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03 | CEM GRAUS, JAQUETA DE COURO

CAPÍTULO TRÊS | HOT PINK ICE CUBE
❝CEM GRAUS, JAQUETA DE COURO❞

oh, baby, eu morreria pelo seu amor. insanamente, eu me recuso a desistir e talvez você costumava se sentir da mesma forma, mas ultimamente, parece que você está se afastando (porque você está sozinha)⸺ CHERUB; franklin jonas

MISHA EMPURROU O CARRINHO DE COMPRAS LENTAMENTE PELOS CORREDORES ESTREITOS DO MERCADO COREANO PERTO DE SEU APARTAMENTO, SEUS DEDOS TOCANDO DISTRAIDAMENTE AS EMBALAGENS COLORIDAS DE SALGADINHOS QUE ELA NÃO CONHECIA.

Ela e Son entraram na loja depois de passar aquele meio de tarde fazendo compras, com Misha meio que fingindo precisar de mais leite de soja e de mais coisas para encher a geladeira, apenas como uma desculpa para sair de casa. Son então aproveitou a saída e a levou para o mercado que era realmente um dos poucos que ele conhecia por aquela parte da cidade, com todas as coisas com as quais ele tinha crescido na Coréia.

Son parou de repente, pegando um pequeno pacote de bolos de chocolate com marshmallow de uma das prateleiras. Ele o puxou, apertando os olhos para o rótulo. Misha parou o carrinho, se inclinando para frente.

— Você sabe o que é isso?

Misha olhou para os pequenos bolos em sua mão - marshmallows fofos e macios impressos entre camadas de uma massa mais firme e chocolate. Nada que ela já tivesse visto.

— Não faço ideia.

— Esses... — Son disse, com um sorriso suave puxando os cantos dos lábios — Costumavam ser enviados para os jogadores do Manchester United quando Ji Sung-Park ainda estava lá. Você sabe, fãs coreanos enviando coisas. Aparentemente Rio e Vidic receberam muitos e amavam. Isso aqui fez muito sucesso na Coréia também, mas virou uma grande coisa em Manchester por causa desses caras.

— Você acha que os caras do Spurs gostariam de uma caixa dessa? — Misha falou e levantou as sobrancelhas, depois riu um pouco.

— Eles adorariam — Son riu, balançando a cabeça — Mas acho que a equipe me mataria se isso começasse a aparecer por lá. Você não tem ideia de como eles são sobre nutrição. Todos eles têm medo de açúcar.

— Eu não sei... — Misha estendeu a mão, alcançando a embalagem, passando seus dedos, que tocaram os de Son — Esses me lembram um pouco Jaffa Cakes. São bem parecidos.

— Não — Son fez uma careta, claramente não concordando com a comparação — Jaffa Cakes? Sério?

— O quê? — Misha disse, fingindo estar ofendida apenas pela expressão do mais velho — Jaffa Cakes são clássicos, Son Heung-min.

— Jaffa Cakes são horríveis — Son disse, meio rindo — Laranja e chocolate juntos? É um desastre.

— Você só diz isso porque não gosta do sabor laranja em nada. E eu não sabia que você tinha opiniões tão fortes sobre bolos.

— Eu tenho opiniões fortes sobre muitas coisas — Son deu de ombros.

Então, sem aviso, Son se inclinou um pouco, apenas o suficiente para Misha saber o que estava prestes a acontecer e ter um dizer sobre aquilo. Não foi um momento dramático - foi quase casual, como se ele nem estivesse pensando muito mesmo. Mas a maneira como sua mão pousou levemente na alça do carrinho, a maneira como seu rosto pairou a apenas alguns centímetros dela, fez o coração dela acelerar um pouco, o que foi novo. Ela encontrou os olhos dele por um breve segundo, e antes que pudesse dizer ou fazer qualquer coisa, os lábios de Son tocaram os dela, simples, como se fosse a coisa mais natural do mundo.

Quando eles se afastaram, Son tinha um sorriso leve no rosto, como se nada realmente tivesse mudado. Misha, no entanto, sentiu um sorriso se rastejar para o canto dos seus lábios, e ela rapidamente pegou o pacote de bolos da mão de Son.

— Tudo bem, vamos lá — ela disse — Vamos pegar isso, porque agora eu quero provar, e sair daqui antes que eu acabe comprando metade da loja, com todas essas embalagens coloridas.

