WEASLEY
Não quero punir Fred sumindo assim, mas eu preciso saber onde nossa família está e preciso que ele fique em segurança. Nunca me senti tão covarde, nunca senti esse buraco no meu peito. Não sei como coordenar.
Nunca mais poderia implicar com meu irmão careta, ele nunca mais se irritaria comigo a ponto de gaguejar de raiva, nem nos tiraria pontos pelas nossas trapaças.
Eu não tive tempo com meu irmão, e a pior parte, é que nem pude me dar a chance de perdoá-lo pelo abandono. Não o ouvirei pedindo desculpas de novo porque tudo acabou e eu não pude nem me despedir. Não sei como consigo andar, mas Sophia me dá apoio e faz com que eu não pare de me movimentar. Vamos na ponta dos pés sempre olhando duas vezes para cada lado antes de atravessarmos um corredor correndo. Eu fungo e mal consigo respirar pelo nariz mais.
Ela me protegeu como um falcão, nunca a vi tão alerta, vendo os inimigos onde eu nem imaginava que eles estivessem. Isso tem que acabar. Tenho medo de desencontros por isso não usamos as passagens, caralho, eu estou assustado pra porra.
Gritei pela minha família e o castelo nunca me pareceu tão grande.
— George! Olha!— Sophia agarra meu pulso e me dá um puxão brusco para que a gente se esconda atrás de uma viga, abaixando-nos. Tem um corpo de um troll na frente, não acho que seremos notados tão facilmente. E então, eu olho para onde ela aponta e os vejo.
Harry Potter e Voldemort num duelo acirrado, um empate fodido entre o maior bruxo das trevas e o melhor amigo magricela do meu irmão logo na frente da entrada principal de Hogwarts. Inclino a cabeça para fora do esconderijo e vejo Ginny e meu pai protegendo as costas de Harry Potter.
— Eu os vi, eu os vi!— aviso Sophia procurando ansiosamente por minha mãe.
— Amor, a gente tem que ajudar eles— Sophia aperta meu braço chamando minha atenção, ansiosa— Eu vou ajudar o Harry a ganhar e preciso que você tire sua família dali.
— Não acho que seja uma boa ideia se meter nisso, Sophia— falo fungando de novo, coço os olhos e Sophia segura meu rosto me roubando um selinho carinhoso. Colamos nossas testas e sentimos a respiração um do outro.
— Eu preciso que você tire sua família dali— ela repete em voz baixa— Vou ser cuidadosa, juro— ela balança a cabeça e eu a abraço com força, ansioso para correr para o lado da minha família.
— Vem comigo, O Escolhido pode fazer isso— peço— não podemos nos separar.
— Vai ficar tudo bem, eu prometo— ela fala e nós nos afastamos apenas o suficiente para que a ponta de nossos narizes se roçem— Te encontro em três minutos.
— Sophia...
— Vai logo, George, vai— ela me empurra e eu reluto por uns segundos a olhando fixamente. Ela gesticula uma dispensa, me incentivando a ter pressa.
— Três minutos— eu reforço e aperto a varinha de Fred correndo para o lado do meu pai e desarmando um comensal que apontou a varinha para minha mãe. Gina me vê e se aperta contra mim com força.
— Você não devia estar aqui, George!— mamãe censura— Você e Fred bateram a cabeça com muita força! Não deviam estar de pé! Onde está seu irmão!?
— Na enfermaria, eu estou bem!— grito— Sophia me curou— passo a mão na parte de trás da cabeça e arranco o curativo com sangue seco.
— E... estupefaça!— Ginny grita fazendo com que uma mulher voe longe— E onde está Sophia!?
— Há dois minutos de distância— é o que respondo. Claro que eles não entenderam, mas isso não importa. Olho por cima do ombro previamente e quando vejo, aparentemente sem motivo algum, Voldemort e Harry caem para trás. Não avisto Sophia, tenho que continuar olhando para frente. Por algum reflexo milagroso eu abaixo para me desviar de um raio de luz verde que acertaria direto na minha cabeça.
— George!— meu pai agarra a gola da minha camisa e me coloca atrás de si— Você está bem, filho?
— Estou— arfo, se eu não morrer hoje juro que não morro nunca mais.
— Meu filho não, seu desgraçado!— minha mãe vocifera ficando vermelha. Ela desintegra o homem que eu nem tive a chance de guardar o rosto. Arregalo os olhos para a mais velha, ela odiava falar a palavra "desgraça". Quase ri, mas o que poderia dizer?
