𖤍𖡼↷ 𝐅𝐎𝐔𝐑𝐓𝐄𝐄𝐍
QUEDA LIVRE
-Para de ser irritante, garota! Por isso ninguém te suporta. - Katsuki disse e eu apenas ergui o dedo do meio para ele, afinal, não era como se eu tivesse pedido a opinião de Bakugo naquele momento! Meu assunto era com Mit e não com ele, não tô entendendo em que momento ele sentiu que poderia se enfiar no meio do assunto, mas ok! De qualquer forma, era minha função como melhor amiga encher o saco de Mit toda vez que o visse junto com Kirishima. Sim, já faziam duas semanas que eu sabia daquilo e que estava morando na maldita casa dos dois pro heros, mas isso não queria dizer que eu já tinha me acostumado com aquela informação. Quer dizer, meu melhor amigo é o maior traidor da face da Terra! Deveriamos odiar a raça dos super heróis juntos e na primeira oportunidade, lá está ele enfiando a língua dentro da boca de um herói profissional! Francamente!
-Cala boca, Katsuki. Não me lembro de ter pedido sua maldita opinião ou te chamado para se juntar no assunto. - falei sem nem mesmo perder meu tempo olhando para ele. Só por Kirishima ter engasgado com uma risada já sabia que Bakugo estava com a maior cara de cú, mas cara feia pra mim era fome e eu não podia me importar menos com a expressão no rosto dele. -Vocês são todos ridículos, estou de saco cheio de estar cercanda por homens idiotas.
-Ei, achei que fôssemos amigos! - Kirishima protestou fazendo um biquinho que me fez dar risada. Tudo bem, em uma semana eu já tinha percebido que minha visão sobre ele nunca esteve exatamente errada, Kirishima era mesmo uma boa pessoa e mesmo que eu não gostasse de heróis, gostava dele. Ainda mais se ele fazia meu melhor amigo feliz, e faziam anos que não via Mit sorrir daquela forma, como um grande idiota apaixonado. Então eu teria que dar um desconto para Kirishima. No fundo eu até que gostava dele, mesmo que claramente Kirishima tivesse uns neurônios faltando.
-Você é a exceção, Kiri. - falei com um meio sorriso que fez ele dar risada e só serviu para fazer Katsuki revirar ainda mais os olhos.
-Que desagradável. - Bakugo resmungou e Mit concordou com o pro hero. Eu apenas deu um sorriso cheio de deboche para eles, não podendo me importar menos com a opinião dos dois.
Eu poderia facilmente ter passado a tarde toda ali na sala implicando com Mit e Bakugo e zombando da cara deles na companhia de Kirishima, mas a verdade é que a única vida que tinha sido parada havia sido a minha; Kirishima ainda tinha obrigações como super herói e Mit ainda tinha uma vida pessoal para cuidar e livros para escrever, por isso, quando a tarde chegou, ambos se despediram e foram seguir seu rumo. Não nego que fiquei um pouco triste; não que eu estivesse de saco cheio da companhia de Bakugo, mas eu queria estar com outras pessoas. Estava muito cansada de ficar presa sem poder fazer nada que não esperar por um milagre.
Talvez minha tristeza súbita tenha sido muito óbvia para Bakugo, pois ele atirou um moletom na minha cara e me mandou vestir. Eu tive vontade de mandar ele ir se fuder e dizer que me recusava a vestir um moletom do Dynamight mais uma vez, até perceber que não era dele, mas sim de Psique. Nem mesmo protestei antes de o vestir.
-Você é uma fã girl do caralho mesmo, viu. Decadência da porra. - ele zombou, mas eu apenas ignorei, pois estava feliz demais com meu moletom da Psique para me importar com os comentários idiotas dele. -Vamos logo, antes que eu mude de ideia, idota.
-Espera, onde a gente vai?- perguntei, de repente me sentindo muito mais animada ao perceber que estávamos saindo. Bakugo não me respondeu, apenas abriu a porta e me olhou até eu o seguir. Eu não precisava saber, ok! Só de poder sair dessa prisão, minha vontade de viver voltava, eu não ia mais protestar e fazer esse babaca mudar de ideia.
Faziam basicamente dois meses e meio desde que Bakugo e eu começamos essa jornada terrível onde ele basicamente estava trabalhando pra mim (sim, eu sei que ele tá trabalhando para o governo e tá muito cagando para minha pessoa mas eu amo o irritar dizendo que ele é meu capacho, é divertido ver Katsuki ficar puto, não que eu precise fazer muito pra conseguir essa proeza) e me mantendo viva. Esse tempo todo trancados dentro de casa, pois era o lugar mais seguro para se estar, definitivamente não estava só me deixando maluca, mas como também estava deixando Bakugo doido das ideias. Isso porque ele já não batia lá muito bem, mas ok! Faz parte, eu acho. De qualquer forma, ver ele se arriscando um pouquinho só pra eu ficar mais alegre de uma certa forma fez eu me sentir muito bem, não que eu fosse admitir isso para ele.
