𖤍𖡼↷ 𝐅𝐎𝐔𝐑
ONDE AZAMI
SÓ QUER MORRER
EM PAZ
Eu sabia que ia morrer. Não tinha como escapar desse destino, e a cada dia que se passava eu tinha cada vez mais e mais certeza quanto a isso. Três dias ali tinham sido o suficiente para me fazer perder qualquer que fosse a esperança de conseguir sair daquele lugar, e depois do segundo dia, eu tinha parado de tentar escapar. Toda vez que eu o fazia, acabava pior do que estava antes, e agora eu provavelmente estava com uma costela quebrada além de vários hematomas espalhados pelo meu corpo. A cada segundo que se passava, eu me sentia mais e mais desesperada, com medo de que ele pudesse fazer algo ainda pior comigo. Eu ia preferir morrer, não que não fosse isso que ele fosse fazer comigo em algum momento.
Nunca tinha me sentido tão fraca quanto eu me sentia naquele momento. Toda minha força física e mental já tinha se esgotado completamente, e eu me perguntava o quanto mais tempo eu teria que aguentar aquele sofrimento até tudo terminar. Eu já nem sabia se de fato tinha alguém atrás de mim, e será que eu me importava mesmo? Sentia como se nada mais fizesse sentido, e talvez eu já tivesse mesmo desistido completamente. Afinal, ter esperanças se mostrou o coisa mais idiota que uma pessoa pode fazer. E naquele momento eu nem mesmo tinha forças para isso.
Deitada no chão gelado em busca de sentir qualquer coisa, eu fitei o teto pelo que pareceu uma eternidade. Meu raciocínio estava muito lento e meus olhos estavam pesados, apesar de eu ter dormido boa parte daquele dia para tentar esquecer o inferno no qual eu me encontrava. Geralmente nessas situações tudo o que você menos deveria conseguir fazer é dormir, mas a verdade é que a única maneira de eu escapar da verdadeira merda em que eu estava era fechar os olhos e deixar que minha mente me levasse para qualquer outro lugar. Pelo menos nos meus sonhos eu não estava em uma dor tão, tão profunda.
Eu deveria me arrepender de ter publicado minha crítica sobre esse babaca na internet, pois ela tinha me levado até onde eu estava agora, mas a verdade é que eu não me arrependia disso. Tinha milhares de coisas que eu realmente poderia ter evitado fazer, mas essa não era uma delas, porque eu não estava errada sobre o que tinha escrito sobre ele. Um covarde miserável querendo bancar uma de vilão, era isso o que ele era. Até mesmo os vilões mais imbecis tinham tido motivações melhores do que a dele, sendo bem sincera. Por que a opinião de alguém como eu deveria ser tão significativa para ele ao ponto de fazer tudo isso?
Bem, isso não importava mais e me arrepender de algo não ia fazer magicamente minha situação melhorar. Eu já estava na mais profunda merda e isso talvez só fosse mudar quando eu morresse de uma vez. Quanto mais tempo eu ia aguentar, afinal? Eu sentia tanta fome que já nem era mais capaz de sentir a dor no meu estômago vazio. Eu estava definitivamente desidatrada, mas nem mesmo isso me faria beber a água deixada ali para mim.
A verdade é que ele primeiro queria ver até onde eu aguentava; se eu mesma ia me matar ou ele teria que fazer o serviço sujo. Aquele copo com água envenenada nada mais era do que uma forma dele ser covarde e reduzir sua pena quando finalmente o encontrassem, porque eu tinha que acreditar que iam o encontrar. Ele queria que eu ficasse desesperada o suficiente o ponto de eu mesma tirar minha própria vida.
Às vezes eu mesma tinha vontade de fazer exatamente isso e acabar com aquilo de uma vez por todas.
Nos meus momentos mais alucinógenos, me perguntava se meus pais sabiam o que tinha acontecido comigo. Fazia anos que nenhum dos dois se importava o suficiente em saber como eu estava, não sei porque eu tinha a dúvida de se eles estariam minimamente preocupados comigo. Nem sei o motivo para eu ficar pensando sobre eles quando minha vida estava tão fodida assim.
