41. Ross
Existem momentos na vida que antecedem momentos tão importantes e decisivos, que quando chega a hora de agir, parece que há uma trava que impede até mesmo de raciocinar.
Steve Rogers se encontrava em um daqueles momentos.
Eram cerca de cinco da manhã quando, amarrado em uma cadeira em uma antiga sala de interrogatório, o General Thaddeus Ross acordou, levemente tonto e olhou ao redor, sem conseguir identificar onde estava. Os gritos por socorro puderam ser ouvidos por toda a base da Shield quando as seis pessoas se reuniram no que parecia uma sala de reuniões levemente destruída: Uma das paredes parecia ter sofrido algum tipo de acidente com explosão.
Levou cerca de dez minutos para que todos entrassem em acordo que era mais vantagem gravar a conversa com o homem e que quem deveria ter essa conversa, seria Steve.
Agora, após Samanta ter usado uma máscara improvisada feita com uma blusa com furos para olhos e nariz, e ter entrado na sala para instalar a Câmara, Steve estava parado, na mesma porta, as mãos na maçaneta e a respiração levemente acelerada.
Talvez, preferisse enfrentar um novo exército de Chitauris e Robôs do que fazer aquilo, afinal, todos os outros dependiam dele.
É claro que Steve não esperava uma confissão total, mas esperava, ao menos, achar furos suficientes para que toda a história contada pelo governo começasse a desmoronar.
Olhando por cima dos ombros, Steve encarou Sam e Bucky, que montariam a "guarda" do lado de fora da porta. Os dois assentiram para ele, o incentivando.
Respirando fundo, Steve abriu a porta e deu o primeiro passo, caminhando quase tranquilamente até a frente do General Ross. O homem arregalou os olhos e tentou falar qualquer coisa, mas por ter uma mordaça em sua boca, só grunhidos saíram da garganta dele.
Steve colocou no rosto a expressão mais séria que conseguiu e arrancou o pano sobre os lábios de Ross.
-Você!
-Eu… - Steve contornou a mesa e sentou na cadeira, de frente para ele. Haviam várias pastas ao seu lado, organizadas por Samanta. - Não vou dizer que é um prazer rever o Senhor, General, já que não é. Especialmente, depois do que eu descobri.
O homem o fuzilava com o olhar, tentando se livrar das amarras nas mãos e nos pés. Steve pegou a primeira pasta e a folheou, calmamente.
O silêncio reinou por alguns instantes antes que Ross decidisse falar qualquer coisa.
-Minha equipe vai me procurar, Rogers, e você vai estar muito ferrado quando me acharem!
-É? - Steve ergueu uma sombrancelha, suspirando e se ajeitando na cadeira. Cruzou as mãos na frente do corpo, apoiadas na mesa e o encarou, depois de soltar a pasta de lado. - E quem disse que vão achar você?
Mais silêncio. Steve encolheu os ombros.
-Eu acho que você devia ter pensado antes de escolher mexer com as pessoas erradas, Ross. Na verdade, eu acho que você deveria, ao menos, ter pensado um pouco melhor junto ao Presidente e ao Sam Porter antes de montar aquele Tratado Ridículo.
Steve observou o bigode escovinha do homem tremer levemente, antes que ele negasse.
-Não conheço nenhum Sam Porter. E eu não sei sobre o que você está falando! Aliás, eu não sei nem porque você não está atrás das grades ou morto nesse exato momento!
-Eu sei. - Steve respondeu. - Vocês precisam de mim.
Silêncio. Steve continuou.
-É bem simples até, olhando de fora, agora que eu já sei sobre tudo. O Tratado foi uma forma encontrada de tentar nos controlar. E como Sam sabia que não iam conseguir fazer todos aceitarem através de manipulação de culpa, como vocês fizeram com o Tony, colocaram a cláusula de prisão. Uma proposta interessante já que sabiam que eu me recusaria a assinar algo que me impedisse de tentar fazer a coisa certa.
Mais silêncio.
-Nesse caso, a partir do momento em que eu fosse capturado, eu seria pintado como o maior vilão já existente em uma reviravolta digna de tirar o fôlego! Foi esperto, na verdade… Claro que essa idéia não saiu de você, então, não pense que eu estou te elogiando!
Pausa. Mais silêncio. Ross não tirava os olhos de Steve, levemente pálido.
