Nova York, quatro anos inteiros depois. 

As pessoas eram apenas um borrão pelas ruas enquanto Steve Rogers corria entre elas. O Sol iluminava o caminho com um brilho forte e ele ficou temporariamente cego quando encarou o relógio sobre o próprio pulso. Afinal, a luz do astro refletiu no vidro do objeto e entrou por dentro dos olhos claros dele. 

Mesmo assim, ele sabia que estava atrasado demais. 

Mas a culpa não era dele. Precisaram do Nômade para ajudar a conter uma possível ameaça nível oito. E ele esperava que entendessem isso. 

Quando Steve entrou por dentro do Aeroporto de Nova York, ele sentiu o bolso vibrar com o toque do celular. Ignorando, Steve seguiu na direção em que sabia que Bucky Barnes estava desembarcando. 

Ele teve que esperar apenas alguns minutos e visualizou o melhor amigo, agora com os cabelos em um corte moderno e despojado, vindo em sua direção. Em seus ombros, uma menina com a pele cor de café e tranças longas, agitou as mãos na direção do padrinho. 

Bucky pôs Nala, sua filha de três anos, no chão, observando ela sair correndo entre as pessoas na direção de Steve, que se abaixou e a pegou no colo, depositando vários beijos em sua bochecha. 

-Oi, Minha Princesa! Sentiu minha falta? 

-Senti, Dinho! - Nala assentiu, abraçando o pescoço dele e falando um inglês perfeito, apenas com um leve sotaque. - E você? Sentiu a minha? 

-Eu senti muito a sua falta! A última vez que te vi pessoalmente, você era do tamanho de um gatinho! 

Nala soltou uma risada aguda quando Steve jogou ela para cima e assoprou a barriga da garota. Finalmente, Bucky parou na frente do amigo e eles se abraçaram, enquanto a menina resolveu que brincar com a boneca da mão do pai era melhor. 

-A Shuri pediu desculpa por não vir, mas você sabe… Ela não conseguiu desmarcar a Reunião na ONU. 

-Tudo bem. - Os dois amigos se abraçaram, sorrindo um para o outro. - Vocês estão aqui, né? Isso que importa! E a gente vai ter outras oportunidades! 

Steve pegou a mochila roxa em formato de borboleta e deu a mão à afilhada, se lembrando, nostálgico, como tinha recebido a notícia de que ia ser padrinho. Bucky estava em choque e escondido em uma floresta, já que Tchalla havia acabado de descobrir e estava planejando um jeito de matá-lo. 

Foi preciso dois dias inteiros e muita conversa para que Shuri convencesse o irmão que a filha dela precisava de um pai. 

-Hey, como está a Emma? - Bucky perguntou, arrastando uma mala vermelha pelo chão do aeroporto. - Ansiosa? 

-Uma pilha de nervos! - Steve confessou, bufando e rolando os olhos. - Acredita que tem dias que a gente não se vê porque ela quer que fique tudo perfeito e eu vou distrair ela?!  

Bucky soltou uma risada e confirmou, dando de ombros. 

-Olha, meu amigo… Eu até entendo ela! Vocês estão enrolando com esse noivado há quantos anos? Quatro? 

Steve revirou os olhos, mas concordou. Eles não estavam enrolando: Emma levou mais seis meses para terminar a faculdade, um ano para se acostumar a ser Agente e Steve levou uns nove, logo após isso, para comprar e montar o apartamento que eles resolveram morar. Claro que Emma ajudou investindo bastante dinheiro, mas como, claramente, ele tinha um pouco mais, fez questão dele mesmo comprar a maior parte das coisas. 

Emma preferiu lidar com o casamento, depois de bastante tempo economizando. Chloe ficou um pouco decepcionada quando percebeu que ela não moraria com eles, mas como o casal prometeu que ela poderia visitá-los todos os dias, a decepção passou em um piscar de olhos. 

Não foi exagero nenhum dizer que quando eles marcaram a data do casamento e avisaram para todo mundo, Jacob caiu desmaiado, enquanto Eva pulava da cadeira comemorando e travando a coluna e Charlotte começou a chorar, emocionada. 

Mas naquela altura, Emma já tinha vinte e nove anos, e embora ela entendesse a emoção de todos, achou a reação exagerada, o que fez com que acabassem discutindo. Sobrou até mesmo para Steve, que estava ocupado, calado, ajudando Jacob a acordar.  

-Dinho? A gente vai para onde? - Nala perguntou, observando o pai e o padrinho pondo as malas em um táxi. - Para a sua casa? 

-Minha casa, não, Princesa. - Steve explicou. - Ainda está reformando. 

-Sério? - Bucky ergueu uma sombrancelha, entrando no carro depois da filha. - O casamento é amanhã, Steve! 

-Eu sei, eu sei… Mas o pedreiro garantiu que ia conseguir terminar de consertar a encanação do banheiro antes da Lua de Mel acabar! 

Nala puxou a blusa do padrinho. 

