Na verdade, chega a ser engraçado, pois assim como eu gosto de dormir bastante, também amo levantar antes do sol nascer.
Se é que ele nasce, né? O ar da Coréia é tão sujo...
Ás vezes pareço um velho falando assim, sei lá... A sensação de poder ter mais tempo, de aproveitar o meu cházinho de laranja, de ser letárgico e fazer tudo na maior calma, são umas das poucas coisas que me dão prazer atualmente.
Só que hoje é diferente, minhas aulas começam e eu só sinto vontade de ficar deitado pelo resto dia.
A semana passou tão rápido! E isso é uma merda.
Ergo-me da cama, sentindo as minhas costas ainda pesadas e em passos de tartaruga me direciono para o banheiro. Não olho o meu reflexo, mas provavelmente minha cabeça está um verdadeiro ninho de pombo enquanto escovo os dentes. Bocejo, esfregando os meus olhos antes de tirar a camisa de manga longa e a calça velha com buracos na bunda, colocando-as no cesto de roupa suja e em seguida faço as necessidades diárias de qualquer ser vivo (que não precisam ser descritas!).
Totalmente pelado, apenas com uma toalha envolta dos meus cabelos na tentativa de secá-los, vou até a primeira porta do armário e passo os meus hidratantes. Não gosto de perfume, o cheiro forte me incomoda.
Quando enfim perfumado e com a calcinha vestida, vou para a segunda parte e talvez uma das mais chatas e dolorosas, mas que me dão um conforto sem igual.
No fundo do armário, vejo o rolo de fita esparadrapo e logo a pego; tirando um pedaço relativamente comprido, passo em volta do meu torso e assim escondo os ditos intrusos (também conhecidos como meus seios).
Machuca. Toda vez que vou tirar. Às vezes fica marcada em carne viva por conta do esparadrapo, mas infelizmente é a única coisa que tem ao meu alcance e a minha mãe não vai perceber.
Agora, mais satisfeito e um pouco revigorado por não sentir aquela protuberância incômoda, abro o segundo armário e tiro de dentro o pacote que desde a semana passada havia ficado do mesmo jeito.
Visto peça por peça. Fecho botões. Pego os dois cadarços e dou um laço. Penteio o meu cabelo e faço um rabo de cavalo. Pego a minha mochila.
Durante o processo, evito ao máximo me olhar no espelho.
E então fecho a porta do meu quarto.
[...]
― Já pegou tudo? Caderno, estojo, seu lanche...― mamãe diz enquanto ajeita o meu blazer ― Hyejin já está aí na frente.
― Tem certeza de que eu preciso ir hoje? ― choramingo ― É só o primeiro dia.
― Justamente por isso que você não deve faltar, filha. ― bufo, já sabendo que essa seria a sua resposta ― Não seja assim. Vamos! É importante.
A mais velha beija a minha testa e eu solto um muxoxo apreciando o seu carinho. Talvez até um pouco mais esperançoso, ajeito a alça da minha mochila e arrumo compostura. Dou mais um abraço na mamãe e me direciono para fora de casa.
Logo me deparo com Hyejin encostada no portão com roupas semelhantes a minha, apenas o brasão que era diferente (por conta da série); o cabelo ruivo estava parte preso numa presilha vermelha, deixando um volume bonito. Usava a mesma bolsa desde os treze anos, que era uma mochila de lado marrom cheia de bottons e, claro, sempre tinha alguma comida consigo que sua mãe a obrigava levar.
Naquele dia ela estava comendo uma banana.
― Não me diga que isso é o seu café...
Ela sorri, dando mais uma mordida.
― Você sabe que eu não sinto fome de manhã. ― outra mordida ― Agora ajeita essa sua cara ranzinza e bora logo antes que a gente se atrase!
A ruiva me puxa pelos ombros antes que eu tivesse a chance de reclamar mais uma vez.
Quando se trata de comida, eu sou um chato. Chato demais. Um verdadeiro chatonildo!
