Capítulo 24 - Caixa do Medo - Parte III
Mill Valey - Califórnia.
A manhã seguinte ao aprisionamento de Sarah Bellows foi tranquila e serena. O sol brilhava através das janelas da pequena cafeteria onde Sam e Thraja se encontraram para o café da manhã.
Sam chegou primeiro, sentando-se em uma mesa próxima à janela. Ele pediu um café preto e começou a ler o jornal regional, procurando por notícias de casos sobrenaturais.
Thraja chegou alguns minutos depois, sorrindo ao ver Sam já sentado.
- Bom dia. - Desejou Thraja, sentando-se ao lado de Sam.
- Bom dia. - Respondeu Sam, fechando o jornal. - Como você passou a noite.
Thraja sorriu.
- Muito bem. E você?
Sam assentiu.
- Bem também. Ainda estou processando o que aconteceu ontem.
Thraja concordou.
Sam olhou para Thraja.
- Posso tirar seu pedido? - perguntou a garçonete, aproximando-se da mesa.
- Sim, por favor - respondeu Thraja, olhando para o cardápio. - Eu vou querer o hambúrguer de carne.
- E você, senhor? - perguntou a garçonete, voltando-se para Sam.
- Estou bem, obrigado - disse Sam, segurando sua xícara de café. - Já tomei meu café.
- E para beber? - perguntou a garçonete.
- Eu vou querer um refrigerante - disse Thraja.
- Mais café para você? - perguntou a garçonete a Sam.
- Não, obrigado - respondeu Sam.
- Certo, vou anotar - disse a garçonete, anotando o pedido. - Vocês desejam alguma sobremesa?
- Não, obrigada - respondeu Thraja.
- Certo, vou trazer seu pedido - disse a garçonete, saindo da mesa.
Thraja sorriu.
- Agora, podemos começar a nos preocupar com nosso próximo caso. - Disse ela brindo seu laptop e mostrando a Sam o e-mail novo de Simon.
- Sam, eu tenho um novo caso para nós.
- Do que se trata? - Questionou Sam.
- Simon me mandou um e-mail com um possível caso. Um velho psiquiatra faleceu e deixou um gravador antigo que supostamente grava os medos das pessoas e os tira delas.
- Isso soa como um conceito interessante. Mas o que há de errado?
- O problema é que se alguém ouvir as fitas, os medos se tornam reais para quem ouvir. - Explicou ela. - E olha só isso. - Abrindo um vídeo em anexo.
[Vídeo: Alex e Ben sentados em uma mesa, com uma expressão séria]
Alex: [nervoso] Olha, gente... não sei como começar isso. Mas precisamos contar sobre o gravador.
Ben: [completando] Sim, é uma história louca, mas é verdade.
Alex: [começando] Foi em um leilão de garagem. Nós estávamos procurando por coisas interessantes e encontramos esse gravador antigo.
Ben: [interrompendo] E era barato! Só 20 dólares.
Alex: [continuando] Sim, parecia um bom negócio. Então, nós o compramos e levamos para casa.
Ben: [adicionando] E começamos a ouvir as fitas.
Alex: [com uma expressão de medo] E foi aí que as coisas começaram a dar errado.
Ben: [completando] As fitas eram de pessoas contando seus medos mais profundos.
Alex: [nervoso] E, ao ouvir, começamos a ter pesadelos.
Ben: [com uma voz trêmula] Pesadelos que se tornaram reais.
Alex: [descrevendo] Eu sonhei que estava sendo perseguido por uma figura sombria. E, quando acordei, ela estava lá.
Ben: [completando] E eu sonhei que estava preso em um quarto sem saída. E, quando acordei, o quarto estava exatamente como no sonho.
Alex: [desesperado] Nós não sabíamos o que estava acontecendo. Pensamos que era apenas nossa imaginação.
Ben: [com uma expressão de pânico] Mas não era. Era real.
Alex: [concluindo] E agora... agora não sabemos como parar.
Ben: [completando] Nós não sabemos como fazer para que os pesadelos parem.
[Os irmãos se olham, com uma expressão de medo e desespero]
Alex: [finalizando] Então, se alguém está vendo isso... por favor, nos ajudem.
