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03

Obito sentia uma sensação incômoda em seu peito enquanto caminhava com pressa rumo aonde seu pai estava. Por alguma razão, notou uma mudança sutil em suas interações com Kakashi após revelar que gostava de homens. Apesar da conversa animada ao lado de Sakumo Hatake, podia sentir a leve distância imposta pelo platinado mais jovem. Era uma situação até comum para ele, afinal não seria a primeira vez que um homem tomava distância ao ouvir sobre essa parte, como se significasse o mesmo que dizer que estava interessado no outro, mas não estava conseguindo compreender porque este sentimento estranho de chateação estava ameaçando surgir. 

Havia arrumado uma desculpa qualquer para voltar, usando a distância para caminhar e espantar o que estava incomodando. Não perderia seu tempo com isso, afinal estava ali apenas por ter prometido à sua mãe, sequer nutria esperanças de um bom convívio por mais de duas horas ao lado de seu pai. Como estava sem as chaves, precisava ir ao bar onde estava antes na esperança de seu pai ainda estar la com a mãe de Kakashi. 

Sorriu fraco ao passar pela porta e fazer contato visual com o mais velho, que o encarou com estranhamento. Caminhou até os dois, ainda ignorando o olhar do pai mantido firmemente em sua direção. 

─ Vim pegar as chaves. ─ Obito evitou olhar para o rosto de Mei, que parecia tão confusa quanto o amigo. 

─ Cadê Kakashi? ─ Madara levantou levemente uma sobrancelha enquanto parecia tentar ler as expressões do filho. 

─ Ficou com Sakumo. Senti um pouco de dor de cabeça, decidi tomar um banho e descansar um pouco. ─ Não havia mentira ali, Obito estava mesmo cansado. 

─ Quer um analgésico? ─ Mei segurou gentilmente o braço do moreno, que a retribuiu com um sorriso fraco. 

─ Não é necessário, tia Mei. Obrigado. Só preciso descansar um pouco. ─  Manteve um sorriso mais alegre enquanto via o pai revirar o bolso da calça. 

─ Tome. ─ Madara entregou a chave para o filho. ─ Iremos jantar com Mei esta noite. ─ Seu olhar ainda parecia buscar algo que não estava sendo dito. Um olhar que fazia Obito sentir-se pequeno e inseguro, já que seu pai parecia analisá-lo e julgá-lo todo o tempo nos últimos meses. 

─ Ok, certo. ─ Manteve o sorriso até caminhar rumo à porta de saída e, ao passar por ela, fazê-lo desaparecer de seu rosto. 

Com certa pressa, logo alcançou o quarto e entrou, torcendo para que o pai demorasse o máximo que pudesse para retornar. A porta de entrada dava acesso à pequena sala que servia de ambiente comum, ligando os dois quartos. Ao entrar, não precisou pensar muito qual o quarto seria o seu, já que era extremamente familiar àquele apartamento para ele. Caminhando com pressa pela sala e adentrando o quarto do lado esquerdo, logo encontrou sua mala ao lado da porta, como seu pai sempre guardava quando ele ainda era uma criança. A sensação  de familiaridade, um reconhecimento que o jogava para as antigas  memórias  fez sua garganta  secar e logo ansiou por um banho. 

Tentou confortar-se na água quente, mas após alguns minutos percebeu que apenas alimentou ainda mais a onda de sentimentos que parecia querer devorá-lo e jogá-lo outra vez em suas memórias dolorosas. Apoiou as mãos na parede revestida de azulejos brancos e deixou a água escorrer pelo seu corpo enquanto mantinha sua respiração controlada. 

Havia prometido que seria um momento feliz. 

Tentou manter o foco apenas nas palavras direcionadas à mãe, mas sabia que isso aconteceria. Estava sufocado por tantas lembranças de uma vida tão feliz que possuía, o que escancarou o estado deplorável que estava após tanta dor. Respirou profundamente e proferiu um xingamento, direcionado a si mesmo, após inconscientemente se questionar por que entre tantas pessoas, como seu pai, porque justo ela havia partido. Sentiu ainda mais miserável por, mesmo por alguns instantes, aceitar que doeria bem menos perder outra pessoa. Estava sendo irracional, afinal ele também amava o pai com todo o seu coração, mesmo que a relação entre os dois estivesse um pouco distante e um tanto incômoda. 

