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Prisioneiras - parte 2

Por Lena

Arde, dói.

Meus pés mal tocavam o chão, suspensa por meus pulsos ardidos em prata. Um braço para cada lado, esticada como pele de coelho secando num varal. Porcamente iluminada pela minguada luz da lua, entrecortada de nuvens, e espremida na minuscula janelinha no teto do calabouço.

Aspirei meu próprio sangue, pintado abaixo do nariz, até levar outro murro. Escutei o baque mudo na minha mandíbula, e mais alguns dentes voaram da minha boca. Cuspi carmim, com a cabeça pendida para a frente.

- Ou você confessa, ou você confessa! - Gritou Máximo, puxando meus cabelos para trás, me forçando a encarar seus olhos castanhos. Como se eu fosse burra de admitir ação numa maracutaia com sangue real.

Eu não, o que eu ia fazer com um cadáver velho?

Ah tá bem, santa educação ridícula! O que teria eu haver com o assassinato do Grande rei?

Grande, e velho.

- Confesse! - Bradou ele outra vez, socando meu estomago, que jurei ter saído pelas minhas costas. - Confesse o assassinato do rei, e me conte onde está meu irmão!

- Do rei eu não sei nada, agora do seu irmão, acha que se eu soubesse, eu ia estar perdendo tempo com você? - Sorri sarcástica de canto, tomando um pouco de folego. - Eu ia estar subindo e descendo no colo dele, e não perdendo tempo com um segunda linha como você.

Ele mudou de cor, avermelhando de puro ódio, pronto a me dar outro soco.

- Nem de brincadeira diga isso. - Interrompeu um homem careca de barba branca, entrando na cela, antes que mais alguns dentes o príncipe Máximo me levasse. - Eu não sei como são os costumes dos Luthor, mas não tolero blasfêmias na minha casa.

Alfa com alfa, que blasfêmia horrenda, assim como leite com manga, essa é pior ainda.

- Terceira majestade, que honra, perdão por estar tão desprovida para recebê-lo. - Ri da minha total nudez, mas pudera, me arrancaram da enfermaria naquele aventalzinho ridículo, e o trapo estava bem ali, preto de sujeira, e despedaçado de cortesias da terceira réstia.

- Meu filho, estou decepcionado. - Disse severamente ao príncipe. - Não pode mais se portar como um reles príncipe sem importância, como herdeiro...

- Eu não sou o herdeiro! Meu irmão não esta morto, esta desaparecido. E eu vou encontrá-lo! - Pude notar a água em seus olhos, o quanto ele estava desesperado por encontrar aquele que o livraria dessa vida infeliz de herdeiro alfa. Quem poderia culpá-lo? - Kratos não esta morto meu pai. - Disse segurando a imensa frustração ante o pai.

- Desaparecido ou morto, não é quase a mesma coisa? - Insinuei, e tomei um soco que com certeza arrebentou meu nariz, e junto fiz de conta que tinha levado minha consciência. Fechei os olhos e pendi a cabeça para a frente, com o rosto voltado ao chão, era melhor que aturar todo o melodrama.

Ouvi sobre a morte do Grande rei, do assassinato. Vossa GRANDE alteza, torrada na mesma chama dourada que quase me matou; eu e a princesa...Kara. Por um momento esquisito esqueci de tantas coisas, e apenas me lembrei dela. Afinal, ambas fomos acusadas do crime por conta de uma meleca, e que meleca fizemos uma na outra.

- Falamos sobre seu irmão pela manhã. - Vociferou o rei da terceira réstia, não O GRANDE rei, só rei mesmo, com terceiro na frente. Confuso? Espera para ver o resto.

- Amanhã ele pode estar morto!!! E eu não vou esperar a honra de vossa alteza. Morra o senhor com ela, mas eu não vou permitir que o meu irmão seja morto pela sua honra idiota, velho!!!

Alguém levou um tabefe feio ao final daquela declaração de guerra. A porta da cela bateu, e escutei as fortes pisadas do príncipe Máximo se afastarem, logo depois as do rei Rama ao suave fechar da grade. E quando a prisão por fim irrompeu no silencio de murmúrios inaudíveis, correntes tilintando, e os guardas roncando, me permiti tentar descansar, mesmo que dependurada nas correntes de prata. É incrível o que exaustão faz contigo, te permite total inconsciência, diante da tribulação. Paz nas sombras do sono.