Ah, quem não tem problemas familiares, não é mesmo? Se você não tem, pode ter certeza que tem algo de errado.
Todo esse conjunto e essa situação que eu estava apenas me fazia odiar mais e mais a nossa sociedade. Eles gostam de falar que estamos mais seguros com os super heróis, mas onde eles estavam quando eu fui sequestrada em plena luz do dia? Onde eles estavam que não tinham me achado ainda?
Isso se estavam mesmo vindo.
Eu só estava tão, tão cansada de esperar. Sabia que minhas chances de sair viva dali ficavam menores a cada dia, pois claro que meu sequestrador não daria sorte ao azar de que alguém nos achasse. Claro que ele ia me matar antes disso, e provavelmente de uma forma bem, bem dolorosa.
Eu estava tão fraca que nem mesmo notei que não estava mais sozinha até sentir um puxão forte no meu cabelo. Nem mesmo tinha mais forças para gritar pela dor que latejou pelo meu couro cabeludo enquanto eu era forçada a erquer a cabeça para fitar aqueles olhos claros que me encaravam com irritação pura.
-Você é uma vadia bem resistente, hein. Apesar de estar meio acabadinha. - ele riu, os olhos brilhando com um divertimento cruel.
Tive forças o suficiente para cuspir na cara dele.
Por um instante, o único barulho a ser escutado foi o da minha respiração sofrida enquanto aquele homem me olhava como se não pudesse acreditar no que eu tinha acabado de fazer, no erro grave que eu tinha acabado de cometer.
E então, ele riu. Uma risada que percorreu pelos meus ossos e fez um calafrio subir pela minha coluna.
-Você não devia ter feito isso. - ele cantarolou e se afastou de mim.
Fiquei confusa ao ver ele sair de perto. Eu esperava qualquer coisa: um soco no rosto, uma puxada de cabelo, mas não aquilo.
Minha confusão durou pouco quando ele se aproximou de novo. E meus olhos se arregalaram quando vi o copo em suas mãos.
Eu dei um grito, tentando o atingir com um chute, mas ele agarrou minha perna e me puxou com força, me fazendo deslizar pelo chão. Eu me debati quando ele se sentou sobre mim, usando a mão livre para agarrar as minhas e me imobilizar completamente.
Meu coração bateu acelarado dentro do peito quando ele forçou aquela água cheia de veneno dentro da minha boca, fazendo eu me afogar um pouco no processo. Apertando minha mandibula com força o suficiente para deixar marcas no meu rosto, ele não me deu outra opção que não engolir.
Meus olhos arderam quando aquilo desceu queimando e um sorriso satisfeito cruzou os lábios dele.
-Você já bem que estava enchendo meu saco com essa resiliência idiota. Você nunca ia sair viva daqui, sabia?
Eu sempre soube que acabaria daquela forma, mas uma parte idiota minha teve esperança nos malditos super heróis, e esse foi meu maior erro: esperar que algum deles fosse útil o suficiente para me encontrar, mas eu estive enganada. Como eu já bem deveria saber, não dá para confiar em uma sociedade suja e podre que só se importa com o dinheiro, completamente corrupta. É tudo uma grande besteira do caralho.
-Tchau, tchau, Azami. Espero que você morra em agonia.
Eu não me importei quando ele me deu as costas e saiu, por que eu deveria? Eu já sabia que ia morrer naquele lugar, sem nem ter tido a chance de fazer mais do que isso. Tudo o que me restava era o desejo de que esse desgraçado fosse pego pela polícia e pagasse para o resto de sua vida por acabar com a minha.
Não sei dizer se demorou segundos ou horas, mas minha visão começou a ficar péssima e comecei a, de fato, entrar em uma agonia tão grande que queria gritar, mas não tinha sequer forças para o fazer. Tudo queimava dentro de mim, e eu queria vomitar, mas não tinha nada dentro do meu estômago para ser colocado para fora.
