➤ Imperius
CARTER
Eu já estou sem ar e minha mão está queimando como se eu tivesse tocado no fogo por causa da maldita lâmina. Sinto o gosto do sangue nos meus lábios, fico em dúvida se é o meu ou daquele homem. Nós só podemos ouvir nossas respirações por um minuto. A surpresa pela proposta nos congela.
— É uma excelente forma de fazer com que vocês se limpem— Bellatrix continua a sua fala, sonhadora— Mate-a e se torne um de nós— ela encara George, fico confusa com qual dos rapazes ela está falando— Os dois ficarão ao lado do nosso Lorde, serão perdoados!
— Eu prefiro morrer— Fred se agita agarrando o pulso que segurava a faca.
— Não seja tão rude— Bellatrix se faz de ofendida e recua rapidamente, corta a mão de Fred ao livrar seu pulso dele, Fred sibila se encolhendo, a palma da mão e o pescoço sangrando, por favor... não. Ela aponta a varinha para Fred— foi você, não foi?
— Eu o que, sua burra do caralho?— Fred pergunta recuando para o nosso lado, bravo como um touro. Bellatrix passa a mão na testa espalhando mais o sangue na mesma e lambe os dedos nos encarando.
— Eu não gosto que me arremessem contra a parede— ela sorri, psicótica— E só vou precisar de um de vocês, de qualquer forma. Estupefaça!— ela atira Fred contra a parede, o ruivo bate a cabeça e cai de cara no chão, o rosto no sangue daquele que acabara de morrer engasgado com ele, os cortes profundos da maldição de George. O quarto parece pequeno demais, eu empurro George para o lado.
— Me mata! Deixa eles em paz, eles não serão problema— eu imploro, nervosa. Aponto para o meu próprio peito, quero que ela acabe logo com isso. Bellatrix aponta a varinha para mim— Você não tem que fazer isso! Eles tem o sangue puro, não são como eu! Não merecem morrer!
— Ah, mas eu já sei isso, Carter, por que acha que estou os dando uma segunda chance?— ela fala como se eu fosse burra. Eu quero tanto matá-la que sinto sede pelo seu sangue. Ela está tão perto!
Matar aquele homem com a adaga preta queimou minha mão, e suspeito como era por conta dela que eu ouvia tantos sussurros implorando por sangue. Eu vi, em segundos, a realidade dessa arma. Ela rouba a magia de quem atinge, eu senti, o calor subiu pela minha palma e se acomodou no meio do meu peito, eu senti o poder. Ela dá uma promessa nova, eu posso roubar o poder de Bellatrix como tenho certeza de que roubei o de seu parceiro. Olho para a adaga distante de mim, eu quero muito, muito pegá-la de volta, é que eu estou com tanta sede. Sede por poder, eu me agito de dentro para fora, eu não sou assim, mas eu preciso, não preciso?
— Mate-a e venha comigo, criança, você receberá a Marca do orgulho e todos temerão seu nome— ela tenta falar com George— Você e seu irmão serão respeitados, não haverão leis acima de vocês.
— Você é completamente louca! Nenhum de nós vai se juntar á você e seu liderzinho de merda, nenhum de nós vai se voltar contra Sophia!— George fala, revoltado.
— Ah, é dessa raiva que eu preciso— Bellatrix sorri e balança a varinha— Você não precisa querer, queridinho. Só precisa obedecer. Imperius!
Dentre todas as três maldições imperdoáveis, a imperius era a última que eu esperava que Bellatrix fosse usar. George congela, os ombros caem mecanicamente e seus olhos âmbar ficam nebulosos. O ruivo volta o rosto para mim, inexpressivo. Eu não tenho muito para onde recuar, dou dois passos e bato as costas na parede. Meus lábios entreabertos pelo choque não puxam nenhum ar.
— Mate-a.— Bellatrix exige mais uma vez, entredentes, exalando seu nojo por mim. A última.