***

- Hora de acordar princesa! - Gritou um guarda, e senti um balda de água em mim, ou dois, três...quatro.

- Já acordei! - Gritei no quinto, mas levei um sexto balde d'água. Meu cabelo e corpo totalmente ensopados naquela cela. Diante de mim o rei Rama, e o príncipe Máximo, só se for o máximo da burrice. Atrás deles dois guardas com uma armadura verde escuro, com o "K" dos Khan, líderes e soberanos da terceira réstia. Nunca deu certo mais de um rei, a prova estava na divisão entre os próprios grandes reis lobos, os nove reais.

- Você tem até o anoitecer para voltar, do contrario, sabe das consequenciais. - Disse o terceiro rei, de forma respeitosa quanto as nossas leis.

Fui solta e eu fui de cara no chão molhado e imundo, com odor de sangue e carne velha. O rei se foi, e o príncipe o seguiu, mas não antes de agachar e puxar meu rosto numa mão, e apertar a ponta de uma faca quase no meu olho.

- Por favor; não volte. Pra eu poder ter o prazer de te caçar, com seu pai assistindo a herdeira alfa dele virar um casaco para a noiva do meu irmão. - Pediu ele, sombrio de ódio.

- Ela gosta de preto? - Perguntei irônica.

Fui jogada jogada ao chão outra vez, e lá fiquei, até que o som das botas do príncipe desaparecessem no fim do corredor. Levantei aos poucos, ainda um tanto dolorida, pintada da imundice da cela molhada.

- E minhas roupas? - Perguntei aos dois soldados na porta da cela, que não paravam de me secar.

- Hehe, não é essa ai lindinha? - Um deles apontou para o meu trapo hospitalar encardido. E eu fiz de conta de que o cavalheirismo não estava morto. Vesti o trapo, se é que dava para vestir isso, e sai andando pelo corredor, escoltada pelos soldados verdes. Passei por toda a corte da terceira réstia. Tomando os cochichos e olhares de mulheres com mais óleo no cabelo que um pastel frito. Levei também os olhares de todos os homens, fossem de lenço de seda no pescoço, como os de lanças em mãos. Até por fim passar o portão do castelo para a vila de Alnitak.

Alnitak era um sossego, o distrito liderado por Rama Khan mais recentemente, claro.

Olhei a minha volta os prédios de até quatro andares ligeiramente inclinados para a rua, paredes cor de creme, adornados em madeira de cerejeira vermelha, e vinhas tão verdes quanto a barra da saia do Rama Khan. Pequenas flores amarelas subiam e desciam nos jardins verticais de cada casa. Alnitak era o lugar onde eu gostaria de viver, mas até parece que o grande e faminto Lionel Luthor aceitaria ser chamado de terceiro, já furioso de ser chamado de segundo.

As pessoas aqui tinham um rosto feliz, reluzente alegre, que mudava ao mirarem a minha pessoa, uma sombria Luthor. Pior, uma terrível alfa; a grande maioria deles eram ômegas e betas, marcados para o trabalho nas fazendas daqui, a fim de alimentar as outras duas réstias.

Que inferno, não dá para ter um dia tranquila, sem lembrar dos ultrajes da vida?

O que eu ia esperar, uma sombra e água de coco?

É a nossa lei, escoltada e monitorada nesse regime semiaberto. Eu tinha permissão de sair de dia, para provar minha inocência, mas ao anoitecer, deveria retornar à minha cela. Os dois soldados designados a minha vigia eram enormes, e a armadura verde deixavam ainda maiores que um cavalo. Os rostos encobertos do capacete de fina vizeira, a fim de minimizar meu domínio alfa.

Dava para fugir, claro; mas fazê-lo era assinar a sentença de morte, pois na nossa lei, quem não deve, não teme, e um fugitivo era culpado. Bufei cansada da minha própria cabeça, que não parava com as belas noticias da minha situação. Foi quando novamente me encararam os camponeses, mas tiravam os olhos de mim quando eu olhava de volta. Tudo bem, mas se for para me olharem, que seja por um bom motivo. Rasguei meu trapo, e fui andando para casa como vim ao mundo, se for para me julgarem, que seja então pelo que sou, não quem sou.

E no mais presente momento, eu sou um urubu sem penas e bico, pintada da sujeira e lama escura da prisão, dos pés a cabeça.