-Vocês entraram em ação com o Agente Americano, a esperança no fim do túnel quando os cidadãos dos Estados Unidos perderam a fé no Capitão América. Eu passei a viver isolado e em fuga. Mas vocês sabiam onde eu estava o tempo todo, não é? Eu só não entendi o porquê não atacaram… Queriam que parecesse um acidente? É isso? Para o governo não ser incluído em nada?
Mais silêncio. Ross respirou fundo, fazendo Steve perceber que, até agora, a linha de raciocínio estava indo bem.
-Só que advinha, Ross? Eu não estava fugindo, apenas. Nenhum de nós estava! Seguimos todos os rastros que vocês deixaram para trás e descobrimos sobre a Pais…
Steve puxou uma folha e pôs na frente dele.
-Conseguimos ligar essa organização fantasma à de Sam Porter. Mas sabe o que foi o melhor disso tudo? Que vocês mesmos se entregaram!
Mais silêncio. Steve estava começando a ficar irritado. Então, puxou mais uma folha e pôs na frente de Ross.
-Sabe o que é isso, Ross? Um e-mail datado de dois anos antes do Tratado, quando a Hydra caiu e a Pais surgiu. E sabe o que fala nesse email? Sobre prender os heróis, especialmente, ao Capitão América através da desobediência. E quer saber de mais coisa? Foi para o próprio Presidente dos Estados Unidos!
Ross ficou ainda mais pálido. Steve levantou da cadeira e o encarou, de perto.
-Você tem duas opções: Ou abre a boca e fala, ou vai ficar aqui para o resto da vida. Você escolhe!
-Você não tem capacidade para isso, Rogers.
-Experimenta para ver!
Steve saiu da sala, frustrado. Ou ao menos, tentou, mas assim que sua mão tocou a maçaneta da porta, ouviu a voz de Ross, comentando:
-É, parece que você não é só músculos e um rostinho bonito.
Steve ficou parado, esperando para ver se valia a pena cair na provocação do homem ou não. Quando decidiu que não, foi a voz de Ross que interrompeu o silêncio, suspirando.
-Eu não ganho absolutamente nada de abrir minha boca.
Steve se virou para trás, controlando a vontade de sorrir. Embora ele não tenha dito em um tom de voz interrogativo, Steve deu de ombros.
-Talvez. Você não tem muita serventia para mim e te manter prisioneiro aqui vai me dar muita despesa. Além disso, você falando ou não, depois de algum tempo, não serve de nada para mim.
Mais silêncio.
-Quem entregou essas coisas para você?
Steve ponderou. Então, seria assim? Uma resposta pela outra? Sentou de volta na cadeira.
-Margot Porter. - Steve mentiu. - Ela… Ela tem tentado me ajudar esse tempo todo.
Ross soltou o ar, junto com uma risada que informava que eles já suspeitavam disso.
-Garota insolente!
-Quando vocês tentaram me prender… Qual era, exatamente, o objetivo? Acabar com os Vingadores e deixar a população à mercê do governo?
-Não é você quem tem todas as respostas, Capitão?
Steve manteve a calma.
-Onde eu encontro Sam Porter?
-E eu sei lá?! - Ross retrucou, perdendo a paciência. - Eu nunca o vi pessoalmente!
Antes que Steve pudesse pensar em falar qualquer coisa, a porta abriu e Bucky Barnes entrou na sala, segurando o laptop do General Ross. Steve franziu a testa quando o homem sentou ao seu lado e os dois trocaram um olhar. O moreno piscou imperceptivelmente.
-Segundo o registro do seu Laptop, General Ross, o senhor esteve em vários endereços que não batem com a sua agenda no período Pré-Tratado…
-Mas o que é isso, agora?! A Escória da Hydra analisando meus passos?
-A Hydra caiu quando me perdeu. Eu sou mesmo a Escória da Hydra, é? - Bucky continuou passando páginas e páginas de dados.
Steve segurou o riso e murmurou um "Touché!".
-Vejamos… Olha só o que eu achei! Parece que alguém não limpa o cachê do computador…
-Que isso? - Steve sussurrou.
-Não faço idéia, mas a Shuri mandou dizer isso! - Bucky deu de ombros. - Vejamos… O Senhor mandou um e-mail assim que conseguiu as assinaturas de Natasha, Visão, Tony, Rhodes… E olha aqui o que ele diz, Steve: "Tudo como combinado. O Capitão Certinho não assinou.".
