𖤍𖡼↷ 𝐒𝐄𝐕𝐄𝐍
CHAMPON
Katsuki Bakugo era um grande irritante, mas acho que todos os seres humanos já sabiam disso e do quanto ele tinha uma capacidade absurdamente incrível de me irritar. O mais revoltante nessa história toda era o fato de que eu estava sendo forçada a ficar sobre os cuidados dele, um super herói que eu nem mesmo gostava ou colocava fé o suficiente para cuidar da minha segurança, mesmo que os números não mentissem sobre o quão bom Dynamight era. Eu estava pouco me fudendo para os números, estava mais ocupada em me irritar por ele parecer um pai irritante negando literalmente tudo! Era como se eu tivesse que pedir permissão pra ele até para ir no banheiro, o que era ridículo já que eu era bem grandinha para ter que fazer isso.
Presa dentro de um dos inúmeros quartos de hóspedes naquela casa gigante, eu me sentia como a rapunzel vivendo em cativeiro e tendo uma vida miserável. A única diferença é que não existia nenhum príncipe encantado que viria me resgatar das garras daquele monstro maldito chamado Dynamight. Eu já estava muito de saco cheio de escutar a voz dele, e não tinha feito nem vinte e quatro horas direito que estávamos ali naquela casa. Eu realmente queria muito sair entrando pelos cantos só pra descobrir mais sobre Psique ou pelo menos ver as fotos espalhadas pela casa, mas não! Era como se aquele maldito estivesse sempre um passo a minha frente, pronto para estragar minha diversão! Se eu fosse uma jornalista fofoqueira, seria totalmente compreensível esse tipo de reação, mas eu só era uma escritora fodida que era muito fã da Psique, nada com o que ele devesse se preocupar.
E eu não podia nem mesmo me comunicar com meus amigos! Quer dizer, eu só tinha um amigo e uma única pessoa que se importava se eu estava viva ou morta, mas não vamos tocar nesse tópico no momento. Eu nem mesmo podia mandar uma mensagem para Mit dizendo que estava bem, pois segundo o Sr Paranoia, isso podia atrair atenção indesejada e nós não sabiamos de verdade qual era a individualidade do meu sequestrador/stalker. De qualquer forma, era trabalho de Dynamight me manter segura, mas não me privar de viver minha vida, e parecia que eu não podia nem mesmo respirar! Sim, uma parte minha entende perfeitamente o porque de existirem tantas regras e o fato de que se eu morrer sobre os cuidados de Bakugo a carreira dele já era, mas será que tudo isso não é um exagero? Será que esse vilãozinho de merda não está sendo muito superestimado? Ou eles estão escondendo informações sobre a realidade do meu caso?
Fiquei com isso na cabeça pelo restante da noite. Eu podia até julgar Dynamight por ser um maldito paranóico, mas eu não estava lá muito diferente quando andava desconfiando até mesmo da minha própria sombra. E, sendo bem sincera, eu tinha tanto medo do que poderia acontecer comigo que nem mesmo conseguia dormir. Dormir de verdade, pra valer, o máximo que eu conseguia era tirar cochilos que me faziam acordar assustada e com o coração na garganta achando que algo ruim estava prestes a acontecer. Talvez, mesmo que eu não fosse admitir, tivesse sido de fato uma boa ideia ter ido para um lugar mais afastado do centro da cidade. Assim eu podia pelo menos me sentir um porcento mais segura.
Os barulhos que não paravam de vir da cozinha estavam começando a me irritar. Claro, se eu não estivesse usando minha individualidade, não estaria escutando esses barulhos, mas eu também não conseguia ficar sem usar minha individualidade, com medo demais de ser pega desprevinida para me permitir relaxar por um segundo que fosse. O barulho que vinha era quase como se Dynamight estivesse no meio de uma batalha árdua com as panelas, o que me fez rir imaginando a cena. Mas que porra ele estava fazendo, afinal?