Ben: [adicionando] Não ouça as fitas.
Alex: [concluindo] É melhor você não saber o que há nelas.
[O vídeo termina abruptamente]
Sam e Thraja partiram de Mill Valley, uma cidade charmosa localizada no condado de Marin, Califórnia.
E seguiram em direção à Stinson Beach, uma praia isolada e pitoresca localizada na costa do Pacífico.
Começaram sua jornada pegando a Highway 1, também conhecida como Shoreline Highway, que os levou através das colinas verdejantes e florestas de sequoias de Mill Valley.
Ao continuar em direção ao oeste, a estrada começou a descer em direção à costa, oferecendo vistas deslumbrantes do Oceano Pacífico.
Eles passaram pela cidade de Muir Beach e pelo Parque Nacional de Muir Woods, conhecido por suas antigas sequoias.
Ao chegar à Stinson Beach, Sam e Thraja foram recebidos pela brisa salgada do mar e pelo som das ondas quebrando na praia.
A paisagem ao redor era de uma beleza natural impressionante, com dunas de areia, vegetação costeira e o vasto oceano estendendo-se até o horizonte.
No entanto, a beleza da paisagem não podia dissipar a sensação de urgência e preocupação que Sam e Thraja sentiam ao se lembrarem dos irmãos Ryder.
Eles sabiam que estavam prestes a enfrentar um desafio sombrio e perigoso, e que a resolução do caso dependia de sua habilidade em descobrir a verdade por trás do gravador maldito.
A primeira parada foi no endereço fornecido pelos irmãos Ryder.
Stinson Beach - Colorado.
Sam e Thraja estavam diante de uma casa simples na rua Elm, número 345, com um ar um tanto desgastado pela passagem dos anos. O endereço em suas mãos os guiara até ali, e agora, frente à velha construção de tijolos.
Na área havia uma senhora idosa que parecia ser a chave para entender o que acontecera naquele dia de leilão.
A dona da casa, uma senhora pequena e de cabelos brancos, olhou para os dois com curiosidade, ajustando os óculos de aros grossos que quase caíam de seu nariz. A porta rangeu quando ela a abriu, revelando um hall modesto, decorado com móveis de madeira envelhecida.
- O que posso ajudar, jovens? - ela perguntou com um sorriso simpático, mas que refletia a natureza curiosa e um tanto desinteressada em quem era, de fato, a visita.
Sam, sempre direto, foi o primeiro a falar.
- Somos... Colecionadores. Viemos ver sobre o leilão que aconteceu aqui. A senhora lembra de quando aconteceu? Sabe de quem eram as coisas?
A senhora franziu a testa, mas não pareceu surpresa. Ela olhou para o lado, como se rememorando aqueles dias, e depois fez um gesto vago com a mão.
- Ah, o leilão! Claro. Eu só aluguei a garagem para um amigo do meu neto. O nome dele é Lucas Everett, um rapaz educado. Ele me pediu se podia usá-lo para vender algumas coisas do avô dele. O rapaz mora em um apartamento, então não tem espaço para fazer o leilão. Ele queria se livrar de algumas coisas que herdou. Eu dei uma mãozinha, claro.
Sam e Thraja trocaram olhares rápidos. Thraja tomou a palavra.
- Ele deixou algo aqui, depois do leilão? Algo do avô dele?
A senhora balançou a cabeça com uma expressão de desaprovação.
- Nada ficou por aqui. Depois que o leilão terminou, o rapaz veio buscar o que restava, e não me deixou mais nada além de uma garagem vazia. Ele levou tudo.
Sam deu alguns passos em direção à garagem, que ficava ao lado da casa. A velha olhou com um leve sorriso.
- A senhora nos deixa verificar a garagem, então? - perguntou Thraja.
A senhora assentiu sem hesitar, aparentemente nada suspeitando.
- Claro, se quiserem olhar, fiquem à vontade. Não há nada lá. Só algumas coisas velhas.
Quando os dois entraram na garagem, o cheiro de poeira e madeira envelhecida os envolveu. As sombras da tarde penetravam pelas frestas das paredes, e a luz fraca mostrava prateleiras vazias, caixas empilhadas e móveis antigos, mas nada que sugerisse que algo importante tivesse sido deixado ali. A garagem estava completamente limpa.