Steve tomou a dianteira e começou a ler os registros de email, inclusive, os que tinham ido para a lixeira, em voz alta. Até Ross perder a paciência e tentar virar a mesa para derrubar o aparelho, mas os dois homens seguraram o laptop rapidamente.
Quando Steve conseguiu conter Ross novamente, os dois homens o amarraram de volta na cadeira e levaram o laptop para fora, indo direto até a sala onde o resto do pessoal estava.
Avisando que Shuri precisaria de algumas horas junto a Samanta para editarem a gravação, as duas começaram a trabalhar duro para isso.
-Ah, aliás… - Bucky cutucou a namorada. - Preciso saber qual foi o endereço que o Steve leu no momento em que aquele cara derrubou a mesa! Aposto que tem algo lá.
-Tudo bem! Vamos fazer isso! Agora… Vocês podem deixar a gente trabalhar?!
Os três homens concordaram e saíram pelo corredor. Sam mal andou dois passos antes de cair na risada, sendo acompanhado por Bucky e Steve, mesmo que os dois não soubessem exatamente o porquê estavam rindo.
-Qual o problema, Sam?!
-Você quer em ordem alfabética ou cronológica? - Bucky perguntou, rindo e encarando o negro, que continuava rindo que nem uma foca engasgada. - Fala logo, Criatura!
-Vocês tinham que ver a cara do General Ross quando o Steve entrou! Ele parecia que ia cagar nas calças!
Os três voltaram a rir, mais intensamente dessa vez. Aos poucos, foram parando e se encararam, risonhos ainda. Foi Sam quem mudou de assunto primeiro.
-Bem, eu não sei vocês, mas essa noite me deu muita fome! Alguém que ir comer? - Sam apontou por cima dos ombros. - Tem um monte de coisa na validade, dentro do estoque da cozinha.
-Ah, eu quero! - Bucky concordou e virou para o amigo. - Você vem?
Steve negou, esfregando o rosto e apoiando a mão na cintura. Não estava com ânimo para comida. Na verdade, seria a última coisa que teria pensado se Sam não mencionasse isso.
-Eu não tô afim de comer nada agora…
-Ah, ele vai procurar a namoradinha, né?
Steve franziu a testa e olhou ao redor, surpreso por ter esquecido da presença de Emma por alguns minutos. Então, os encarou.
-Por falar nisso… Alguém viu ela?
-No quarto. - Sam informou. - Ela disse que estava cansada e com dor de cabeça, então, ia dormir.
Agradecendo, Steve caminhou pelo corredor se afastando dos amigos e indo em direção as escadas para o segundo andar. Subiu os degraus de três em três e caminhou, apressado, pelo segundo corredor, até achar o quarto que Emma e ele tinham escolhido dividir.
Bateu na porta, aguardando que ela autorizasse ele a entrar. Não foi o que aconteceu, tendo em vista que Emma gritou um "Vai embora!" Com a voz embargada e chorosa.
Steve pensou em obedecer. Na verdade, chegou a ir até as escadas, afinal, Emma claramente queria ficar sozinha. Mas parou e encarou o corredor nas suas costas. Seu coração apertou e Steve não teve coragem de deixar ela sozinha.
Deu meia volta e caminhou novamente até o quarto, abrindo a porta.
Emma estava deitada na cama, de costas para a porta. Seus ombros subiam e desciam e ela mexia no celular. Aos poucos, Steve caminhou até ela, se sentando perto da namorada.
-Eu achei que tinha dito para ir embora…
-Eu só quero dormir um pouco, Sunshine. Tô cansado!
Emma desligou o celular e virou de frente, na cama. Encarou o teto por longos minutos, esses que Steve acabou quase adormecendo de tanto sono. Mas a voz de Emma o despertou.
-Eu… Eu só queria poder pedir desculpas para eles, Steve.
Abrindo os olhos, Steve se perguntou de quem ela estava falando até focar os olhos no celular que estava ligado novamente, em uma foto dela e Chloe, com um homem e uma mulher atrás deles.
-Eu não odeio eles de verdade! Eu odeio o fato deles não estarem aqui e eu queria tanto que estivessem!
