Capítulo 15 - O que era aquilo?
Thraja acordou de um de seus habituais pesadelos as dez e meia da manhã.
Seu corpo estava completamente regenerado e pronto para outra luta com um vampiro filho da puta qualquer.
Simon já lhe havia mandado um e-mail extremamente grande, com tudo detalhado sobre o caminho que deveria percorrer até Mill Valley.
Antes de sair do quarto, conferiu sua conta bancária falsa, precisaria fazer alguns saques, necessitava com urgência de roupas novas, suprimentos, um bom café da manhã e gasolina.
A primeira parada foi após duas horas e meia de viagem em Omaha, Nebraska. Uma passada rápido no Kwik Shop Omaha, abasteceu e comprou água. Seguindo viagem em seguida.
Do carro ligou para Simon.
- Já está a caminho? - Questionou Simon ao atender.
- Acabei de abastece em Omaha, vou precisar descansar por algumas horas, prefiro dirigir a noite, este calor está me matando. - Comentou ela.
- Acho que tenho um caso para você em Cozad. - Fala empolgado.
- Cozad fica a umas quatro horas de onde estou. - Responde Thraja. - Qual o caso?
- No Circle S. Motel - um lugar conhecido pelos viajantes - , trocou seu dono a menos de um ano. E desde a mudança sete pessoas já desapareceram sem deixar vestígios. Seus pertences se encontravam em seus quartos, assim como seu carro na garagem, mas nenhum sinal dos donos. - Conta o rapaz.
- E porque acha que tem algo sobrenatural envolvido? - Questionou ela.
- A nova proprietária Agatha Foster tem um blog pessoal de bruxaria, e não é Wicca. - Responde Simon.
- Interessante, você tem quatro horas para descobrir mais coisas sobre a nova dona e os desaparecido, chegando em Codaz volto a ligar. - Pede Thraja.
- Tudo bem, boa viagem. - Deseja o rapaz desligando o celular.
Cozad, Nebraska. Quatro horas depois.
Thraja acabara de passar pela Rodovia 759, pegando a primeira entrada à direita após a placa indicando a cidade de Cozad. O Circle Motel fica na saída da cidade, a poucos quilômetros de uma área pantanosa.
Pegando seu telefone Thraja disca o número de Simon.
O telefone toca algumas vezes antes de cair na caixa de mensagem, e a garota deixa a seguinte mensagem:
- Simon cheguei em Cozad, tentei te ligar mas caiu na caixa postal. Me retorna assim que ouvir esta mensagem, vou direto para o Motel Circle.
Leva pouco mais de meia hora para atravessar toda a cidade e chegar ao Motel escolhido.
O lugar não parecia muito diferente dos lugares em que estava acostumada a descansar. Arquitetura antiga, com quartos individuais e corredores com varandas ligando-os. Um estacionamento enorme, porém descoberto. Os quartos do andar de baixo estava com sua fachada pintada de cinza, enquanto os do andar de cima pintados de vermelho.
Na entrada para a recepção havia uma estrutura de ferro com um S enorme, antes de entrar no local. A porta era de vidro e flores enfeitavam a janela da recepção.
Um sofá de dois e três lugares de couro marrom ocupava a área de estar, com uma mesa de madeira e um carpete escuro. O balcão ficava à esquerda, com mais flores decorando-o e um computador antigo.
A recepcionista estava distraída jogando no celular quando Thraja chegou.
- Olá. - Thraja tirou a sua atenção de seu jogo, a fazendo perder.
- Oi, me desculpa não a ouvi entrar. - Responde a recepcionista.
- Gostaria de um quarto para passar noite. - Pede ela.
- Tem preferência? - Questiona a atendente.
- Sim, o mais longe e calmo possível, preciso de um bom descanso pois meu destino está longe. - Responde Thraja.
- Fica trinta dólares a pernoite. - Fala atendente.
Thraja retira a nota de sua carteira e a deposita no balcão.
- Tudo bem, venha comigo, tenho o quarto perfeito. - Pede a recepcionista, guardando o dinheiro em seu caixa.
Thraja a segue por dentro da recepção, saindo em um dos corredores do segundo andar.
- Você está sozinha? - Questiona a jovem.
- Sim, meu trabalho é bem solitário. - Thraja responde.
- E qual é seu serviço? - Pergunta a moça curiosa.
Thraja sabia que aquilo não era apenas curiosidade, não depois de Simon lhe contar sobre os desaparecimentos.
- Trabalho com vendas, vivo pela estrada. - Responde ele, sabendo que havia chamado a atenção da jovem recepcionista.
- Entendo... aqui está seu quarto, apartamento 56. Ele fica na área atrás, é mais calmo e quase ninguém gosta de ficar por aqui, todos preferem a parte da frente. Mas como deseja poder descansar, este será o melhor quarto. - Comenta a recepcionista. - A propósito me chamo Olivia Trevor. Se precisar de qualquer coisa pode me chamar.
