O relógio na parede marcava cerca de duas e meia da manhã quando Steve ergueu o rosto do travesseiro e encarou a mulher jogada embaixo de si, praticamente. Tirando o cabelo de Emma de cima do rosto dela,  chamou, baixo, cerca de quatro vezes, mas a única coisa que conseguiu obter foi um ronco quando Emma mudou de posição. 

Steve jogou as cobertas para o lado e levantou da cama, da forma mais suave que conseguiu. Catou as roupas dentro da mala que trouxe enfiou uma calça de moletom por cima do uniforme, além de um casaco grosso. 

Deixou o bilhete em cima da cama, junto com uma florzinha de papel e beijou a bochecha de Emma, saindo do quarto a seguir. Assim que se virou para o corredor, estremeceu de susto ao encontrar Bucky, o observando, com uma xícara de algo fumegante na mão. 

-Ela aind… 

-Shhh! - Steve reclamou, arrastando o amigo pelos ombros. - Sim, ela está dormindo! O Sam já está pronto? 

-Está. - Bucky revirou os olhos. - Me apurrinhando desde meia noite! Quando isso tudo acabar, eu posso matar ele? 

Steve ignorou o amigo e continuou caminhando pelos corredores até chegar na sala de reuniões, onde Sharon e Sam esperavam por ele, já arrumados também. Steve foi direto até seu escudo, apoiado na parede. O pegou e o prendeu na parte de trás do uniforme. 

-O avião…? 

-Já foi preparado. A Sam conseguiu um passe para a gente. - Samuel informou. 

-Ótimo. - Steve virou para Bucky. - Conseguiu as motos? 

-Estão lá fora. - Bucky enfiou as mãos no bolso e puxou duas chaves. - Os donos foram na farmácia e no mercado. Não sei qual a idiotice de deixar as chaves na moto, mas ainda bem que deixaram! 

Steve assentiu. Então, encarou Sam, que verificava algo no pulso, vendo a mesma visão que seu Falcão, localizado no alto do prédio. Ele aguardou até o homem se virar para ele e acenar, positivamente. 

-A barra está limpa! 

-Ótimo! Vamos, então! - Steve mandou, se virando para o melhor amigo. - Cuidado! Eu não pretendo demorar mais que dois dias! Não deixa elas se meterem em confusão! Fica atento! E qualquer coisa, não hesita em sair daqui, ouviu? 

Bucky bateu continência, sorrindo para o amigo e indo o abraçar.  Os dois se encararam. 

-É, Sério, Bucky! Cuida da Emma! 

-Isso se ela não me matar, né? - Bucky deu de ombros. - Mas não se preocupa, vou cuidar dela como se eu estivesse cuidando da minha namorada! 

-Depois, é corno e não vai saber porquê! 

Os dois amigos encararam Sam. O homem deu um sorrisinho sem graça quando percebeu o olhar de Bucky sobre si, enquanto Steve revirava os olhos e se voltava ao amigo novamente. 

-Contanto que ela não morra… 

-Deixa de ser imbecil! - Bucky reclamou, dando um tapa na nuca do doido. -E por falar em imbecil… Não faça nenhuma estupidez até estar de volta, está bem? 

Steve sorriu amplamente e concordou com a cabeça.  

-Como poderia? Estou deixando toda a estupidez aqui! 

Bucky sorriu de volta e foi se despedir de Sharon e de Sam, embora a despedida deles tenha sido uma troca de socos que só parou quando  começaram a ficar violentas demais e Steve gritou por Sam, avisando que ele ia ficar para trás. 

Faziam cerca de cinco dias que Margot tinha chegado na base e três desde que eles decidiram que iam invadir a base. Mas antes, eles precisavam passar em um lugar para obter ajuda. 

Sam deu carona para Sharon na primeira moto e Steve os seguiu, pelas ruas. Uma capa preta jogada por cima de seu corpo tampava o escudo protuberante em suas costas e Sam verificava os melhores caminhos através do Auxílio do Falcão e de Samanta, que tinha ficado na base com Emma e Margot. 

Steve julgou ser extremamente arriscado levar a Agente junto, tendo em vista que ela ainda estava se recuperando do ferimento e que ela era um alvo conhecido. 

Sabia que Emma e Margot ficariam extremamente putas com ele. Mas se até Samanta tinha concordado que era melhor que elas não fossem junto, quem Steve era para as levar? 

