𖤍𖡼↷ 𝐓𝐄𝐍
Fazia exatamente um ano que eu tinha perdido minhas memórias. E mesmo que eu ainda tivesse um imenso desejo de as ter de volta, estava focando no que realmente importava: eu estava viva. Eu podia ter morrido, mas não havia, e não tinha sentido em ficar remoendo coisas que eu não podia controlar. Era nisso que eu estava focando, no meu presente. Mesmo que naquele exato momento eu estivesse fervilhando de ódio enquanto tentava afastar os mosquitos malditos e irritantes de mim. Sinceramente, eu não sei o como Katsuki tinha me convencido a fazer uma trilha com ele. Eu odiava essas coisas! Odiava mesmo.
-Eu odeio esse lugar! - reclamei, querendo dar um grito. Aquilo só serviu para fazer Katsuki rir. Eu estava tentando de todo o possível para fazer Katsuki desistir daquela ideia de acampar. Mas ele estava bem empenhado em montar aquela droga de barraca, não importava o que eu dissesse, me fazendo querer chorar. Tanta coisa legal pra fazer. Ele podia, sei lá, usar os rios de dinheiro que tinha pra me levar pra viajar! Isso sim ia me conquistar bem mais do que me levar até ali, no meio do nada, pra ficar no meio dos mosquitos e sabe Deus lá que outras coisas estranhas.
-Você reclama de tudo, sua chata. - Katsuki retrucou, sem nem olhar pra mim, montando com agilidade aquela barraca maldita, como se já tivesse feito isso milhares de vezes. E devia ter feito mesmo. Se eu tivesse uma faca, eu a rasgaria em milhares de pedaços, acabando de uma vez por todas com aqueles planos malditos de Katsuki. Sério, eu daria qualquer coisa só para estar na minha bela cama agora, dormindo depois de ter um almoço descente, porque comer pão não é considerado ter um almoço que presta! Eu estava velha demais para aquelas coisas, Katsuki também!
-Eu tô sendo realista! Mas que merda de hobbie é esse de vir se enfiar no meio do mato, ficar escalando montanha, pelo amor de Deus! Tem coisa muito melhor pra fazer, tipo ir pra uma praia! Ou transar! - reclamei, chutando uma pedrinha e resmungando. Aquilo só estava fazendo Katsuki se divertir mais e mais, me fazendo revirar os olhos. Maldito irritante, era isso o que ele era! Se fosse um ser humano decente, ele teria me tirado daquele inferno. Eu já estava começando a sentir a coceira das picadas daqueles mosquitos malditos. Que irritação! Que coisinha chata!
-Você precisa relaxa, Zaza. Tá muito irritadinha. - ele teve coragem de zombar da minha cara, me fazendo erguer o dedo do meio para ele e o dar um sorrisinho sarcástico. Pior dia da minha vida foi o momento que resolvi dar uma chance para ver no que aquilo entre nós ia dar. Agora, eu estava apaixonada por um idiota, aparentemente pela segunda vez, mas não importa já que eu não lembro da primeira. Como é que ele fazia isso de me conquistar sendo tão idiota assim? Ou talvez a idiota seja eu por me apaixonar tão facilmente por Katsuki.
Ignorando as provocações de Katsuki, comecei a caminhar por ali. Eu estava com fome, com dor de cabeça e com vontade de ir embora. Tudo o que eu menos queria, era continuar naquele lugar infernal! Foi quando achei uma árvore cheia de amoras e tive a brilhante ideia de tentar subir nela. Mesmo que isso claramente fosse uma péssima ideia. Quer dizer, teria dado tudo certo se Katsuki não tivesse gritado comigo e me dado um susto do caralho. Então foi culpa dele eu ter caído e batido a cabeça com tudo no chão, me fazendo soltar um gemido infeliz de dor.