- Muito obrigada Olivia, espero não precisar te incomodar. - Responde Thraja, abrindo a porta e entrando.
Thraja fez seu ritual diário, colocou sal nas portas e janelas, montou seu computador e tomou um banho.
Simon ainda não havia retornado sua ligação, então decidiu que tiraria um cochilo até o rapaz ligar de volta.
Com pouco mais de um hora de sono, o celular de Thraja começa a tocar lhe acordando.
- Alô, Simon? - Atende meio sonolenta.
- Thraja desculpa não atender, estava fazendo algumas pesquisas sobre os desaparecimentos e precisei usar um computador público, o meu simplesmente desligou e não quis voltar a funcionar. - Explicou o rapaz.
- Tudo bem, aproveitei esse tempo para descansar e me sinto nova em folha. Mas o que descobriu?
- Todos os desaparecidos eram pessoas solitárias, trabalhavam na estrada ou não tinham família. Mas uma testemunha do segundo caso, relatou à polícia ter ouvido um uivo de lobo ao redor do hotel na madrugado do desaparecimento. Também disse que olhou pela janela e viu a vítima correndo para fora do hotel em direção ao pântano que fica no meio da floresta. - Relata Simon.
- Interessante, boa há lobos nesta região. Pode ser um lobisomem. - Conclui ela.
- Impossível, nenhuma das vítimas desapareceu em época de lua cheia, poderia ser um metamorfo. - Sugere ele.
- Mas porque iria querer se manter em forma animal e se alimentar de carne se poderia se transformar em qualquer outro ser? Não faz sentido. - Questiona Thraja.
- Antes de sair coloquei meu computador para formatar, já estou reinstalando os drivers necessário e logo estarei de volta nas pesquisas, acho que navegar pela Deep Web deu uma bagunçada no sistema. Assim que acabar a instalação vou fazer algumas pesquisas e te aviso. - Explicou Simon.
- Tudo bem, vou aproveitar que acordei e buscar algo para comer e quem sabe dar uma volta próximo a floresta atrás do hotel, te ligo se souber de algo.
- Ok, faço o mesmo assim que descobrir outro possível ser que tenha forma de lobo e se alimenta de carne humana. Cuidado e mantenha seu celular por perto. Até logo. - Desligando o celular.
Thraja retornava à seu quarto com alguns pacotes de salgadinho e duas latas de refrigerante comprados em uma máquina próximo à entrada para os quartos no primeiro andar, quando ouviu um uivo vindo da direção da floresta.
Não havia tempo para comer, apenas jogou o que comprou na cama, pegou seu celular e sua Browning de 9mm, verificou se estava carregada com balas de prata e saiu em direção ao uivo.
Era noite de lua nova que mau clareava um palmo a frente, mas sua visão modificada ajudava a enxergar com aquela pouca luz.
As estrelas brilhavam por cima das árvores e ciprestes. Grilos faziam sua sinfonia na mata e corujas piavam desesperadas, ao se aproximar do pântano, a temperatura caiu, os sapos coaxavam e graças aos ouvidos apurados, Thraja conseguia distinguir que havia algo mais por entre o pântano.
De repente, ela avistou, uma criatura de pé sobre duas pernas em cima de uma árvore caída e coberta de musgo, uma fera grande e rosnando, com dentes afiados como uma faca, olhos sedentos de sangue. Esse monstro infernal jogou a cabeça para trás, e soltou um novo uivo, de gelar o sangue.
Ela sabia que aquela coisa não era um lobisomem e nem mesmo um metamorfo como ela. Era algo que nunca havia visto.
O animal disparou em sua direção e a garota não perdeu tempo, sabendo que não era algo conhecido, bem provável que suas balas de prata não fizessem efeito, mas com toda certeza atrasaria o animal. Thraja disparou seis vezes e nos últimos disparo ouviu o som do animal reclamando, soube que o havia atingido.
Mas que depressa transformou-se em seu lobo metamorfo e deixando seus pertences para trás fugindo.
Já em seu quarto segura no hotel, lembrou que durante a fuga havia deixado seu único celular para trás.
Ligou seu computador e digitou um e-mail detalhado a Simon. Explicando tudo que lhe tinha acontecido e o que havia descoberto, ficaria trancada em seu quarto durante o restante da noite e ao amanhecer voltaria a floresta para recuperar seus pertences.
Destacando uma frase ao final do e-mail:
Ficaria imensamente grata se durante esse tempo descobrisse que maldito animal era aquele, não quero perder mais tempo neste lugar.
P.S. Aquilo realmente me deixou apavorada.
Bom descanso Simon.
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