-O que é uma Lua de Mel? 

-É o período depois do casamento, onde os casais vão… 

-Stee! - Bucky o encarou, sério. 

-Namorar! Eu ia dizer namorar! 

Bucky estreitou os olhos como se soubesse que ele não diria aquilo. Mas não falou nada. Apenas continuou observando a interação entre eles, enquanto Nala contava que já tinha aprendido a tabuada do três 

O caminho do aeroporto até Manhattam, onde a Torre dos Vingadores estava  localizada, foi bastante animada, mas nem um pouco menos demorada. Eles ficaram no táxi cerca de uma hora e vinte minutos. 

Ao entrarem pelo Complexo e seguirem na direção dos quartos, uma grande gritaria começou e por segundos, Steve chegou a achar que estavam sendo atacados, mas então, percebeu que, na verdade, estava apenas sendo expulso e proibido de chegar no segundo andar já que Emma estava provando o vestido de noiva. 

-Fica aí embaixo! - Natasha começou a empurrar o amigo escada abaixo. 

-Ou a gente te mata, ouviu?! - Wanda também empurrou o homem usando sua força mágica. 

-Ele já foi?! - Samanta apareceu no alto da escada. - Meu Deus! Ele ainda está aqui? Oi, Bucky! Oi, Nala! Hey, querem dar uma olhada na Emma? A Chloe está com ela! 

Bucky concordou e pegou a filha no colo, subindo as escadas, enquanto cumprimentava aquelas mulheres e Margot e Sharon, que apareceram logo após. 

-Hey! Isso não é justo! - Steve reclamou. - Por que ele pode ver e eu não? 

-Ele é o noivo?! - Margot revirou os olhos. 

-Tradição é tradição, Steve! Cala a boca! - Natasha enfiou um tapa no peito dele, o sentando em uma espécie de sofá. 

Sam desceu as escadas, indo de encontro ao melhor amigo com um sorriso amplo. 

-Uau… Meu amigo… Sua noiva é a noiva mais linda que eu já vi! 

Steve esfregou o rosto, bufando, impaciente. Estava louco para dar uma olhadinha só e saber que tipo de vestido Emma tinha escolhido. A única coisa que ele sabia era que era branco. E isso porque era tradição. 

-Droga… Vocês tem certeza que não posso… 

-Não, você não pode!  

A voz séria de Eva fez Steve dar um pulo de susto e encarar a senhora, que vinha pelo corredor, apoiada em Chloe. A menina já não era uma menina de sete anos, hiper animada. Chloe tinha onze e Steve ainda levava um pequeno susto toda vez que encarava a cunhada por vê-la tão crescida. 

-Ah, não tem graça se você ver o vestido, né? - Chloe correu para o abraçar, com força. - Além disso, dizem que dá azar! 

-Se eu fosse você, Doritos, procurava saber sobre a Langerie. - Tony também se materializou ao lado de Steve. - É isso que importa! E pelo que vi, ela vai te matar de tesão! 

-Tony! - Natasha reclamou. - Olha a criança! 

Chloe puxou a camisa de Steve e se inclinou para ele. 

-Tio?

-Oi, Minha Linda? 

-O que é tesão? 

Steve ergueu as sombrancelhas e percebeu que ela esperava uma resposta. Então, deu de ombros e comentou algo sobre "Sua tia sabe!". Ficou claro, dez minutos depois, quando Eva bateu com a bengala que usava para andar na canela dele, que Chloe tinha perguntado para a tia. 

-Ai, Eva! 

-Quem mandou você mandar a Chloe perguntar para mim o que era Tesão?! 

-Achei que você saberia, Evy. - Steve deu de ombros com um sorriso cínico no rosto. - Afinal, você teve quantos maridos mesmo? Doze? 

-Dezesseis. 

Steve soltou uma risada e abraçou Eva, beijando o topo da cabeça dela, ao mesmo tempo que Emma descia as escadas, conversando animadamente com Bucky e Archie. 

-Ah, Steve! Graças a Deus que você chegou! - Emma correu para ele, o puxando pela mão. - A dança dos noivos! Temos que ensaiar! Depois você conversa! Vem logo! 

Steve gemeu em protesto. Mesmo assim, enquanto todos foram fazer um lanche, Emma e Steve foram para uma sala vazia e ela pôs uma música no celular. 

-Já ensaiamos na semana passado, Emma! 

-Esse é o ensaio final! - Emma retrucou, sem paciência. 

Ele posicionou uma mão na cintura dela e a outra, segurou a dela, erguida. Então, eles começaram a contar os passos: Um, dois. Um dois. Um dois três. Uma voltinha. Um dois. Um dois. Um dos três… 

-Você já arrumou suas malas, certo? - Emma questionou, de repente. 

-Já, Amor. - Steve respondeu a mesma pergunta cerca de quinhentas vezes só naquela semana. 

-E já conferiu se está com as alianças? 

-Uhum. - Essa, ele tinha respondido umas quatrocentas. 