O caminho até o aeroporto foi bastante movimentado e eles passaram por cerca de duas manifestações em prol do apoio aos heróis, mesmo que fossem duas horas, quase três da manhã. 

Isso deu mais ânimo para que eles acelerassem as motos e chegassem ao aeroporto de Washington cerca de três e meia da manhã. Steve estava tenso quando estacionou, e ficou mais ainda quando um rapaz vestido de segurança se aproximou dele. 

Não devia ter mais que vinte anos e, com certeza, aquelas roupas eram muito maiores que ele, mas de qualquer forma, o coração de Steve parou por segundos, antes que Sam o encarasse e dissesse a palavra de segurança. 

-Catapimbas! 

-Venham comigo! - O Rapaz ergueu a coluna e direcionou um sorriso para Steve, que soltou o ar, mas nem por isso, ficou menos tenso. - Eu sou seu fã! 

Steve sorriu, sem graça. Nunca sabia o que deveria responder: Obrigado? Que maneiro? Legal? 

O rapaz foi falando o caminho todo sobre como sempre acreditou na inocência dos heróis e na vilania do Governo, sobre os grupos de teorias da conspiração que participavam na internet e sobre como ficou extremamente ansioso em poder ajudar aos heróis assim que procuraram por ele no grupo.

Contornando o aeroporto, eles chegaram rapidamente ao avião que pertencia à frota da família de Samanta e, em cerca de vinte minutos, já estavam no ar. 

-Nossa, aquele garoto falava tanto, né? - Sharon se jogou em uma cadeira, próxima ao piloto e co-piloto. - Eu fiquei até tonta! 

Steve concordou, ajudando Sam a colocar o avião em modo de fuga e, para seu espanto, o pontinho no radar que indicava o avião sumiu. 

-Uau! 

-O Tony pode ser o que for, mas até eu tenho que admitir que a tecnologia dele é impressionante! - Sam comentou, encarando o amigo. 

-Quem implica com ele não sou eu, Samuel. 

Sam riu vendo Steve revirar os olhos. Pelas próximas três horas, Steve, Sharon e Sam alternaram o tempo entre conversar, repassar o plano, ficar em silêncio ou comer os salgadinhos que Sam achou quando revirou o avião.  

O horizonte já demonstrava os primeiros sinais do amanhecer em cores fortes de rosa e laranja quando Sam pediu para eles se ajeitarem porque iam pousar. O campo verde coberto com uma neve fina fazia um contraste lindo com o dia de Sol que faria a seguir. 

Steve sentiu o celular vibrar no bolso e quando o pegou, viu que era uma única mensagem de Bucky. 

"FUDEU! A EMMA ACORDOU E TÁ FURIOSA! SE EU MORRER, EU TE MATO!" 

Steve respirou fundo e desligou o celular assim que as mensagens dela começaram a chegar. Seguindo Sam e Sharon para fora do avião assim que pisaram na grama, Steve sentiu uma sensação de deja vú o invadir. 

O ar do campo era mais leve e o vento não estava tão frio, de forma que Steve preferiu tirar o casaco grosso e ficar só com o uniforme. 

Conforme o trio se aproximava da casa, o Sol ia saindo de trás das montanhas. Percebendo a janela da cozinha com luz, Steve percebeu que alguém já estava acordado. Os três levaram um pequeno susto quando, ao se aproximarem do quintal com troncos de árvores caídas, a porta da frente abriu de supetão e Steve viu Chloe sair correndo pelas escadas com um sorriso enorme no rosto. 

Sorriso esse que Steve correspondeu, se abaixando e pegando Chloe no colo, assim que ela gritou "Tio Steveeeeee" e por pouco não caiu na neve. Rodando a menina no colo, ele riu junto com ela e a pôs no chão, analisando Chloe. 

-Nossa, olha para você! Como cresceu nesse tempo fora! Daqui a pouco, você está me passando! 

-Não tô nada! - Chloe riu, dando de ombros. - Você é grandão! Oh, Tio… Cadê a Emma? 

-Ela ficou no nosso esconderijo. - Sam explicou. - Essa é uma amiga nossa, a Sharon. Ela vai ficar aqui durante algum tempo. 

Chloe suspirou, perdendo a postura animada, mas sorriu e acenou para Sharon, sem soltar a mão de Steve. 