Eles foram até o caixa e, depois de pagar, saíram pela porta e entraram no beco ao lado do lugar, dividido entre aquela loja e uma farmácia do outro lado. O tempo frio de Londres não os incomodou, por conta das camadas de roupas. Misha tinha incluído um cachecol ao redor do pescoço no visual, num tom de vermelho mais escuro. Ela se encostou na parede de tijolos, enquanto Son se colocou de frente para ela, uma mão segurando o pacote de bolos enquanto o abria com a mesma delicadeza com que fazia todo o resto das coisas, e ele estendeu o pacote para Misha depois de pegar as duas sacolas que ela estava segurando. Misha estava perto o suficiente para sentir o calor do corpo dele através do casaco, com os dois de lado para a rua para que pudessem ter um pouco de privacidade.

— Experimente. Veja se é melhor do que seus preciosos bolos ruins de laranja.

Misha acenou a cabeça levemente e deu uma pequena mordida, o chocolate derretendo em sua língua quase imediatamente, junto com o Marshmallow. Ela mastigou lentamente, fingindo pensar sobre o que diria. Não era realmente ruim, mas definitivamente diferente. Para quem não gostava realmente de Mashmallow, a experiência foi melhor do que o esperado.

— Não é tão ruim — ela confessou — Não é nada demais também, porque eu ainda prefiro meus bolos de laranja com chocolate — Son começou a rir e seu rosto todo acabou se iluminando. Havia algo no jeito como ele sorria que sempre pegava Misha desprevenida, algo que ela não tinha notado antes, ou talvez tivesse, mas não tivesse pensando tanto, apenas uma pequena covinha única no canto esquerdo da bochecha. Isso o fazia parecer impossivelmente mais bonito, ainda mais charmoso do que o normal — Não sei também se confio em sugestões de pessoas com covinhas assim, sabe... — ela disse, meio brincando, apontando para o rosto dele.

Son levou dois dedos até o rosto, cobrindo a covinha pela metade, seus olhos brilhando por um momento.

— E assim? Você confia em mim agora?

— Talvez um pouco.

Son se inclinou novamente, a brincadeira se respondendo, e caindo, em algo mais sério, mais intencional. Sua mão livre encontrou o caminho até a cintura dela, forte, a puxando um pouco mais para perto enquanto seus lábios encontraram os dela mais uma vez. Desta vez, o beijo demorou, nenhum dos dois com pressa de se afastar. Mas, quando finalmente o fizeram, Misha descansou a testa contra a dele.

— Bem — ela começou, quebrando o silêncio — Talvez eu possa perdoar a coisa do Jaffa Cake.

Son sorriu de novo, a mesma covinha brilhando novamente.

— Eu fico com isso.

*

A noite da fogueira sempre foi um espetáculo, embora também fosse uma mistura previsível do básico que se esperaria em noites como aquela. Fogos de artifício, fogueiras, risadas, bebida e comida. Mas naquele ano de 2021, na casa do pai de Gisèle, parecia um evento real, como aqueles em Buckingham, e não porque o luxo havia tomado conta - não, eles pareciam qualquer outra família, mas havia tantas pessoas nos fundos da casa de Duncan que talvez apenas a sala de jantar em Kensington pudesse comportar todos de uma vez. Misha quase tinha esquecido disso, o quanto a família de Gisèle gostava dessas coisas grandes e barulhentas, com celebrações sem poupar nada porque Duncan adorava receber pessoas. E ele estava certo em amar. Ele era bom nisso.

Depois que os fogos de artifício iluminaram o céu escuro, com explosões coloridas chamando a atenção de todos, todo o grupo na casa de Duncan seguiu em direção ao Alexandra Park, um parque paisagístico adjacente a Hornsey, Muswell Hill e Wood Green, que já estava cheio de pessoas como era todo ano, porque eles tinham uma fogueira enorme e então os fogos de artifício eram um show à parte, junto com as barracas de bebidas e food trucks. O lugar estava cheio de energia, vozes por todo lugar, pessoas por todo lugar e música alta tocando, e o calor mais perto da fogueira era ótimo, porque a temperatura tinha caído ainda mais. Misha passou parte da noite conversando com Gisèle, mas no Alexandra Park ela se viu caminhando com River em direção à fogueira. Depois, eles foram pegar algumas bebidas. River ainda estava descobrindo as coisas, e era muito mais quieto do que seus outros irmãos, mas ele amava fazer as coisas por si mesmo. Especialmente porque em algumas semanas ele estaria indo para a Escócia pelos próximos quatro anos, morando sozinho pela primeira vez enquanto estudava o que havia escolhido fazer na faculdade. De qualquer forma, aquela era a primeira vez que ele bebia álcool, e Misha insistiu em pagar pela sua garrafinha, observando enquanto ele tomava goles cuidadosos da sidra que ela também havia escolhido beber.

