Os olhos esverdeados de Steve focaram no ferimento em sua barriga. Ele não sabia dizer qual era a extensão e gravidade do mesmo, mas sabia que estava coberto de sangue e que seu abdômen estava dolorido de uma forma que tirou o ar dos seus pulmões. 

Sua boca foi atingida pelo pulso de Sam, e ele percebeu que na outra mão dele, o homem segurava uma mini-pistola. A cabeça de Steve caiu no chão, quicando. Sua visão escureceu e ele enxergou estrelinhas dançando em suas vistas quando levou mais um soco no queixo. 

Ele não sabia como, mas tinha certeza que algo também tinha acontecido com Bucky. O homem estava silencioso demais e não tinha nem mesmo tentado atirar contra Sam, sendo que mais de dois tiros foram ouvidos. O coração dele apertou e Steve tentou não desmaiar naquele minuto. 

-Se você não coopera, Steve, eu sou obrigado a entender que você não tem utilidade nenhuma! - Sam falou, aproveitando que Steve estava tonto. Muito tonto. Como se estivesse drogado. - E sabe o que eu faço com quem não tem utilidade para mim? 

Steve esticou a mão para o lado, no chão, sentindo o escudo sob seus dedos. O brilho prateado da arma de Sam refletiu em seus olhos e assim que ele atirou, por reflexo, Steve se defendeu com o objeto. 

A janela da sala explodiu quase ao mesmo tempo que a porta. Uma gritaria pôde ser ouvida e, levantando do chão, mesmo trêmulo, Steve percebeu que a bala ricocheteou no ombro dele após bater no escudo colorido.

Jogando o círculo simbolo do Capitão América, Steve atingiu o ferimento com maestria, ouvindo Sam grunhir de dor. Não deu tempo de muita coisa após isso. 

Steve caiu no chão, sem mais forças em suas pernas. Algo pulou em Sam quando ele se recuperou e atirou mais uma vez. Um grito foi ouvido enquanto cabelos caíam na cara de Steve. Ele estava grogue, de forma que levou alguns segundos para perceber que havia uma mulher falando com ele. E mais alguns segundos para identificar que aquela era Emma. 

-Droga… Fica comigo meu amor? - Emma deu alguns tapas fortes em seu rosto, chorando. - THOR! ME AJUDA AQUI! Margot… 

Steve tentou dizer que estava tudo bem, que ele ia ficar bem. Mas sua língua embolou e se ele não estivesse tão tonto, poderia ter percebido que acabou babando ao invés disso. 

-Que droga… Margot, você está bem?! 

-Eu tô… Mas eu acho que ele não! 

A cabeça de Steve deu um giro de trezentos e sessenta graus quando ele ouviu o grito de Emma, desesperada, percebendo o estado de Bucky. Ele mal conseguia ficar acordado, mas ele conseguiu ouvir as palavras "Tiro, cabeça e sangue", antes de, enfim, cair em uma escuridão sem fim. 

*** 

A primeira sensação que Steve registrou foi o frio. Ele estava arrepiado e com bastante frio. A boca estava seca e o corpo rígido. 

Depois, ele registrou dor. Bastante dor na cabeça, no corpo, nos braços… Mas principalmente, em seu abdômen. 

O som de um bip incessante e a claridade que fez os olhos dele arderem e doerem, fizeram Steve achar que estava em um hospital. Céus, aquilo com certeza era um hospital. Até cheiro de hospital tinha! 

Aos poucos, ele foi acordando e ficando menos grogue. Ainda estava zonzo e cansado, mas não estava morto. E aparentemente, isso era uma vantagem. 

Com um grande esforço, Steve se acomodou melhor na cama, mas assim que o fez, duas mãos o empurraram de volta contra o colchão. Levou algum tempo para Steve perceber que era apenas Jacob e relaxar o corpo. 

-Ah, é o Senhor… 

-Parece decepcionado. - Jacob sorriu, levemente, voltando a sentar na cadeira ao lado da maca do herói.  - Eu sei que você esperava a Emma, mas ela foi fazer companhia para aquela Princesa… 

O coração de Steve disparou em seu peito, refletindo no monitor cardíaco ao lado da cama. Ele se sentou de uma vez, sentindo a cabeça rodar. 

-O Bucky?! Onde ele…? 

-Minha nossa! - Jacob levantou correndo e o forçou a deitar novamente, enquanto o encarava, sério. - Eu preciso que fique calmo, está bem? 

Steve podia ficar tudo, menos calmo enquanto não tivesse notícias. Antes que ele pudesse abrir a boca e falar algo, Jacob explicou. 

-Você e ele levaram um tiro cada. Parece que o Bucky pulou na frente de um tiro que ia para você.  

-Ele morreu? 

Jacob franziu a testa, confuso. 

-Morreu? Não, homem! Pelo amor de Deus… Ele só levou um tiro na cabeça e já saiu da cirurgia há muito, muito tempo. Foi de raspão, mas a bala se alojou entre o osso e o couro cabeludo. Ele não está correndo risco nenhum. Você estava pior que ele. 