Steve não disse nada. No entanto, esticou um braço e Emma se jogou contra ele, chorando tão intensamente, que Steve achou que ela podia morrer sem fôlego.
-Meu amor, me escuta… - Steve encarou Emma e sentiu lágrimas em seus olhos também. - Você não vai conseguir mudar o passado e só vai doer cada vez mais que você pensar nisso!
-E eu vou pensar em que?! - Emma retrucou.
-No que foi bom, meu anjo. No que valeu a pena.
Emma ficou em silêncio durante tantos minutos, que Steve sentiu os olhos fecharem automaticamente. Então, os dedos dela percorreram a extensão do braço dele e Emma começou a falar.
-Meu pai me chamava de Sunshine e chamava a Chloe de LightMoon. Ele gostava de observar as estrelas, sabe? Mas em Londres quase não dava… - Emma suspirou. - Ele também gostava de café ao invés de chá e era um pouco chato e mandão.
Steve encarou Emma nos olhos, sorrindo de leve.
-E sua mãe? Como ela era?
-Incrível! - Emm sorriu. - Ela não teria gostado de você no início, sabe? Por ser muito mais velho que eu e por ter cara de quem destroça corações…
Steve riu, o que fez Emma sorrir. Ela suspirou.
-Depois, ela teria praticamente te obrigado a me pedir em namoro e seria mais inconveniente que a Tia Eva! Ela sempre fazia biscoitos de chocolate e contava histórias quando dava para eu dormir. Eu sinto falta dela de uma forma tão grande que dói.
Steve entendia. Sorrindo para Emma, pôs o cabelo dela atrás de sua orelha.
-A minha mãe se chamava Sarah. Ela era enfermeira e sempre estava cuidando dos meus machucados e dos que o Bucky tinha por me defender. Ela também fazia chocolate quente quando eu era criança e inventava histórias para mim.
-Como ela…?
Steve suspirou e deu de ombros.
-Ela ficou doente depois da primeira guerra. Morreu quando eu tinha 18 anos. Eu sinto falta dela até hoje. Às vezes, parece que eu vou morrer de tanta saudade. As vezes, ela é menor.
-Acho que quem nos ama nunca nos deixa de verdade. Eles vivem para sempre dentro de nós. - Emma, claramente, citou alguma coisa. Vendo a careta dele, Emma soltou o ar. - Harry Potter!
-Eu preciso ler esse livro! - Steve afirmou, o que fez ela rir.
-Obrigada, Steve. Eu não sei o que eu faria sem você comigo. - Emma admitiu, o encarando nos olhos.
-Eu sei. Porque eu também não sei como teria enfrentado isso tudo sem você do meu lado.
Emma apoiou a cabeça no braço dele novamente e os dois ficaram quietinhos, dormindo, até o anoitecer, quando o resto do pessoal daquele Bunker já estava pronto para invadir as redes televisivas e transmitir o interrogatório para todo o país.
O
oie, Pessoal! 💖
Eu sei, eu tô há dez dias sem atualizar, mas eu vou explicar o que aconteceu:
Primeiro, eu tenho que admitir que fiquei com um bloqueio enorme com essa fanfic e grande parte desse bloqueio é culpa de estarmos nos encaminhando para o fim.
Depois, eu me perdi (literalmente) nos dias porque tô focada em terminar uma fanfic que está me dando Muito trabalho.
E por fim, eu fiquei alguns dias sem internet 🤡
Então, queria pedir desculpas por isso e dizer que, embora eu possa demorar um pouco para atualizar, eu não vou desistir da fanfic de jeito nenhum e vou conseguir, sim, terminar ela, viu? Não se preocupem! 💕
Esse foi um capítulo que, particularmente, eu gostei muito de escrever! Muito mesmo! 🤭
O Steve like a boss fodão, nossa... 🥵🥵🥵
Deu até calor heheheh
Hey, vocês lembram que eu tinha dito que quando atingissemos os 10k eu tinha uma surpresa? Então, eu trouxe duas para vocês:
A primeira, é que mais tarde, antes de sexta acabar, vamos ter mais um capítulo de Human para vocês!
E a segunda é que, muito provavelmente, em breve, vou fazer uma fanfic do Chris Evans! Já tenho alguns capítulos e um plot pronto e eu acho que alguns de vocês podem gostar!
Enfim... Era isso!
Até o próximo! Beijos!
💕
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