— Então, o que você achou? —Misha perguntou, sorrindo enquanto River tomava outro gole de sua bebida.

— É... estranho — River disse, franzindo o nariz — Tem gosto de suco de maçã com gás, mas meio pior? Eu definitivamente prefiro cerveja.

— Ugh, você realmente é igual aos seus irmãos — Misha revirou os olhos — Isso é sidra para você. É ótimo, e você vai se acostumar se tomar mais de dois goles.

River queria dizer que estava prestes a jogar o resto de sua bebida no chão, mas não, ele continuou bebendo e logo não pareceu tão ruim quanto ele pensou a princípio. Ele andou com Misha pela praça, seguindo o brilho das luzes penduradas no alto, passando por grupos de pessoas conversando, crianças correndo atrás umas das outras à distância e casais amontoados contra o frio da noite, agasalhados em seus casacos. River era mais novo, mas já era muito alto, quase tão alto quanto Henry e definitivamente mais alto que Misha, o que também não era difícil, então enquanto uma de suas mãos estava ocupada segurando a sidra, seu outro braço estava enfiado no bolso do casaco enquanto Misha a segurava para que eles não se separassem. Mais à frente, o ar estava cheio de fumaça da fogueira, que queimava bem no centro do lugar, suas chamas lambendo o grande boneco que havia sido colocada em cima, vestido com roupas velhas, lentamente consumido pelo fogo.

— Isso é meio estranho — River comentou — Eu nunca entendi realmente a ideia dessa noite. Você constrói bonecos e fogueiras, deixa as crianças baterem neles e depois os queima para dizer exatamente o quê?

— É tradição — Misha deu de ombros — Um pouco mórbido, mas sim, é o que fazemos. Você nasceu aqui, já deveria ter se acostumado, mas se não, bem-vindo à Inglaterra.

— Sou mais irlandês do que inglês, sabia?

— Só porque você estava na Irlanda, na barriga da sua mãe, dois dias antes de nascer, não faz de você irlandês, River.

— Mas eu quase sou. Além disso, a família dela é de lá, embora Sitty seja do Líbano.

— Não faz sentido, River.

— Faz sentido para mim.

— É só seu descontentamento em ser inglês.

— Meus irmãos amam MK e amam terem nascido aqui, eu tinha que ser diferente de alguma forma.

— Você também não é muito fã de futebol, você é mesmo o diferente — disse Misha — Apesar da coleção de camisas.

— Mas Daria também não é tão animada assim com futebol.

— Mas ela era.

— É, o papai meio que estragou isso para ela falando demais. É incrível que não tenha acontecido assim para Gigi.

— G é louca pelo Arsenal — Misha a lembrou — E agora pelo Barcelona. De todas as pessoas, eu definitivamente não achei que ela acabaria namorando uma jogadora.

— Mas Alexia é super legal — River sorriu suavemente — E ela está feliz. Especialmente com a mudança repentina agora, e Venetia nascendo e a situação com Luke-

— Hum, sim, sobre isso. Nós não conversamos tanto, mas o Luke também anda tão focado no trabalho e na Vee, e a ideia dele com a G... Eles estão conseguindo conciliar bem.

— Do melhor jeito que poderiam, eu acho — River deu de ombros — É um pouco impressionante, mas também, o exemplo da mãe e do papai, de quando eles se separaram... tipo, eles não fizeram isso ser ruim para ninguém. A gente cresceu bem, ainda mais eu e a Daria.

— Oh, é — Misha assentiu — Eu não posso falar o mesmo sobre os meus pais.

— Mas pelo menos a relação sua com eles não se desgastou.

— Mas também era o mínimo, River — ela disse e então continuou pronta para mudar de assunto — Eu acho que vou comprar algo para comer.

— Ei, eu estava realmente querendo Shawarma.

— O carrinho tá para o outro lado, não está? — Misha acenou para frente e River concordou.