-Sua idiota! - a voz de Katsuki, apesar do xingamento, estava cheia de desespero. Típico do meu marido ficar brigando comigo por cada maldita merda que eu faço! Como se ele fosse isento de fazer cagada e, sendo bem honesta, nesses quase trinta anos que estamos juntos, a pessoa que mais fez bosta foi ele! -Você tá bem? - as mãos de Katsuki se fecharam nos meus ombros, me colocando sentada. Seus olhos se fixaram nos meus e eu apenas pisquei, confusa, franzindo o cenho. -Azami? Fala alguma coisa, porra! - tudo estava meio confuso, mas eu tinha certeza de uma coisa.
-Katsuki, eu não disse pra você nunca mais me trazer nesse lugar? Tá vendo, é culpa sua! - falei o empurrando com irritação. Katsuki ficou completamente estático e visivelmente confuso, o que me fez dar risada, sorrindo para ele com sinceridade. -Queria me pedir em casamento de novo aqui, é?
-Você... - ele começou, mas não conseguia sequer falar. Como se caso ele dissesse em voz alta, fosse fazer tudo escapar de suas mãos. Katsuki estava ansioso, suas mãos me segurando com força, e eu apenas dei risada, esticando a mão para tocar a bochecha dele com carinho.
-Você deveria agradecer a essa árvore aí. - eu cantarolei. -Porque cair dela fez eu me lembrar de trinta anos faltantes na minha vida.
Katsuki estava me olhando completamente perdido.
-A surda sou eu e você que não escuta? - falei, arqueando a sobrancelha.
-Como assim?! - ele estava em choque, mas eu não o julgava. Fiquei um ano sem lembrar de nada. E de repente, com uma pancada na cabeça, tudo volta. Foi como ligar uma luz, voltar a uma parte que esteve perdida e escondida no fundo da memória. Uma hora não estava ali e de repente era como se nunca tivesse ido embora. E cada momento ao lado dele estava ali mais uma vez.
-Amor. - falei, segurando o rosto dele em minhas mãos. Katsuki fechou os olhos e eu percebi que estava tremendo. -Não precisa mais fingir que tá tudo bem. - falei, baixinho, encostando a testa na dele. -Me desculpa por ter esquecido de você.
Katsuki me abraçou, quase me derrubando na terra no processo. Eu apenas dei risada, afundando os dedos no cabelo dele e o apertando com força contra mim. Um ano; eu tinha ficado um ano sem me lembrar do quanto eu amava quando Katsuki me abraçava desse jeito. Um ano sem saber o como aqueles momentos ao seu lado significavam pra mim. Porra, um ano era muito tempo! E eu imagino que para ele, tudo foi mil vezes pior.
-Eu senti muito sua falta. - ele murmurou e eu senti as lágrimas em meus olhos ao notar o como sua voz estava falha. Apenas apertei Katsuki um pouco mais.
-E aquele papo sobre eu ser uma insuportável que você não aguentava mais? - zombei apenas para receber um beliscão que me fez dar um gritinho.
-Cala a boca.
E eu calei, porque no segundo seguinte, Katsuki estava me beijando como se nada além disso importasse. E naquele momento, não importava mesmo.
Era tão estranho que as memórias de Azami apenas tivessem voltado do nada. Um momento não estavam ali e no outro ela era a minha melhor amiga maluca outra vez. E sim, eu fiquei profundamente e imensamente feliz com isso. Uma felicidade que eu não sentia há muito tempo. Não fiz questão de esconder isso enquanto apertava Azami com força em meus braços, fazendo minha melhor amiga reclamar. Segundo ela, já tinha feito uma semana que as coisas voltaram ao normal, então eu poderia parar com isso. Mas não podia não. Fiquei um ano sem ela; eu já tinha perdido coisa demais, saber que tinha minha amiga de volta era o que eu precisava.
-Aí, credo, para de ser carente. - ela zombou da minha cara, mas ainda assim, me apertou em seus braços, o que fez eu revirar os olhos. -Quem diria que um dia eu ia pedir pra Psique parar de apertar minhas costelas porque já tá doendo. Sério, por favor.