A liberdade tinha suas vantagens, e a brisa era gostosa em certas partes. Tentei ao máximo não pensar no aborrecimento de meu nome ao deixar os prédios com flores amarelas para trás. Passei a roda d'água a direita no fim da vila, matando pelo menos oito de hemorragia nasal. Eu ri, seguindo ao lado do pequeno riacho, e sorridente cumprimentando os poucos camponeses transeuntes na estrada de terra vermelha, para ver seus rostos repuxarem segurando a terrível gana de rir em ver uma mulher pelada, mas mais que isso, uma nobre pelada por ai. O som da água à esquerda, e o afarfalhar da grama alta à direita. Passarinhos e alguns sapos forravam o ar com seu piar e coaxar.

Paz...

Com uma escolta de dois ursos verdes á alguns metros de mim. A terra e pedregulhos da estrada abaixo de meus dedos do pé começou a incomodar com a proximidade da fronteira entre a terceira e segunda réstia. Os campos de pasto findavam, junto as plantações de trigo pelas colinas, até morrerem no muro negro a dividir-nos.

- LENAAA!!! - Escutei no cafundó da estrada atrás de mim, se aproximando à galope. - LENAAA!!! - Mais perto. - LENA, ESPERA AI!!! SAIAM DO CAMINHO ASPARGOS GIGANTES!

Um cavalo enorme passou por meus vigias, e:

Que vontade de correr.

- AH! Te alcancei! - Eri em seu cavalo, Chocolate. - Por que não me esperou na saída da vila? Eu tava indo te buscar, e quando cheguei me disseram que a princesa tinha partido já, e completamente desprovida, só não pensei que tanto.

- Você não vai rir? - Me inconformei erguendo os braços e estufando o peito, indignada.

- Rir por quê, do que eu já vi? - Respondeu sem graça descendo do estribo, e me cobrindo com sua capa negra.

- Sabe, se você dissesse isso perto dos nossos pais. - Sorri.

- Ai sim, eu ia rir. Meu pai iria fazer uma festa de arromba, e o seu ia me enforcar. - Ela riu, nós duas, gargalhando como hienas.

- Meu pai te mandou sozinha? - Perguntei, e Eri respirou fundo puxando os arreios, firmando a cela do cavalo.

- Ninguém me mandou, Lena. - Respondeu ela.

Ouvi, e eu; já esperava isso, porém me apertou o que não deveria abrolhar em meu peito. Joguei os olhos para a estrada, a fim de espairecer rapidamente, foquei a mente em outra coisa como sempre fazia. E reparei nas roupas de Eri, que diferente da noite do ataque, não usava trajes de combate.

O que era bom, na minha atual situação, não era aconselhável que nenhum lobo de minha família se aproximasse, muito menos portando armas.

- Eu to é muito feliz que ninguém mais veio. - Começou ela. - Eu ia expulsar todo mundo da comitiva mesmo. Não é todo dia que eu posso ter a princesa herdeira alfa Luthor, só pra mim. Faz tempo que não saímos para passear, e eu sinto falta da minha melhor amiga. - Ela inclinou a cabeça no meu ombro.

- Quem disse que eu sou sua amiga, tampinha? Que atrevimento! - À empurrei.

- Ah! Por favor, me perdoe, não me mande prender. - Eri tremulou a voz, encolhendo-se. - Por favor, eu tenho família, pense no meu filho. - Ela montou em Chocolate, e me estendeu o braço para subir no lombo do enorme animal. Abracei sua cintura, me acomodando à suas costas.

- Eu vou mandar prender todos! E você, eu vou amarrar na cadeira e te atochar de morangos cobertos de chocolate branco! E seu filho eu vou derreter e comer com maçãs, sozinha. - Chocolate relinchou bravo. - Tá bem eu divido com você, seu pangaré guloso.

Rimos muito, com a cabeça apoiada uma na outra. Eri jogou a dela para trás, e eu a abracei ainda mais. Foi quando nosso momento cômico se foi ao ralhar dos dois grilos de latão.

- Aonde pensa que vai princesa? - Disseram eles dois, pois não acompanhariam quatro cascos em duas pernas.

- Olha, muito ajuda quem não atrapalha. - Resmungou Eri se divertindo.

- Eu vou pra casa tomar um banho. - Respondi sentindo o pulsar do coração de Eri traquinando, e o de Chocolate na mesma batida da mestra.

