[5] Seguindo Viagem
Muitas informações sobre a Ordem são extremamente confidenciais, não é qualquer um que pode obtê-las e é por isso que existe uma regra na qual os caçadores são proibidos de falar sobre.
Jisung não era qualquer um e o alfa confia nele de olhos fechados. Se ele não respondeu algumas de suas perguntas antes, foi pelo fato de que o ômega não estava preparado para isso. Além de ter uma certa predisposição a contar confidências sem perceber, se caso ele fosse capturado, seria assustadoramente fácil tirar qualquer informação dele mediante a tortura, e todos os segredos da Ordem seriam expostos.
Pensar nisso o deixou irritado consigo mesmo, por ter feito essa oferta. Mas como ele mesmo reconheceu, havia o subestimado, e agora teria de cumprir com sua palavra.
— Onde fica situada a Ordem coreana? — Jisung começou com a pior de todas.
— Por toda a Coréia.
— Seja mais específico.
— Jackson, você é mesmo uma figura. — Chanyeol comentou. Ele havia voltado da cidade há poucos minutos, para a infelicidade do outro alfa. O clima estava bastante agradável sem a presença dele e seus comentários óbvios.
— Saia daqui. — Jackson exigiu.
— Eu não, a casa é minha. Sai você.
— Chanyeol — Jisung o chamou —, você poderia fazer a gentileza de ficar quieto enquanto meu alfa responde às minhas perguntas?
Chanyeol olhou para o outro caçador, como se esperasse ele voltar atrás com sua decisão sobre responder as perguntas em relação a Ordem. Mas Jackson apenas suspirou apático, esperando por sua reação.
Jisung às vezes tinha o dom de deixar qualquer um sem reação, naquele momento, Jackson o amou mais do que nunca, pela forma que lidou com Chanyeol, deixando-o ligeiramente sem escolha.
— Claro, Jisung. — Ele respondeu com o mesmo sorriso simpático de sempre. — Jackson sabe o que está fazendo. Não é mesmo, Jack?
Chanyeol jogou o corpo na poltrona e fingiu não se importar. Mas seus olhos e o modo inquieto como movia as mãos, mostravam o quanto estava incomodado com aquela situação.
Na Ordem, ele era um precursor, ou seja, um caçador especialista em torturas. Chanyeol era mestre no que fazia, e tinha conhecimento de tudo o que poderiam fazer com aquele ômega, caso quisessem tirar informações dele sobre os caçadores.
Sua preocupação era com o ômega de seu amigo, não apenas com a instituição à qual pertenciam. Mas Jackson não tinha escolha, ele prometeu que o faria e não poderia voltar atrás com sua palavra.
— Há várias entradas que levam a base subterrânea da Ordem. — Ele contou, voltando a encarar seu ômega. — Na torre de uma igreja, na estátua de uma praça, no porão de uma taberna... enfim, em todos os lugares que você imaginar, haverá uma passagem que levará a um caminho para o submundo de Busan. A Ordem.
— Eu nunca imaginei… — Imagens das ruas de onde vivia começaram a se formar na mente do ômega.
— Você precisa me prometer, Jisung, que nunca, NUNCA vai tentar procurar uma dessas passagens. Nunca! O lugar é cheio de caçadores, com instruções para matar qualquer um que por acaso encontre uma das passagens e descubra nossa localização. Não seja tão afobado, você vai conhecer nossa Ordem no tempo certo. Me prometa que nunca vai tentar algo assim sozinho.
— Eu prometo. — Jisung respondeu seriamente e o alfa sentiu um grande alívio.
Embora fosse curioso, Jackson podia sentir pela marca que ele estava sendo sincero.
— Próxima pergunta?
— Quem é o seu líder? — O ômega não estava pegando leve.
Aquela pergunta ultrapassou qualquer limite de bom senso que Jackson poderia ter. Chanyeol movimentou-se incomodado mais uma vez e o alfa olhou para ele, esperando que dissesse alguma coisa. Mas ele ficou quieto e Jackson moveu sua atenção para Jisung novamente, quando respondeu:
— Se chama Lee Seungho.
— Alfa lúpus, descendente do fundador da Ordem. A sexagésima terceira geração de caçadores. — Chanyeol continuou. — Considerado o maior caçador de todos os tempos, por ter capturado o notório Francis Bonny.
Jisung estava chocado quando olhou para Chanyeol. Aquela informação certamente o pegou de surpresa. Embora tenha conhecimento da história de Francis Bonny, o ômega não imaginou que ele tenha sido capturado por um caçador. Não, com todos os grandes feitos que conhecia do infame pirata. Mas sua surpresa não se deu apenas a essa descoberta, mas também ao fato de que Francis foi o pai de Jackson, e ele se tornou um caçador mesmo tendo conhecimento das circunstâncias.