Desistindo de tentar fazer ele parar só com a força do meu pensamento, afastei o cobertor que cobria minhas pernas e me levantei. Ficar olhando para o teto tampouco ia resolver os meus problemas, então eu tinha que pelo menos fazer algo mais produtivo do que ficar mofando olhando para as paredes brancas do quarto. Eu basicamente já tinha analisado toda a decoração, lido os rótulos de todos os produtos chiques que tinham no banheiro e visto todas as roupas femininas novas no guarda roupa. E, sim, eu sabia muito bem que aquelas roupas eram pra mim, mesmo que o imbecil do Dynamight se negue a dizer que comprou aquilo para que eu tivesse o que vestir. Não sou burra, e ele ainda largou a merda da nota dentro de uma das sacolas, o que só me fez comprovar o óbvio. E talvez eu tenha ignorado o fato que ele gastou o próprio dinheiro comigo, mas não é como se ele não estivesse fazendo o mínimo quando foi ele que me impediu de pegar minhas próprias roupas!
A cozinha da casa de férias de Atsuko e Shoto Todoroki era realmente muito bonita; definitivamente era cozinha de rico desumilde, mas eles eram ricos, então tanto faz. Fiquei com inveja, mesmo sem nem saber fritar um ovo, e não tenho vergonha de admitir que eu adoraria morar em um lugar como aqueles, mas era um nível de riqueza muito alto para mim e certamente deveria dar muito trabalho cuidar de uma casa como aquelas. Querendo ou não, meu apartamentozinho me satisfazia muito bem e era o que eu precisava, já que era uma pessoa sozinha e sem ninguém na minha vida para compartilhar uma casa grande como aquelas. Mas, novamente, não é como se eu me importasse com essas coisas. Pelo menos, não depois que Liz morreu.
Me apoiei sobre a bancada, me dando conta que Dynamight estava tão concentrado que nem mesmo tinha notado minha aproximação, apesar de ser um super herói que estava sempre muito atento a tudo, parecendo ter olhos até nas costas. Isso me fez achar um pouco de graça, até eu perceber que ele estava fazendo a janta, o que me fez ficar um pouco surpresa, não nego. Talvez ele não fosse assim tão inútil! Só restava saber se ele tinha mesmo dons culunários ou era só uma fachada. Mas pelo cheiro bom que saia de dentro das panelas... É, pelo menos uma coisa sobre ele eu não poderia criticar, quem diria.
Apesar de Bakugo claramente estar imerso no que fazia naquele momento, dedicando sua total atenção, os músculos dele continuavam rígidos, quase como se ele fosse incapaz de relaxar um segundo sequer. Não que eu estivesse prestando atenção demais nele, claro que não! Por que eu faria isso, afinal? Nem mesmo gostava da existência de Katsuki Bakugo, quem dirá iria dar a ele tanta atenção assim.
-Você é estranha naturalmente, mas ficar me olhando assim em silêncio só deixa ainda mais esquisito. - ele resmungou, me pegando completamente de surpresa e me fazendo torcer o nariz. Maldito! Quando acho que ele realmente não tinha me notado, ele faz eu perceber o quanto estive enganada! Que raiva desse homem, sinceramente.
-Só estou pensando em formas de te afogar na pia. - resmunguei irritada, apoiando meus braços na pedra da bancada. Ele apenas se virou o suficiente para me olhar com o canto do olho antes de voltar a fazer o que estava fazendo. -O que é isso que você está fazendo, afinal? Tenho que admitir que parece gostoso.
-Nossa, você virou gente, foi? - ele zombou.
-Nossa, vai se fuder, vai. - rebati, o que acabou fazendo ele dar uma risada debochada.
Ele não parecia muito afim de responder minha pergunta, mas pouco me importei. Eu nem mesmo tinha percebido que estava com fome, já que nos últimos dias tudo o que eu menos queria era comer. Fiquei surpresa comigo mesma ao constatar que o cheiro estava tão bom que eu me arriscaria a tentar comer alguma coisa, mesmo achando que acabaria passando mal. Se eu pelo menos conseguisse esquecer por um instante tudo o que tinha acontecido comigo... Mas existiam certas coisas que pareciam impossíveis de serem apagadas, o que era uma verdadeira de uma merda.