- Nossas ordens são para escoltá-la. - Latiu um deles.

- Não se preocupem, eu não conto para o seu rei que vocês me perderam de vista. - Sorri.

- Se fugir... - Ameaçaram.

- Se ela fugir, eu mesma pego ela e levo para a guilhotina. - Eri tocou as esporas, e Chocolate empinou as poderosas patas peludas no alto, relinchando e esbravejando. - O ULTIMO A CHEGAR É A MULHER DO PADRE!!!

Gritou minha cavaleira favorita, botando o garanhão para correr, largando os soldados para trás, levando meu nome de mim ao vento.

***

A respiração forte, o som dos cascos batendo no chão de pedras, e a adrenalina a mil. Eram a musica da nossa brincadeira serpenteando as estreitas escadas e pequenas vielas de Mintaka, a vila cede da segunda réstia. Ruas azuladas e cinzentas de paralelepípedos, labirintos de miúdos degraus, pequenos até para uma pessoa solitária, o que dirá duas lobas no lombo de um garanhão chocolate que também se chamava Chocolate.

Eri e eu desviávamos das placas de madeira penduradas na faixada dos estabelecimentos. Mais eu por ser mais alta.

Riamos o tempo inteiro, com a bagunça que armávamos ao passar com um cavalo enorme descontrolado. Havia outro caminho, umas ruas mais largas, mas acredite em mim, não tinha a miníma graça correr por elas. Galopando por ruas não mais largas que meus braços estendidos para os lados. Aqui atravessávamos em meio as pequenas coisas, que agigantavam-se espremidas.

Uma vila ridiculamente mal planejada, ou como diriam: pobre, para uma arquitetura mais sofisticada.

Mas não digam isso na frente do meu pai, vish, rola sangue. Será que ninguém entendia que essa estrutura era de propósito? Pois labirintos confusos são mais difíceis de serem penetrados, numa invasão, um ataque, a vantagem é nossa, sendo mais fácil de segurar as linhas defensivas num corredor estreito o qual o inimigo desconhece as direções; e esse era o propósito daquelas ruas, ser uma apertada confusão.

Eri puxou as rédeas bruscamente à direita, na rua dos açougueiros, e com tudo o cavalo virou, quase andando nas paredes sem perder o embalo. Chocolate relinchava como uma buzina, a fim de livrar quem pudesse se salvar de nós. Foi quando o açougueiro e o vendedor de galinhas à nossa frente saltaram para dentro da loja, para não serem atropelados, porém não mesma sorte tiveram as galinhas na porta do açougue. Foram penas laranjas e brancas por todos os lados, com o cacarejar desesperado das coitadas, sob nossas risadas, e os brados do açougueiro e o dono das cocós. Plumas dançando no ar, e em nós, como se fossemos lobos alados, anjos ao vento.

Chocolate saltou o ultimo lance de escadas na curva da rua dos açougueiros, antes da pequenina ponte de pedra cinzenta, e estávamos no pequeno pátio frente ao grande portão do castelo negro, nossa casa. Os guardas de armadura sombria estufaram o peito ao passarmos o portão, desci do cavalo coberta da capa, com uma fina faixa se pele à mostra aos meus passos.

- Boa sorte, - Desejou Eri, bem informada do que me aguardava para dentro do castelo.

Assenti com a cabeça, agradecendo pela carona, capa e carinho. Ela apertou o topo da minha cabeça, e eu sua perna, num mudo tchau na beira de um abismo. A deixei se ocupar com os guardas de Rama Kahn quando estes me viram entrar no castelo, e pude escutar sua gargalhada ao chamar os dois de "mulher do padre".

Passei pela porta com os serviçais a fechando atrás mim. À minha frente um grande e suntuoso hall de pedra acinzentada com uma enorme escadaria ao fundo, corrimãos de prata e ouro negro, em forma de mandíbulas lupinas. Paredes forradas de tapeçarias com o simbolo da família, um lobo preto num fundo sombrio.

- Princesa, - Reverenciou-me uma serva, e a interrompi perguntando aonde estava meu pai. - No escritório dele, princesa, mas...

Não esperei o final da fala, fui direto para a escada, virei os corredores, e cheguei ao escritório de Lionel. Ele estava de costas para toda a sala, atrás de sua mesa, voltado à janela. E um cheiro ruim no ar se fez.

