[40] Em Preparação
Boa leitura:
Ficar prestando atenção na conversa dos bucaneiros, com Chanyeol junto, impede qualquer um de ver o tempo passar. Eles falam muitas bobagens mas não deixam de ser engraçados com sua espontaneidade. Nem parece que um é amante das torturas mais cruéis e dolorosas, e os outros matam e saqueiam navios.
Ainda sorrindo com as bobagens ditas por eles, Jisung olhou para baixo e sentiu seu coração falhar uma batida quando viu que Jungwon não estava do seu lado. Começou a procurá-lo feito um louco, até encontrar o menino no fundo da embarcação, abraçando Jackson.
Aproximou-se devagar a tempo de ver o abraço sendo desfeito e seu sobrinho chorando baixinho. Assim que o viu, o caçador se assustou e afastou-se do menino, dando alguns passos para trás.
— Eu não fiz nada. — Disse, erguendo as mãos.
— Por que você tá chorando, Jun? — Se aproximou do sobrinho e o pegou no colo. — Olha o que eu tenho para você.
Jisung entregou a ele o boneco que pertenceu a Jackson, e ele parou de chorar, mas manteve um pequeno bico melancólico. Ele encostou o boneco no peito e apoiou a cabeça no ombro do tio.
— Por que está chorando, hm? — Repetiu a pergunta e sentiu o pequeno negando com a cabeça.
Jisung olhou para seu alfa em busca de alguma resposta e ele respirou fundo desviando o olhar. Jackson estava incomodado. O ômega sabia que ele não fez nenhum mal ao seu sobrinho, mas gostaria muito de entender o que havia acontecido. Ele poderia ter assustado o pequeno sem ter a intenção.
Neste mesmo instante, a porta da cabine foi aberta e Jimin saiu, chamando pelo irmão. Por pouco ele não viu a mesma cena que Jisung presenciou, e pelo que sabe do quanto os ômegas são protetores com seus filhotes, Jimin mataria o Jackson antes de querer saber o que aconteceu.
— O que houve? — Ele perguntou assim que viu o filho choroso nos braços do irmão.
— Ele estava chorando, mas não sei porque… — Ele realmente não sabia.
Jimin franziu o cenho e o pegou no colo, Jungwon se aninhou mais confortavelmente nos braços dele, envolvido pelo aroma de jasmim.
— O Jungkook mudou de ideia, nós vamos pra Busan matar esse tal de Lee Não Sei das Quantas. Vamos precisar de todas as informações sobre essa Ordem.
— Como você conseguiu? Ele parecia irredutível.
— Tenho meus recursos… — Jimin sorriu desviando o olhar. — Avise ao seu alfa e seus amigos caçadores. Se eles estiverem dispostos a receber ajuda de piratas, estamos prontos.
Dito isso, ele voltou com o filhote para a cabine. Ainda com o canto dos olhos, Jisung viu quando Baekhyun ameaçou jogar Sven no mar, e outros piratas riram. Voltou sua atenção para a popa e Jackson permanecia de costas, encarando o oceano. Ele se aproximou devagar até ficar ao lado do alfa, e o abraçou de lado.
— Por que ele estava chorando? — Perguntou suave..
Jackson demorou para responder. Ele continuava olhando diretamente para o horizonte deixado para trás, como se estivesse em outro mundo.
— Não sei… — Ele respondeu e demorou um pouco mais para continuar: — Estou mais interessado em saber porque ele tem o mesmo aroma do meu pai, e porque eu sinto ele naquele menino. É como se fosse o lobo do meu pai. Eu não sei… isso é muita loucura.
— Você fez alguma pergunta a ele? Por isso ele chorou?
— Eu não fiz nada! — Jackson aumentou o tom de voz e em seguida diminuiu: — ouvi sua conversa com seu irmão. Com eles, acho que temos uma chance de invadir a Ordem.
Jisung deslizou a mão pelas costas dele até a nuca e o fiz olhar para si. Permaneceu encarando seus olhos castanhos, e Jackson o encarou de volta. A outra mão foi apoiada no rosto do caçador.
— Eu sinto você… você me sente também? — Ele continuou encarando os olhos castanhos. — Eu amo você.
— Eu sinto. — Jackson fechou os olhos e encostou a testa na dele. — Amo você.