O alfa nunca teve tanta vontade de matar uma pessoa, como sentiu naquele momento com relação a Chanyeol.
— Jack… — Jisung iniciou, mas foi interrompido:
— Não. Acho que já chega de perguntas por hoje.
Jackson levantou-se do sofá e puxou o ômega consigo, para um dos quartos. Esse não era um assunto no qual ele conseguia lidar de maneira indiferente. Toda a sua raiva era somente mal direcionada.
Sua revolta não era exatamente contra o pai, pois ele tinha em mente apenas boas lembranças onde Francis cantava para ele no cais do porto de Nabuco, ou nas vezes onde o ômega treinava com seu filho, entre as tulipas plantadas no jardim. Francis Bonny não largou Jackson para viver pelos mares.
Era certo que ele era um pirata e amava sua condição, mas ele tinha Jackson e sua alfa, Sarah, como as maiores preciosidades em sua vida. Tudo era em função deles. Até mesmo quando exercia seu ofício, sua mente e coração estavam com eles, e sempre fazia o impossível para retornar com frequência a sua família. Se não os levava consigo, era pelo fato de que a vida de um pirata era extremamente perigosa, mas quando começou a juntar o Imperium, tinha em sua mente procurar o tesouro na companhia de seu filho.
Mas, as consequências que os trouxeram a este momento, levaram Jackson a odiar a pirataria, pois, se ela não existisse, seu pai nunca teria sido um capitão pirata executado pela forca. Sobre isso, Jisung plantou uma semente em seu coração que estava crescendo sem controle. Seu pai foi um pirata criminoso, que vivia ausente cometendo seus crimes e roubando embarcações alheias. Não era porque ele guardou um brinquedo de Jackson no tesouro durante todo esse tempo, que merece ganhar o título de pai do ano.
No entanto, por que Jackson estava com essa dúvida lhe consumindo? A quem devia a sua lealdade? Ele precisava de um tempo sozinho, mas também não queria deixar Jisung a sós com Chanyeol.
Tinha conhecimento de que seu ômega é muito curioso e Chanyeol sabe muito sobre o amigo. Jackson não daria a ele a chance de deixar o ômega ainda mais cismado.
— Jack... — Jisung tentou mais uma vez, quando ele o abraçou deitando-se consigo na cama. — Eu sei que você não quer falar sobre isso…
— Acertou. Não quero.
— Tudo bem. Só quero que saiba que quando quiser conversar comigo, ou apenas falar o que está sentindo, eu posso ser um bom ouvinte. Prometo que não vou falar nada, só ouvir.
Jackson o apertou ainda mais contra seu corpo, perguntando-se o que fez para merecer alguém como ele. Às vezes o alfa tinha a impressão de que estava sonhando desde que o viu pela primeira vez.
— Obrigado. — Beijou seu rosto, e Jisung aninhou-se confortavelmente entre seus braços.
Aos poucos, percebeu que a respiração do ômega tornou-se calma, e quando notou que ele já estava em sono profundo, Jackson levantou com cuidado e saiu do quarto, à procura de Chanyeol.
Assim que desceu as escadas, encontrou o alfa ainda sentado de frente a lareira, fumando seu charuto enquanto observava o crepitar das chamas.
— Que merda foi aquilo? — Jackson perguntou assim que cheguei no último degrau.
— Hm? — Chanyeol olhou para trás e soltou um bolo de fumaça. — Se vai mesmo deixá-lo informado sobre os segredos da Ordem, então precisa contar tudo, pequeno Jack.
— Eu falei pra você não tocar nesse assunto com ele. Você quer morrer? E pare de me chamar assim!
— Nós sabemos que você não me mataria, então vamos pular a parte das ameaças. — Disse despreocupado assistindo o outro revirar os olhos. — Você pode ser o melhor em rastrear pessoas, Baek e Yoongi em assassinar... Mas eu sou o melhor na arte da tortura... você sabe qual é a minha preferida? — Chanyeol fez uma pausa dramática esperando que ele perguntasse qual era. Mas Jackson permaneceu em silêncio, obrigando o outro a continuar:
— A psicológica. Eu só preciso de uma informação para ativar um gatilho na mente do indivíduo, e ele vai se torturar sozinho, fazendo meu trabalho por mim.
— Vá direto ao ponto.
