20. Inesperado.
Steve Rogers estava sentado no sofá da sala de Dona Eva, assistindo televisão e tomando chá de erva doce, enquanto comentava com a mulher sobre a evolução ds obra que estava em fase de conclusão.
Se sentia levemente nervoso, afinal, quando chegou no apartamento para tomar banho e trocar de roupa, teve que aturar um interrogatório de Bucky e Sam, que resolveram usar o beijo que ele tinha dado em Emma, como questão para fazerem "amizade".
A impressão que Steve tinha todas as vezes que olhava para Eva era a que ela sabia o que ele tinha feito e só estava esperando a hora certa para comentar. Céus, isso era apenas um beijo, não precisava de tanto nervoso. Ou precisava?
-Já são seis e meia? - Eva esticou o pescoço para a direção do grande relógio de coruja, pregado na parede. - Ué, cadê essas meninas?
Steve franziu os olhos, dando de ombros.
-Talvez, elas tenham ido fazer compras…
-Ah, é… - Eva suspirou, dando um leve sorriso por cima da borda da xícara, antes de levá-la aos lábios e sorver um pouco do líquido. - A Chloe comentou que precisava de bolinhos para uma festa na escola, amanhã. Eu tinha esquecido!
Steve assentiu, encarando o chá que já estava gelado na sua frente. Normalmente, não tomava chá. Mas não havia mais café e Steve não quis ser indelicado, já que era falta de educação recusar chá às cinco da tarde.
-Quando você vai me contar…?
Eva nem mesmo terminou a frase antes de Steve dar um pulinho de susto, derramando chá na perna esquerda e xingando. Eva franziu a testa, sem entender a reação exagerada do homem.
-O que foi?
-Eu… - Steve pigarreou, largando a xícara de chá na mesinha de centro. - Eu não planejava, entende? Só aconteceu…
-É? Deve ter sido uma surpresa e tanto…
-É, pois é… Mas eu juro para a senhora que eu não vou "abusar" da sua sobrinha, Dona Eva! Eu posso estar sendo um canalha em outros aspectos, mas eu ainda sei respeitar uma mulher e…
Eva engasgou com o chá, violentamente, o cuspindo longe. Steve acudiu a senhora com pequenos tapinhas nas costas e tirando a xícara da mão dela, apoiando ao lado da sua. Eva retirou um lenço do bolso e enxugou a boca com classe e um leve sorriso.
-Steve, meu querido…
-Sim, Dona Eva?
-Você e a Emma se beijaram?
Steve franziu a testa, confuso. Eva o encarava, com expectativa.
-Ué? Não era isso que a Senhora ia perguntar? Quando eu ia contar sobre o beijo?
Eva soltou uma gargalhada alta e contagiante, que fez Steve rir junto, mesmo sem querer. Eva negou com a cabeça.
-Não mesmo! Mas isso explica porquê a Emma estava tão distraída hoje que ia sair de casa com uma toalha na cabeça…
Steve acabou deixando mais uma gargalhada escapar, mesmo que tenha sentido o pescoço queimar de vergonha. Céus, tinha perdido a oportunidade de ficar calado!
-Eu ia apenas perguntar quando você ia me contar sobre o seu amigo…
-Ah… O Bucky!
Steve esfregou o rosto, pensando seriamente em pegar a faquinha de serra que estava sobre o bolo de chocolate e ir até o apartamento, o assassinar degolado.
-Esse mesmo… A Chloe deixou escapar que tinha conhecido um amigo seu e que ele foi muito legal com ela, mesmo calado e meio mau-humorado.
Steve respirou fundo.
-Ele chegou tem alguns dias e está escondido…
-Mas que novidade!
Steve soltou uma risada e concordou.
-Mas é… Ele é meio calado e mau-humorado mesmo. Na verdade, ele não interage muito com as pessoas por causa da Hydra. O que ele passou…
-Entendo… - Eva o encarou e fez uma pausa, para em seguida, sorrir e cutucar o homem com o dedo comprido. - Agora, me conta tudo sobre o beijo!