Assim que sentiu-se mais calmo, desligou o chuveiro e enrolou em uma das toalhas brancas dispostas no  local. Caminhou até onde estava sua mala e buscou apenas uma cueca samba canção, peça que vestiria até a hora que precisasse se arrumar para jantar com a família de Mei Inuzuka. Sem perceber, um sorriso fraco surgiu em seu rosto ao lembrar do filho da mulher, logo desaparecendo ao recordar que ele havia ficado com um comportamento estranho após a conversa que haviam tido. 

Pegou o notebook e esperou ansioso para que ligasse e finalmente pudesse mandar um email para Rin. Poderia facilmente ligar para ela, mas por alguma razão,  sentia uma leve ansiedade quando pensava nas possíveis respostas que poderia receber para questionamentos que lutaria para fazê-los da forma mais natural possível. 

Escolhendo as palavras com cuidado, contou sobre como havia sido torturante toda a viagem até a pousada, onde contaria facilmente em seus dedos a quantidade de vezes que havia mantido uma conversa estável com seu pai. Listou suas reclamações fúteis, que ia da comida até o incômodo pelo jeans que havia escolhido, sabendo que ela havia o avisado que iria ser desconfortável aquela opção. Finalmente entrou no assunto “platinado do rosto perfeito” e, naquele momento, narrou em detalhes toda a interação que haviam tido. Escrevia com uma empolgação que não era comum já fazia algum tempo, ansioso para que a amiga dissesse algo sobre uma possível interação entre os dois. Neste momento, sentiu um gosto amargo ao imaginá-los juntos, sentimento  logo ignorado com o mantra “Rin merece alguém tão incrível como ela”. Mas, um tanto cabeça dura que era, não enxergou que seu incômodo não era direcionado à melhor amiga, ele estava levemente angustiado por ter sentido algo diferente por alguém após meses pensando apenas em suas perdas e dores.

Pensou por um instante se deveria abordar algo mais íntimo, lembrando de que era sua amiga mas não desejava atormentá-la mais uma vez com o assunto de sempre. Enviou o email e fechou o notebook, voltando para a cama, deitando-se por um momento. Ao fitar o teto percebeu que essa viagem iria ser mais difícil do que imaginava. Tudo estava ameaçando sua estabilidade forjada a base de terapia e medicamentos, algo que sonhava em ficar livre um dia. 

Seu coração acelerou-se ao escutar a porta sendo aberta, jogando-o em uma confusão interna que ultimamente era frequente. Parte dele desejava com fervor que o pai viesse e batesse em sua porta, porém, outra ansiava que ele mantivesse aquela distância que o mesmo impôs. O resultado seria o mesmo, já que o ignorando ou vindo até ele, geraria alguma dor de cabeça e inúmeros pensamentos conflitantes. 

Suspirou de alívio ao escutar o barulho da porta do quarto ser fechada e decidiu dormir um pouco até a hora do jantar  em família. 

─ Obito, já está pronto? ─ Madara bateu na porta já um tanto impaciente devido à demora do filho em se arrumar. Era um jantar simples, não entendia o porquê de tanta demora. Ou talvez soubesse, afinal não era um completo idiota e conhecia bem os olhares do filho. 

─ Sim, só mais um minuto. ─ Obito olhou para o reflexo no espelho e, com um certo desânimo, caminhou rumo à porta. Havia pego no sono e teve que levantar às pressas para se arrumar. Estava com uma aparência cansada, o que evidenciava ainda mais a necessidade de ter dormido por mais algumas horas. 

Havia escolhido uma bermuda de linho em um tom terroso e uma camisa preta slim com botões frontais. Buscou por um tênis qualquer ou até mesmo uma sandália antes de abrir a porta e depara-se com o olhar impaciente do pai. 