-Você é uma insuportável. - reclamei, me afastando dela e a guiando até a cozinha para fazer um café. -Não sei mesmo porque senti tanta a sua falta.
-Porque eu sou incrível. - Azami disse como se fosse óbvio e eu apenas dei uma risada debochada, fazendo ela sorrir com sarcasmo para mim. -Cadê o Shoto?
-Ele foi levar a Yumi de volta pra faculdade e depois vai ir direto trabalhar. - falei com um suspiro, me sentando em uma das cadeiras. Azami fez a mesma coisa. -As coisas estão meio difíceis entre nós dois.
-É, Katsuki me falou. - Azami disse, estendendo a mão para segurar a minha. -E eu concordo com o Shoto, Atsu. Não é por nada, você é a melhor telepata do mundo e tals, mas já tá velha. Tá na hora de se aposentar, gata.
-Ah, vai pra porra! - reclamei, dando um tapa na mão dela e a fazendo rir. -Você pode até convencer Katsuki com esse papo, mas eu não vou pendurar meu uniforme até a desgraçada que matou meu filho estar presa.
O olhar de Azami se tornou sombrio. Eu sabia que para ela, era como se Fuyuki tivesse morrido há uma semana já que ela tinha recuperado suas memórias há pouco tempo. Para Azami, era uma ferida aberta, porque diferente de mim e de Shoto, ela não teve seu momento de luta, seu tempo para cicatrizar. Fuyuki era como um filho para ela, assim como Shin é um filho pra mim. Eu sabia o quão triste minha amiga estava, apesar de suas tentativas de não demonstrar porque não queria me fazer remoer algo que eu já tinha superado.
Mas estava tudo bem. Por mais que eu jamais fosse superar e fechar aquela ferida, não era algo que estava acabando com minha vida. Fuyuki não ia querer isso, então, pelo meu filho, eu segui em frente sem olhar para trás. Ou pelo menos, parcialmente. Pois eu jamais ia conseguir descansar sabendo que a desgraçada que o tinha tirado de mim estava por ai, causando mais e mais caos na vida dos outros.
-Você, Shoto, Katsuki e Izuku já não acabaram com a organização criminosa dela, Atsuko? O que mais você quer? Isso só vai te trazer mais e mais dor. - Azami falou me olhando seriamente. Eu apenas afundei os dedos nos meus cabelos. -Você vai mesmo colocar seu casamento em risco por causa disso? Vale mesmo a pena?
-Vale sim! Claro que vale! A organização já era, mas ela ainda está viva e por ai, você não entende, Zaza? Ela tirou Fuyuki de mim. Se Shoto não entende meus motivos, então o problema é todo dele! - falei, dando um tapa tão forte na mesa que fez Azami dar um pulo. -Desculpa. - murmurei fazendo uma careta infeliz. -Não consigo dar um ponto final nessa história, Azami. Pelo menos, não agora.
-Não tô aqui pra te julgar. Tô aqui como sua melhor amiga, alguém que te ama e só quer seu bem. Você ainda tem uma filha viva, Atsuko. Você tem um marido que te ama e quer o seu bem. Então não ignore isso. Você está entrando em um caminho que não condiz com os juramentos que você fez, e estou te avisando isso porque te amo. - ela falou seriamente, seus olhos vermelhos cravados em mim. Eu fiz uma careta; tinha me esquecido do quão séria Azami podia ser quando queria. Devia ser por isso que Katsuki e Shin tinham tanto medo de quando ela estava brava de verdade. -Então preste atenção no que está fazendo, Atsuko. Você tá lutando uma guerra que não é sua. E tá lutando sozinha.
-Aí, Azami. - murmurei, afundando o rosto nas minhas mãos. -Eu só tô tentando me apegar a qualquer outra coisa.