-Só pra avisar: você vai escolher o que quer, vou pagar e a gente vai embora. Sem enrolação, entendeu? - ele falou assim que parou o carro na frente da cafeteira e eu entendi perfeitamente do que aquilo se tratava. Encher meu estômago e me tirar de casa eram simplesmente as duas melhores coisas que Bakugo já tinha feito por mim e eu poderia muito ter chorado em agradecimento por isso se eu fosse uma pessoa legal, mas eu não era. Então apenas dei um sorrisinho debochado para ele antes de pular para fora do carro.
Eu estava realmente bem empolgada só de poder ver pessoas! Nossa, eu costumava tanto odiar outros seres humanos, mas passar esse tempo todo só vendo a cara de Bakugo todos os dias já estava me deixando maluca! Não que fosse desagradável olhar para ele já que Katsuki era dolorosamente bonito. Nem mesmo aquela cicatriz que marcava seu rosto e deixava quase que impossível que ele passasse despercebido era capaz de o deixar feio. Devia ser considerado um crime ser bonito assim, sinceramente. Era até uma piada cruel do destino! Por que um babaca desses tinha que ser tão gostoso? Maldito fosse o universo!
-Já sabe o que quer? - Katsuki perguntou, agarrando minha cintura sem mais nem menos e me puxando para trás como se eu fosse uma criança prestes a fugir dele. Tudo bem, talvez eu tivesse tentando sair de seu campo de visão por cinco segundos, mas era meu momento de liberdade! Ele esperava o que, afinal? -Deixa eu adivinhar. - ele falou me olhando e arqueando a sobrancelha para mim, dando um sorrisinho debochado. -Chocolate quente?
-Obviamente, Katsuki. O que mais eu ia querer, não é mesmo? - zombei o empurrando de leve. -Tá meio cheio aqui, não tá?
-É por que tá no mês do Natal. - ele falou dando de ombros, ainda com um braço rodeando minha cintura como se não fosse nada demais. Claro, era super normal, não tinha motivos para surtar com isso, não é? Exatamente. Quer dizer, era um disfarce, claro! Ele ia fingir que gostava de mim e eu ia fingir que gostava dele, e não que era só uma relação profissional com os dias muito bem contados. Bom, tanto faz de qualquer forma! -Aqui costuma ficar lotado essa época do ano. Acho meio ridículo.
-Você não gosta do Natal? - perguntei meio perplexa e ele só deu de ombros, como se não fosse nada de uau.
-Nem você, aparentemente. Matou seu melhor personagem numa noite de Natal. - ele disse arqueando uma sobrancelha para mim e eu não consegui conter minha gargalhada. Bakugo sempre estava me pegando completamente de surpresa, e não de um jeito ruim.
-Ainda é muito difícil de acreditar que você realmente leu meus livros! E só pra constar, Theo era o vilão, esqueceu? - falei e Bakugo apenas deu de ombros, como se aquilo não tornasse meu personagem menos interessante. -Que tipo de herói é você, hein? - zombei.
-A culpa é sua, sabia? Se queria que ele fosse odiado, fizesse ele ser cuzão, porra. Você faz todo mundo ter empatia pelo cara e depois, do nada, ahá! Era o vilão. Idiota do caralho você, né? - ele reclamou e eu dei risada.
-Não é assim na vida real? - perguntei e dessa fez franzi o cenho, ficando até que curiosa para saber se era ou não, já que na mídia víamos apenas um lado da história.
Bakugo suspirou, e isso já disse muita coisa.
-Alguns não tem motivação, apenas gostam de ser gente ruim. Os fins não justificam os meios, mas tem casos em que você até consegue sentir uma pontinha de nada de empatia. Quer dizer, você lembra do escândalo com o Dabi da Liga dos Vilões? - Bakugo perguntou me encarando e eu apenas fiz uma careta. -Não que eu tenha sentido empatia por ele, aliás. Ele fez meus melhores amigos sofrerem.
-Como não lembrar, foi o maior show de horrores da história. E ele quase matou minha heroína favorita. - falei e Bakugo apenas assentiu.
-É, ele fez isso mais de uma vez e isso nem foi a pior coisa que ele fez com a Atsuko. - Bakugo fofocou, provavelmente sem querer, mas me deixou curiosa mesmo assim. Quando ele percebeu que tinha desviado do assunto e feito milhares de perguntas surgirem na minha mente, pareceu se arrepender instantaneamente. -Nem adianta, palhaça. Não vou te contar nada sobre a Jean Grey! Você parece aquelas fãs bizarras, vai buscar um tratamento, porra!
-Vai se foder! E por que Jean Grey? Isso era pra ser elogio? Porque, honestamente, Jean Grey é uma personagem tão sem sal.- falei torcendo o nariz e Bakugo deu uma risada.
