Capítulo 31 - Haven - Parte IV
Thraja e Sam chegaram ao bar "The Siren's Call" logo após o anoitecer. O local, um estabelecimento de aparência rústica com uma fachada de madeira escura, parecia ser um ponto de encontro popular na cidade de Haven. As luzes amareladas do interior emanavam um brilho acolhedor, mas havia uma tensão sutil no ar, como se os frequentadores estivessem cientes de algo sinistro escondido à vista de todos.
Ao entrarem, foram recebidos por uma onda de murmúrios e olhares curiosos. Eles se dirigiram ao balcão, onde uma barista jovem e sorridente lhes ofereceu um aceno de cabeça.
— Boa noite. O que posso oferecer a vocês? — perguntou ela, limpando um copo com um pano branco.
Thraja respondeu com um sorriso amigável.
— Boa noite. Vamos querer duas cervejas, por favor.
Enquanto a barista se afastava para pegar as bebidas, eles aproveitaram para observar o ambiente. O bar estava relativamente cheio, com grupos de pessoas conversando em voz baixa e ocasionalmente lançando olhares furtivos para os novos visitantes.
Assim que a barista voltou com as bebidas, Sam aproveitou a oportunidade para puxar conversa.
— Parece um lugar bem movimentado. É sempre assim por aqui?
A barista sorriu, colocando as cervejas no balcão.
— Sim, especialmente nas sextas-feiras. As pessoas da cidade e até de fora vêm aqui para relaxar e se divertir depois de uma semana de trabalho.
Thraja deu um gole em sua cerveja antes de entrar na conversa.
— E você trabalha aqui há muito tempo?
A jovem balançou a cabeça afirmativamente.
— Já faz alguns anos. Conheço bem todos os frequentadores regulares. Se precisarem de alguma informação sobre a cidade, podem contar comigo.
Thraja e Sam trocaram um olhar significativo antes de Sam prosseguir.
— Na verdade, estamos aqui a trabalho. Somos investigadores e estamos tentando descobrir mais sobre alguns eventos recentes. Talvez você tenha ouvido falar de algo estranho acontecendo?
A barista hesitou, seus olhos revelando uma faísca de curiosidade misturada com cautela.
— Bom, por aqui sempre tem um ou outro boato, mas o que vocês estão procurando exatamente?
Sam inclinou-se um pouco mais para perto.
— Estamos investigando dois corpos que encontraram recentemente. Ouvi dizer que as vítimas frequentavam este bar. Você notou algo estranho em relação a elas?
A barista franziu a testa, pensativa.
— Agora que você mencionou, lembro desses caras. Eles vinham aqui de vez em quando e pareciam sempre bem saudáveis. Mas nas últimas duas semanas, eles saíram com a mesma mulher, um numa sexta-feira e o outro na sexta-feira seguinte. Quando os vi na cidade no dia seguinte, estavam visivelmente cansados, quase doentes.
Thraja e Sam ficaram atentos. Era a primeira pista concreta que obtinham.
— Que mulher? — perguntou Thraja.
A barista olhou ao redor, como se estivesse verificando se alguém a estava ouvindo, antes de responder em voz baixa.
— Ela é a mulher mais bonita que já vi. Sempre aparece às sextas-feiras, se senta no mesmo canto e não fala muito com ninguém. Mas os homens, bem, eles ficam hipnotizados por ela. Eu a vi saindo com os dois que vocês mencionaram.
Sam anotou mentalmente as informações antes de continuar.
— E você sabe o nome dela ou onde ela mora?
A jovem balançou a cabeça.
— Não, ninguém sabe. Ela não é daqui, com certeza. Nunca a vejo durante a semana, apenas às sextas à noite. É como se ela desaparecesse o resto do tempo.
Thraja e Sam trocaram um olhar significativo. Essa mulher misteriosa parecia ser a chave para entender o que estava acontecendo em Haven.
— Você mencionou que os dois homens pareciam cansados e doentes depois de saírem com ela. Você lembra como eles estavam nas últimas vezes que os viu?
A barista assentiu.
— Sim, eles pareciam estar na casa dos 35 ou 40 anos na sexta-feira que saíram com ela, mas no sábado quando os vi estavam tão desgastados que era como se tivessem envelhecido décadas em um dia. A fofoca é que quando foram encontrados, pareciam ter mais de 80 anos, é verdade?
Thraja mentou a cabeça afirmativamente, olhando para Sam para ver se ele também havia compreendendo a gravidade da situação.
— Obrigado pela ajuda. — disse Thraja, sorrindo.
Eles terminaram suas bebidas em silêncio, apenas observando o movimento no bar e esperando por qualquer sinal da mulher. A noite passou devagar, com Thraja e Sam conversando com outros frequentadores, mas ninguém parecia saber mais do que a barista havia revelado. Quando o bar começou a esvaziar, perceberam que a mulher não apareceria.
— Parece que ela não vem hoje mesmo — disse Thraja.
— Sim, afinal é quinta-feira. Ela só apareceu nas últimas sextas — acrescentou Sam, suspirando.
— Devemos voltar ao hotel e investigar mais sobre casos semelhantes ao redor do mundo. Pode haver um padrão que estamos perdendo — sugeriu Thraja.
Sam concordou com um aceno de cabeça. Eles se levantaram e se despediram da barista, agradecendo novamente pela ajuda. Ao sair do bar, a noite fria de Haven os envolveu, e eles caminharam em silêncio de volta ao hotel.
No hotel, Thraja e Sam se instalaram no quarto que haviam alugado. Era um quarto com duas camas e uma pequena sala de estar com uma mesa e cadeiras. Eles se sentaram à mesa e Thraja abriu seu laptop, começando a buscar por casos semelhantes, enquanto Sam organizava suas anotações.
— Encontrou alguma coisa? — perguntou Sam depois de um tempo, olhando para Thraja, que estava concentrada na tela.
— Há alguns casos que se assemelham, mas nenhum com detalhes exatos como os nossos. Muitas vezes, os relatórios mencionam vítimas que envelheceram rapidamente, mas faltam informações sobre uma mulher misteriosa — respondeu Thraja.
— E se ela estiver se movendo de cidade em cidade? — sugeriu Sam. — Talvez essa seja a razão pela qual ela só aparece uma vez por semana. Ela poderia estar viajando entre vários lugares, mantendo um padrão que a torna difícil de rastrear.
Thraja considerou a ideia, digitando freneticamente em seu laptop.
— Faz sentido. Vamos precisar de uma lista de cidades com incidentes semelhantes e verificar se há algum padrão de movimentação. Pode ser um ponto de partida.
Thraja ligou para Simon e ele relatou tudo que descobriram, e o rapaz prometeu-lhes ajudar dando uma navegada na Deep Web e ver se encontrava algo.
Eles trabalharam noite adentro, compilando informações e traçando possíveis rotas. Quando o sol começou a surgir no horizonte, eles tinham uma lista preliminar de locais para investigar mais a fundo.
— Hoje à noite, voltamos ao bar e esperamos por ela. Mas precisamos estar prontos para agir rápido se ela aparecer — disse Thraja, fechando o laptop com um clique decidido.
Sam concordou, exausto, mas determinado.
— Concordo. Vamos nos preparar para mais tarde. Se conseguirmos interceptá-la, talvez possamos descobrir como quebrar essa maldição de uma vez por todas.
Com um plano em mente, Thraja e Sam finalmente foram dormir, prontos para enfrentar o próximo desafio em sua investigação.
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