─ Você está bem? ─ Madara olhou com um certo desdém para o filho. Estava arrumado mas o semblante era o que tinha visto demais nos últimos meses, aquela fagulha alegre de mais cedo ao lado de Kakashi parecia ter desaparecido. 

─ Vamos? ─ Ignorando a pergunta direcionada a ele, Obito caminhou até a porta. 

Madara respeitou o silêncio que os perseguiu até chegarem à porta da casa da amiga, ainda dentro da imensa propriedade. Subiram juntos a escada centralizada na varanda, sendo recepcionados pela alegre mulher antes mesmo de chegarem até a porta. 

─ Desculpe o atraso, Mei. ─  O mais velho sorria enquanto buscava com o olhar alguém dentro da residência. O sorriso alargou-se ao ver o marido da amiga. ─ Sakumo, quanto tempo! ─ Tocou o ombro de Mei e passou por ela, ignorando toda a etiqueta possível. Mas era algo natural e aceitável, afinal eram amigos há décadas e as convenções já não faziam sentido. 

─ Venha, filho. Entre. ─ Mei passou o braço pelo o de Obito, direcionando-o para dentro da casa. Vestida com um vestido verde escuro sem muitos detalhes, o fez perceber que nem mesmo o excesso de simplicidade ser capaz de apagar o brilho da senhora. 

─ Fui eu que atrasei, me desculpe. ─ Sussurrou baixo, quase inaudível. 

─ Imagino que esteja cansado, então é compreensível. ─ Sorriu com doçura para ele enquanto o direcionada até a ampla sala que a casa possuía. Era possível ouvir a voz alegre de seu pai em outro cômodo e aquilo trouxe uma sensação de alívio e saudade. Faziam meses que não via o pai demonstrar qualquer tipo de reação alegre, aquele momento trouxe conforto para ele. 

Poderia se perder ainda mais nas risadas de seu pai por mais tempo, mas foi impedido quando seu olhar encontrou com o de Kakashi. Encostado na parede, mantinha seus olhos fixos em Obito, fazendo o moreno se sentir um pouco envergonhado, algo que estaria contrariando sua natureza descarada e extrovertida. 

─ Vou verificar se está tudo pronto. ─ A jovem senhora deixou o braço de rapaz e caminhou rumo onde Kakashi estava, trocando olhares com o filho antes de desaparecer no interior da casa. 

─ Quer ir onde os velhos estão? ─ Kakashi ofereceu um sorriso fraco enquanto aproximava-se do outro homem. 

─ Deixe eles, não quero estragar a felicidade do meu pai. ─ Obito nem tentou disfarçar a mágoa impregnada em cada palavra, repreendo-se logo em seguida, afinal mesmo conhecendo Kakashi desde criança, não possuía intimidade para reclamar de algo tão pessoal daquela forma. 

─ Então sente-se, vou pegar algo para beber. ─ Kakashi indicou o sofá espaçoso antes de seguir o mesmo caminho que sua mãe havia feito instantes antes. 

Restou para Obito apenas sentar e esperar. Pegou o celular no bolso e viu uma mensagem sms de Rin. 

Li seu email, você 
é muito burro quando 
se trata de algumas coisas.
 Me arrependo de não
 ter o acompanhado. 

Me liga.

Sem entender o tom usado pela amiga, iria questioná-la, mas logo desligou a tela do celular ao ver Kakashi retornar com duas cervejas em mãos. Depois a perguntaria sobre a ofensa gratuita direcionada a ele. 

─ O jantar pode demorar um pouco. ─ Ofereceu uma das garrafas tipo long neck para Obito, sentando-se ao lado dele. ─ Gostaria de fazer alguma coisa até a dona Mei decidir não matar mais ninguém de fome? 

Obito sentiu a garganta ficar seca, obrigando-o a engolir um pouco de saliva. Kakashi estava vestido com uma regata preta de gola alta, bem justa ao seu corpo e que deixava evidente os músculos de volume discreto e bem torneados. A calça de moletom da mesa cor era larga, mas por alguma razão era capaz de atrair o olhar para o abdômen do platinado. A pergunta feita de forma tão espontânea, combinada com a beleza do homem, o fez sentir seu corpo mais quente enquanto sua mente perdeu os limites e imaginou uma lista de respostas que seriam capazes de fazer aquele rosto bonito ruborizar. 