Eles seguiram andando, indo em direção a um food truck que estava servindo comidas árabes ao lado de outros carrinhos, e outras comidas de rua questionáveis. A fila não estava tão ruim para a noite, e então Misha e River entraram nela sem realmente muito esforço. Misha pediu para os dois - um combo com dois shawarma, fritas, salada fattoush e pão pita frito. Eles já tinham tomado a cidra e Misha adicionou também duas latas de pepsi para o pedido. Os dois então esperaram perto do balcão, onde tinha espaço. River se encostou na borda, observando as chamas da fogueira à distância e Misha estava distraída, prestando mais atenção ao calor confortável ali por perto, e pensando mais em como ali estava melhor do que lá para o meio do que qualquer outra coisa. Por isso que quando ela sentiu alguém encostar nela, ela se virou surpresa, apenas o suficiente para notar a pessoa parar ao seu lado e se surpreender um pouco também.

Mas aquilo parecia estar acontecendo o tempo todo. Londres nem era realmente pequena, mas o Norte da cidade parecia puxar Leah para ela. E elas viviam perto uma da outra, mas ultimamente se encontravam mais sempre que saíam do que andando pelo bairro onde moravam. Misha não congelou sem expressão como quase tinha estado semanas antes no Emirates - o que, depois disso, também foi uma das últimas vezes em que elas trocaram mais palavras. Elas ainda estavam em um momento estranho. E Misha não esperava ver Leah ali, de todos os lugares. A Noite da Fogueira era mais uma coisa de família, e ela parecia estar sozinha ou Misha estava apenas assumindo que ela estava. A garota estava linda, independente de qualquer coisa, com o rosto emoldurado pelo brilho das luzes brilhando durante a noite, sua respiração visível no ar frio. Ela estava com um cachecol vermelho enrolado frouxamente na volta do pescoço, usando um sobretudo e segurando um copo de plástico com tampa, com algo quente dentro. Leah sorriu para Misha, um sorriso pequeno, e a mais velha devolveu o mesmo sorriso.

— Não esperava ver você aqui.

Leah deu de ombros, tomando um gole de sua bebida antes de responder qualquer coisa.

— A família da minha mãe sempre fazia disso algo grande quando eu era criança. Pensei em manter a tradição da mesma forma já que não consegui voltar para Milton Keynes por causa do tempo.

Misha concordou, de repente consciente de quão perto elas estavam. River ainda estava ao lado dela, alheio, focado no celular. Misha se sentiu estranha, como se tivesse sido pega de surpresa, embora não houvesse nada errado em esbarrar em alguém que você conhecia tão bem, ainda mais uma amiga.

O cara atrás do balcão chamou o pedido deles, e River pegou a comida, entregando a Misha um dos shawarmas antes de imediatamente dar uma mordida no seu, deixando a pequena caixa de papelão com os molhos e os acompanhamentos suportados no balcão. Parecia não haver problema em comer ali, porque outras pessoas estavam fazendo isso, e então tinha uma fila pela lateral, para quem estava pedindo e indo se acomodar no banco mais à frente.

— Então, você está aqui com amigos? — Misha perguntou.

— É — disse Leah, olhando por cima do ombro, como se estivesse procurando seus rostos conhecidos na multidão — Alex, algumas garotas da equipe. Jordan...

— Oh — Misha levantou as sobrancelhas, sem realmente conseguir se controlar — Jordan.

— E você? — Leah passou por aquilo sem pontuar, e o mais rápido que pôde também. Misha não reclamou.

— Família — respondeu Misha, gesticulando para River, que ainda estava preocupado com seu celular — E alguns amigos.

Leah concordou, dando a River um sorriso rápido e educado, mas sua atenção estava principalmente em Misha. Eles se conheciam, claro, e River gostava de Leah, mas também não tinha muito para dizer dela. Diferente de Gisèle, e Henry também que parecia estar à parte de muito da vida de Misha - Robbie era outro ponto porque ele parecia focado em sustentar a ideia de que Son e Misha eram bons juntos e ele não tinha ideia de que sequer havia algo relacionado a Leah naquela bagunça. Ele poderia ser alheio assim. Mas, à parte deles, River também não sabia muito sobre aquilo, e não estava também curioso para saber.

— Vocês vão ficar para os fogos do início da madrugada? — Leah perguntou.

— A ideia é essa — disse Misha.

— Certo... — Leah sorriu novamente, aquele pequeno sorriso de lado que Misha achou lindo e irritante ao mesmo tempo — Talvez eu te veja por aí mais tarde então.

— Sim, talvez.

Leah deu um rápido aceno antes de se virar e ir embora, desaparecendo na multidão, deixando Misha ali com River, com o espaço de repente parecendo muito mais frio. River deu outra mordida na própria comida, já não tão alheio a toda a troca.

— Então, o que foi isso?

— Nada — Misha deu de ombros — Não foi realmente nada.