-Eu sei. Mas perder seu marido e sua filha não vai ajudar você a superar o que aconteceu com o Fuyuki e menos ainda a vingar a morte dele. Na verdade, Fuyuki ia ficar bem puto da vida com você. - ela disse com uma risada e eu acabei rindo também.
-Infelizmente ele era tão insuportável quanto você e Katsuki. - eu zombei. Azami deu risada, dando um beliscão na minha mão.
-Claro que não. Ele era exatamente igual a você. - Azami acusou, apontando para minha cara. -Até na arte de esconder muito bem a personalidade horrível. Atsu, seu filho era uma cópia perfeita sua.
Eu apenas sorri para Azami, incapaz de a contrariar. Porque ela estava certa. E talvez fosse por isso que eu me sentisse tão vazia sem Fuyuki por perto.
Fazia quase um mês que minha mãe tinha recuperado suas memórias e eu não podia estar mais feliz com isso. Mesmo que eu tivesse tentado fingir que estava tudo bem, perder minha mãe, mesmo que ela ainda estivesse viva, foi algo simples horrível para mim. Mas agora eu a tinha de volta e, com isso, até mesmo sua chatice e encheção de saco. Então, sim, minhas bochechas estavam profundamente vermelhas naquele momento enquanto escutava ela e minha madrinha ficarem animadas e eufóricas depois do que confessei para elas. Parecia até que eu tinha anunciado que ia me casar, e isso era apenas muito vergonhoso!
-Dá pra vocês, por favor, pararem com isso? - eu pedi, dando um gemido de infelicidade e afundando o rosto em uma almofada. -Não é nada demais!
-Como não? - minha mãe disse, perplexa. -Você tá namorando! Isso é um evento a ser comemorado.
-Eu não tô namorando! - retruquei com vergonha, olhando para meu pai e para Yumi em busca de socorro. Mas meu pai estava visivelmente não gostando nada do rumo daquela conversa e Yumi parecia bem alarmada. Eu torci o nariz para eles, franzindo o cenho em confusão. Mas resolvi deixar pra lá; meu pai era estranho mesmo e Yumi só não tinha aceitado ainda a morte de Fuyuki. -Eu disse que tô saindo com alguém. E tentando. Não namorando.
-Vai dar em namoro. - minha madrinha disse olhando para minha mãe. -Não dá pra mentir pra uma telepata, sabe?
-Para de ser metida, Jean Grey. - meu pai retrucou, olhando feio para ela. -Se ele tá falando que não é namoro, então não é.
-Ai, Katsuki, cala a boca. - minha mãe retrucou olhando feio para ele antes de olhar para mim. -E quando você vai apresentar ela pra gente?
-Se ficarem agindo desse jeito, nunca! - eu falei, apontando para eles de forma acusatória. Minha mãe e minha madrinha me olharam com indignação pura. -E agora eu tô indo, tá bom?
-Você vai sair com ela, hein? - minha mãe provocou, fazendo eu ficar vermelho. Isso fez ela dar uma gargalhada. -Claro que vai. Não sabe ser discreto, né, Shin.
-Eu não devia ter falado nada pra vocês. - resmunguei irritado, olhando feio para minha mãe. -E sim, eu vou. Ela tá aqui na cidade.
-Ótimo motivo pra você apresentar ela pra gente! - minha madrinha disse. -Leva ela amanhã no aniversário da Yumi!
-Quê?! - Yumi disse, pela primeira vez, sua voz em um tom de desespero misturado com indignação. -Mãe...
-Que foi? Shin tem direito de seguir com a vida e namorar! Somos família dele, o mínimo que devemos fazer, é apoiar! - minha madrinha disse olhando com aqueles olhos rosa escuro cheios de irritação para Yumi, como se não tivesse entendendo o motivo para Yumi estar tão tensa. Eu apenas suspirei.
-Não sei se ela vai querer e nem se é boa ideia apresentar ela pra um bando de heróis velhos. - retruquei, fazendo minha mãe rir e meu pai e minha madrinha me olharem perplexos.