Sam se aproximou da parede e bateu nela com a palma da mão, testando a acústica. Nada parecia fora do lugar, mas ele sentia que havia mais por trás da história da senhora.
- Nada aqui - murmurou ele. - E não acredito que tudo tenha sido retirado.
Thraja olhou ao redor e, com um suspiro, se aproximou da senhora que estava agora observando-os pela porta.
- Senhorinha, o que aconteceu com o rapaz Lucas? Ele ainda mora por aqui?
A senhora pareceu hesitar por um momento.
- Ah, ele... o rapaz, Lucas, acho que está no mesmo lugar. Se não me engano, ele ia para a cidade vizinha, onde a mãe dele mora. Já faz uns dias. Eu poderia te dar o endereço dele, mas não é fácil encontrá-lo, ele não me disse muito.
- Entendemos, senhora. - Thraja puxou uma folha de papel e uma caneta do bolso, esperando pelo endereço. - O que nos diz sobre o avô dele? Como ele morreu?
A senhora fez uma careta, pensativa.
- O avô do Lucas? Ele faleceu há algum tempo. Era um homem excêntrico, sempre com coisas misteriosas e antiguidades. O rapaz teve que lidar com muitas coisas depois que ele se foi. Não sei o que aconteceu, mas... me parece que ele estava em uma busca por algo.
- Algo? - Sam questionou, curioso, mas a senhora já estava distraída com outra coisa.
- Acho melhor vocês falarem diretamente com o Lucas. Ele pode saber mais do que eu.
Sam anotou o endereço que a senhora lhe passou e trocou um olhar rápido com Thraja.
- Obrigado pela ajuda, senhora. Vamos procurar Lucas.
Ao saírem da casa, ambos sabiam que o leilão não havia sido o fim da busca. Algo estava se escondendo, e aquele Lucas, o amigo do neto da senhora, provavelmente tinha mais a revelar. A verdadeira investigação estava apenas começando.
Thraja e Sam partiram em direção ao endereço fornecido pela mulher idosa, determinados a descobrir mais sobre a Caixa do Medo.
- É estranho que ele tenha vendido esses itens - disse Thraja, enquanto dirigiam.
- Sim, especialmente considerando que pertenciam ao Dr. Everett - respondeu Sam.
O Dr. Everett era um psiquiatra conhecido por sua obsessão pela mente humana. Ele era famoso por suas teorias sobre o medo e a psicologia do terror.
- Você acha que Lucas sabe algo sobre a Caixa do Medo? - perguntou Thraja.
- Provavelmente - respondeu Sam.
Eles chegaram ao endereço de Lucas e bateram na porta. Um rapaz de vinte anos atendeu.
- Olá, podemos falar com você? - perguntou Thraja.
- Claro, o que é? - respondeu Lucas.
- Nós somos estudiosos e estamos investigando sobre Caixa do Medo - disse Sam. - Você sabe algo sobre?
- Sim, eu sei que meu avô a criou - respondeu Lucas. - Ele estava trabalhando nela até o fim da vida.
- Você sabe como ela funciona? - perguntou Thraja.
- Não exatamente - disse Lucas. - Mas eu sei que ela foi projetada para induzir medo em quem a ouve.
Thraja e Sam olharam um para o outro, preocupados.
- Você vendeu alguns itens no leilão - disse Sam.
- Sim, eu vendi alguns objetos que pertenciam ao meu avô - respondeu Lucas. - Incluindo um toca-fita antigo, alguns livros sobre psicologia e um equipamento de gravação.Thraja e Sam seguiram em direção ao endereço fornecido pela mulher idosa, ansiosos por descobrir mais sobre a misteriosa Caixa do Medo.
- É intrigante pensar que ele decidiu se desfazer desses objetos - comentou Thraja enquanto dirigiam.
- Concordo. Considerando que eram itens do Dr. Everett, parece um tanto fora do comum - respondeu Sam, pensativo.
O Dr. Everett era um renomado psiquiatra, obcecado pela mente humana. Suas teorias sobre o medo e a psicologia do terror eram amplamente conhecidas.