*

Já passava da meia-noite quando Misha finalmente chegou em casa. Seu casaco cheirava a fumaça e, quando o jogou nas costas de uma cadeira, sentiu um cansaço subindo pelas costas. O feriado curto tinha sido divertido, claro, mas exaustivo do jeito que as comemorações sempre eram quando duravam um pouco mais, especialmente quando ela estava voltando ao trabalho na tarde seguinte.

Ela tirou os sapatos, andando descalça pelo piso de madeira, sua mente já vagando em direção ao sono, e então sua atenção foi capturada quando seu celular vibrou na mesa de centro, onde ela o havia deixado um minuto atrás. Ela olhou para ele com leve curiosidade, esperando uma mensagem de Gisèle, de sua mãe, seu pai ou outra pessoa, mas não exatamente a que recebeu, principalmente porque havia se esquecido completamente dos planos que havia feito para o almoço do dia seguinte. Mas Son estava lá, lembrando-a.

"Como vai? Espero que tenha se divertido esta noite. O que acha do almoço de amanhã? Ainda está de pé?".

O almoço estava marcado há dias, porque havia se tornado um hábito entre eles. Eles faziam isso pelo menos uma vez por semana. Era fácil e difícil, e Misha podia dizer assim, porque eles se sentavam em algum restaurante chique, conversavam sobre o dia deles e ela sentia a facilidade de passar um tempo com alguém que não esperava nada dela além do que ela estava disposta a dar. Mas era difícil porque Misha sentia que Son estava circulando em torno da ideia de namorar há dias. Ele queria fazer isso, só não tinha encontrado coragem, mesmo já tendo falado sobre superficialmente. Estava perto, era o que ela conseguia imaginar.

Misha suspirou, e ajustou os dedos pronta para responder à mensagem de Son, mas outra mensagem tomou conta das dele e Misha clicou na nova aba de conversa, expandindo a tela.

"Posso ir até aí?"

Ela não podia dizer que estava esperando aquilo. As mensagens recentes de Leah eram espaçadas, as conversas breves, e havia uma tensão estranha sempre que se encontravam depois daqueles dias na casa da jogadora. Como se ambas estivessem esperando que a outra pessoa desse o primeiro passo para que pudessem finalmente falar sobre o que estava claramente acontecendo. Fazia séculos que Leah não pedia para aparecer na casa de Misha, daquele jeito, e então, do nada, naquela hora ridícula, ela queria aparecer, depois que as duas se viram brevemente naquela noite.

Por um momento, Misha ficou ali, celular na mão. Ela confirmou o almoço com Son e não quis pensar muito. Antes que pudesse fazer aquilo, pensar demais, ela digitou uma resposta rápida para Leah também.

"A porta está aberta."

Ela largou o celular, tentando não andar demais ao redor do que poderia acontecer, e foi pegar sua toalha no quarto, antes de entrar no banheiro, amarrando o cabelo em um nó bagunçado no topo da cabeça e jogando um pouco de água fria no rosto enquanto se inclinava sobre a pia. Ela pegou a primeira coisa que encontrou também, um segundo antes no quarto, que era uma blusa branca grande e surrada que caía logo abaixo dos quadris, algo confortável o suficiente para relaxar, mas não exatamente o que ela teria escolhido se esperasse alguma companhia. Mas Leah não era nenhuma companhia, e ela a tinha visto com menos. Misha estava se preparando para dormir, e realmente não pensou em nada sobre isso.

Mas Leah pensou demais assim que a viu. Quando a garota saiu do banheiro, ela ouviu o clique suave da porta se abrindo e sabia que era a garota de Milton Keynes antes mesmo de olhar. Os pés descalços de Misha não faziam barulho no chão enquanto ela caminhava em direção à cozinha, a bainha de sua blusa branca balançando em volta de suas coxas. A luz na cozinha estava baixa e ela pegou um copo, enchendo-o com água, de costas para a porta. Misha ouviu os passos de Leah antes de vê-la, mas quando ela se virou, ela estava parada ali na divisão entre a sala de estar e a cozinha, encostada no balcão.

— Você está aqui — disse Misha, quebrando o silêncio, embora sua voz tenha saído mais suave do que ela pretendia.

— Sim — Leah piscou, sacudindo qualquer pensamento que a capturou momentaneamente, e sua voz deixou sua garganta um pouco rouca, como se ela estivesse se reencontrando — Eu... eu não queria vir em um momento tão estranho. Eu só... — ela tentou se explicar, mas não conseguiu.