- Por que o senhor fuma esse treco? - Tampei o nariz do cheiro azedo do fumo no cachimbo.

- Veja como fala com seu pai. - Rosnou Lilian no sofá de couro escuro ao centro da sala.

- Mamãe, - Abaixei a cabeça em sua direção, indo ao sofá para me acomodar.

- Você não vai sentar imunda assim. - Minha mãe aumentou a voz. - Aliás, você veio de Alnitak desse jeito? Será que você não tem um pingo de vergonha nessa sua cara, Lena? Humilhando nosso nome por ai, e afrontando seu pai dessa maneira, será que você nunca aprendeu nada do que ensinei? Já não chega a vergonha que estamos passando por ter nosso nome ligado ao assassinato do grande rei?

- Mamãe eu não...

- Essa é a capa da Eri? Aquela ali também é outra perdida, nem parece uma de nós. Se misturando com ratos e sapos, e você foi pelo mesmo caminho. Eu devia ter separado vocês duas à anos, antes de você se perder. Agora é tarde, uma maçã podre no cesto, apodrece todo o resto. Será que você não entende que é uma Luthor, uma alfa? - Ela balançava a cabeça em total desaprovação na amargura da voz. E meu peito se apertava, o ar ficou pesado, e minha mãe se encolheu no sofá.

- Eu entendo o que é ser uma Luthor, e entendo o que é ser a droga de uma alfa. - Rosnei para chão.

- Como está o Rama Khan? Perdendo cabelos eu imagino. - Disse meu pai na sua rouca voz, sem virar-se e ainda sim tomando todo o espaço, só com sua presença.

- Como ele vai perder o que nem tem? - Perguntei. - Qual é o jogo dessa vez papai?

- O de sempre filha. Nossos inimigos na corte de cada uma das réstias, mas eu sei que não foi você. Forte sei que minha filha é, mas como uma jovem alfa, seria capaz contra sangue real? - Continuou ele sem nos olhar, tragando de seu cachimbo. - Mesmo a filha de Zor-El, como poderiam com o grande rei? Isso é estupidez. São apenas tramites políticos, são apenas intrigas de lobos que não aceitam a ordem natural das coisas. Como sempre, querem nos derrubar; só isso. Terminamos por hoje, agora pode ir, tenho muito trabalho.

- Esta bem, mas o que houve com seu olho? - Perguntei do cheiro de sangue dele.

- Fomos invadidos minha filha, e guerra faz isso. - Respondeu sem se virar. - Feche a porta quando sair.

Fiz uma reverencia e sai da sala, deixando meus pais. A loba ômega de minha mãe estática no sofá, sob o domínio do alfa de meu pai,o líder dos Luthor. O rei da segunda réstia, Lionel Luthor.

***

Fui direto para um banho, larguei a capa sobre a cama, e me joguei para baixo do chuveiro. Tentando não me zangar com a ultima conversa com meus pais. Tentando talvez entender que meu pai era muito ocupado e focado, e minha mãe apenas queria meu bem. Esmurrei a parede com a água fria caindo sobre mim. Meus cabelos grudados, e minha pele aos poucos se mostrava abaixo da sujeira, e junto exibiu os vergões remanescentes da ultima noite.

Eu tinha de esquecer como eram comigo, e lembrar que me amavam muito, só isso. Estavam cuidando de mim, do jeito deles, mas cuidando, me amando; meus pais.

AARGH!

Que dor na bochecha. Pousei o rosto sobre a mão, e busquei com a língua o motivo daquela dor. Perto dos buracos na gengiva. Enfiei dois dedos na boca, e peguei um dente frouxo. Apertei a barra de apoio dentro do box, e puxei o molar.

Tremi com a dor, mas ele havia saído inteiro, e não ia mais me atrapalhar. Suguei o sangue saindo da gengiva, e terminei o banho.

***

Vesti minhas roupas escuras, uma simples calça e camisa folgada. Era bom estar vestida para variar, nesses últimos dias o mais vestida que fiquei, antes de ser abduzida para a prisão, foi na enfermaria.

Segurei o riso ao final.

Se me lembro bem, vestida, seria a ultima coisa que eu estaria, perto dela, com ela. Nem sei por que estava sorrindo, um sorriso estranho à meus lábios. Que tão logo se estreitaram numa desgostosa risca, com o soprar da realidade pelas escadarias da torre do meu quarto.

