Cidade de Boyd, Nebraska 13 de fevereiro de 1953.

A porta se abre, fazendo soar o sino localizado a cima da entrada. Chamando a atenção dos cliente e da garçonete que se encontrava no fundo do café.

O homem esguio atravessou a porta e se sentou na mesa mais próxima, vestia roupas pretas, havia um casaco enorme jogado por cima de suas vestes e um chapéu escuro cobria seu cabelo grisalho e parte de seu rosto.

Todos ali o observavam, ele não pertencia aquele lugar.

- Café? - Pergunta a garçonete.

- Sim, obrigado. - O homem lhe responde.

Enquanto servia o café a garçonete pode observar que o homem estava inquieto, olhava para todos os, lado como se estivesse fugindo de alguém.

- Esta tudo bem com o senhor? - Ela pergunta.

- Apenas faça seu trabalho, sem perguntas. - Lhe responde o homem mal educado.

A garçonete volta então a seus afazeres, sem dar muita atenção ao seu cliente.

Horas se passaram e o homem continuava ali, sentado com sua caneca de café, olhando a todo momento em volta e pela janela.

Quase ao final do expediente, o homem simplesmente se levantou, deixando duas notas ao lado de sua xícara e saiu pela porta, chamando a atenção da garçonete que estava ao fundo limpando e organizando o lugar.

Minutos depois a garçonete é assustada por um ruído horrendo, como de um animal gritando e sendo estraçalhado, mas segundos depois, novamente ouve-se o silêncio. Então a garçonete que acabara seu turno, fecha o café e vai embora.

Cidade de Boyd, Nebraska dias atuais.

Thraja está deitada em um quarto qualquer em um hotel barato de Boyd, a noite anterior lhe esgotou, entrar em um covil de vampiros em um velho hotel caindo aos pedaços enquanto se alimentavam e matar a todos não foi um trabalho fácil, havia sido jogada por diversas vezes contra paredes e móveis, mas graças ao seus genes mutante licantropo seus ferimentos logo estariam completamente curados, precisava apenas ficar em repouso, muita água e umas dez horas de sono.

TOC, TOC, TOC - Alguém batia com força em sua porta.

TOC, TOC, TOC - Senhorita Fontes, abra a porta, policia, sabemos que está aí. - Fala o policial parado em frente à porta.

TOC, TOC, TOC - Sabemos que está aí, vimos seu carro parado aqui na frente e o recepcionista confirmou ser você. Abra a porta. - Fala o policial já impaciente.

- Policial Donavan, devemos arrombar? - Alguém perguntou.

Thraja levantou vagarosamente na primeira batida, juntando seus pertences, facas, bolsa, balas entre outras quinquilharias que usará para derrotar um dos covis do Clã dos Falts, um clã de vampiros que a algum tempo era responsável pelo desaparecimento de vários viajantes pelas redondezas do condado.

Após recolher tudo rapidamente e calçar com certa dificuldade suas botas, abriu lentamente a janela do banheiro, que não era muito maior que a televisão antiga que continha no quarto, Thraja passou com facilidade pelo pequeno espaço, correndo em direção a rodovia que passava atrás do Motel onde havia se instalado, sumindo por entre a floresta que iniciava a metros dali.

Tudo sempre muito bem planejado, lhe rendeu mais uma fuga espetacular, vacilou apenas em ter que deixar seu velho companheiro de viagem o SKY como chamava seu Mustang 1980 vinho, que pertenceu a seu pai, mas sabia que logo o veria.

Caminhou por quilômetros por entre a floresta seguindo o sentido da rodovia, lembrava-se de ter passado por um café à beira da estrada e pretendia aguardar por lá até a noite cair e faltavam apenas algumas horas.

Um grande letreiro dizia Café In a Hurry em um vermelho vibrante.

Thraja não queria chamar a atenção, sua pele clara destacava o roxo dos hematomas obtidos na noite anterior.

Cobriu o rosto com o capuz do seu moletom e empurrou a porta de entrada do café.

Um pequeno sino acima da porta de entrada soou assim que a porta se abriu, fazendo com que todos ali presentes olhassem para a garota que chegou.