-Esse sim é meu filho! - minha mãe disse, estalando a língua. -Agora vai logo, não deixa a garota esperando! E ignore a cara de cú do seu pai.
Eu apenas ri e fiz exatamente isso.
A noite estava sendo boa, porque todos os momentos com Lily eram assim. Eu gostava muito da companhia dela. Lily fazia eu me sentir mais leve, ela me fazia rir e também me fazia esquecer de todos os meus problemas. Eu realmente gostava dela e acho que, em algum momento, talvez eu até pudesse acabar me apaixonando por Lily. Quer dizer, ela era, de fato, uma pessoa apaixonante. Era bonita, carismática, inteligente. Tinham diversas qualidades em Lily e até mesmo seus defeitos pareciam aceitáveis. Eu tinha aprendido a gostar de tudo em Lily.
Eu gostava de andar com ela de mãos dadas. Lily gostava de conhecer as coisas, de andar na rua, então eu não vi problema nenhum em mostrar pra ela a cidade onde eu havia crescido, mesmo que estivesse de noite. Os olhos de Lily brilhavam de empolgação, o que me fazia rir baixinho. Ela se encantava com as pequenas e mais simples coisas da vida.
-Tenho um coisa pra te perguntar. - falei, fazendo Lily parar de andar e se virar para mim. Seus olhos bonitos e grandes me fitaram com curiosidade enquanto ela se aproximava o suficiente para envolver minha cintura com seus braços. Eu segurei o rosto de Lily em minhas mãos, afastando seu cabelo para trás. -Eu nem ia tentar te arrastar para esse buraco, mas minha família não para de encher o saco. Eles querem te conhecer. Eu sei que a gente não tem nenhum rótulo pra isso entre nós e se você não quiser ir...
-Eu quero. - ela me cortou com uma risada antes que eu me enrolasse mais em minhas palavras. Lily se inclinou na ponta dos pés para beijar de leve a minha boca e em seguida sussurrar no meu ouvido. -Quero conhecer sua família, Shin. Quero fazer o que você quiser fazer. - dei uma risada meio incrédula por seu tom malicioso, segurando a cintura de Lily e a puxando mais para mim.
-É mesmo? - retruquei com um sorrisinho, deixando minha boca encostar contra a dela. -Bom saber.
Beijar Lily era agradável. Ela realmente era boa naquilo e eu gostava da sensação dos lábios de Lily contra os meus. Podia facilmente me perder neles, me perder em Lily.
-Ah, mas que surpresa! Shin Bakugo aqui, acompanhado, em uma linda noite estrelada.
Aquela voz fez todos os pelos do meu corpo se arrepiarem enquanto me afastava de Lily para a fitar. Não importava quanto tempo se passasse, jamais esqueceria aquele som maldito. Porque a dona daquela voz odiosa tinha tirado de mim a coisa mais preciosa em minha vida.
Ver o sorriso estampado em seus lábios só serviu para me deixar cheio de ódio, me transportando para um ano atrás, ao pior dia da minha vida, um dia que vim tantando com tanto afinco esquecer. Mas lá estava ela, Naomi Tanaka, aquela terrorista maldita, me provando que não importava quanto tempo se passasse, eu jamais apagaria aquelas memórias. E jamais iria curar a ferida que ela deixou dentro de mim.
Eu não hesitei antes de colocar Lily para trás, minha individualidade pipocando nas minhas mãos. Eu não era um super heróis e menos ainda um lutador, mas meu pai era um pro hero; uma coisa ou outra eu me vi na obrigação de aprender durante a minha vida, e se tinha algo que eu realmente me empenhei, foi em controlar minha individualidade. Quando você é filho de um super herói absurdamente famoso, precisa estar pronto para todos os tipos de situações. E infelizmente precisa estar pronto para ataques de vilões malditos.