— Estou feliz que você veio.

Leah deu um passo para mais perto, mas ainda havia um pequeno espaço entre elas, como a barreira que realmente havia crescido nas últimas semanas. Seus olhos dispararam para o copo de água na mão de Misha, depois voltaram para seu rosto, depois continuaram seguindo para sua camisa, para as pernas nuas de Misha, antes de retornar rapidamente para seus olhos claros. Misha respirou fundo. Ela colocou o copo no balcão, vazio, e então acabou se recostando nele, suas mãos descansando na superfície mais fria.

— Agora, por que você está aqui? — Misha perguntou, mantendo seu tom leve, mas seu coração estava batendo mais rápido do que ela queria admitir.

— Eu não sei... — Leah se mexeu, suas mãos nos bolsos — Eu só queria te ver.

— Você me viu hoje — Misha disse.

— Não assim — Leah ofereceu de volta, mas de um jeito que quase ecoou de uma maneira vulnerável demais, algo que fez o sorriso no rosto de Misha vacilar.

Misha sentiu um nó apertado em sua garganta, uma sensação estranha pela maneira como Leah parecia estar puxando ela para mais perto depois de semanas, parando ali na cozinha, no meio da noite, parecendo que tinha algo importante a dizer, mas não conseguindo encontrar as palavras tão certas.

— E sinto falta de estar... com você.

— Você me disse para tentar as coisas com outra pessoa, Leah — ela disse, as palavras saindo antes que ela pudesse se conter.

— Eu sei — Leah respondeu rapidamente, rápido demais também — Eu sei que sim, mas... eu não sei. Era mais fácil dizer isso do que lidar com o que eu realmente sentia.

— E o que você realmente sentia?

— Bem... — Leah levantou a cabeça, e suspirou por um momento — Eu gosto de você, mas do que pretendi gostar.

— Eu pensei... — Misha começou, mas não sabia como terminar a frase. Ela pensou que Leah não queria mais o que elas tinham começado meses antes, pensou que Leah já tinha seguido em frente, porque tinha até mesmo a empurrado para outra pessoa — Eu pensei que você não-

— Eu pensei que talvez se eu não estivesse tão assim ... perto, eu não sentiria tanto — Leah a interrompeu — Mas eu sinto.

Para Misha teria sido fácil entrar naquilo, ceder ao momento, mas algo a segurou. Talvez tenha sido o fato de Leah ter sido a único a afastá-la quando todas as outras pessoas que tinham estado naquela posição fizeram exatamente o oposto. Normalmente era Misha quem estava fugindo.

— Um minuto você está me dizendo uma coisa e então no outro falando outra completamente diferente.

— Eu sei — Leah concordou — Eu estive por todo o lugar dentro da minha cabeça. Eu só estava pensando... talvez fosse mais fácil para você sair com outra pessoa que não eu. Que você seria mais feliz. Que eu era complicada demais... — ela parou, mordendo os lábios — Mas acontece que não consigo parar de pensar em você. Não quando estou com você, não quando estou sem você — a respiração de Misha ficou presa na garganta e Leah se aproximou ainda mais, dando a volta na bancada. Misha podia sentir o calor de seu corpo, o cheiro familiar dela, a maneira como sua presença parecia preencher o espaço. Leah estendeu a mão, sua mão tocando levemente o braço de Misha — Eu não quero mais ficar confusa, eu só quero estar aqui com você. Assim. Se você quiser.

— Você é realmente confusa — Misha murmurou, mesmo quando sentiu que estava se inclinando, suas defesas desmoronando a cada centímetro — Você sabe disso, certo?

— Eu sei — sua voz caiu para uma sugestão, e Misha abriu a boca para dizer algo, qualquer coisa para segurar o último fio de distância entre as duas.

Ela apenas não conseguiu.

Os lábios de Leah estavam nos dela, suaves e hesitantes no início, como se ela não tivesse certeza se Misha a deixaria seguir. Misha não se afastou. Em vez disso, ela a beijou de volta, suas mãos se movem instintivamente para a cintura de Leah, puxando-a para mais perto. Foi mais lento, e cauteloso. Mas mudou rápido. Misha interrompeu o beijo, afastando-se um pouco, sua respiração saindo em suspiros curtos. Leah olhou para ela, seus olhos procurando o rosto de Misha, como se ela não tivesse certeza do que tinha acabado de acontecer.

— Não sei se consigo fazer isso de novo — Misha sussurrou — Não se você ainda não tem certeza do que pode querer que aconteça entre a gente.

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