Capítulo 17 - Quebrando uma Maldição - Parte I
- Você tem certeza de que é o irmão dela o Rougarou? - Questionou Simon.
- Sim, o garoto é com certeza o Rougarou. Só precisamos descobrir quem o amaldiçoou. - Afirmou Thraja.
- O que você planeja fazer?
- Sinceramente Simon, ainda não sei o que fazer. Preciso descobrir quem amaldiçoou o garoto e como quebrar essa maldição. Por isso vou ficar mais uma noite aqui.
- Por falar em maldição, eu encontrei um ritual para ajudar a livrar o garoto disso. Vou te enviar tudo por e-mail.
- Precisamos de uma bruxa! - Exclamou Thraja para si mesma. - Vou dar uma olhada procurar os ingredientes, por umas armadilhas e fazer uma vigília pelo hotel à procura do quarto do rapaz.
- É bem provável que quem o amaldiçoou vague pelo hotel. Para ficar de olho no seu brinquedinho.
- A recepcionista e a proprietária parecem muito amigas, e conheci também a camareira mais cedo. - Relata Thraja.
- Pode ser qualquer uma delas ou até um hóspede. Ouvi falar de uma magia de rastreamento, vou pesquisar mais e logo entro em contato. - Avisa Simon desligando.
Thraja percebeu que Simon ficava cada vez mais distante.
A noite já começava a cair, todas as armadilhas já estavam prontas e os ingredientes para o ritual sobre a mesa.
Quando Thraja viu através de sua janela a figura de um rapaz nu vindo do pantano, correr em direção aos fundos do hotel.
Não foi difícil descobrir em que apartamento o jovem ficava, pois seus pés haviam deixado marcas de lama e sujeira pelo piso até o apartamento dezesseis.
Thraja se aproximou cautelosamente levando consigo uma pequena pequena faca de prata.
Foi o objeto mais difícil de encontrar, nas instruções que Simon enviado, Thraja precisava encontrar uma faca fina e longa de aproximadamente 20 cm e que fosse de prata e com cabo de madeira.
Precisou gravar em seu cabo uma pequena Cruz em ambos os lados. E em sua lâmina a frase em latim: "Mors certa, hora incerta" (Morte certa, hora incerta).
A porta estava entre aberta e ouvia-se o barulho de chuveiro ligado.
Sobre a mesa de cabeceira havia um abajur, restos de um lanche amanhecido e uma garrafa com mais da metade da água e com marcas de mãos sujas sobre o rótulo.
Thraja cautelosamente seguiu em direção a garrafa de água e despejou várias gotas da poção de sonolência que havia preparado mais cedo.
Saiu sorrateiramente e ficou de vigia no final do corredor.
Não demorou muito para aqui o garoto saísse do quarto e fosse em direção ao refeitório do hotel.
Thraja que também não havia jantado aproveitou o desfecho e seguiu a mesma direção.
No local não haviam muitas pessoas, um casal de idoso em uma mesa ao canto. Um casal com duas crianças próximo a um enorme janela e a mesa com a recepcionista, a proprietária e o jovem rapaz.
Thraja pegou uma bandeja e colocou o seu jantar. Seguindo em direção a uma mesa próxima do trio.
Um lugar de onde conseguiria jantar e também ouvir a conversa da mesa ao lado.
- Não me venha com desculpinhas, você passou a noite o dia todo fora e não sabe me dizer aonde esteve? Você está usando drogas? - A irmã lhe pergunta.
- Como se ele fosse dizer que estava se realmente estivesse. - Zomba a recepcionista.
- Cale a sua boa, você não sabe se nada. - O rapaz respondeu para recepcionista.
- Então nos conte o que está acontecendo Valtor. - Exigiu a irmã.
- Já disse que não sei, eu tenho apagões e quando acordo estou em algum lugar afastado, não me lembro de nada que aconteceu e na maioria das vezes estou sem minhas roupas.
- Esse garoto está usando drogas pesadas. - Afirma a recepcionista.
- Cale a sua boca Olívia, você nem deveria estar participando dessa conversa.
- Acalme-se Valtor. Mas precisamos dar um jeito nisso.
- E o que você pretende fazer irmãzinha? Vai me colocar em um sanatório assim como a nossa mãe colocou você? - Respondeu rudemente o garoto, se levantando e saindo sem terminar o jantar.