-Seu passaporte está okay, né? 

-Está. 

-Você viu que horas vão entregar o bolo? 

-Oito da manhã. 

-Certo. E se…? 

-Emma, quer fazer o favor de relaxar?! - Steve se irritou, soltando o abraço dela. 

Emma bufou e revirou os olhos, vendo Steve esfregar o rosto e encarar ela por cima dos dedos. 

Emma tinha o cabelo mais longo do que quando se conheceram. Levemente mais loiro nas pontas também. Além de agora ostentar uma tatuagem no ombro direito: O desenho de um sol vazado. 

-Eu não posso relaxar, Steve! É muita responsabilidade e o casamento é amanhã! Você não está nervoso?! 

-Tão nervoso que tô com vontade de vomitar! - Steve admitiu, suspirando. - Mas você não está me ajudando e nem se ajudando. Se acalma, Emma. Você está organizando isso há meses! Vai ficar tudo bem! 

Emma assentiu, encarando o chão e tentando respirar normalmente. 

-Podemos recomeçar, Emma? - Steve perguntou, se aproximando dela e a puxando, gentilmente, contra seu corpo.  

-Podemos, claro! 

Eles ficaram em silêncio, abraçados, até a música recomeçar do início. Então, lentamente, começaram a se mover de um lado ao outro, sem interromper o contato visual. 

Não estavam ensaiando. Na verdade, não passaram nem mesmo perto disso. Apenas ficaram curtindo a companhia um do outro por algum tempo, enquanto desfrutavam de uma pequena dança sem outras intenções.  

-Eu senti sua falta, sabia? - Emma apoiou a cabeça no peito do noivo, suspirando, ao mesmo tempo que seus braços se fecharam em torno da cintura dele. 

-Eu também, amor. 

-Você viu como a Nala está grande? - Emma indagou, erguendo os olhos para ele. - Também… A Chloe já fez onze, né? Parece que foi ontem que eu peguei ela no colo pela primeira vez… Ela era uma coisinha minúscula e chorona! 

Steve riu, brincando com os fios da nuca dela. 

-Eu tô ficando velha, Stee! 

-Bem, obrigado pela parte que me toca, amor! 

Emma soltou uma risada aguda. O que fez que ela pisasse no pé dele e os dois quase caíssem ao chão, rindo. 

-Meu pé, Emma! 

-Desculpaaaa! - Emma continuou rindo com Steve. - Espero que eu não tropece amanhã! 

-Espero que seu salto não seja grande! 

-Ele é enorme! 

-Ah, não! 

Os dois voltaram a rir, enquanto se davam conta de que a música acabou. Então, como se mais nada no mundo existisse e estivessem hipnotizados, Emma e Steve se posicionaram de forma que suas respirações se misturassem. O dedão dele acariciava uma parte sensível da coluna de Emma, a vendo se arrepiar toda. 

-Você vai me torturar ou vai me beijar? 

Steve riu, se afastando de Emma. 

-Torturar? 

-Você quer levar outro soco na boca?! 

-Não precisa! - Steve sorriu e se inclinou sobre ela de novo. - Eu já sou apaixonado por você! 

-Posso te socar de novo só para confirmar! Que tal? 

Steve revirou os olhos e juntou seus lábios em um selinho casto, que não demorou absolutamente nada para virar um beijo intenso, apaixonado e necessitado. 

-A Lua de Mel é daqui a dois dias, casal. Se controlem! 

Steve e Emma se separaram, pedindo paciência mútua a qualquer Deus existente. Eles encararam Samuel Wilson. Ele apenas ergueu as mãos, em sinal de rendição. 

-Eu só vim avisar que a Agente Mayer foi convocada para uma reunião junto com as Agentes Carter e Porter. 

Silêncio. Steve ergueu as sombrancelhas, revirando os olhos. 

-Vê se não faz nenhuma besteira na sua despedida de solteira! 

-Contanto que você não faça na sua… 

-Mas eu não vou ter despedida de solteiro! - Steve franziu a testa. 

-Ah, mas vai, sim! Eu não vim de Wakanda para não fazermos nada! - Bucky empurrou Sam para o lado, para aparecer na porta. - Anda, se despençam! Vamos sair em alguns minutos! 

O casal pediu um momento de privacidade que consistiu em vários beijos apaixonados, com algumas mãos bobas, além de vários sorrisinhos idiotas, enquanto se encaravam nos olhos. 

-Eu vejo você amanhã, Futura Senhora Rogers? 

-Eu vou estar de branco. Na frente do altar. Não tem erro! 

-Eu te acho! 

Maia um beijo. 

E enfim, cada um foi curtir seu último dia como solteiro, oficialmente. 

Ooie, Pessoal! 🦋💖

Voltei com um capítulo pequeno mas só para vocês se situarem e saber que tivemos um salto temporal e que o casamento sai KKKkkk

Segunda, vou trazer as despedidas de solteiros e eu amei escrever esse capítulo 💕

Até lá!

Bjs 💋💋