Como sempre tentei afastar as angustias, pensando em outra coisa, mas somente troquei um amargo por outro. Pois mirei as muralhas ao longe numa das janelas da escadaria espiral. Nem sempre vivemos assim, enclausurados em muros, com medo do ar. Presos aqui com medo de uma fungada, e fungar nos fazia o que éramos. Lobos, lobisomens, monstros, nomes não faltavam, bem como os nomes do flagelo lá fora. Fio de lua carmesim, Flama lunar, ou Flagelo. Uma gripezinha, que come lobos de dentro para fora, os fazendo vomitar sangue por todos os buracos. Desde que me lembro essa praga está por ai, e desde então, vivemos presos nessa gaiolas de Shelters, de baixo das saias dos grandes reis.

Isolados. Um nome menos doloroso ao ego, do que presos, engaiolados, acuados, submissos, fracos.

Por sorte, meu estomago rosnando me chamou para algo pior que os muros, e a patética situação dos lobos.

Morrendo de fome, me arrastei para a cozinha, onde encontrei o careca do meu irmão.

- A boa filha, à casa torna, - Riu ele colocando um pedaço de presunto na boca com um garfo, sentado à ilha de mármore no meio da cozinha. Somente nós dois estávamos ali. Lex gostava de comer sozinho, tanto que sempre mandava todos para fora da cozinha, não importando se estávamos para dar um banquete. Deve ser coisa de ômega, com medo que roubem sua comida.

Meu irmão mais velho, um ômega; e sua irmã mais nova, uma alfa.

A chacota da segunda réstia.

E vergonha de Lionel e Lilian Luthor.

Lex o primogênito Luthor, inapto à liderança pelas regras, e uma herdeira que não prestava para nada, segundo sua própria mãe.

Evitei seus olhos me fuzilando, quando ele me empurrou um prato, com algumas fatias de presunto. E eu não recusaria, dividir a comida é uma gentileza que se negada, pode ser levada como insulto. Alimento é algo precioso, que te dá força, vida, e você não a divide com qualquer um. Como ômega ele bem sabia das cortesias a uma alfa, como Luthor ele saberia que isso, vindo dele, era uma provocação certeira.

Me assentei a sua frente, enquanto ele cortava os pedaços de carne em seu prato, e elegantemente os punha na boca com o garfo, enquanto eu lutava para segurar os talheres, meus dedos repuxavam de dor; isso até o primeiro pedaço rolar na minha língua.

"Droga" pensei ao sentir falta dos meus dentes para mastigar, mas eu não poderia deixar o prato cheio, não daria esse gostinho a esse ômega desgraçado. Mostrar fraqueza, para um lobo mais baixo. Em algumas famílias, isso é vergonha, e em nossa sociedade, isso era indigno, e para um Luthor, isso era inaceitável. Ele não parava de me encarar, e eu evitando seus olhos, e o mico de ser uma loba desdentada. Esmaguei minhas gengivas esburacadas na carne, e esganei os gemidos de dor na garganta, ao engolir o presunto com meu sangue, que mal mastigado, desceu devagar. Eu tinha de comer, não só por estar morta de fome, ou pela provocação, mas porque, certamente minha próxima refeição, seria somente amanhã; se eu sobrevivesse à noite.

Não sei quanto eu engoli sem mastigar, nem quanto tempo levei para engolir um pedaço. Quando um cheiro de ovos fritos saltou, e um prato cheio de ovos mexidos, foi posto ao meu lado.

- Come, é mais mole. Desculpa, eu não tinha percebido. - Ele retirou o prato com presunto, e empurrou o de ovos na minha frente. Ridículo diriam os lobos, uma alfa recebendo caridade de um ômega.

Lex foi para o outro lado da bancada terminar o presunto do meu prato, com ovos para ele também. Foi quando eu travei uma luta com a colher, pois meu braço gelou, e meus dedos pararam de me obedecer, e ali me senti horrenda com o que sempre escutava:

Fraca, ridícula, errada.

Nem para segurar a porcaria de uma colher direito você presta, Lena Luthor.

E eu não sei disso? Nem com fome e com comida na minha frente, sou capaz de sanar minhas necessidades. Meus dedos não conseguiam apertar a colher, meus músculos ardiam pateticamente, e eu, eu, uma alfa; uma Luthor...