- Você acha que Lucas tem alguma informação sobre a Caixa do Medo? - perguntou Thraja, desviando o olhar para Sam.
- É possível. Ele pode ter herdado mais do que apenas os pertences físicos do avô - disse Sam, com uma ponta de expectativa na voz.
Chegaram ao endereço de Lucas e bateram na porta. Um jovem de vinte anos abriu, curioso.
- Olá, somos Thraja e Sam. Podemos conversar com você? - perguntou Thraja com um sorriso amigável.
- Claro, sobre o que gostariam de falar? - respondeu Lucas, abrindo mais a porta.
- Estamos investigando alguns itens que foram leiloados recentemente - explicou Sam, tentando ser casual. - Soube que alguns deles pertenciam ao Dr. Everett. Você teria algum tempo para nos falar sobre isso?
- Ah, sim. Meu avô foi um grande estudioso da mente humana - disse Lucas, com um toque de orgulho. - Ele trabalhava em vários projetos até o fim da vida.
- E entre esses projetos, estaria a Caixa do Medo? - perguntou Thraja, tentando esconder a urgência em sua voz.
- Sim, ouvi falar dela - respondeu Lucas. - Ele mencionava que a caixa tinha a capacidade de induzir medo em quem a ouvisse.
Sam e Thraja trocaram olhares, preocupados com a confirmação.
- Notamos que você vendeu alguns itens no leilão. Pode nos dizer mais sobre eles? - perguntou Sam, tentando parecer desinteressado.
- Claro. Vendi algumas coisas que pertenciam ao meu avô: um toca-fita antigo, alguns livros sobre psicologia, e um equipamento de gravação. Coisas que ele usava nas suas pesquisas - explicou Lucas.
Thraja e Sam se entre olharam, cientes de que estavam mais perto de desvendar o mistério.
- Quem comprou o toca-fita? - perguntou Thraja.
- Dois irmãos, Ben e Alex, mas não me lembro o sobrenome deles - respondeu Lucas.
- Você tem o contato deles? - perguntou Sam.
- Sim, eu tenho o número de telefone deles - respondeu Lucas.
Lucas entregou o número de telefone dos irmãos Ben e Alex aos caçadores.
- Obrigado - disse Thraja.
- Você tem mais itens relacionados ao Dr. Everett? - perguntou Sam.
- Sim, eu tenho alguns itens aqui na garagem - respondeu Lucas.
Lucas levou Thraja e Sam até a garagem, um espaço amplo e mal iluminado, com caixas e objetos empilhados até o teto. Havia ferramentas espalhadas por toda parte e um cheiro de poeira pairava no ar.
- Estes são os itens que não vendi - disse Lucas.
Havia várias caixas e objetos estranhos espalhados pela garagem.
- O que é isso? - perguntou Thraja.
- São equipamentos de gravação e alguns objetos que meu avô usava em suas pesquisas - respondeu Lucas.
Thraja e Sam examinaram os objetos com cuidado, mas não encontraram nada relevante.
- Você tem certeza que não há mais nada? - perguntou Sam.
- Não, eu acho que é tudo - respondeu Lucas.
Thraja e Sam agradeceram e saíram da garagem. Ao entrar no carro, ainda parados em frente à casa de Lucas, Sam pegou o telefone.
- É hora de ligar para os irmãos - disse Sam.
Eles ligaram para o número fornecido por Lucas e aguardaram.
- Alô? - respondeu uma voz.
- Olá, sou a Thraja. Estou aqui com um amigo para ajudá-los com o toca-fita - disse Thraja.colocando a ligação no viva voz.
- Ah, sim! Obrigado por ligar - respondeu Ben.
- Nós já sabemos sobre as coisas estranhas que vocês estão vivenciando - disse Sam. - Nós assistimos ao vídeo.
- Sim, é terrível - respondeu Alex. - Nós não sabemos o que está acontecendo.
Thraja e Sam olharam um para o outro, preocupados.
- Nós vamos ajudá-los a entender o que está acontecendo - disse Sam.
- Sim, por favor, venham - respondeu Ben. - Precisamos de ajuda.
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