— Não!— grita alguém, não reconheço a voz. Novamente todos olhamos para os donos da manhã e Harry ainda está tentando se levantar ao passo que Voldemort cai com um pedaço grosso e pontiagudo de madeira atravessando seu peito. Voldemort está morto, meu corpo se arrepia de cima a baixo. Somos atacados com mais potência ainda, mas a guerra já está ganha. A gente acabou de matar o rei! Seus seguidores só estão putos pela derrota, mas não tem o que fazer.
— CORRE, GEORGIE!— essa era a voz de Sophia. Ela saiu a toda de seu esconderijo, correu para ajudar Potter a se levantar e eu me apressei para jogar Gina no ombro para correr com ela.
— Está pesadinha, Gina!— reclamo.
— Me larga, eu sei andar sozinha!— ela se esperneia, mas eu não paro nem fodendo, precisamos de um abrigo enquanto os comensais recuarem, corro para a passagem que conheço mais próxima e empurro minha família lá para dentro. Potter nos alcança, afobado, vermelho e com a cara péssima de cansaço. Coloco Gina no chão e ela se agarra no pescoço do namorado— Cadê a Sophia, Potter?— pergunto ofegante, eu precisarei hibernar por um ano sem pausa depois dessa. Harry franze a testa e olha para trás abraçando Gina de volta pela cintura.
— E-ela estava atrás de mim...— ele me fala— Foi ela, ela que matou Voldemort.
— Tá— eu não me importava com isso agora— Entra aqui, eu já volto— eu o empurro para a passagem espremida e a fecho. Ok... é, minha namorada matou Voldemort o atravessando com uma tora de madeira. Magnífico. Corro na direção que Harry viera e caço por Sophia. Os cantos de vitória já estão por todos os lados, os inimigos estão recuando, a notícia da morte de Voldemort se espalhou rapidamente, era um show com muitos espectadores— SOPHIA!— grito por ela. Tenho três caminhos para seguir e paro no meio da encruzilhada olhando ao redor— SOPHIA!— chamo mais uma vez e sinto um puxão de cabelo do caminho a minha direita— Au— resmungo levando a mão a cabeça e olho para o chão vendo uma mão erguida atrás de uma pedra enorme. Corro na direção dela e a vejo deitada no chão, apertando a mão na barriga. Muito sangue ao seu redor. Me ajoelho ao lado da minha garota me sentindo bambo— O que foi que eu te falei sobre parar de morrer!?— vocifero. Ela sorri apenas, sentando-se e se encostando na parede— O que foi que aconteceu?— levanto sua blusa e a dobro em seu peito, ela foi atravessada. Eu posso cuidar disso.
— Foi o carma instantâneo— ela resmunga e aponta atrás de mim, vejo uma mulher parecendo ter saído do fundo do poço, morta, jogada contra a outra parede, uma espada ensanguentada em sua mão entre aberta. Sacudo a cabeça e murmuro feitiços de cura na barriga dela para estancar o sangramento— Se eu morrer assim, vou ficar muito zangada, meu bem.
— Você não vai morrer, mulher— falo irritado com sua suposição besta. Ela vai ficar bem, só preciso de curativos e a levarei para algum curador de verdade— Só fica quieta.
— Me diz que acabou, Georgie. Eu não alucinei de ter matado Voldemort, né?— ela passa a mão na testa manchando mais ainda seu rosto.
— Não, não foi alucinação— resmungo e me preparo para pegá-la no colo após envolver sua cintura toda com um curativo novo e mágico— Pensei que tivesse dito que não iria se meter.
— Eu disse que seria cuidadosa— ela abraça meu pescoço e eu faço força para a tirar do chão, Sophia segura um gemido de dor e me aperta— Acabou, Georgie?
Aperto os lábios e olho ao redor. Respiro fundo, o ar de derrota pairando em todas as direções, as perdas de todos os lados eram inevitáveis, e apesar de tudo, ainda vamos comemorar. Eu carrego minha garota para longe dos destroços e encosto os lábios no topo da sua cabeça querendo sentir seu cheiro.
— Acabou— afirmo baixinho e seu corpo vai ficando pesado.
— Você prometeu que se casaria comigo hoje se a gente sobrevivesse, mas a gente pode descansar só um pouquinho primeiro?— ela sussurra. Beijo sua testa e a aperto suavemente.
— Com certeza— suspiro.
Com toda certeza.
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