Odeio ver as pessoas pulando refeições, principalmente quando se vai à um compromisso. Mamãe e Hyejin vivem fazendo isso e eu já perdi as contas de quantas vezes quis amarrar as duas numa cadeira e enfiar uma pratada de comida goela delas abaixo (Meio agressivo? Talvez, mas é por uma boa causa, ok?).
Assim que chegamos a parada, felizmente não tinha tanta gente assim além de dois outros estudantes e uma mulher mais velha, noona larga meus braços para jogar a casca daquele café-da-manhã mixuruca na lixeira que ficava presa no poste para então voltar ao meu lado e me encarar com a sobrancelha erguida.
― Para de me olhar assim. Eu vou comer algo mais decente na hora do almoço. ― se aproximou para sussurrar em meu ouvido ― Relaxa, cabeção.
Revirei os olhos, dando um empurrão de leve em si.
― Eu me preocupo com a sua alimentação, você tá' no último ano, não pode não comer nada, noona. ― sussurro a última palavra para não chamar atenção.
― Me compra comida então, duh.
― Você é tããão folgada!
Ela deu de ombros enquanto apoia a cabeça em meus ombros. Nesse tempo em que eu e a noona esperávamos o nosso ônibus, me distrai com um jogo perdido no meio dos aplicativos em meu celular, Hyejin vez o outra comentava que eu não sabia clicar na tela na hora certa ou que eu era apressado demais na hora de clicar e isso desencadeou no personagem (um pássaro amarelo bicudo) morrer várias e várias vezes até o momento que o nosso ônibus chegou.
Felizmente não estava lotado e nos sentamos perto da catraca, Hyejin na janela e eu na ponta.
― Vai ficar tudo bem, tá'?
Beijou a minha testa enquanto eu soltava outro muxoxo tristonho assim que descemos na parada do colégio.
― Qualquer coisa, pede pra ir ao banheiro e me manda mensagem. ― ela diz.
― Você sabe que eu não vou te mandar mensagem, né? Eu não quero te atrapalhar.
A noona arqueou as sobrancelhas antes de dar um tapão atrás da minha cabeça.
Tão delicada...
― Eu odeio quando você falar isso. ― mostrei língua, massageando atrás da nuca. Hyejin tinha a mão muito pesada ― Tão maduro... Enfim! Vai me mandar mensagem sim, porque eu quero, porque eu tô mandando!
Revirei os olhos, sabendo que era uma batalha perdida. Hyejin sempre parecia saber quando tinha algo de errado comigo, então não adiantava discutir, pois se eu não mandasse, ela me encheria com uma enxurrada de mensagens e ligações (e eu não queria, eventualmente, parar na diretoria).
― Tô' indo. A gente se vê no intervalo. ― ela garante e deixa mais um beijo em minha bochecha enquanto entra escola adentro.
Ainda parado no mesmo lugar, conto mentalmente até dez e dou passos semelhantes aos que a noona havia feito anteriormente.
[...]
A cerimônia de começo do ano letivo foi a mesma de todos os anos. A única diferença era que dessa vez a diretora da escola enfatizou que todos os alunos do secundário, obrigatoriamente, teriam que participar de um dos "Clubes" acadêmicos que contariam pontos para uma futura bolsa.
Hyejin já havia me avisado sobre isso, ela fazia parte do Clube de Matemática Aplicada e era uma das únicas mulheres de lá.
Jimin também, quando ainda estava no colégio, participou de um do clubes, o dele foi de Teatro.
Agora se parar para pensar, os dois sempre tiveram aptidão para os respectivos clubes. Enquanto eu, bem, nunca tive aptidão para nada, eu acho.
Talvez eu entrasse num que desse menos trabalho, não sei.
De qualquer forma, não tenho muito tempo para pensar sobre isso, pois logo ouço a sinal tocar e os professores se levantaram para direcionar os alunos as suas respectivas salas.
Quando eu entro, de cara já encontrei alguns rostos familiares de anos anteriores, mas que nunca cheguei a ter uma conversa com mais de três sentenças. E também há muitos alunos novos, o que já me dá gastura em pensar na burocracia que é se aproximar de gente nova.