-Oi, Tia! 

-Oi, Pequena! Ouvi falar muito de você, sabia? 

Chloe sorriu, mas sua atenção foi desviada para a mão de Steve. Os olhos da menina brilharam quando acharam a pedrinha marrom que Steve catou no aeroporto. 

-De onde…? 

-Washinton. - Steve sorriu. 

-Essa é linda! 

Chloe foi o caminho todo analisando a pedrinha e falando sobre a cor e formato. Enquanto eles entravam na casa, as outras crianças foram cumprimentar o Falcão e Natasha apareceu sabe-se Deus lá de onde, abraçando Sam e Steve juntos. 

-Meu Deus! Graças a Deus vocês estão bem! 

-O Tio Steve me trouxe uma pedrinha! - Chloe mostrou para Natasha. - Olha que linda! 

Natasha a analisou e sorriu para a criança.

-Uau! Linda mesmo! Escuta, Chloe… Você pode fazer um favor para mim? Vai chamar o tio Clint… 

-É melhor vocês todos chamarem os Vingadores. - Steve avisou. - Preciso de uma reunião urgentemente! 

As crianças saíram correndo e Steve registrou apenas que Cooper deu a mão a Chloe antes deles saírem correndo. Depois ele perguntaria sobre isso para alguém, mas antes, Natasha o cutucou, preocupada. 

-O que aconteceu? Cadê os outros? Não me diz que…? 

-Está tudo bem, Nat! Não se preocupa! - Steve puxou a amiga para mais um abraço, sorrindo e beijando o topo da testa dela. 

-Depende do ponto de vista. - Sam corrigiu. - A Emma vai matar o Stee quando ele voltar, mas por enquanto, está mesmo tudo tranquilo. 

-Por quê? 

-Vou explicar agora! 

E realmente, Steve passou as próximas duas horas e meia explicando detalhes por detalhes de tudo que aconteceu desde o momento em que eles deixaram a fazenda de Clint para todos os Vingadores e heróis. Eva também estava participando da reunião, muito embora, Steve ainda não tinha explicado por qual motivo era tão importante que ela o fizesse. 

Várias vezes, foi interrompido por discussões bobas ou qualquer coisa do tipo, mas assim que Steve elevou a voz a um nível mais sério, até Tony Stark parou de picuinha e prestou atenção nele. 

-O que eu vou dizer é… Inusitado e eu não quero dar falsas esperanças a absolutamente ninguém. - Steve encarou Eva, observando a amiga sorrir. - Mas segundo a Margot e esses documentos aqui… 

Steve apontou para uma pilha no canto de uma mesa improvisada. Ele até mesmo continuaria a falar se não tivesse sido interrompido pela voz de Eva. 

-Os pais da Emma estão vivos, não estão? 

Silêncio. Alguns arfaram. Outros encararam Steve. Mais silêncio. 

-Provavelmente, sim. O grande problema é que se eles estiverem vivos, estão sendo mantidos como prisioneiros na Antártida e é para lá que eu e Sam vamos assim que sairmos daqui! A Sharon vai ficar com vocês e… 

-Espera, mais ninguém vai?! - Clint perguntou, claramente chocado. 

Sam e Steve se entreolharam, negando a seguir. Um falatório se instaurou e o loiro teve que elevar a voz. 

-Porém, eu preciso avisar que vim buscar ajuda com mais uma pessoa! 

Silêncio. 

-E ela é bem pequena ou bem grandona. - Sam fez gestos com as mãos. - O que é mais fácil para invadirmos e confirmarmos se os pais da Emma estão lá ou o maluco da Hydra. 

Scott ergueu a mão e Steve controlou a vontade de sorrir quando, sentado no chão, ele bateu as pernas, parecendo uma criança. 

-Sim, Scott… 

-Essa pessoa por acaso sou eu? 

Sam apontou para ele, concordando. 

-É claro que é! Você pode diminuir de tamanho e se infiltrar na base sem ser visto. E aí, vamos poder saber se devemos ir em silêncio ou já explodindo tudo! 

Scott assentiu, soltando um sorriso orgulhoso. Todo mundo encarava Scott com um pouco de raiva, afinal, Steve sabia, estavam todos ansiosos e animados para irem em uma missão. 

Mas foi Wanda quem ergueu a mão novamente, pedindo a palavra. 