— Espera, espera!— eu peço quando ele avança na minha direção— George, espera!— suplico sentindo o pânico crescer. Sei que é inútil. Nunca tinha visto essa maldição em ação, mas é conhecido que apenas bruxos poderosos podem resistir à ela. Duvido também que George tenha sequer se preparado para algo assim. Ele está consciente, ele tem noção do que vai acontecer, mas não pode fazer nada para impedir, não tem mais controle do próprio corpo.
George sabe que vai me matar. Ele é um cara grande e forte, pode fazer isso com as próprias mãos. Eu não tenho chance. Tento fugir, deslizando pela parede, ele me segue e a risada de Bellatrix preenche o ar de novo. De novo, eu estou no meu inferno mais pessoal e ela está aqui. De novo.
— George, George, você precisa resistir contra isso— coloco as mãos no seu peito com força tentando mantê-lo afastado. George segura meus ombros e me joga para o chão. Sangue, tanto sangue por todo lado, eu estou tendo um pesadelo. O ruivo vem para cima de mim e eu me agito— George, você é mais forte que isso. Você pode lutar contra ela!— eu quero chorar. Eu estou desesperada, mas tudo o que me passa na mente é que George já deve estar tentando lutar contra a maldição. Eu me sinto cada vez pior por ele. Por ele, mais ainda do que por mim.
Porque é tudo culpa minha. Eu sinto muito, me desculpa, me perdoa. É por minha causa que eles estão aqui, é por minha causa que suas vidas viraram um inferno. Eu entrei na sua vida trazendo morte e destruição.
— Me desculpa, Georgie— eu falo olhando nos seus olhos, sei que ele está me escutando, ele faz careta e suas mãos vão para meu pescoço. Enforcada pelo meu amor, que poético, Bellatrix é uma verdadeira artista. Ela destruiu minha vida, vai destruir a vida do meu namorado também, pelo menos ele só terá que levar a culpa por uns minutos antes de ela matá-lo também. Meus olhos se enchem de lágrimas. Eu queria morrer, mas não queria ser como uma bomba, prestes a explodir e levar ele junto. Meu Deus, Fred.— Desculpa— eu falo sentindo suas mãos apertarem meu pescoço— Você não merece isso... não é culpa sua— digo começando a ter dificuldade para respirar, tento o empurrar mesmo assim— Eu te amo, ruivo— eu choro e ele chora comigo. George começa a tremer e gemer, ver sua dor me magoa cada vez mais.
— Sophia— ele fala, ainda me enforcando com a mesma força. Sinto suas lágrimas banhando meu rosto também. Que cenário grotesco. Trágico. Queria poder livrá-lo desse pesadelo. Começo a precisar cada vez mais de ar, meus olhos se reviram e eu bato nos ombros de George, minhas pernas param de se agitar.
— George— sussurro me sentindo a beira da inconsciência, perdendo a força nos punhos.
— Não.— George sibila, sinto seu peso saindo de cima de mim, e encho os pulmões como posso. Começo a tossir loucamente— Sai de perto, Sophia— ele pede, como se custasse falar. Eu tento recuar usando meus cotovelos, o chão está encharcado, eu não suporto isso!
— Não!— Bellatrix grita, furiosa— IDIOTA, IDIOTA! ACABE COM ELA.
George se encolhe no chão resistindo à compulsão. Pega a adaga do seu lado e a joga para mim agarrando meu tornozelo mais uma vez. Eu entendi o que ele quis dizer, mas por Merlin, não. George começa a socar o chão com força.
— Você deve me parar, Sophia!— ele ruge, furioso.
— Não, não— eu choro juntando as mãos no peito como uma criancinha assustada— Eu não posso...
— Sophia!— George para de falar. Ele não tem o controle. Ele vem para cima de mim e eu me recuso a pegar a adaga.
Eu nunca poderia machucá-lo, ele não.
— Bombarda!— a voz vem do meu lado, falha, Fred! Uma explosão na porta onde Bellatrix estava deixa meus ouvidos zunindo, a poeira levanta. George desmaia em cima de mim e eu solto um gemido de dor por causa do seu peso. Fred agarra meu braço e eu toco as costas de George enquanto ele me esmaga, só sei que senti como se fosse sugada para dentro de mim.
Minha cabeça está estourando.
Nota da autora:
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