Steve assentiu, respirando aliviado. Seu corpo relaxou sobre o travesseiro e a cama macia demais. Jacob esperou até ele estar confortável e voltou a falar. 

-Eu acho que te devo um pedido de desculpas. 

Steve franziu a testa, coçando o queixo, enquanto olhava para o sogro. 

-Por…? 

-Eu e a Lottie criamos a droga que estava dentro daquelas balas. Por isso você dormiu por quatro dias seguidos. 

-Quatro dias?! - Steve arregalou os olhos. - Mas você disse que o Bucky saiu da cirurgia há algum tempo! 

Jacob concordou, se ajeitando na cadeira. 

-Aham. Eu só não disse quanto tempo. 

Ele estava prestes a reclamar, mas um grito na porta fez com que eles encarassem a nova presença no quarto.

-Ah, Steve! Graças a Deus! 

Dona Eva entrou por dentro do ambiente, caminhando com pressa até a maca dele e enfiando a mão enrugada, mas muito forte, na testa dele. 

-Ai! 

-Tia Eva?! - Jacob engoliu a vontade de rir. - Mas o que é isso?! 

-Não se meta, Jacob, querido! Eu avisei para esse rapaz que se ele morresse ou se machucasse, eu mataria ele! - Eva enfiou mais um tapa na testa dele. - E o que ele e os melhores amigos dele quase fazem?! Isso mesmo! Quase morreram! 

Steve se defendeu de mais um tapa e suspirou, segurando firmemente a mão de Eva junto ao seu coração. 

-Eu não morri, Eva! 

-Mas quer me matar de susto, pelo visto… 

-Sinto muito, Eva. Mas como pode ver, estou vivo! 

Steve fez uma graça apontando para o próprio corpo com um sorriso no rosto. Eva desfez a carranca, emocionada. 

-Graças a Deus, meu menino… Graças a Deus! Eu não sei o que faria se perdesse você! 

Abraçando Steve, Eva relaxou, sentindo o carinho leve em suas costas. 

-Não ia perder… Você precisa do meu aluguel! 

-Ah, Steve… Eu te amo muito, sabia, filho? 

-Eu sei, Evy. Eu também amo muito você! 

Mais calma, eles se separaram e Steve notou que seu sogro tinha saído do quarto, deixando a cadeira livre, onde Eva se sentou. 

-Então, Eva… O que aconteceu lá? Você sabe? 

-Sei o básico, querido. - Ela suspirou e contou nos dedos. -  A Emma me contou que quando Bucky fingiu ser um dos guardas, Margot o seguiu, escondida. Emma e Sharon foram tentar impedir ela quando perceberam mas não deu muito certo... Parece que depois que vocês levaram um tiro, o seu outro amigo, Sam, também levou um. Ah, a Margot levou alguns pontos mas se encontra recuperada. Tivemos um pequeno acidente com o Hulk e o Thor, pelo que ouvi, provocada por alguma droga, mas os dois estão muito bem, por sinal. 

Steve assentiu, esfregando o rosto. Ele respirou bem fundo, a ponto de seus pulmões doerem. E hesitando, perguntou: 

-O Sam…? 

-Está bem. Steve, está todo mundo bem. Você e o cabeludo ficaram piores, mas até isso já passou. 

Afundando na cama, Steve conseguiu reunir coragem e encarou Eva mais uma vez. 

-A Hydra…? 

-Não se fala em outra coisa nos jornais: A Hydra foi derrotada, aparentemente, por bastante tempo! 

O peito de Steve afundou de alívio. Claro que ele sabia que os vilões nunca acabariam e que sempre teria um novo desafio, mas por enquanto, o pior tinha passado. 

Ele não fazia ideia do que faria no dia seguinte ou de qual seria seu próximo passo assim que saísse desse hospital, mas só de saber que teria um dia seguinte até mesmo para acabar não fazendo absolutamente nada, ele estava bem e em paz. 

Seus amigos não eram mais criminosos, sua namorada ficaria em Nova York, seu emprego de herói estava garantido, mesmo que não do o qual ele estava acostumado… Steve estava tão bem e tranquilo que fechou os olhos para descansá-los e acabou dormindo profundamente mais uma vez. 

Ao acordar pela segunda vez, um longo tempo depois, ele percebeu uma algazarra em seu quarto. Conseguiu identificar a voz de Samuel Wilson irritando Emma, de Chloe falando alto com Natasha e Wanda, de Bucky retrucando qualquer coisa que Samanta disse. 

-Ótimo saber que meu quarto se tornou um ponto de encontro! 

Todas as cabeças viraram para Steve. Mas foram os cabelos castanhos de Emma que se esvoaçavam, enquanto ela corria para Steve, o abraçando com toda a força possível, enquanto enchia o rosto dele de beijos. 

A pele de Steve corou e ele evitou os olhares dos amigos, reclamando algo sobre "ter muita gente olhando". Emma o encarou, tão séria que ele se calou. 

-Você é o meu namorado, eu quase te perdi! Se tem alguém incomodado, que esse alguém saia! Eu, hein… 

-Eu posso falar com o tio Steve, Emma? 