E então, comecei a alucinar completamente. Eu vi parada do meu lado, como se ainda estivesse bem viva, minha ex namorada. Bom, aquilo era um claro sinal que eu estava morrendo já que ela estava ali, mesmo que parecesse triste por eu estar morrendo de forma patética. Eu quis rir da cara dela e a dizer que ela tinha morrido de forma ainda mais patética do que eu! Mas ver Liz ali apenas me fez ter vontade de chorar e me dar conta de que mesmo que anos já tivessem se passado, eu ainda sentia a falta dela.
Talvez morrer não fosse ser tão ruim assim, no final das contas! Não que eu ache que vá para o mesmo lugar onde Liz foi, quando eu claramente vou para o inferno, mas só de poder ver ela mais uma vez, já fez valer a pena, de qualquer forma.
Liz abriu a boca e esperei ansiosamente pelo que ela diria, mas tudo o que veio, foi um estrondo. O que claramente me fez franzir as sobrancelhas em confusão; eu queria falar, mas nada saia, como se eu já não tivesse mais voz. Mas quer saber? Não importava, porque eu claramente estava com meu tempo contato, então que diferença faria?
Mais um estrondo saiu no lugar da voz de Liz, e então um grito. Liz apenas se ajoelhou do meu lado e tocou meu rosto, dando um sorriso meio triste que eu não sabia se significava que eu já tinha morrido ou que estava bem perto disso.
Não importava.
-Puta que pariu!
Mas que porra! Não se pode nem mais morrer em paz com a imagem da sua namorada morta, não, claro que não! Tem que aparecer algum ser humano infeliz para estragar até mesmo sua morte, e eu tive forças o suficiente para tombar a cabeça para o lado.
Vi olhos vermelhos me fitando seriamente; eu nem mesmo precisava olhar para o uniforme daquele super herói para saber exatamente quem era, pois existiam poucas pessoas no mundo com olhos vermelhos tão marcantes. E, bem, eu tinha passado boa parte dos meus dias o criticando, então eu sabia exatamente quem era Dynamight.
Engasguei com minha própria saliva e, de repente, para minha grande infelicidade, Liz sumiu, deixando apenas a imagem de Dynamight bem do meu lado e Red Riot dizendo alguma coisa logo atrás dele. Sério, não era desse jeito que eu queria morrer! Malditos heróis que chegam tarde e ainda estragam todos os meus planos!
-Ele fugiu! - consegui entender o que Red Riot estava dizendo, mas claro que Katsuki Bakugo, naquele momento, não parecia se importar nem um pouco com aquela informação. Quer dizer, eu estava meio que morrendo bem na frente dele.
-Foda se! Não tá vendo que essa extra inútil tá morrendo?! Precisamos tirar ela daqui, e agora! - por que tudo que saia da boca dele parecia ser um monte de merda? Se eu tivesse nas minhas melhores condições, mandaria ele se fuder e negaria a ajuda de Dynamight, mas, bem, lá no fundo eu realmente não queria morrer!
Nem mesmo senti quando ele me tirou do chão, me carregando em seus braços. Acho que última coisa que me lembro é de o ter escutado soltar mais uns palavrões sujos que nem mesmo eu teria tanta criatividade de soltar antes de apagar completamente. Se para morrer ou para acabar viva no final, fica ai o questionamento.
Boa noite povo bonito! Tudo bem com vocês? Espero que sim!
Espero que ainda tenham leitores aqui :')
Perdão a demora pra atualizar, gente! Tudo ficou um caos e eu acabei ficando sem tempo pra conseguir escrever a fanfic, mas prometo tentar acabar ela antes do ano terminar!
Sim, Azami sofreu, sofreu e sofreu, mas agora (pelo menos uma parte) passou :') nem mesmo morrendo ela deixa de ser teimosa e cabeça quente, enfim, risos
Votem e comentem, isso ajuda demais e me deixa mais inspirada a continuar!
Espero que gostem <3
~Ana
Data: 06/12/22
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