-O que você quer? - eu disse com irritação, finalmente tendo um vislumbre de qual era a individualidade daquela mulher: energia. Para Fuyuki, as individualidades que vinham das formas de energia, como os raios daquela mulher e as minhas explosões, eram as mais irritantes para ele. -Você já não me perturbou o suficiente?
-Talvez. - ela disse, dando de ombros, seus raios preparados para nos atingirem. Sorrateiramente, eu percebi Lily erguer suas mãos e eu já sabia o que ela estava fazendo. A individualidade era o controle do ar; e se tinha algo que Lily fazia muito bem, era o controlar para criar uma barreira protetora. -Mas não acha que é meio injusto? Quer dizer, naquele dia, sua mãe ficou pancada da cabeça, seu namorado morreu. E você? Saiu sem nenhum arranhão! Eu vi você sofrendo durante todo esse tempo e até que isso me bastou. Mas agora você decidiu ser feliz? Sério? Que coisa irritante, Shin! Eu quero que você sofra, eu quero que seu pai sofra! Essa escória de heróis nem deveria saber o que é felicidade.
-Você já tentou fazer terapia? - Lily disse com um sorrisinho falsamente inocente. -Ajuda bastante, sabe. Fazendo uma breve analise, você tem problemas familiares sérios que precisam ser tratados urgentemente. Meu diagnóstico pra você é: falta de um bom tapa na cara!
Aquilo deixou a mulher cheia de raiva e ela fez exatamente o que Lily queria que fizesse, lançando um ataque na nossa direção. Mas ele apenas ricocheteou no escudo de Lily, voltando diretamente para a terrorista e a fazendo gritar em choque e arregalar os olhos.
-Precisamos sair daqui, Shin! Meu escudo não aguenta mais um desses! - Lily disse alarmada, segurando o meu braço.
-Você precisa sair daqui. Chama a polícia. - eu falei olhando para ela. Lily me olhou com horror ao entender o que eu queria fazer. -Ela não vai parar de ir atrás de mim, Lily! Eu não sou burro de lutar com ela, mas preciso que você fique longe de mim. Não dá pra deixar mais gente morrer na minha frente.
Ela entendeu o que eu quis dizer. Mas Lily só conseguiu dar um passo antes que mais um ataque viesse na nossa direção. Ou melhor, na direção de Lily.
Pelo menos eu tinha um bom reflexo. Consegui a empurrar para o lado e nós dois caímos no asfalto. Meu ombro esquerdo estava ardendo como o inferno por aquele raio ter pego de raspão, rasgando minha camiseta e queimando minha pele. Eu fiz uma careta infeliz, erguendo o olhar para ver que a terrorista estava vindo na nossa direção.
-Lily, você precisa ir. - falei, a empurrando para que começasse a correr. -Chama a polícia!
Ela me olhou em desespero, mas fez o que eu pedi. Pelo menos agora eu podia respirar um pouco mais aliviado.
-Eu cansei de você. - ela disse, raios poderoses surgindo em suas mãos. Minha explosão contra ela foi inútil, apenas serviu para a atrasar um pouco. Ela sugava qualquer forma de energia que fosse lançada contra ela, então minha individualidade era em vão. -Tchau, tchau.
Eu meio que me preparei para o pior. Talvez uma parte de mim tenha desistido, não que eu fosse deixar que soubessem disso. O que eu tinha a perder? Eu sentia como se uma parte de mim estivesse morta, de qualquer forma. Tudo isso graças a essa desgraçada maldita.
E eu me preparei para seu ataque que certamente acabaria comigo. Mas ele não veio, pois, pegando não só eu de surpresa mas como a vilã também, um herói apareceu, lançando uma das cadeiras da cafeteira ao lado bem nas costas da terrorista.
E o herói riu. Ele riu.
Ele não estava tão longe de nós dois e, apesar da iluminação da rua ser péssima, eu consegui ver ele. Quer dizer, ver o que dava para ser visto.