Emma assentiu e deixou Wanda levar Chloe até a cama, onde a menina se jogou no colo de Steve, esbarrando com o joelho na barriga dele. Steve gemeu, ignorando a dor e focando no gesso no pé da menina. 

-Meu Deus, Chloe? O que aconteceu com você? 

-Advinha quem tentou voar de cima da cama direto no chão? - Natasha sorriu, indicando Chloe. 

Ela ficou vermelha e fez um biquinho, negando. 

‐Não foi isso, não! 

-Ela caiu da cama de noite e foi tentar achar a minha mãe. - Emma explicou. - Ela não percebeu que estava nas escadas por causa do sono.  

Chloe ficou ainda mais vermelha, ignorando os outros e virando para Steve. 

-Eu estava com saudade! 

-Bem, eu também estava! - Steve sorriu e beijou a testa da menina. - E muita! Me dá um abraço aqui, minha Princesa! 

Chloe obedeceu, abraçando ele tão apertado, que Steve chegou a tossir, sem ar. 

Aos poucos, cada um foi cumprimentando o homem, até faltar apenas Bucky, com um curativo enrolado em torno da cabeça. Os dois se encararam por alguns segundos. 

-Vocês podem me deixar sozinho com o Bucky e o Sam por uns segundos, gente? 

Todos concordaram e, depois de jurar para Chloe que ele ia ficar bem e não ia demorar, os três se entreolharam. 

Sam e Bucky sabiam que a bronca era certa, então, apenas evitaram encarar o loiro. 

-Vocês dois levaram um tiro. Por quê? 

-Bem, digamos que um dos agentes tinha boa mira. - Sam deu de ombros. - E eles perceberam que minhas pernas não estavam cobertas pelas asas. 

-Isso não responde a pergunta dele, Sam! - Bucky rolou os olhos. - Ele foi tentar impedir a Emma de sair do avião e ela atirou nele. 

Steve controlou a vontade de rir alto, mas acabou engasgando por causa disso. Na verdade, Steve jurava que tinha ouvido eles comentarem sobre o tiro quando acordou, no meio daquela algazarra. 

Sam bufou e rolou os olhos, fuzilando Bucky com o olhar por causa das risadas altas e agudas. 

-Sua namorada não pode ser normal! 

-É namorada dele! O que você esperava? 

Steve revirou os olhos e deu de ombros. Então, encarou Bucky, o que fez ele parar de rir e coçar a nuca. 

-Iiih, esse olhar… O que foi agora, Stee? 

-Como você foi baleado? 

Bucky hesitou, trocando um olhar com Sam que, claramente, dizia "Me ajuda!". Sam apenas virou para o lado, o ignorando e controlando a vontade de rir. 

Bufando, Bucky tentou dar um sorriso e comentar: 

-Não achou mesmo que ia ficar com a diversão toda para você, certo? 

-Eu achei que eu tinha dito que não queria ninguém se sacrificando por mim. 

-Teoricamente, ninguém se sacrificou. - Bucky tentou fazer descaso. - Eu só fui tentar te tirar do caminho da bala. 

-E aí você toma um tiro na cabeça?! Sabia que podia ter morrido?! 

-Claro que nem essa sorte tivemos… 

Steve e Bucky fuzilaram Sam com o olhar, até ele murmurar um "Não está mais aqui quem falou". Steve bufou. 

-Esse é o seu conceito de obediência, Sargento Barnes?! 

-Bem, com certeza ver você morrer não era uma opção! 

-Por que você simplesmente não atirou no Sam?! 

-Eu não sei! - Bucky cruzou os braços e deu de ombros. - Eu só agi por impulso, está bem? Caramba… É assim que ele me agradece por salvar a vida dele! 

Steve revirou os olhos com o drama. Então, esticou os dois braços para eles. 

-Está bem! Muito obrigado! Agora venham aqui que eu quero um abraço! 

Sam franziu a testa e negou. 

-Meu negócio é mulher, hein, Capitão? 

-Capitão, não! - Steve corrigiu. - Agora sou o nômade! Capitão é você! 

-Ah, não! Mas que inferno! - Bucky estapeou a própria testa e gemeu, descontente. - Que péssima idéia! 

No final, os dois foram abraçar o amigo, celebrando o momento de paz entre todos eles. 

Ooie, Gente!

Cheguei com um capítulo que deve ter feito vocês levarem um susto enorme, certo? KKKKKKK O Nosso trio todo ferido, que belos heróis

Bem, esse capítulo foi um pouco mais curto do que o que vocês estão acostumados, maaaas... Espero que tenham gostado mesmo assim! Agora, teremos alguns saltos temporais e mais seis capítulos pela frente!

Por falar em capítulos...

HOJE É DIA DE FALCÃO E SOLDADO INVERNAL! VOCÊS ESTÃO ANIMADOS?!?!?

Minha mãe não aguenta mais me ouvir falando sobre isso KKKKKK

Bem, até o próximo!

Beijos! 💕