⚔️
Quando a noite se aproximou, Jisung ajudou o cozinheiro, Jimin, Taehyung, Billy, Scott e alguns outros bucaneiros a fazer o jantar. Eles reclamavam a cada minuto, e se xingavam por qualquer coisa, mas por incrível que pareça era um ambiente agradável. Jisung sentia-se em família, uma sensação nostálgica.
Assim que todos foram devidamente alimentados, uma reunião foi iniciada no convés, com a presença de todos os tripulantes. Os piratas se espalharam pelo pavimento, formando um grande semicírculo. Os caçadores ficaram juntos em um canto, Yoongi também estava com eles. O Capitão Jeon estava de frente para todos, com Namjoon e Jimin ao seu lado.
— Sei que nosso plano era voltar a ilha dos Kangaroo, pegar uma parte do tesouro e equipar o navio para novos saques — O Capitão iniciou, falando com a tripulação. — Mas surgiu um contratempo… — Ele disse olhando para os caçadores, depois para Jimin, que sorriu para ele. Jeon continuou: — Cada um tem direito a voto, então se não quiserem ajudar eu não vou obrigar.
Houve uma movimentação inquieta e murmúrios entre os piratas. Namjoon ergueu a mão e todos se calaram. Dessa vez, Jimin que começou:
— Meu irmão está sendo ameaçado por Lee Seungho. — Alguns rosnados furiosos escaparam a garganta dos piratas. — Sim, é o líder dos caçadores…
— Tá olhando o quê, idiota? — Baekhyun perguntou a um pirata que o olhava de cara feia.
— Ele está do nosso lado, Odon. — Jimin afirmou, e o pirata suavizou suas feições. Ele continuou: — Como o Jungkook disse, ninguém será obrigado a ajudar, mas saibam que esse é um momento em que todos deveríamos nos unir, por um bem muito maior. Precisamos de vocês.
— Os caçadores não estão com a Marinha? — Sven perguntou.
— Sim. — O Capitão respondeu. — Mas não vamos entrar na guerra. Fazemos o que temos de fazer e vamos zarpar para longe.
— E ficaremos mais três anos sem voltar para a costa asiática?
— E qual o problema? — Namjoon perguntou.
— E Folsom?
— Há bordéis em outros lugares.
— Mas Folsom é o melhor de todos.
— Todas aquelas pedras preciosas...
— Com licença — Seokjin tomou a fala. — Mas como exatamente o foco da reunião foi parar nos bordéis de Folsom?
Os piratas se entreolharam em silêncio. Uma voz se sobressaiu na quietude:
— Eu sinto muito, Capitão. Eu quero a minha parte do tesouro e vou desembarcar em algum lugar.
— Também não posso ajudar.
Um por um, alguns bucaneiros foram se revelando contra o plano de invadir a Ordem. Jisung meio que já esperava por isso, logo não ficou decepcionado.
— Vocês esqueceram que se não fosse o Jisung, vocês nem ao menos teriam a chance de ver todo aquele tesouro — Yoongi afirmou, sentado entre Jackson e Baekhyun. — Foi ele que decifrou o enigma dos olhos de um alfa lúpus, e também foi graças a ele que entendemos como abrir a porta do esconderijo do Imperium.
Os piratas que se mostraram contra, engoliram em seco e era quase palpável o quanto eles se sentiram culpados. Eles voltaram para suas posições e permaneceram em silêncio.
— Temos um plano? — Hoseok perguntou. — Pode ser muito divertido explodir aquele lugar.
— Você não está exagerando um pouco, meu querido? — Taehyung perguntou, o atirador deu de ombros.
— Não é uma má ideia — Jackson falou pela primeira vez. — Mas tem muitas crianças órfãs sendo treinadas no subsolo. Elas seriam enterradas vivas.
— Se Lee Seungho for morto, a Ordem escolherá outro líder, certo? — Jimin perguntou, Jackson assentiu balançando a cabeça.
— Isso vai se tornar um círculo infinito…
— Acho que não — Yoongi articulou. — Ele estará mais preocupado em reerguer a Ordem. Porque a ideia do Hoseok não é de todo ruim...
— Vocês estão considerando matar várias crianças só para atingir seus objetivos? — Jimin perguntou, chocado.
— Eu sou um dos mentores da Ordem. — Chanyeol contou. — Será fácil removê-las de lá. Posso mandar todas elas em uma missão de treinamento.
