[39] Aliados
Boa leitura:
— Tsc! — Yoongi estalou a língua. — Você não precisa me ensinar o meu trabalho.
O espadachim passou por eles e avançou na direção dos camarotes. Hoseok seguiu logo atrás, e logo outros bucaneiros os seguiram. O contramestre ordenou que mais dos piratas o seguissem até o porão de carga, enquanto Jisung ainda piscava, situando-se naquele momento.
Não era um ataque de caçadores atrás de ele. Era um ataque de um navio pirata. O Black Swan. Eles estavam saqueando a embarcação mercante.
Com o canto dos olhos, Jisung viu quando seu alfa retornou para as cobertas inferiores. Voltou sua atenção à prancha disposta entre as duas embarcações e caminhou na direção dela. Quando subiu na viga de madeira, viu o Capitão Jeon passando para dentro da cabine e Jimin seguindo logo atrás. Seus olhos se encheram de lágrimas e ele nem se preocupou se poderia cair por não estar enxergando direito, ou se ia derrubar algum pirata no mar, saiu correndo em disparada na direção do navio pirata.
Por ser um alfa lúpus e ter o olfato mais aguçado que os demais, assim que Jisung pulou no convés do Black Swan o Capitão sentiu seu aroma espalhando-se pelo convés. Jungkook travou na porta e olhou para trás. Seu olhar cruzou com o do ômega, e este pôde ver a surpresa em seus olhos.
Jimin falou algo com seu alfa, que Jisung não pôde ouvir, mas conseguiu ler quando os lábios do Capitão disseram: “seu irmão”, e Jimin no mesmo segundo olhou para trás. Seus olhos quase saltaram para fora assim que viu seu irmão mais novo.
Foi como uma força magnética que os puxava. Jisung correu passando entre a tripulação, cargas e mastros, assim como o seu irmão que logo veio ao seu encontro. Jimin o abraçou fortemente, e quando sentiu os braços do caçula se apertarem ao seu redor, teve a sensação de que seu coração ia pular para fora do peito. Jisung abriu a boca falando rápido algumas coisas que nem ele mesmo soube identificar. Ele só chorava e chamava o nome do irmão, com os olhos fechados.
Era como se naquele momento, apenas Jimin e ele estivessem ali. Somente os dois contra o mundo. Seu corpo travou e ele quis permanecer naquele abraço para sempre, mas Jimin separou o abraço e encaixou as mãos em suas faces.
— Jisung! — Ele o chamou, com as bochechas inteiramente úmidas. — Não acredito que posso finalmente te abraçar.
— Jimin, que saudade… — suas palavras saíram emboladas com soluços. — Nosso pai…
— Eu sei, meu amor, eu sei. — O mais velho abraçou-lhe outra vez, com força.
— Papai, quem é ele? — Os irmãos separaram o abraço outra vez quando uma voz de criança surgiu logo atrás.
Havia um pequeno ômega com os olhos redondinhos e pretos, encarando-o cheio de curiosidade. Jimin se abaixou ao lado dele, passando o dorso das mãos pelos olhos.
— Esse é o titio Ji. — Afirmou. Ele olhou para o irmão e disse: — Seu nome é Jungwon.
O menino sorriu para Jisung quando este se abaixou na frente dele, um pouco tímido, ele se aproximou e lhe deu um abraço. A criança tinha um leve aroma de chocolate.
— Você não sabe o quanto eu queria te conhecer, Jungwon. — Afirmou, secando as lágrimas. — Eu tenho um presente pra você.
— Oba! — O ômega sorriu grande. Seus olhos de repente seguiram para o alto, atrás do tio. Ele ergueu as sobrancelhas e não escutou quando Jisung com ele, ao invés, o mais velho pôde ouvir quando ele sussurrou em tom muito baixo: — Jack…
Jisung levantou-se olhando para trás, e viu o seu alfa encarando o menino com o cenho franzido.
— Como ele me conhece? — Jackson perguntou.
— Você é um caçador famoso, deve ter ouvido falar sobre você. — Jisung argumentou.
— Vem, porque tem muita conversa pra pôr em dia! — Jimin pegou o filho nos braços, cruzou o braço livre com o do irmão e o guiou na direção da cabine.
Jungwon apoiou a cabeça no ombro do pai e continuou olhando para Jackson , no entanto, sua visão foi bloqueada quando a porta da cabine foi fechada. Assim que entraram no cômodo, Jimin colocou o pequeno ômega sentado na cama e também acomodou-se nela, indicando para que Jisung fizesse o mesmo. O pequeno logo se distraiu dando atenção a alguns brinquedos espalhados pelo colchão.