-Ah, não! - Steve reclamou, negando com a cabeça. - Não vou falar um "a" sobre isso, Eva!
Eva bufou, rolando os olhos, irritada.
-Sabe que se você não disser, a Emma vai contar para a Samanta e eu vou ouvir, não é?
Steve bateu a bota no chão, com ritmo. Respirou fundo e contou até dez. Realmente, não duvidava nada que conseguiria arranca algo da própria Emma. Então, Steve se ajeitou no sofá e a encarou.
-Isso é constrangedor!
-Constrangedor é roubar e não conseguir levar! Anda, Steve! Fala!
-Okay… Bem, não teve nada demais. Já tinha rolado um… Como se diz? Clima, sabe? E aí… Ontem rolou e… Enfim, nos beijamos e combinamos de ir devagar. Só isso. Nada demais.
Eva o encarou, sem esboçar reação. Mas a cara entediada da mulher já dizia muita coisa. Eva respirou fundo, negando com a cabeça algumas vezes.
-Alguém já te disse que se você for mais lerdo, para?!
Steve rolou os olhos e se jogou contra o encosto do sofá, cruzando braços e pernas e fazendo um pequeno bico, aborrecido.
-Foi um pedido da Emma, Dona Eva. Ela quem pediu para irmos devagar.
-Eu vou ter que dar uns tapas nessa menina! - Eva exclamou, fingindo revolta. - Um pedaço de mau caminho de homem completamente rendido por ela e a Emma fazendo doce… Até a Chloe tinha aproveitado!
Steve soltou uma risada alta, de nervoso. Eva esperou que ele se acalmasse com um sorriso largo, enquanto Steve negava.
-Você é uma figura, Eva!
-Vai me dizer que não estou certa, Rogers?! - Eva riu. - Se eu tivesse alguns anos à menos, eu mesma me candidatava à vaga… Agora, não vem dar uma de puritano que a gente sabe que se a Emma tivesse dado uma chance, ela tinha dormido no seu apartamento.
Steve se concentrou nas unhas da mão e deu de ombros.
-Quem disse?
-Você tem cara de santinho, Steve. Os santinhos são os piores! Experiência própria! Meu marido número 4 era assim… O homem foguento!
Steve mordeu a boca e negou com a cabeça. Mas calou a boca. Realmente, não era santo. Só não ficava caçando alguém para ir para a cama. Mas se surgisse oportunidade e Emma quisesse, ele quem não ia se opor.
Depois, se lembrou que havia apenas um pequeno empecilho… O fato de Emma ser virgem. Só de pensar em ser ele a tirar a virgindade dela, Steve suou frio. Era muita responsabilidade…
A porta da frente abriu e risadas infantis foram ouvidas quando Chloe entrou pelo apartamento, as bochechas vermelhas e várias sacolas de mercado nas mãos.
-Oi, Tio Steve! Oi, Tia Eva! Vou levar isso para a cozinha! Tchau!
Sem dar tempo nem de resposta, Chloe correu para a cozinha, voltando a rir. Eva e Steve se entreolharam e foi a mulher a revirar os olhos, sorrindo.
-Crianças…
A atenção de Steve foi totalmente para a porta quando Emma apareceu, com mais algumas sacolas, segurando duas mochilas e falando ao telefone com alguém sobre trocar o turno de trabalho.
Eva cutucou Steve com o cotovelo e indicou, com a cabeça, a direção de Emma. Steve se mancou e levantou, aparecendo por trás de Emma, que lutava para trancar a porta, ao mesmo tempo que desligava o celular.
-Oh, Tia! Eu cheg…- Emma encarou Steve quando ele pegou as compras da mão dela. - Ah… Oi, Grant.
-Oi, Sunshine! - Steve se inclinou sobre Emma e depositou um selinho discreto no canto da boca dela, a vendo ficar vermelha, instantaneamente. - Isso vai ficar na cozinha?
Emma acenou que sim, incapaz de falar, enquanto esperava que Eva tirasse o olhar de cima dela. Steve não ficou na sala, foi direto até a cozinha e achou Chloe sentada na mesa, literalmente falando.