— Então essa é a hora de se manifestar — o Capitão expressou. — Quem não quiser participar dessa investida poderá desembarcar em Folsom, ou Nabuco. Mas quem permanecer no Black Swan, seguirá com o plano até o final, e em caso de insubordinação já sabem qual a punição.
O Capitão aguardou em silêncio. Os piratas ficaram ponderando por um tempo, conversando entre si, mas nenhum deles escolheu desembarcar em qualquer ilha, sendo de acordo com os termos. No final da reunião, decidiram continuar seguindo para a Ilha dos Kangaroo.
Em três semanas, o porão estava com uma grande quantidade de ouro e o Black Swan seguiu as rotas para a Ilha de Cabuga, onde se encontra o maior estaleiro de conserto de navios pirata. Dahyun sentiu-se no paraíso. Era possível ver seus olhinhos brilhando enquanto seguiam pelo estaleiro.
Seguiram em grupo Jisung, Jackson, Hoseok, Namjoon, o Capitão Jeon e Jimin, em busca de novas artilharias e peças para os consertos do Black Swan. Serão instalados dois morteiros na traseira do navio, e novas velas.
Os consertos estavam demorando, mas durante as semanas que estiveram nessa Ilha, nenhum caçador ou a Marinha não se atreveu a se aproximar por uma milha sequer. Todo o perímetro é vigiado e apenas navios piratas têm a permissão de se aproximar de Cabuga. Durante o início da guerra, pelo menos, os piratas se tornaram mais unidos entre si.
— O jovem Capitão que pôs as mãos no Imperium decidiu se juntar à guerra, então? — um alfa perguntou ao seu aproximar.
A notícia de que o Black Swan conseguiu o tesouro se espalhou pelo mundo, e todos já sabiam quem com o Imperium estava. Jimin até contou que alguns navios tentaram saqueá-los, mas obviamente sem sucesso.
— Não — Capitão Jeon respondeu. — Mas o que faremos beneficiará os piratas, em todo o caso.
— De certa forma isso o colocará na guerra — o bucaneiro insistiu. — O meu Capitão deseja vê-lo. É algo que certamente é do seu interesse.
— Você não vai sozinho. — Jimin determinou. Ele e o Capitão Jeon ficaram discutindo entre si, apenas com o olhar.
O pirata que estava falando com o Capitão do Black Swan riu.
— Então é verdade o que dizem.
— O que dizem? — Jisung virou-se, curioso.
— Que quem manda na tripulação do Black Swan é um ômega.
Jisung mordeu o lábio para não rir, concordando com o que ele afirmou. O Capitão Jeon pigarreou logo atrás, e então decidiu:
— Diga ao seu Capitão que estarei na taberna ao anoitecer.
Jimin o seguiu quando seu alfa se retirou, e Jisung ainda pôde ouvir seu irmão reiterando o que afirmou anteriormente. O pirata também saiu, certamente para informar ao seu Capitão sobre o encontro. No fim, todos se dispersaram e eu Jisung retornou para o Black Swan, que estava ancorado próximo ao cais do estaleiro.
Jisung observou encantado as duas crianças sentadas juntas no convés. Chanyeol, Jackson e Baekhyun estavam conversando com Yoongi próximos da proa, mas o ômega escolheu se juntar a Taehyung e Sungjae, que estavam tomando conta das crianças.
Sungjae estava em sua segunda gravidez. Suas pernas esticadas e as costas apoiadas em uma enorme caixa de madeira, o deixava em uma posição completamente relaxada e confortável. O navegador ao seu lado, dividia os olhares entre um livro e as crianças.
— Está com quantos meses? — Jisung perguntou assim que sentou perto deles.
— Não sei. Seokjin acha que uns quatro ou cinco. Mas a julgar como eu estou parecendo uma bola, devo estar prestes a dar a luz.
— Você não parece uma bola, Sung. — O ômega afirmou.
— Estou sim. Se eu cair, sou capaz de sair rolando por aí.
Jisung franziu o cenho olhando para Taehyung, e o mesmo negou com a cabeça. Sungjae suspirou, irritado.
— Estou com sede, Scott. Onde está minha água!?
— Já estou indo, amor. — Scott se aproximou, fez carinho em seu filhote e em seguida, beijou o ômega dele entregando uma caneca com água. — Você não acha mais confortável ficar nas cobertas inferiores?