-Eu não queria ser metida… 

-Já está sendo, na verdade, Criança! - Tony a encarou. 

Wanda o ignorou e continuou olhando para Steve enquanto falava. 

-Mas eu acho que vocês podem precisar de uma ajuda maior do que só alguém que encolha e diminua. Nesse caso, eu acho que posso ajudar, confundindo eles, quando vocês tiverem que entrar. 

Sam e Steve não tinham pensado na vantagem que ter Wanda ao lado deles trazia. Mesmo assim, continuaram receosos, especialmente quando Natasha se manifestou. 

-Wanda, eu entendo sua preocupação, mas se alguém tem que ir, então esse alguém sou eu. Eu estou mais acostumada a ir em missões assim e… 

-Vocês sabem que eu poderia ajudar também, não sabem? - Sharon questionou. 

Esse foi o estopim para mais uma discussão enorme. Steve deixou que a discussão se estendesse até certo ponto, quando perdeu a paciência e gritou: 

-CALEM A BOCA! 

-Eu não tenho culpa se o Picolé claramente vai me escolher, Legolas! - Silêncio. - Nossa, ficou silêncio aqui! 

-Tony… 

Steve o chamou, cansado. Não dormia ia fazer vinte quatro horas e sua cabeça começava a doer. 

-Eu não posso levar todo mundo e arriscar vocês, não importa se vocês querem ou não! Não é porque conquistamos algumas pessoas de volta que não estamos correndo riscos! Enquanto o governo e a Hydra não caírem, nada muda para a gente… E eu sei, vocês tem razão, está demorando demais! Mas eu prefiro agir lentamente da maneira correta do que me afobar e… 

-Que palavra velha, Hein, Rogers! 

Steve respirou fundo, prendeu o ar nos pulmões e os soltou lentamente. Sam rolou os olhos e encarou Tony. Mas antes que o negro pudesse resmungar qualquer coisa, levou uma cotovelada dolorida na boca do estômago. 

-Como eu estava dizendo…. Eu vou levar o Scott. E Wanda… Você tem certeza que pode nos ajudar sem se ferir? 

-Ela tem treinado bastante, Capitão. - Visão quem respondeu quando Wanda acenou positivamente. 

-E teve uma evolução incrível! - Natasha concordou. 

-Embora eu não tenha muitas xícaras mais… - Clint brincou, fazendo todo mundo rir. 

Steve sorriu e assentiu. Trocando um olhar com Sam, Steve deixou nas mãos dele a tarefa de explicar para os dois o que fazer, o que procurar, onde… 

Enquanto isso, ele se afastou e caminhou até o canto do celeiro, ajoelhando na frente de Eva, que estava quieta desde o início. Eva sorriu assim que ele chegou perto, acariciando o rosto de Steve. 

-Eu sempre acreditei que eles estavam vivos, Stee. 

-Se eles estiverem, Eva, eu juro para você que vou trazer os dois de volta, está bem? 

-Claro, meu querido! - Uma pausa. - Mas se eu fosse você, me preparava mais para encontrar a Emma do que para ir nesse lugar aí! Eu garanto que ela vai te socar de novo quando te encontrar. 

Steve concordou, coçando a nuca. 

-Eu tô com mais medo de enfrentar ela do que a Hydra… Acredita? 

-E deveria ter medo mesmo! - Eva concordou. - A Hydra são seus inimigos, a Emma é sua namorada! 

Steve sorriu, concordando. Eva continuou falando, dando uns tapinha na coxa do homem. 

-Portanto, para sua sorte, é melhor você trazer os pais dela vivos! Tem uma distração enorme para dar tempo de você fugir. 

-Pois é, Evvy… Pois é! 

Ooie, Meus Xuxuzinhos! ❤

Cheguei com mais um capítulo para vocês e ainda não é o que nos revela se os pais da Emma e da Chloe estão vivos ou não, mas nos revela que o Steve vai apanhar da Emma 🤡🤡😂😂😂😂

Espero que tenham gostado! Ah, aliás... Preciso avisar a vocês que já defini um capítulo final para a fanfic e vai acontecer no 60 😭🤧 Mas eu ainda tenho é história para escrever hehehe e vamos ter muito drama ainda!

Espero que gostem!

Até sexta que vem! 💕

Beijos 💋💋