Eu fiquei observando Bakugo andar de um lado para o outro, apesar de perceber pelos resmungos dele que o herói profissional estava bem perto de me mandar ir a merda, mas isso só servia para me divertir ainda mais. Quanto mais irritado ele ficasse, mais feliz eu ficaria. Sim, eu era irritante nesse nível, mas ele podia me julgar? Certamente não, principalmente quando ele era tão irritante quanto eu.
Depois de terminar, ele basicamente jogou um prato na minha direção, incapaz de ser uma pessoa decente pelo menos uma vez na vida. Revirando os olhos, peguei o prato para observar e tentar identificar o que era aquilo, ficando surpresa ao perceber que era Champon. Não era um prato tão comum, e o mais engraçado é que esse era o prato favorito do personagem principal do meu livro. Uma coincidência que fez eu me lembrar da época onde minhas únicas preocupações eram as de me forçar a pensar em uma continuação para meus livros, e não as de tentar superar um trauma.
Pensei que talvez não fosse conseguir comer, mas fiquei realmente muito supresa quando coloquei a comida na boca e percebi que era mesmo muito gostosa, me pegando totalmente despreparada. Eu tinha que admitir: Bakugo era bom pelo menos naquilo. Talvez ele devesse desistir da ideia de ser um super herói e se tornar um cozinheiro. Se bem que com esse temperamento péssimo, ninguém ia querer trabalhar com ele! Não que eu tenha muito local de fala, mas tanto faz.
-Parece que descobri uma forma de fazer você calar a boca. - ele zombou e eu apenas ergui o dedo do meio para ele, ocupada demais em saborear a comida para dar atenção a esse pro hero imbecil. Apenas me virei um pouco para fixar os olhos nos olhos vermelhos de Bakugo.
Suspirei; eu era orgulhosa para um caralho, mas precisava admitir que o que ele estava fazendo por mim, poucas pessoas fariam. Quer dizer, eu não era burra, sabia que qualquer herói menos importante poderia ter sido designado para ficar comigo e muito provavelmente Dynamight se ofereceu. Talvez pelo fato de ele ter sido a pessoa a me encontrar, sei lá! Mas não posso dizer que foi só pelo dinheiro, quando claramente sei que não foi já que não sou uma pessoa sequer importante, ou seja, o preço para cuidar da minha segurança nem deve ter sido alto assim, não é um trabalho de elite! Eu sei que ando agindo de forma mesquinha e talvez eu devesse dar um desconto.
-Obrigada. - falei fazendo uma careta e quase mordendo minha língua no processo. Aquilo pareceu apenas servir para divertir o herói, que me lançou um sorriso largo demais, fazendo eu me arrepender instantaneamente das minhas palavras.
-Parece que tem alguém te matando nesse exato momento. - ele riu e eu ergui o dedo do meio.
-Sua personalidade é uma bela merda. Já te falaram isso? - grunhi. Bakugo riu e deu de ombros.
-Só todos os dias. E a sua é a mesma porra, já te falaram isso?
Eu dei uma risada sincera.
-Só todos os dias.
E pelo menos enquanto comiamos, ficamos em uma espécie de trégua. Que eu sabia que não duraria para sempre, mas que aproveitei mesmo assim.
Boa noite povo bonito! Tudo bem com vocês? Espero que sim!
Azami e Bakugo se desenvolvendo na velocidade de uma lesma = tudo pra mim. Se eles não tivessem personalidades tão lixosas, demorariam tanto quanto o Shoto e a Atsuko pra começarem a se gostar KKKKK mas Azami e Bakugo são muito alma gêmeas, possuem o mesmo nível de babaquice (no off ela é pior)
Votem e comentem, isso ajuda demais e me deixa mais inspirada a continuar!
Espero que gostem <3
~Ana
Data: 08/12/22
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