Meio deslocado a procura de uma cadeira livre, demoro para perceber a mão balançando as fundos perto da janela e foi impossível não deixar um suspiro de alívio ao ver um rosto não apenas conhecido, mas que também faria questão de puxar conversa comigo (a recíproca é verdadeira).
Jung Wheein, umas das garotas mais extrovertidas que conheço e também minha vizinha. Não era sempre que nos víamos, mas nas vezes que nos encontrávamos, na maioria, quando colocamos o lixo para fora coincidentemente no mesmo horário após o jantar, Wheein-noona puxava assunto e engatávamos numa conversa sobre os últimos animes que havíamos assistido.
Sem contar que os pais dela também viviam nos chamando para comer um bolinho todo fim de mês. Era meio que tradição da família deles e sempre me sinto muito mimado por ganhar o maior pedaço toda vez.
― Oi. Posso sentar aqui? ― pergunto.
Vai que ela estava guardando lugar para outro alguém, não é?
Ela sorriu, ajeitando uma mecha do curto cabelo atrás da orelha antes de assentir: ― Claro que pode, Jungyon-ah!
― Não sabia que você tinha sido transferida pra cá.
― Eu também não sabia até um tempo atrás. Meu pai avisou não tem nem duas semanas que eu tinha sido transferida pra cá pois é mais perto de casa. ― ela fez bico ― Não vou mentir. Fiquei bem brava porque odeio fazer amizades novas. Mas que bom que você tá aqui! Pelo menos não vou ficar sozinha.
Sorri com o seu curto desabafo. Wheein era assim, gostava de falar e muito. Nas poucos encontros ela sempre era a que mais falava e eu gostava de ouvi-la.
Conversamos mais um pouco sobre a vinda dela para cá, sobre os tios dela e sobre minha mãe e avó antes do sinal tocar e as aulas se iniciarem. Ajeitei a minha postura e não prestei atenção em mais nada que não fosse a professora e a lousa.
Ao menos tentei, pois quando chegou a aula de matemática entendi um total de zero coisas.
Hyejin me socorre!
[...]
Uma semana depois.
― Já passou uma semana e você ainda não entrou em nenhum Clube. ― Hyejin comentou assim que bateu a bandeja na mesa que eu e a Wheein estávamos ― Oi Wheein-ah!
Wheein sorri sem mostrar os dentes e sibila um "oi" antes de voltar a atenção ao livro que estava lendo. Eu dei uma espiada, é yaoi e os personagens estavam num momento, digamos, bem intenso!
Se é que me entende...
― Por que você dá oi pra ela e comigo você é toda agressiva?! ― comento fazendo bico.
― É porque eu tenho mais intimidade contigo pra ser a ogra que sou. ― mostrou língua se sentando em minha frente. Wheein tirou a atenção do livro parar rir enquanto eu revirava os olhos, pondo um pedaço da cenoura na boca ― E então? Quando você vai se inscrever em algo?
― Por que esse interesse todo?
Hyejin me olha incrédula e já me preparo para o sermão que viria.
― Por quê? Ora essa, Jeon, eu me preocupo com você!
― Alô mãe.
― Garoto, eu vou te bater! ― Hyejin bufou antes de arregalar os olhos. Olhei de relance para Wheein que estava aérea com os fones e dei de ombros voltando a minha atenção a noona ― Tá'... Agora é sério, por que você ainda não entrou em nada?
― Eu só acho que não sou bom o suficiente em alguma coisa pra fazer parte de algum Clube.
― Bom... Não é como se você tivesse escolha, é obrigatório. ― sorriu ― Você podia entrar no meu Clube!
― O de matemática? Tô' fora! Só com o que eu vi hoje na aula já fiquei todo perdido, imagino nisso aí.
― Nem é tão pesado assim! ― se defendeu e eu arqueio a minha sobrancelha com a sua informação ― Ok, talvez um pouquinho...
― Sem chance, noona. ― digo, sussurrando a última palavra. Mesmo que a Wheein esteja de fone, nunca se sabe.
― Vejamos então.― Hyejin começa a batucar o indicador no queixo ― Tem teatro.
― Não sei atuar.
― Tem culinária.
― Não sei nem fritar ovo.