— E morrer no tédio profundo? Não. Me deixe aqui.
— Por isso que eu nunca quis ter filhos — Jackson se aproximou. — ômegas ficam muito manhosos durante esse período. Chega a ser insuportável.
— Verdade — Scott concordou sorrindo.
Sungjae bateu a palma das mãos no chão de madeira.
— Então é isso o que eu sou para você, Scott?! — Ele se levantou devagar, sendo ajudado por Taehyung. — Uma bola que só serve pra trazer seus filhotes ao mundo? — Chocado, o alfa abriu a boca para responder, mas Sungjae foi mais rápido: — Eu estou gordo demais pra você, não é? Pode falar a verdade!
— Não, amor... — Scott se aproximou dele, mas o ômega que já estava com os olhos marejados desviou de seus braços e seguiu para as cobertas inferiores.
— Não me siga!
Scott sentou-se em uma caixote, com o semblante triste e atordoado. Taehyung fechou o livro e suspirou incomodado.
— Precisa de um mapa para ir atrás dele, Scott?
— Mas ele disse para não segui-lo.
— Você precisa entender que para os ômegas, às vezes, as palavras têm sentidos diferentes… um não significa sim, um talvez significa não… É preciso ler entre as entrelinhas — O navegador explicou, mas Scott pareceu ainda mais perdido. — Não tem o que pensar, Scott. Só vai atrás dele.
Scott respirou fundo e desceu para o interior do navio. Taehyung olhou para Jisung e revirou os olhos enquanto balançava a cabeça. Talvez o ômega esteja um pouco de acordo com esse pensamento, pois quando diz não a Jackson, muitas vezes estou querendo dizer sim, o caçador interpreta isso muito bem.
— Minha sorte é que meu ômega não quer filhotes. E eu também não. — Jackson o beijou. — Por onde esteve?
— Acompanhando a confecção do segundo morteiro, com o Capitão e o Jimin.
— Vou com o Baek em busca de um escultor, ele precisa de mais flechas.
Jisung assentiu e logo após outro beijo, seu alfa desceu pela rampa sendo acompanhado pelo arqueiro. Jisung voltou seu olhar para as crianças que estavam brincando, Jungwon tinha os olhos do Capitão mas seus traços também lembravam os de Jimin. Já o pequeno Jay, filho de Sungjae, parecia mais com Scott do que com o próprio ômega.
Jay tomou conta do boneco que Jisung entregou ao sobrinho, mas Jungwon não pareceu se importar muito, ele sorria para o alfa brincando com ele também.
— Você realmente nunca quis ter filhotinhos? — O ômega ergueu a cabeça ao ouvir a pergunta de Taehyung. O navegador sorriu e apontou para as crianças: — Não parece, pelo jeito que está olhando para eles.
Jisung também olhou para os meninos e novamente para o beta. Não soube bem o que responder, e senti-se confuso, com certa hesitação. Ele realmente nunca desejou isso para si, porém, a sua vida mudou tão drasticamente, que o ômega não havia parado para pensar nessa possibilidade.
— Não. — Respondeu automático, mas algo dentro de si, dizia que seria bom ter um filhotinho de Jackson. Acabou sorrindo sem perceber.
— Sei… — Taehyung sorriu também.
Neste momento, alguns piratas retornaram ao Black Swan, trazendo alguns dos itens que seriam montados no navio. Hoseok estava entre eles, muito ansioso para o que estava sendo feito.
— Me ajuda a levar eles dois pra cabine? — O navegador pediu, se referindo às crianças.
Jisung pegou o alfa enquanto Taehyung ficou com Jungwon. Jay era tão pequenino, tão fofinho que o ômega não se conteve e brincou um pouco com ele, enquanto seguia para a cabine. Ambos colocaram os dois na cama do Capitão e o pequeno alfa sorriu para Jisung, brincando com o cabo de sua katana. O ômega bservou o pequeno por alguns segundos e sorriu.
A pergunta que Taehyung o fez ainda estava o inquietando. Ter filhos… Agora que não era mais um caçador, talvez essa possibilidade seja repensada. No entanto, Jackson deixou claro que não quer, então Jisung não sabe realmente se seria possível. Optou por abandonar esses pensamentos, e se concentrar no que realmente importava no momento.
Continua...
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