-Elogio! Não, é pra ser ofensivo mesmo. Jean Grey é uma telepata chata da porra, igual a Atsuko. Combina perfeitamente. - não ia jamais admitir isso, mas achei genial o apelido. Bakugo e sua criatividade de merda, ele merecia mesmo uma salva de palmas por ser tão cuzão.
Abri a boca para dizar algo, mas finalmente chegou nossa vez e Katsuki começou a fazer nosso pedido, desviando sua atenção de mim por um instante.
Tudo começou a desandar naquele instante, no momento que dei só três passos para longe de Katsuki para ver os doces na vitrine de vidro. Eu nem estava tão longe de Bakugo, se esticasse a minha mão, ainda podia tocar na dele.
Mas percebi tarde demais que aquilo não tinha importância; eu não lembrava como tinha sido sequestrada da primeira vez, mas quando minha boca foi tampada com força e tentei dar um grito alarmado, percebi com horror que ninguém pareceu notar o que estava acontecendo ali.
Eu não era burra; Bakugo estava bem na minha frente e não me escutava e nem mesmo me enxergava. Tinha que ter uma boa justificativa para isso, e essa era que ele realmente não podia me ver.
Foi naquele momento que descobri qual era a individualidade do meu stalker e tudo fez muito mais sentido: tudo o que ele tocava ficava invisível junto com ele quando ativada sua individualidade.
Então Bakugo não conseguiria me salvar se não conseguia me ver.
-Acho que é game over pra você, né, Azami. - escutar aquela voz fez meu estômago embrulhar e minhas pernas bambearem. Desejei durante todo esse tempo nunca mais a escutar; tentava todas as noites esquecer que existia. Foram várias sessões de terapia pra ter um avanço e superar todos os traumas anteriores e que surgiram após esse merda fazer o que fez comigo, e, naquele momento, com meu coração a mil, a boca tampada e percebendo que seria levada de novo, tudo foi por água abaixo.
Mas eu ia lutar. Eu ia lutar, porque ao inferno que deixaria esse merda fazer o que quisesse comigo mais uma vez! Ao inferno que eu seria sequestrada de novo! Não, não e não!
Então, me debati e lutei, e tentei morder sua mão e me livrar do seu aperto. Nunca tinha lutado tanto assim pela minha vida, já que nunca dei tanto valor assim para ela; mas, querendo ou não, Katsuki me fez ver as coisas por outra perspectiva. E eu queria continuar vendo as coisas nessa outra perspectiva. Dois meses não foram o suficiente; eu queria, eu precisava, de mais tempo.
-Para quieta sua vadia! - ele rosnou e, antes que eu pudesse continuar, senti uma dor perfurando meu ser. Se eu conseguisse, teria gritado.
Eu senti o sangue escorrendo pelas minhas costas onde a faca tinha entrado. Meu desespero foi tanto que senti como se eu tivesse sido dopada pela adrenalina; estava tão chocada, horrorizada e com medo de ser um corte fatal que nem percebi que apaguei por alguns instantes.
Instantes esses que me tiraram um tempo muito valioso, pois quando retomei minha consciência, eu já estava no alto do prédio em frente a cafeteira. E foi ai que me toquei exatamente do que iria acontecer.
Como escritora, posso dizer tranquilamente que toda história tem um final. Algumas não tem o final desejado pelos leitores, outras tem o final mais meloso e ridículo do universo. Mas todas acabam, querendo você ou não. Não tem como fugir do destino.
Eu já tinha fugido demais daquele acerto de contas. Com a mão pressionando meu ferimento, caida no chão e fitando olhos claros do vilão da minha história, percebi que ali viria meu fechamento, fosse ele um final que eu gostasse ou não. Aquilo se encerraria ali, no alto daquele prédio.
-Você vai morrer hoje, vadia. Já cansei de você. - ele rosnou, apontando uma arma na minha direção. E então, ele sorriu. -A melhor parte é que você vai escolher o como vamos fazer isso! Número um, eu posso fazer cinco furos em você e te deixar sangrando e agonizando. Ou número dois, você pode pular. Vá em frente e escolha, Azami Nakamura.
Eu percebi, mais uma vez, que ele me faria escolher. Porque era covarde demais para tomar a decisão fatal. Mas eu não era covarde; não que mais.
Nem mesmo hesitei; me ergui no parapeito e, antes que ele percebesse o erro e mudasse de ideia, tombei para trás. E cai em direção a morte.
Boa noite povo bonito! Tudo bem com vocês? Espero que sim!
Forneci refrescos demais pra vocês, chegou o momento da dor e da depressão voltar. Uma hora esse rolo ai tinha que acabar, né? Risos
Se conseguir posto mais um capítulo hoje, prometo! Vocês comentando me deixa muito inspirada a continuar, mesmo o wattpad me boicotando <3
Votem e comentem, isso ajuda demais e me deixa mais inspirada a continuar!
Espero que gostem <3
~Ana
Data: 21/12/22
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