― Que horror, Jeon! ― eu gargalho antes dela continuar ― Tem natação.
― Hum... Não sei.
― Tem música. ― faço careta ― Não faz careta, você sabe cantar que eu sei. Pensa que eu não te ouço cantarolando quando tá' distraído?!
― Desnecessário. ― digo e ela revira os olhos ― Eu não canto tão bem assim e não sei tocar nenhum instrumento.
― Teu nariz vai crescer!
― Mais do que ele já cresce?! ― brinco e nós dois caímos na risada ― Acho que vou fazer natação mesmo.
― Tem certeza?
― Tenho.
― Achei que você ficaria com vergonha. ― ela diz, sem jeito, ― Porque, bem, você, é... Os peitos e você vai tá na água... Não vai te incomodar?
― Talvez. Mas eu uso aqueles collants de manga comprida. ― digo e dou de ombros ― Não é sempre que eu fico desconfortável com eles. Ás vezes eu finjo que não existem. E se ficar marcado demais, bem, eu vou ter que aprender a lidar com isso alguma hora.
― Jung- ― ela engole a seco ― Jeon... Tem certeza mesmo?
― Tenho, unnie. Não se preocupa com isso, eu até acho que tô precisando fazer alguma atividade física mesmo. ― dou um sorriso na tentativa de tranquilizá-la.
― Credo! Você me chamando de unnie é muito feio. ― ela faz careta ― Me chama de Hyejin mesmo, deixa os honoríficos pra quando estivermos sós.
― Nossa, isso saiu muito sexual!
― Eca, sai!
Trocamos risadas mais uma vez até o momento que sinto o meu celular vibrar.
O sorriso que formou em meu rosto foi instantâneo.
― É ele?
― Sim. ― digo enquanto respondo a selfie de quem acabou de sair do metrô do hyung com vários emojis de beijo e coração.
― Ah qual é? Olha essa tua cara de idiota! ― Hyejin aponta e eu mostro língua voltando a minha atenção ao celular e sem perceber deixo mais um sorriso bobo escapar quando vejo mais uma infinidade de corações que ele manda ― Vocês são muito apaixonados um pelo outro e nem escondem!
― P-Para com isso!
[...]
Eu sempre gostei de nadar, mas também tinha (tenho) vergonha do meu corpo.
Quando pequeno, eu me banhava de roupa na piscina de plástico da casa da titia junto com os meus outros primos, todos de calcinha ou cueca.
Eles não tinham vergonha, mas eu tinha.
Mamãe vivia brigando comigo porque eu molhava as roupas sendo que eu tinha roupa própria para o banho, mas mesmo sabendo disso, eu não conseguia usá-la.
No fim das contas, a vovó conseguia convencer a mamãe de que eu era uma criança e estava tendo infância.
Agora, me vejo junto a várias outras pessoas, usando roupas de natação. A touca, os óculos, o collant específico para meninas e o collant específico para meninos.
Eu sou o mais diferente dos demais, comprei um collant que cobrisse do pescoço aos tornozelos, típico daqueles nadadores. Ainda sim eu podia sentir o volume a minha frente (ou a falta dele), mas não deixei que isso fosse um problema para eu pensar agora.
Não enquanto o Sr. Kwan estava checando na prancheta as informações de cada um dos estudantes.
― Im Changkyun. 16 anos. 1ºD; ― falou rápido sem olhar diretamente para o garoto, assim como fizera com os outros cinco meninos, porém quando chegou a próxima, foi que sua atitude repentinamente mudou: ― Kim Dahyun, 15 anos. 1ºB...
Ele a encarou de cima para baixo e sustentou o olhar, mesmo que milésimos, nas coxas descobertas da Dahyun. E foi perceptível o quão desconfortável ela ficou.
Os outros não perceberam, mas eu percebi.
Quando ele parou em minha frente, percebi que ele me olhou com o mesmo ou talvez similar intuito, de cima para baixo e uma sensação muito ruim tomou conta de mim.
Engoli a seco e eu nem sei direito do porque fiz isso, mas não sustentei o olhar, preferi abaixar a cabeça. Parecia o certo naquele momento.
