➤ Salve-me
CARTER
Ele foi para o lado de fora se sentar na grama com a irmã mais nova logo quando o dia raiou, não dormimos essa noite, só ficamos aconchegados um no outro e fingimos. Tentamos. O que soar melhor. Os observo da janela da sala com Fred do meu lado.
— Ele gosta de contar histórias para ela também— Fred quebra o silêncio, não para de comer desde que chegamos, parece seu mecanismo para lidar com a ansiedade, perdi a conta de quantos pedaço de torta vi ele comendo. Seus alvos agora são os cupcakes— Aprendeu as histórias trouxas porque são as favoritas da Gina. Quando ela era menor, ele contou de uma sereia que era como ela, mas Gina disse que jamais deixaria de ser sereia, nem pelo príncipe mais bonito e rico do mundo— Fred sorri admirando a irmã mais nova, me oferece uns cupcakes e eu aceito.
— Pelo visto, ela sempre soube o que quer— sorrio tombando a cabeça de lado— Fabian gostaria de conhecer ela, ele tinha muitas amigas com personalidade forte, parecia que ele... — dou risada sozinha e balanço a cabeça— era um satélite das maiores estrelas. Exatamente como eu. A gente... era muito parecido na personalidade.
— A Gina é uma mistura minha e do George. Os mais novos sempre copiam os irmãos favoritos— ele sorri de lado levantando a sobrancelha.
— Coitado do Fabian, ele só tinha a mim para clonar— sorrio lembrando-me de piscar. Bloqueio as lembranças e as sensações. Não quero ficar triste agora.
Fred me dá uma cotovelada sutil no ombro.
— Ela com certeza adoraria conhecer ele também— me diz. Tenho um momento de puro vazio dentro de mim. Não sei. Acho que parte de mim ainda não entendeu que eu não vou vê-lo de novo. Passo a mão no meu pescoço— Quer me falar mais dele?— Fred sugere, encolho os ombros e devoro meu cupcake ganhando tempo.
— Ele é muito lindo— começo com certa empolgação na voz— Tipo... um garoto genuinamente bonito. Meu pai vivia falando como ele daria problema quando chegasse na idade de pensar em beijar sem sentir ânsia— Fred ri comigo— O sorriso bem feito com uma covinha linda na bochecha esquerda, um nariz de dar inveja e os olhos tem um ar de inocência, grandes, de boneca. E o cabelo... Eu amo o cabelo dele, um pouco mais claro que o meu e muito mais macio. Ele é um garoto muito inteligente também. Bom em tudo que quisesse aprender. Ele nunca admitiria, mas tem... tinha medo dos trovões— limpo a garganta tentando me concentrar. Verbos no passado também não são meus favoritos— Vinha sempre para minha cama quando tinha pesadelos... Ficou chateado por não ser bruxo como eu, mas... nunca deixou isso transparecer... Não, olha, não dá— sacudo a cabeça e fecho os olhos sem conseguir respirar direito. Não quero falar disso. Ainda não consigo. Me lembro do que Bellatrix me disse, que meu irmãozinho gritou por mim enquanto as chamas lambiam sua pele. Ele sempre vinha para mim quando tinha medo, a culpa me corrói como ácido. Se ela falou isso só para machucar, foi mais do que certeira.
— Ei— Fred passa o braço por cima do meu ombro— Está tudo bem, você não precisa falar nada— ele passa a mão no topo da minha cabeça, minha pulseira aperta meu pulso. Dessa vez eu tenho certeza que é um consolo— A gente está com você, pequena.
— Sim, é, é, eu sei— sacudo a cabeça. Não está tudo bem, nem vai ficar tão cedo, mas eu não estou sozinha. Fico grata que seja logo com os melhores bruxos que eu poderia conhecer.
Chega de chorar, chega de pedir desculpas. Vou engolir os espinhos e continuar marchando. De onde eu tirei tamanha determinação? Eu não sei. Não sei se quero viver ou morrer.
Fico me lembrando daquele homem que matei. Não sei se me sinto mal por isso, culpada definitivamente não, mas ele não sai da minha cabeça. Nem a forma brusca como rasguei sua garganta ou o calor que foi seu sangue molhando meu rosto e meu peito ou então quando senti sua magia vindo para mim. Ainda sinto minha mão queimando e não falei para ninguém. Não sei o que isso poder significar. Quando Fred a colocou na mesa ontem eu a ouvi chamando por mim. Não posso ficar insana agora, mas eu não deixo de sentir uma vontade irracional de perguntar por ela. Onde vocês a colocaram? Posso vê-la? Minha mão começa a coçar e eu sinto uma forte dor de cabeça. Tenho visões estranhas, como se jogassem terra em mim e recuo para longe do abraço de Fred, cambaleando pela sala, vou perdendo o ar e começo a tossir. Minha garganta dói pelo esforço.
— Soph, o que foi?— Fred me olha preocupado, tentando me dar apoio. Sinto um peso enorme no meu peito e tudo fica escuro.
— Eu não.... consigo... respirar!
Sophia... me chama uma voz fria num sussurro torturado. Sophia... me salve... Sophia...
No sangue e na morte nos faremos imortais, eu vou te dar o que você mais deseja, criança. Seja minha agora ou de mais ninguém.
Não seria de graça. Agora eu sei. Seguro meu pescoço tremendo e encaro Fred.
— Eu preciso da adaga de volta.— aviso em uma voz rouca então começo a correr.
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