Thraja que a muito já havia terminado a sua refeição e permanecia no local apenas para escutar o restante da conversa.
Levantou segundo depois e seguiu o garoto que começava a cambalear pelo corredor.
Quando Valtor acordou, estava em seu quarto, sentado em uma cadeira.
Thraja havia arrastando a cadeira com o rapaz até o centro do quarto.
- Oi, que bom que você acordou. - Comentou ela. - Logo tudo isso vai acabar.
O rapaz sonolento tentou levantar e só não caiu pois Thraja o segurou pelos ombros e o colocou novamente sentado na cadeira.
- Me deixe sair daqui. Preciso estar longe quando ela chegar. - Balbuciou o rapaz.
- Eu estou aqui para te ajudar, te livrar desta maldição.
- VOCÊ QUER ME AJUDAR, MATE-A... MATE AQUELA VADIA. - Gritou enfurecido com os olhos amarelos e vibrantes.
Thraja mesmo ouvindo os resmungos do rapaz, continuou com o ritual.
Fez um círculo de sal sagrado em torno do rapaz. Acendeu a vela branca de cera de abelha e a depositou no centro do círculo. Segurou o pingente de prata no alto e começou a recitar o encantamento.
- Eu chamo o poder da luz, para aprisionar este ser das trevas. Rougarou, você é um servo do mal, e agora será aprisionado.
Pegou a folha de louro e a depositou no centro do círculo, ao lado da vela de abelha. E salpicando água ao redor do círculo concluiu o encantamento.
- Água sagrada, purifique este lugar, e aprisione este ser das trevas.
Um silêncio ensurdecedor caiu sobre o hotel. E o jovem rougarou que antes estava agitado voltou a se acalmar.
- O que foi isso que você acabou de fazer? - Questionou o rapaz.
- Deixei o espírito do rougarou adormecido por um tempo. Para podermos conversar.
- Eu não quero que ele durma, quero que ele suma. QUE SAIA DE DENTRO DE MIM. - Voltando a se alterar.
- Vamos trabalhar uma coisa de cada vez. - Proferiu Thraja. - Conte-me como você foi amaldiçoado?
Suspiro profundo. - Na noite em que me mudei para cá, para morar com minha irmã. Eu estava desolado, havia perdido minha mãe e mudado todas as minhas rotinas.
Thraja ouvia atentamente a explicação só rapaz.
- Na madrugada sai para o estacionamento para fumar um, e vi a camareira. Ela estava fumando também e ela tinha a aparência tão jovem, tão bela. E depois de conversar um pouco ela me convidou para ir ao seu quarto.
O rapaz pareceu envergonhado mas após um instante continuou contando.
- Começamos a nos beijar e o clima foi esquentando. Então ela me ofereceu água, e é claro que após fumar eu estaria com cede. E após beber a água, apaguei.
O rapaz começou a se mexer desconfortávelmente na cadeira.
- Quando acordei no dia seguinte, ainda estava no quarto dela, porém nu e completamente sujo de lama.
- Ela te contou o porquê de fazer isso com você? - Questionou Thraja.
- Ela queria que eu fizesse algo por ela. Queria que eu assombrasse o hotel e os hóspedes a ponto de minha irmã querer vende-lo. Para que ela comprasse.
- O Hotel? Por que ela quer o hotel?
- Ela diz que o hotel está em cima de um local sagrado, um local de poder. E ela quer usar esse poder para seus próprios fins.
- E você concordou em ajudá-la?
- Não, eu não concordei. Eu disse que não queria fazer parte disso. Mas ela me forçou mesmo assim.
- E agora você está preso nessa situação, forçado a fazer o que ela quer.
Suspiro. - Sim, eu estou preso. E eu não sei como sair disso. Tentei fugir, mas de alguma forma ela consegue me trazer de volta para cá.
- Eu posso ajudá-lo. Mas você precisa me contar mais sobre a camareira. O que sabe sobre ela?
- Seu nome verdadeiro é... Madame LeRoux. Ela tem quase oitenta anos, apesar de aparentar ter no máximo vinte.
- Não a vi hoje nas dependências do hotel. Qual o quarto ela ocupa?
- Ela fica no cemitério, no mausoléu da sua família.
- Eu vou encontrar ela. E eu vou libertá-lo dessa maldição.
- Obrigado... Thraja.
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