― Jeon Jungyon, 16 anos, 1ºA. ― pude sentir uma pontada de escárnio que foi totalmente diferente do tom usado com a Dahyun, mas era tão desconfortável quanto. Novamente os outros não perceberam e tão pouca a outra que continuava com a cabeça abaixada assim como eu.
Foi estranho, confesso, mas não tive tempo para pensar mais sobre isso, pois logo ouço o apito e o grito do professor nos mandando pular na água.
― Na próxima aula, quero todos chegando bem cedo para se alongarem, o treino será puxado e eu não quero ninguém chorando de dor por menos! ― gritou, juntando as bóias e macarrões no canto da piscina enquanto eu e os outros alunos pegávamos nossas coisas ― Jeon Jungyon!
― Sim? ― pergunto, surpreso ao ouvir me chamar, pois eu já estava com a bolsa nos ombros e a toalha na mão pronto para ir ao vestiário.
― Na próxima aula eu espero que venha vestida de maneira apropriada. ― sentenciou e eu franzi o cenho.
― Mas, senhor... Tem alguma coisa de errada com a minha roupa? ― falo olhando para a minha roupa de mergulho ainda molhada em meu corpo.
― Sim. Isso não faz parte do uniforme de natação da escola. ― engoli a seco ― Sugiro que venha apenas com o maiô nas próximas vezes se quiser passar de ano. Estamos entendido, senhorita Jeon?
― Sim. É... Claro.
― Ótimo! ― Sr. Kwan sorri batendo de leve a mão em minha costa antes de seguir para fora do ginásio ― Lhe vejo na próxima aula, tenha um bom dia!
Sorrio amarelo, vendo-no apagar as luzes e me despeço antes de entrar no vestiário e trocar essas minhas roupas molhadas. Ainda paro para conversar com as outras duas meninas que estavam lá, num determinado momento, senti minhas bochechas esquentarem por vê-las se trocando em minha frente como se não tivéssemos acabado de nos conhecer. No mais, desviei o olhar, me trancando em um dos provadores.
Havia passado das 16h quando enfim fui liberado da aula. Hyejin não saía no mesmo horário que eu e provavelmente sairia bem perto da noite e eu não poderia esperar. Não quando a mamãe precisaria de minha ajuda com a vovó.
Sendo assim, enquanto atravessava o meio-fio até a parada, peguei meu celular na intenção de mandar uma mensagem para a noona.
Mas todo mundo sabe como é a noona, ela sempre é a primeira a mandar mensagem.
Hyejin:
Como foi?
Eu:
Quer mesmo saber?
Hyejin:
Óbvio que eu quero!!
Eu:
Horrível pra caralho :p
Hyejin:
Se sentiu, sabe, mal...?
Eu:
Disfórico? Como sempre.
Eu:
Mas sei lá Sr. Kwan me assusta um pouco.
Hyejin:
Nunca tive aula com ele, então não sei 🧐
Hyejin:
Ainda dá tempo de desistir...
Eu:
Não vou pra música, desencana!
Hyejin:
Seu chato...😔
Sorrio com o emoji que a noona mandou e respondo com outras carinhas, em específico, aquela amarelinha chorindo (choro + rindo, entendeu?).
Aproveito também para checar outras redes sociais e acabo vendo as postagens do hyung reclamando da comida e do irmão, sorrio mais ainda pois consigo imaginar direitinho o bico.
Logo ouço o barulho tão conhecido do motor do ônibus vindo e uso desse intervalo para plugar meus fones no celular para então subir e passar na catraca.
[...]
Janeiro de 2007.
Ano novo.
Já havia passado da meia-noite. O show de fogos de artifício já havia cessado. Familiares espalhados por todos os cantos da casa, em específicos, adultos conversavam e bebiam e os mais jovens estavam envolta da piscina da casa da Tia Sunhye.
Eu me encontrava próximo ao batente da porta que dava acesso ao quintal, com meu vestido branco de bordados bonitos e minha bonecassauro (gostaram do nome? eu mesmo que criei!). Observava meus primos brincando na piscina; eles davam voltas em círculo e faziam redemoinhos.