Que merda! 

Ele imaginou um possível rubor e todo o caminho até alcançá-lo. Desta vez Obito puniu-se mentalmente por ter esse tipo de reação, principalmente após ver a mudança de comportamento de Kakashi após ter dito as razões do término com a Rin. Algo que havia aprendido nesses meses de liberdade era que após saberem sua orientação, alguns se afastaram com receio de um possível flerte, egos heterossexuais enormes que os faziam acreditar serem irresistíveis a todos. 

─ Estou um pouco cansado, está tudo bem esperar aqui. ─ Sorriu sem mostrar os dentes, desviando o olhar do rosto de Kakashi. 

─ Por isso fugiu de mim daquela forma? ─ O olhar enigmático de Kakashi fez Obito desaprender a respirar por um momento. 

─ Eu não fujo de nada.  ─ Sorriu com um ar travesso e sentiu novamente a garganta seca ao deparar-se com o sorriso de Kakashi oferecido a ele. Bebeu boa parte da cerveja oferecida enquanto ignorava o olhar divertido do outro. 

Pensou em dizer mais alguma coisa mas todas as palavras morreram em sua boca quando seu Madara, acompanhado de Sakumo, surgiu na sala de repente. Sakumo o cumprimentou rapidamente e saiu da residência junto ao amigo. 

Kakashi observava atento toda a movimentação, sentindo-se incomodado com a forma defensiva que Obito reagiu ao encontrar o olhar do pai. 

─ Acho que você não tem muita certeza do que acabou de dizer. ─ Aproximou-se ainda mais do moreno. 

Obito suspirou e encostou a cabeça no encosto do sofá. Sabia que não era algo interessante falar sobre sua vida pessoal, mas estava no primeiro dia junto ao pai e sentia que não conseguiria sobreviver a mais dezenove dias ao seu lado. Ao menos era o combinado inicial, algo que ele teria acreditado se não tivesse visto a data da passagem de volta. 

─ Meu pai e eu…  Não temos uma boa relação desde que rompi meu noivado com a Rin. A situação piorou após a doença da minha mãe, que veio logo em seguida.  ─ Olhou de relance e ficou curioso com o olhar surpreso de Kakashi. ─ Ele parece não lidar bem com o fato de que não irei seguir o padrão tradicional da família. ─ Riu com amargura. 

─ É difícil imaginar seu pai com um comportamento tão…  ─ Kakashi parecia escolher a palavra certa para definir o velho amigo de sua mãe, mas logo desistiu. ─ O que planeja fazer na sexta-feira? ─ Mudou de assunto com rapidez. 

─ Sexta? ─ Obito o encarou com curiosidade até lembrar-se da data, fazendo todo seu brilho ir embora no mesmo instante. 

Era seu aniversário

─ Sei que seu pai refez todo o cronograma de sempre. Achei bem interessante seu bolo ser com um tema de carros. ─ Kakashi deu uma risada. 

─ Me diz que é sacanagem, por favor! ─ Obito o encarava com incrédulo, ficando com uma expressão de desespero a cada instante que via no olhar de Kakashi que ele não estava brincando. ─ Não é possível, quantos anos ele acha que eu tenho? Doze? 

─ Mas você escolhia esse tema até os dezesseis, só parou quando começou a namorar. ─ Provocou e foi incapaz de conter o sorriso após ter a expressão constrangida do outro. ─ Vai ser divertido, não estrague a magia de um velho tentando agradar o menino dele. 

─ Poderia fazer isso de outra forma. ─ Resmungou. 

─ Huum, pagando suas multas? ─ O tom afiado do platinado surtiu o efeito desejado, arrancando uma risada cínica do homem e finalmente dissipando a nuvenzinha negra que estava pairando sobre ele. 