- AAAAHHH!!! EU ODEIO GARFOS, EU ODEIO FACAS, ODEIO COLHERES!!! PRO INFERNO COM TODOS ELES. EU SOU LOBO. - Gritou meu irmão, arrancando as roupas ensandecido do outro lado da bancada, gritando e batendo no peito feito gorila. - SOMOS LOBOS, A GENTE TEM QUE COMER COMO LOBO!!! ME DEIXA SOZINHO NÃO, VEM SER LOBO, LENA!!!

Ele puxou minha gola aos berros, me jogando sobre a bancada. E rapidinho ele tomou sua forma lupina, devorando o presunto, os ovos, e minha seriedade. Não que fosse crime, mas não eramos encorajados a ser o que somos de fato. Apenas dançar conforme a musica das nossas regras, mas a musica de gritos do meu irmão abafou todas as outras. E eu deixei meus pelos saírem, e tomei a forma de lobo com ele. Por fim encarando seus olhos azuis profundos, com os meus, um azul e outro verde.

Devoramos os ovos, o presunto, e fomos fuçando os armários, voando farinha no focinho, passando as garrinhas no chão, nos dependurado nas salsichas defumadas sobre o fogão, disputando a funguetada na carne torrada na quina do forno. Com um lobo empurrando o outro. Ômega e alfa; irmãos, Lex e eu, nada mais.

***

Mais tarde, depois de devorar tudo na cozinha, adormeci no meu quarto. E noite a dentro, Eri me levou de volta para a terceira réstia, nos limites de Alnitak. Desci de Chocolate, e Eri sorriu para mim, me dando um beijo na testa.

- Vê se pega leve com eles. - Pediu ela. Seu sorriso era lindo, divertido. Minha mãe tinha razão, Eri não parecia uma Luthor. E talvez fosse exatamente isso que eu amasse nela, a vida que ela tinha mesmo trajada das nossas cores sombrias.

Voltei para minha cela, com os meus dois vigias bebaços de terem andado com Eri.

Um porre esse regime semiaberto de mal gosto. De dia livre para se inocentar, a noite volta para a boca do leão. E eu já estava para me emputecer ainda mais, quando respirei fundo, de nada adiantava mais água quente na chaleira fervendo que eu era com todos esses burros, procurando um vilão, para se sentirem heróis.

Se não me falhavam meus instintos, a noite seria longa. Ninguém gosta de um Luthor, disso eu lembrava fácil. E uma herdeira alfa carregava isso dez vezes mais. Foi quando escutei os guardas que me escoltavam levando uma bronca do príncipe Máximo. E em seguida ouvi seus passos para minha cela. Lá vinha o Máximo...da burrice. Porém não era o príncipe diante de mim, mas o rei.

- Terceira majestade, veio averiguar o conforto das instalações da prisioneira, quanta honra. - Brinquei, e antes que eu se quer pudesse entender o que havia acontecido, cai no chão com a bochecha latejando e mais uns dentes soltos.

Ele segurava uma porrete de ferro, sujo com um fio vermelho meu.

- Eu não sou estupido como meu filho, e não sou bondoso como Zor-El, nem cruel como Lionel, mas sou muito mais vivido que eles juntos. - Disse Rama Khan, erguendo o porrete de ferro.

Que maravilha ser uma Luthor, que delicia ser uma alfa.

Seria uma longa, longa noite, com o sarcasmo no teto.

Preferia uma longa noite com ela.

***

Por Kara Zor-El

- Lena, - Ofeguei suando, de olhos fechados. Céus que boca era essa, essa chupada, apertei os lençóis na cama da cela. Não estava tão gostoso quanto na outra noite, mas era ela, e eu podia gozar, só de saber que era essa loba me chupando. Meu Rao, outra vez sonhando.

Meu pau mais duro que o normal, por ela.

Por ser ela.

Lena.

***

Das autoras:

E então supercorps, como fomos hj?

Lena, a gente entende estar tão de saco cheio com tudo. Alfas, Luthors, pelo amor de Deus.
E Kara, com o que a senhorita anda a sonhar?
Nos contem oq estão achando, abram um sorriso na cara dessas escritoras.

Agora é para quebrar, a mais nova da casa de El, opaa, quero dizer...da DeniseLuthor:

Inversão de papéis (ABO):

Vem ver tudo virar ao contrário, quase tudo, Lena e Kara, o que será feito delas?

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