-Oi, Tio Steve! Quer sorvete?
Steve apoiou as compras no balcão e negou, sorrindo, enquanto sentava na cadeira ao lado de Chloe. Ela tinha sorvete de chocolate até quase na testa.
-Você gosta tanto assim de sorvete, é?
-Mais ainda! - Chloe enfiou uma colher cheia do creme gelado na boca e mastigou. - Mas só tem uma coisa que não supera o sorvete…
-O que?
-Pudim! - Chloe explicou. - Eu amo pudim! De qualquer sabor! É tão gostoso! Você gosta?
Steve negou.
-Não exatamente… Eu prefiro comida salgada, sabe? Cachorro quente, pipoca, essas coisas assim.
-Ah…
Steve direcionou o olhar para a janela e ficou observando a grande nuvem cinza que cobria o céu de Liverpool. Enquanto a fitava, teve uma pequena idéia que poderia fazer com que ele pudesse passar mais tempo em Liverpool, sem ter com o que se preocupar.
Fez uma anotação mental de discutir isso com Bucky e Sam (e Natasha, se ela aparecesse, é claro!) e, logo em seguida, conversar com Tony.
O silêncio na cozinha era quebrado apenas pelos sons que Chloe fazia, mas não era desconfortável. Pelo contrário, Steve se sentia tão relaxado que se esticou na cadeira e encostou a nuca na parede atrás de si, fechando os olhos, apenas para os descansar.
- Você está dormindo? - Chloe questionou, baixinho.
Steve abriu um olho e a olhou, negando.
-Tô só descansando os olhos.
-Eles estão cansados? - Chloe franziu a testa, o que fez Steve rir e concordar. - Ah, entendi… Vou lavar as mãos, tá? Tem certeza que não quer sorvete?
Steve acenou que sim, voltando a fechar os olhos. Ouviu Chloe jogar o pote e a colher na pia e sair correndo para a sala. Steve continuou imóvel, apenas existindo naquele momento.
Céus, nem sabia que estava tão cansado e dolorido… Na verdade, não se lembrava de ter ficado tão dolorido há meses. Talvez, até tomasse um analgésico, mesmo sabendo que o efeito ia passar rápido devido ao soro em seu sangue.
-Isso é um costume, não é?
Steve estremeceu de susto e abriu os olhos, encarando Emma, que encostou a porta da cozinha e andou até a frente de Steve, sentando em uma cadeira.
-O que?
-Você sabe, encostar em algum lugar e dormir. Isso é um costume de velhos, não é?
Steve sorriu, negando, enquanto analisava Emma da cabeça aos pés. Ela tinha os cabelos presos em um coque frouxo e vestia um vestido florido e larguinho, claramente, uma roupa de quem queria ficar em casa.
Seus olhos prenderam no decote e Steve respirou fundo ao constatar que não existia sutiã naquela situação. Se remexendo na cadeira, se inclinou para frente, olhando para qualquer lugar.
-Então…
Emma o chamou, arqueando uma sombrancelha e cruzando os braços. Os pés de Emma pararam no colo de Steve e ele não demorou nada a fazer um leve carinho sobre o joelho dela.
-O que?
-Como minha tia ficou sabendo que eu "sou uma idiota lerda" por não ter agarrado "um partidão desses"?
Emma fez aspas com os dedos, citando a tia. Steve reclamou o que pareceu um "Fofoqueira" arrancando um sorriso de Emma.
-Não tô aborrecida. Só achei que você não ia querer que ninguém soubesse.
-Na verdade… - Steve a encarou e deu de ombros. - Não me importo que as pessoas próximas saibam. Só é perigoso se alguém de fora descobrir.
Emma acenou que sim, entendendo. O celular dela brilhou, em cima da mesa. Emma o pegou e começou a digitar freneticamente. Então, desligou a tela e o pôs de lado de novo, com um pequeno sorriso.
-Se você me encarar mais um pouquinho, Steve, é capaz que eu derreta aqui…
Steve respirou fundo e desviou o olhar para a janela, levemente constrangido. Não tinha culpa. Se antes daquele beijo Emma já o atraía, agora Steve sentia que era uma mariposa atraída pela luz de Emma.