─ Seria o melhor presente do mundo! ─ Obito concordou e a partir dali engataram uma conversa animada sobre carros, velocidade e quase um nome tirado do testamento do velho Uchiha. 

Sem perceberem, estavam em uma sintonia quase palpável ao redor, o que fez Mei dar meia volta ao ir avisar que estava tudo pronto e voltar para a cozinha, mantendo baixo os risinhos que compartilhava com suas duas funcionárias. Ficou ali até não poder adiar mais o jantar. 

O clima durante a refeição foi bem suave e alegre, todos pareciam confortáveis em conversar um com os outros, até mesmo Madara estava receptivo ao que o filho falava. Mas algo estava quase impossível não perceber: a forma que Obito olhava para Kakashi, mesmo com uma tentativa quase perfeita de disfarçar. 

Após o jantar, tomaram mais uma garrafa de vinho e com a leveza da bebida, pai e filho voltaram para o apartamento que estavam hospedados. Toda aquela alegria parecia ser incapaz de passar pela barreira que a porta de entrada possuía, os semblantes cansados e melancólicos retornando a cada passo dado dentro do cômodo. Sentaram os dois no pequeno sofá, o silêncio tornando-se quase sufocante. 

Outra vez Obito se viu dividido entre os desejos que ameaçavam o dominar. Torcia para que o pai dissesse algo, ao menos naquela noite que havia sido tão agradável, mas também tinha o desejo de que não falasse nada, assim o mantendo naquele limbo emocional que havia sido jogado por tanto tempo. 

─ Eu não consigo ficar aqui. ─ Madara quebrou o silêncio, a voz naturalmente grave carregada de sentimentos. ─ Tudo está me fazendo lembrar dela, está quase me sufocando. 

Obito queria poder dizer tudo que havia imaginado caso tivessem esta conversa, mas a única reação que teve foi continuar em silêncio, tentando sufocar o turbilhão de sentimentos que parecia o consumir. 

─ Me desculpe, não deveríamos ter vindo aqui. Precisávamos de mais tempo, ainda não era a hora. Essa promessa não deveria ter sido cumprida. ─ Continuou a falar mesmo tendo o silêncio de seu filho como resposta. ─ Sei que deve estar sendo difícil para você e… 

─ Você não sabe de nada. ─ Obito falou com certa dificuldade. ─ Eu já havia perdido meu pai quando minha mãe partiu, agora vem me dizer que sente algo? Passei meses quase implorando por algumas palavras, mesmo que fossem ríspidas, ofensivas. Só queria saber que você ainda estava ali. Ignorei tudo que sentia porque minha mãe estava doente, mas tive que conviver com seu olhar vazio e palavras secas como se eu fosse apenas uma obrigação manter por perto. Tantas vezes me questionei se deveria ter dito o que sentia, mesmo me agarrando às palavras da minha mãe de que foi o certo. Você criou um abismo entre nós dois, me jogou no fundo dele e agora vem dizer que sabe o que devo estar sentindo? Eu senti raiva de mim mesmo hoje ao perceber que o filho de sua amiga possui uma versão sua que você tirou de mim após ver que não seria capaz de suprir suas expectativas! 

─ Eu senti raiva! Você namorava aquela menina por muitos anos, mas simplesmente percebeu não gostar dela quando a pediu em casamento? Como acha que foi lida com ela e a família dela diante do prejuízo emocional e financeiro? Afinal, os casamentos custam muito e o de vocês dois já estava com os contratos quase prontos. ─ Madara o encarou com severidade. ─ Eu sabia que aquela relação nunca daria certo, apenas ignorava o que estava diante dos meus olhos. 

─ Você se afastou do seu filho por conta de uma questão financeira? É isso mesmo? ─ O mais novo o encarou quase afogando-se na ira que sentia. 

─ Precisei de um tempo para aceitar o que estava acontecendo e logo em seguida veio a doença da sua mãe. Eu fiquei perdido, meu filho, e estou com dificuldade de encontrar o caminho de volta. Por inúmeras vezes fui até sua porta, quis bater até quebrá-la e te tirar de lá de dentro, só não tinha forças para isso. ─ A voz em sua voz já não estava tão presente como antes. 