— O que foi isso em seu pescoço? — Jimin perguntou.
Os dedos de Jisung dedos vagaram pela área citada e ele sentiu a fina cicatriz deixada pela arma de Hendrik.
— Foi um caçador tentando me matar…
Jimin franziu as sobrancelhas, confuso, e logo seu irmão contou, resumidamente, toda a sua história com Jackson, desde que nos separaram na ilha do Imperium, até quando embarcaram no navio mercante no povoado do Sri Lanka.
— Não se preocupe — Jimin segurou sua mão entre as dele. — Nós vamos matar esse tal de Lee Seungho.
— Papai vai matar o alfa mau? — Jungwon indagou, com um semblante tristonho.
— Sim, meu Bolinho — Jimin o puxou para seu colo. — Esse nojento não vai encostar um dedo no titio.
— Ele vai andar na prancha?
Jimin riu.
— Não sei. Mas isso ainda não é assunto pra você. Por que não vai brincar com o Jay? — Jisung olhou confuso e seu irmão explicou: — O nome dele é Jongseong, é o filho do Sungjae.
— Jay tá dormindo com os papais dele.
— Então…
— Posso brincar com as adagas do papai?
— Não! — Jimin negou imediatamente. Jungwon bufou, frustrado. — Vai desvendar os enigmas daquele livro que o Tae te deu.
O pequeno ômega pulou da cama todo animado, correu até as estantes e puxou um livro. Em seguida, ele subiu e sentou em cima da mesa do Capitão Jeon, aparentando graciosamente ser um pequeno capitão.
— Vocês tem um plano? — Jimin voltou sua atenção para o irmão.
— O plano é matar o Lee. Mas como, exatamente, eu ainda não sei.
— Como diz um certo espadachim, você só precisa rasgar a garganta dele. — Jimin falou tentando imitar a voz séria do Yoongi, e os dois riram com o resultado.
Neste momento, a porta da cabine foi aberta e o Capitão Jeon entrou caminhando até os ômegas. Ele beijou a testa do mais velho , ambos sorriram um para o outro. O Capitão informou:
— Terminamos. Não tinham muitas cargas de valores, a não ser pelos pertences dos tripulantes.
Foi exatamente como Jackson disse, mesmo depois de encontrar o Imperium, eles iriam continuar com seus saques. Eles gostam dessa vida.
— Que bom — Jimin se levantou espalmando as mãos no peitoral do alfa. — Eu estou pensando em algo…
O Capitão estreitou os olhos.
— Quando você pensa em algo…
Jimin hesitou olhando para o irmão, em seguida voltou seus olhos para seu alfa.
— Tem um nojento caçando meu irmãozinho... — Ele explicou sobre o envolvimento de Shinsung com a Ordem. — Eles são muitos, mas com a nossa tripulação...
— Não. — O Capitão o interrompeu. — Esses caçadores estão metidos com a Marinha. Sabe o que vai acontecer se entrarmos nessa briga? Seremos metidos na maldita guerra deles por Nabuco.
— Não, não. — Jimin argumentou. — Isso não tem nada a ver…
— Tem. Não vamos nos meter nesse assunto. Eu não quero entrar na guerra dos piratas.
— Então você simplesmente vai dar as costas pro meu irmão?!
Jisung sentiu-se um pouco mal sendo o motivo da pequena discussão. Encolheu os ombros sentado na cama, enquanto os dois estavam em pé, em sua frente. Ele não sabia se levantava e ia embora, se continuava fingindo que não estava ali ou se juntava-se ao Jungwon na leitura.
O Capitão respirou fundo, antes de explicar com calma:
— Não estou dizendo isso. Ele pode ficar no navio, e o maldito que tentar fazer algo contra seu irmão, morrerá antes mesmo de pôr as mãos nele. Nós vamos protegê-lo, mas não vou entrar nessa briga.
Jimin cruzou os braços visivelmente incomodado. Sua expressão demonstrava que ele não estava de acordo. Os dois lúpus se encaravam tão firmemente que Jisung se sentiu um pouco intimidado entre eles.
— ji — o irmão mais velho chamou, ainda encarando o Capitão —, leva o Jungwon pro convés, por favor.
O Capitão ergueu uma sobrancelha. O ômega se levantou devagar passando por eles, e saí da cabine levando o pequeno consigo, sem ao menos olhar para trás.
No convés, os piratas fizeram um amontoado ao redor de Chanyeol e Baekhyun. Jisung colocou o sobrinho no chão e se aproximou para ouvir sobre o que eles estavam conversando.
— Seu cabelo é muito vermelho — Billy comentou. — Parece o da Rubi, não é Jared?