Emma soltou um pequeno riso e tirou os pés de cima do colo de Steve, fazendo o homem a encarar, com um sorriso bobo. Levantando da cadeira, Emma pulou para o colo de Steve, se sentando sobre suas pernas, de lado.
Sem perder tempo, Steve a abraçou pela cintura, a mantendo perto de si, buscando o calor do corpo dela. Emma passou um braço por seus ombros e sorriu, brincando com os dedos na barba de Steve.
-Seus amigos ficaram te irritando muito?
Steve negou, sorrindo. E claramente, mentindo.
-Você viu eles, né?
-Não tinha como não ver. - Emma abriu um sorriso. - Eles estavam, literalmente, atrás de você.
Steve bufou e assentiu, observando o celular de Emma apitar, acendendo novamente. Emma rolou os olhos.
-É a Sam. Ela está surtando porquê eu contei que a gente se beijou.
-Jura?!
-Aham… Ah, e não se preocupe! Eu não ponho seu nome na internet, tá? Eu só escrevo "Vizinho Esquisitão".
Steve riu, negando com a cabeça e usando os dedos para segurar o rosto de Emma, próximo ao dele.
-Achei que ela tinha dito que era Vizinho Gostosão.
Emma revirou os olhos e riu, dando um tapinha leve no ombro dele.
-Metido!
-Ué, você me acha gostoso e eu que sou metido?
Steve observou a coloração do rosto de Emma ficar mais incandecente.
-Quem disse que eu te acho gostoso? Eu, hein…
-A Samanta. - Steve riu, dando de ombros. - Por falar nisso, quando ela vem de novo? Eu gostei dela!
Emma arqueou uma sombrancelha e o encarou, séria.
-Ah, gostou dela, é? Bem, melhor esperar ela aparecer para ganhar um beijinho, porquê eu não dou mais…!
Emma fez menção de levantar do colo de Steve, mas ele a puxou de volta, rindo e arrancando uma gargalhada da garota.
Era tão natural brincar com ela e estar ao lado de Emma que, embora não tivesse o menor jeito com garotas e flertes, Steve nem mesmo percebia que flertava descaradamente com ela. Emma era leve e o tornava leve e natural também.
-Ah, vai negar provar os meus lábios novamente, doce donzela? - Steve provocou, a encarando nos olhos.
Emma sorriu, engolindo em seco e dando de ombros.
-Vou, afinal, o senhor, nobre cavalheiro, gostou demais da minha amiga! - Emma fez cara de pensativa e riu. - Talvez eu pegue o telefone de um amigo seu…
-Ah, mas não pega, mesmo! - Steve caiu na gargalhada, acompanhando Emma e a abraçando mais apertado. - Sou eu que estou ansioso para relembrar seus lábios, Sunshine!
Emma riu, aproximando o rosto do de Steve e alternando o olhar entre seus olhos e seus lábios, ao mesmo tempo que roçava as unhas na nuca do homem.
-E está esperando o que para relembrá-los, Capitão?
Steve não se importou de ser chamado de Capitão naquele segundo. Apenas se inclinou para frente, buscando os lábios de Emma, fechando os olhos.
Não chegaram nem mesmo a se encostarem, a campainha soou alta, fazendo tanto Emma quanto Steve exclamarem, juntos, um sonoro palavrão.
A soltando, Steve deixou Emma pular do colo dele e ir até a porta da sala, suspirando, frustrado.
Segundos depois, Emma voltou.
-Steve? É pra você…
Steve se virou para ela, confuso. Emma estava meio pálida.
-Que? Que foi?
-É a sua amiga… Eles estão precisando de ajuda. Acho que ela foi baleada. Vai rápido, homem!
Ooie, meu povo! 💖
Voltei com o último capitulo dessa semana!
A Dona Eva e o Steve são uma figura! KKKKKKKK
E o fogo na raba do casal teve que esperar um pouco, igual a vocês! KKK
Até quarta que vem! ❤
Bjs 💋💋
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