Thraja segui em direção aos fundos do café próximo ao banheiro e se sentou em um sofá com uma pequena mesa, de onde era possível ver todos que chegassem e também o banheiro.

Pediu um prato feito com batata frita e milk-shake.

Colocou seu notebook sobre a mesa, abriu a janela de pesquisa e digitou Família Falts e apertou o botão de enter.

Vários sites diferentes falavam sobre a família, afinal uma família rica e importante tem que aparecer em vários lugares mesmo.

Ainda mais o Patriarca sendo um Investidor Multinacional do Petróleo.

Mas, no que Thraja procurava, ia mais fundo do que apenas saber sobre a fortuna da família, ela procurava sua residência, ou algum outro clã pertencente a ele que pudesse estar em algum outro condado.

Passou algum tempo anotando e pesquisando sobre a família e cada membro, precisava estar preparada para quando os encontrasse, eles estariam furiosos por ela ter dizimado o covil inteiro de Boyd.

Mas sua pesquisa não lhe rendeu muito além de valores de ações, prêmios ganhos pela família, nome dos gêmeos e pai.

Mas isto não lhe ajudaria em nada, não haviam fotos de nenhum deles, em canto algum, Thraja não fazia a menor ideia de qual a aparência daqueles que deveria matar.

Sempre ouviu dizer que vampiros não aparecem em fotos por não possuírem almas, mas sempre achou aquela história uma babaquice sem noção para enganar crianças tolas.

Apesar de lhe ser um mistério ter milhares de páginas relacionadas a família Falts e não possuir sequer uma foto deles.

Ela com certeza precisaria da ajuda de seu amigo Simon.

- Boa noite, Simon. - Fala Thraja pelo celular.

- Thraja minha querida, boa noite, já estava ficando preocupado, você não havia ligado ainda, achei que havia encontrado outro hacker para te ajudar. - Fala Simon em tom irônico.

- Você é insubstituível meu querido, como está sua mãe, estou com saudades dela. - Fala a garota.

- Ela está bem, acho que nunca esteve tão bem em toda vida, obrigado, não sei como iria comprar aquela cama sem sua ajuda. - Agradece Simon.

Passam segundos em silêncio.

- Mas o que fez você ligar? - Pergunta Simon, quebrando o silêncio.

- Preciso que pesquise sobre uma família, ela é muito conhecida pelo condado de Dakota do Sul, mas não há absolutamente nenhum fotografia da família, em lugar algum. - Fala Thraja.

- Interessante, qual o nome desta família? - Pergunta Simon curioso.

- Falts é o nome da família, são quatro membros:

- Stefan Falts, o patriarca. - Começou falar.

- Demetri Falts, o primogênito, mais velho dos gêmeos.

- Nerine Falts, a caçula a última dos gêmeos a nascer. - Respondeu Thraja.

- E a matriarca que é apenas mencionada uma vez Callida Falts.

- Interessante, eu vou fazer umas pesquisas aqui e logo entro em contato com você. Beijos se cuida. - Fala Simon, desligando o celular em seguida.

Thraja volta par seu computador e para suas pesquisas, mas agora o foco era outro, a delegacia de polícia de Boyd.

Enquanto pesquisa sobre o lugar e faz algumas anotações importantes, Thraja ouve o som da pequena TV do café, a jornalista está a anunciar uma notícia que deixaria a caçadora interessada.

Ouve-se o som de notícias urgentes na tv.

- Após o incêndio inexplicável no Hotel Falts Luxo, que estava desativado a alguns anos, faz a família Falts voltar a mídia. A família estava fora dos holofotes desde o incidente com a Matriarca da família, Callida Falts. - Fala a apresentadora.

- Ainda bem que aquele moquifo queimou, só servia para abrigar bêbados, prostitutas e drogados. - Fala um dos clientes do café.

- Pensar que aquele já foi um grande lugar, antes da Callida sumir. - Responde a garçonete.

Distraída com a conversa dos ali presentes Thraja leva um belo susto quando seu celular começa a tocar.

- Simon, o que você encontrou? - Perguntou ao atender o telefone.

- Não muita coisa, mas garanto que você vai gostar do que descobri. - Responde Simon.