O uniforme do herói era todo preto, como se seu principal objetivo fosse se camuflar entre as sombrar. A única coisa que se sobressaía, eram seus cabelos cor de cobre que estavam presos em um coque, deixando apenas duas mechas soltas na frente ao redor do rosto. Havia uma máscara preta em seu rosto cobrindo seu nariz e sua boca, deixando difícil para qualquer um de saber quem era por trás da máscara. A única coisa que dava para enxergar, eram os olho verdes e uma cicatriz que cruzava seu rosto na diagonal, começando na sobrancelha direita e sumindo para dentro da máscara, impossível de ver onde terminava.
-Quem é você, seu maldito? - a terrorista grunhiu, irritada.
-Eu não vejo o porque de isso ser da sua conta. - o herói retrucou, e sua voz era modificada por um aparelho em seu uniforme. Ele deveria ser um daqueles heróis que tinha pavor da ideia de que soubessem quem eles eram por trás da máscara. Bem, era uma escolha inteligente e que Fuyuki deveria ter feito ao invés de usar o próprio nome como nome de herói.
As palavras do herói só serviram para irritar a terrorista que não hesitou antes de o atacar. As cadeiras ao redor do herói começaram a levitar, me fazendo piscar os olhos e fazer uma careta quando todas elas atingiram com força a vilã, a fazendo chiar de dor.
-Agora que sua organização se desfez e você tá sozinha, se tornou fraca. Você não é muito boa sem os outros para te ajudarem na luta, hun? - o herói provocou. -Não deveria ter saido do buraco de onde estava.
-Eu tinha assuntos pendentes. - ela grunhiu, tentando lançar raios na direção dele. Mas eles apenas se chocaram contra um campo de força que definitivamente tinha sido gerado por uma força psíquica. Quem era aquele herói? -Para de ser tão irritante e morre logo de uma vez!
-A gente vai acabar com isso agora, tá? Eu já tô de saco cheio de você.
Ele fez apenas um movimento com a mão, como se tivesse cortando o ar. A terrorista simplesmente voou para trás, caindo no asfalto e sendo arrastada até bater a cabeça contra o poste de luz. Sangue escorreu pela boca dela e ela soltou apenas um gemido antes de apagar completamente.
Simples e rápido assim.
Acho que eu estava tão em choque que, quando o herói agachou na minha frente e tocou meu ombro, tomei um puta de um susto.
-Você tá bem? - ele perguntou, me olhando com aqueles olhos verdes que nem pareciam reais de tão verdes que eram. Eu apenas assenti, mesmo que não, eu não estivesse nada bem.
-Shin! - a voz de Lily fez eu me virar e eu a vi voltando acompanhada de três policiais. Eu apenas deu um suspiro, afundando os dedos no cabelo por um instante antes que ela me abraçasse com força. -Meu Deus, que bom que você tá bem.
-É. - eu apenas murmurei, vendo o herói se afastando para conversar com os polícias. Quando ele ficou de costas, percebi que tinha uma tatuagem na nuca. Não consegui enxergar direito o que era. Por algum motivo, me lembrei do como Fuyuki sempre quis fazer uma tatuagem, mas, por mais absurdo que fosse, tinha medo de fazer isso. Naquela noite, muitas coisas estavam me lembrando de Fuyuki. -Eu tô bem.
Era tudo mentira.
Mas eu torcia profundamente para que um dia se tornasse verdade.
Boa tarde povo bonito! Tudo bem com vocês? Espero que sim!
Credo, fazia tempo que não escrevia um capítulo tão grande. Finalmente Zaza voltando ao normal! E sim, teremos mais caos, porque com novos personagens aparecendo, também vem novos caos 👀
Quem sabe tenha mais um capítulo hoje hmmm
Votem e comentem, isso ajuda demais e me deixa mais inspirada a continuar!
Espero que gostem <3
~Ana
Data: 21/02/23
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