Parecia legal, eles parecia se divertir e eu queria participar daquilo.
Se fosse outro dia, provavelmente a titia ou a vovó já teriam acabado com a brincadeira por ser tarde da noite, mas aquela era um tempo especial, era começo de um novo ano e mais ainda, seria o Ano do Porco.
Vovó dizia que o Porco representa a perseverança; que as dificuldades serão vencidas, não importa o quão difícil seja, se tivermos perseverança.
Foi pensando nisso que não prestei atenção quando alguém se aproximou de mim. O cheiro forte de perfume e carteira de couro, as calças cáqui bem passadas e a chinela com meias se agacharam até que a face do meu avô estivesse a minha altura.
― Não vai entrar na piscina? ― perguntou e eu balancei a cabeça, abraçando mais forte a minha pelúcia ― Por quê? Seus primos estão se divertindo, você não quer se divertir com eles?
― Não me sinto bem...
― Não se sente bem?
Suspirei abaixando a cabeça, sentindo meu olhos encherem de lágrimas.
― S-se eu quiser entrar, eu vou ter que trocar de roupa. Mamãe vai querer colocar um maiô...
Vovô olhou para a piscina por um instante, depois voltou o olhar para mim: ― Seus primos não estão de maiô.
― Primas, vô'. Maiô é pra menina.
― Ah sim. Certo. ― sorriu ― Seus primos não estão com roupa de banho. Estão só de calcinha e de cueca.
Fiz bico: ― Papai não gosta que eu fique sem roupa assim e a mamãe odeia que eu tome banho de roupa.
― Quem liga pra o que o seu pai diz! E a minha filha, bem, ela vai entender.
― Vovô!
― Vem, deixa eu te ajudar a tirar esse vestido. ― falou, desamarrando o nó e me ajudando a tirar o vestido, depois os sapatos e por fim, desamarrar o meu cabelo, me deixando somente de calcinha. ― Vá lá, vai!
― V-vovô... Eu não sei nadar...
― Fique na parte rasa então, Yon. ― ele disse, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha ― JINYOUNG!
― OI VÔ'! ― gritou meu primo, que estava na piscina, em resposta. Ele tinha 13 anos e era o hyung da primarada.
― Ajude aqui a sua prima a brincar com vocês. ― disse e Jinyoung assentiu, saindo da piscina e estendendo a mão para que eu a pegasse ― Vá, Yon-ah, se divirta. Seu primo vai ficar de olho e eu também.
― M-mas e se o papai brigar comigo?
― Eu vou garantir que ele não brigue. ― falou com seriedade ― Agora chega de pôr dificuldades e vá tomar banho logo, princesinha.
Senti minhas bochechas se comprimir com o tamanho sorrisão que dei ao vovô e ele, tão semelhante a mim, sorriu fazendo gestos com as mãos para que eu fosse logo enquanto se sentava no batente da porta.
Eu me diverti com os meus primos e foi a primeira (e única) vez que eu não me senti tão diferente deles.
🦋
MEU DEUS OIII! Eu nem acredito que tô postando isso perto da década acabar!
Ai gente vocês não tem noção das coisas que passei pra enfim esse capítulo sair, primeiro que eu tava pensando em apagar IAAB da existência da terra porque na minha cabeça eu tava "saturado".
Mas aí, depois de muita luta, eu percebi que não podia simplesmente apagar todo um enredo que foi determinante na minha descoberta pessoal. Então aqui estou tentando me familiarizar novamente com a minha filha, só que com mudanças e repaginadas na forma que ela vai ser desenvolvida.
META PRA 2020!!
Enfim, vamos falar do capítulo: gostaram?
O que acharam do nosso debut do Jimin narrando? Vai acontecer mais vezes :D
O que acharam dos novos personagens?
Sana:
Bob:
*Deixo Sr. Kwan pra vocês imaginarem hehe*
Obrigado por terem lido, por não terem desistido, como eu que quase desisti. Espero que esse ano seja melhor tanto pra vocês quanto pra mim!
Feliz 2020!
Abel xx
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