— Sabe, esse é o problema das pessoas. A pressa. Ela te impede de desfrutar com detalhes cada momento.
— Acho que você já fumou demais, não acha?
Chanyeol riu.
— Você está diferente. Eu posso sentir o quanto você está torturando seu psicológico com o assunto do seu pai. Depois de anos de experiência, essa coisa toda fica bastante nítida pra mim.
— Eu só vou avisar dessa vez, Chanyeol, não se meta nesse assunto.
O alfa jogou o restante do charuto nas chamas e ergueu as mãos.
— Tudo bem. Mas lembre-se que o único que pode decidir o que te afeta ou não, é você.
Chanyeol se levantou e apagou o fogo da lareira. Em seguida, ele foi para o seu próprio quarto, e Jackson seguiu para o seu, onde encontrou Jisung ainda dormindo encolhido no cantinho.
Juntou-se a ele, abraçando-o, e aqueceu o Ômega durante toda a madrugada restante.
⚔️
Assim que amanheceu, apanharam uma diligência e seguiram pelas estradas de volta para a Coréia. Como já havia concluído sua missão, Chanyeol decidiu que viajaria com eles. Viagens por terra costumam ser tão perigosas quanto pelo mar.
As estradas vivem cercadas por bandidos salteadores, o fato de Chanyeol ter ido junto, só ajuda nos planos de Jackson, de manter Jisung seguro. Por outro lado, ainda estavam no quarto dia de viagem, e ele sentia que essa viagem seria muito mais cansativa, com esse Chanyeol enchendo a cabeça do ômega com bobagens.
— A maioria de nós treina desde criança — Chanyeol disse, ele estava conduzindo os cavalos — , mas não se preocupe com isso, são apenas pequenos detalhes.
— Pequenos detalhes? — Jisung olhou para Jackson com o semblante cheio de espanto.
— Não dê ouvidos a ele. Chany nasceu com uma parte a menos do cérebro.
Jisung sorriu parecendo aceitar bem o conselho, mas o alfa sabia que por dentro ele continuava muito preocupado com seu desempenho.
— Estou vendo um lugar onde podemos descansar. — O que guiava os cavalos avisou.
— Está cansado? — O outro indagou a Jisung.
— Um pouco.
Jackson indicou que ele podia parar, e o mesmo estacionou a diligência dentro de um bosque, em uma área onde era possível ouvir o barulho da água correndo por um rio.
Assim, ergueram um pequeno acampamento que não chamasse a atenção de outros possíveis viajantes, ou até mesmo assaltantes.
— Eu quero caminhar um pouco. — Jisung esticou o corpo.
— Tudo bem, mas não se afaste muito. Leve suas armas.
O ômega assentiu pegando a katana, e começou a explorar andando pelas redondezas, sempre as vistas atentas do caçador.
— Imagina se a primeira missão dele fosse caçar o próprio irmão. — Chanyeol começou com suas indagações.
— Lee não faria isso. Yoongi está com eles, seria uma missão impossível para Jisung neste momento. — Isso, além do Capitão Jeon e sua tripulação, mas Lee não conhecia nenhum outro tão bem quanto seu antigo caçador que largou a Ordem para se tornar pirata.
— Não, se você o ajudar.
— Eu não vou ajudá-lo. Ele vai concluir sua missão sozinho. Eu sei que ele é capaz.
— Pequeno Jack, você está muito apaixonado. — Chanyeol brincou.
O amigo não se deu ao trabalho de responder. Ambos continuaram em silêncio na falha tentativa de atear fogo em alguns gravetos, até que observaram:
— Não está silencioso demais?
Jackson ergueu o rosto automaticamente à procura do ômega, mas não o encontrou. Ele pegou as armas e foi procurá-lo pela floresta. Não foi difícil encontrá-lo. Jisung deixou um rastro muito visível por onde passou.
O caçador pôde sentir seu cheiro por cada árvore que ele passou a mão, enquanto seguia por aquele caminho. Observou também que ele deve ter brincado com algumas flores, devido as pétalas que estavam espalhadas pelo chão, formando uma tênue estrada que o levou até o rio.
Jisung estava sentado em uma das rochas que formavam uma pequena corredeira, onde a água passava entre as pedras. Ele capturou a água com as mãos em forma de concha, e jogou sobre os ombros. Jackson invejou cada gota que desceu pelo seu corpo. Só então quando ele percebeu sua presença, o alfa notou que estava parado e com a boca aberta, observando-o por um longo tempo.
— Você me assustou. — Jisung arquejou, entrando na água para esconder o corpo.