─ Gostaria de ter sido o filho perfeito para você, pai. Infelizmente não posso ocupar este espaço em sua vida. ─ A amargura tornou-se ainda mais evidente. 

─ Só quero meu filho de volta. 

Obito pensou no que responder, mas a força que fazia para se manter estável foi embora. Desta vez, ignorou o fato de que já era um homem adulto e permitiu o choro pesado, que tanto segurava, desabar. O silêncio, antes desconfortável, foi rompido por soluços mal disfarçados e uma respiração descompassada. Reação que piorou quando a mão de seu pai passou por duas costas e segurou firme seu ombro, trazendo para mais perto. 

Ficaram assim por um tempo, até Obito se recompor e afastar um pouco do contato de seu pai enquanto usava o dorso das mãos para enxugar o rosto úmido. Após desabar, sentia-se mais leve e também envergonhado, não desejava mostrar este lado dele justo para aquele que sempre deixou claro seu descontentamento por ter sido sempre tão passional. 

─ Obito, eu vi sua proximidade com Kakashi e… 

─ E, o que? ─ Toda a posição defensiva do mais novo voltou, fazendo Madara quase recuar um pouco. ─ Está com receio de que posso me divertir aqui com o precioso filho de sua amiga? 

─ Minha preocupação é justamente esta. Kakashi é alguém especial para nossa família. 

─ Ah, isso já percebi. Não precisa se preocupar, pai. Eu já disse que gosto de homens e ele criou uma distância segura. ─ Levantou-se com uma expressão de desagrado e caminhou rumo a porta de seu quarto. 

─ Você é mais estúpido do que eu pensava meu filho, para não te chamar de outros nomes menos inteligentes! ─ O tom de voz um pouco mais alto fez Obito travar diante da porta e voltar seu olhar para o pai, que ainda estava sentado com a mesma expressão severa de sempre. 

─ Só estou deixando claro que não represento uma ameaça para o seu jovem prodígio. ─ A voz grave trazia um certo ar de seriedade em Obito, mas para seu pai, parecia apenas o menino que ficava irritado quando era confrontado fazendo algo que não era permitido. 

Ele conhecia bem o menino que um dia seu filho havia sido e agora tenta conhecer o homem que ele havia se tornado, mas a essência é algo imutável. Com um sorriso carregado de vitória, sentou-se mais relaxado no sofá e manteve o olhar um pouco mais brando para o filho. 

─ Você é imbecil demais, Obito. Kakashi não precisa de ser protegido de você, apenas me preocupo com o que esta aproximação pode gerar. 

─ Sério? E qual seria o caos que uma amizade com ele pode gerar? ─ O tom cínico foi instintivo, mas não surtiu efeito algum no mais velho. 

─ Kakashi é apaixonado por você desde que eram adolescentes. Aquela pulseira foi a forma dele tentar dizer algo e sua reação foi correr para mostrar para Rin. Eu não quero que alguém alimente algo que não possa oferecer a ele. ─ O tom calmo contrastava com o olhar severo que Madara direcionava ao filho. 

Como se tivesse perdido a capacidade de compreensão, Obito demorou para assimilar o que tinha acabado de ouvir. Como um raio tinha caído em sua cabeça, ele se lembrou daquele dia, dos olhares trocados e do sorriso de Kakashi que desapareceu quando levantou-se da grama e correu para onde Rin estava. 

A mão que estava sobre a maçaneta voltou-se para a lateral de seu corpo e toda fúria se dissipou, dando lugar a um amargo sentimento de culpa. 

─ Por que nunca me disseram isso? ─ Murmurou enquanto voltava para o sofá, sentando-se outra vez ao lado de seu pai. Sentia uma sensação calorosa dentro de si, que logo era reprimida pela vergonha e culpa de ter sido um jovem tão estúpido como naquela época. 

─ Você era devoto a Rin Nohara, seria inútil falar qualquer coisa. 


Disse que terminaria em tres capítulos, mas não consegui heheh talvez possua mais dois ou três.

Obrigada pela leitura ❤

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