— Verdade. — O pirata concordou.
— Quem é Rubi? — Baekhyun perguntou.
— Uma prostituta de Folsom. — Chanyeol respondeu.
Baekhyun girou devagar na direção do alfa. Seu olhar assassino se ergueu até os olhos tranquilos de Chanyeol.
— De onde você conhece essa prostituta?
— Ora, do-...
— Você não tem mesmo amor à vida, hm? — Foi interrompido por Yoongi. Até mesmo ele percebeu o perigo de morte que Chanyeol estava correndo. O precursor deu de ombros, abraçando um arqueiro carrancudo.
⚔️
Jackson caminhou até o fundo da embarcação, longe de toda a aglomeração dos piratas escandalosos, em torno dos recém chegados, cheios de perguntas, enquanto Jisung meteu-se na cabine com seu irmão. Quando sentia-se ansioso, o caçador fazia algo que ajudasse a ordenar os pensamentos: afiar a lâmina da katana. Ele acompanhou com os olhos a movimentação de alguns piratas descendo com as cargas para o porão, comandados pelo contramestre. O
Capitão subiu até o leme e Jackson ouviu quando ele indicou a timoneira que continuasse seguindo o mesmo curso. Em seguida ele voltou para a cabine. Em sua mente, o caçador criou diversas possibilidades de invadir a Ordem, ele conhece todas as entradas possíveis. Chanyeol lhe contou que Yuri está do seu lado, e pode colocá-los lá dentro. Definitivamente, destruir aquele local era possível.
Enquanto pensava em um plano que tivesse a menor margem de erro, viu dois olhos curiosos e escuros como a noite lhe observando entre dois caixotes. Jackson ergueu a cabeça para encará-lo, mas o garoto se escondeu. Ele ainda podia ver sua sombra no pavimento, e ouvir suas mãos se arrastando pela madeira. Continuou encarando, esperando ele aparecer. E lá estava, sua curiosidade falou mais alto e o menino inclinou a cabeça devagar, quando viu que Jackson já estava olhando, ele voltou a se esconder.
— Eu já vi você aí, menino. — Avisou, ou ficariam nessa para sempre.
Muito timidamente, o ômega saiu de seu esconderijo e caminhou até se aproximar um pouco mais de onde o caçador estava. Ele manteve uma certa distância, estava com as mãos nas costas enquanto revezava seu olhar entre o rosto de Jackson e a espada.
— Gostou? — O alfa perguntou, desembainhando metade da lâmina.
Jungwon assentiu balançando a cabeça.
— Foi do meu pai. — Jackson explicou.
— É muito bonita. São como as runas do meu mapa.
— Seu mapa? — Franziu o cenho e o menino assentiu.
O caçador entendeu que ele estava falando do mapa do Imperium, e imaginou que seus pais deveriam ter dado para ele. Suspirou olhando o horizonte e viu com o canto dos olhos quando o mais novo se aproximou um pouco mais.
Jackson voltou sua atenção para ele, que ainda mantinha os olhos na espada.
— Eu posso tocar nela? — Jungwon perguntou, referindo-se à arma.
A alfa olhou para o convés, procurando se Jimin estava por perto, como não se encontrava por ali, o caçador desembainhou toda a lâmina e girei o cabo para o garoto tocar. Seus dedos deslizaram pelo cabo, e ele sorriu encantado. Jungwon podia ver as runas incrustadas, e Jackson o invejou um pouco por isso.
— Escuta… — o menino tirou a atenção da arma e ergueu o rosto para encará-lo, quando este prosseguiu: — Como você sabe meu nome?
O pequeno franziu o cenho parecendo muito confuso.
— Eu não sei. Eu só senti…
— O que você sentiu? — Jackson desceu do parapeito e sentou em um engradado mais baixo, ficando na mesma altura que ele.
Algo naquele ômega lhe era extremamente familiar. Ele ficou um tempo pensativo, olhava para o caçador e logo em seguida, desviava para qualquer outro lugar. E quando ele finalmente parecia ter chegado a alguma conclusão, ao invés de responder minha pergunta, Jungwon pediu:
— Eu posso… eu posso abraçar você?
Jackson não respondeu, mas o ômega entendeu seu silêncio como um sim, visto que se aproximou devagar e receoso. O caçador ficou parado quando ele curvou os bracinhos em seu pescoço, esperando ele se afastar. Mas Jungwon não soltou.
Jackson podia sentir seu coração batendo forte. Um pouco sem jeito, finalmente apoiou a mão em suas costas e para me deixar ainda mais confuso, quando ele separou o abraço viu que o ômega estava chorando.
Continua...
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