Ainda que a água fosse incolor, a maldita pedra cobria boa parte da perfeição que o Alfa estava admirando. Ele se aproximou contornando-a, para então ter a visão de seus ombros delicados novamente.
— Jack?
— Uhm? — Limpou a garganta. Estava com a boca aberta outra vez e não percebeu. — Eu falei para não se afastar muito.
— Mas não vim tão longe. — Jisung passou as mãos úmidas pelo pescoço e foi descendo até o peito. O alfa acompanhou cada movimento. — Eu precisava de um banho.
Sua atitude tímida quando o viu, de esconder o próprio corpo, só mostra o quanto ele não faz ideia do quão provocante fica quando faz esse tipo de coisa.
— Onde está a sua katana? — Mudou de assunto, para não deixar que seus pensamentos libertinos assumissem o controle.
— Está bem alí, perto daquela árvore. — Jisung apontou para um jovem salgueiro, com raízes grossas.
— Deixou a sua arma longe do seu alcance?
— Eu não queria molhar… — abaixou a cabeça tentando esconder o rosto corado, e começou a mexer nos próprios dedos submersos.
Jackson subiu na rocha em que o ômega estava sentado e ficou agachado sobre ela. Ele o instruiu diversas vezes para que não desgrudasse de sua arma, mas Jisung permanece agindo como se cada lugar fosse seguro para ele.
O alfa soube que ele entendeu que errou, podia sentir. Mas são atos que podem custar sua vida. Se lições teóricas não foram suficientes para ensiná-lo, estava na hora de tomar uma abordagem mais prática.
— Terminou seu banho? — Jisung balançou a cabeça em resposta, dizendo que sim. — Vamos voltar pro acampamento.
Ficou esperando ele se vestir, mas o ômega permaneceu com parte do corpo submerso.
— Pode virar pra lá? — Jisung perguntou embaraçado, apontando na direção em que o alfa veio.
Jackson sorriu, balançando a cabeça, assentindo. Caminhou de costas concedendo a privacidade, e assim que ele vestiu as roupas, ouviu os passos do ômega atrás. Ele girou para entregá-lo as armas, dando-lhe mais uma chance de se manter com elas e ensinando mais uma vez:
— Essa katana é uma extensão de seu corpo, nunca deixe em qualquer lugar. Ela pode ser a grande diferença entre viver e morrer. Mantenha suas armas sempre por perto.
— Certo. Eu entendi. Me desculpa, eu não vou fazer de novo.
Jackson passou os dedos entre seus cabelos levemente úmidos e o beijou em sua testa. Ele sabia que Jisung faria outra vez. Ele estava acomodado por ter dois caçadores viajando consigo, por isso acreditava que não havia necessidade em carregar as armas para todo lugar que fosse, se não tinha a intenção de usá-las.
O alfa segurou em sua mão e ambos entrelaçaram os dedos. Eles seguiram de volta para o local de descanso. Assim que chegaram no acampamento, encontraram Chanyeol vermelho de raiva, ainda tentando criar uma faísca para acender a fogueira.
— Acende isso com pólvora. — Jackson indicou sem paciência. Ele puxou uma pistola e apontou para os gravetos e folhas secas dentre as lenhas mais grossas.
— Não precisa desse trabalho todo pra acender uma fogueira. — Jisung o impediu de atirar e correu até suas coisas procurando por algo. Chanyeol e Jackson apenas observaram.
O ômega voltou trazendo consigo a lente de uma luneta, e um pedaço de pergaminho. Ele a colocou contra os raios do sol e esperou pacientemente. Pouco tempo depois, uma fumaça subiu entre os ramos e o fogo surgiu logo em seguida.
— O que seria dos alfas se não fosse a inteligência dos ômegas. — Jackson comentou fazendo Jisung sorrir enrubescendo, enquanto retornava para guardar a lente da luneta.
O caçador aproveitou seu afastamento momentâneo para compartilhar com Chanyeol seu plano de ensinar a Jisung, com a prática, porque não deveria se separar de suas armas.
— Preciso de sua ajuda. — Afirmou baixo para que o ômega não escutasse.
— O que foi?
— Quero que assuste o Jisung quando o vê sem sua arma.
— Eu já ia comentar isso com você, ele larga a katana em qualquer lugar.
— Já ensinei a ele que não deve ser assim, mas parece que só vai aprender com a prática.
— Tudo bem, mas isso pode não surtir o efeito que você espera.
— Apenas faça como eu disse e não o machuque.
Chanyeol assentiu. Podia não estar completamente de acordo com o plano de Jackson, mas iria apoiá-lo.
Continua...
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