𖤍𖡼↷ 𝐅𝐈𝐅𝐓𝐄𝐄𝐍
UM ANO DEPOIS
Eu me irritava mais com a imprensa americana do que com a japonesa. Eu achava incrivel uma coisa dessas. Os japoneses tinham bem mais limite nas perguntas irritantes do que os americanos. Eles queriam saber tudo, literalmente tudo. Fosse sobre Fuyuki, o super herói, ou sobre Fuyuki Todoroki. Eles faziam umas perguntas que às vezes me dava vontade de lançar uma onda de força psíquica sobre todos eles e os fazer desaparecerem de uma vez. Dylan me dizia que eu era muito paciente, até; que eu era carismático até quando não devia ser, e que era por isso que enchiam tanto o meu saco.
Como estavam fazendo naquele exato momento, me lotando de perguntas quando eu claramente só queria tirar a droga do meu uniforme e ir pra casa dormir. Faziam trinta e seis horas que eu não dormia; eu queria um momento de paz, porra! Ainda se estivessem falando sobre o vilão que eu tinha acabado de prender, mas claro que não. Eram sempre as mais variadas e irritantes perguntas.
-Fuyuki! Você tem um herói favorito? Se sim, quem? - eu nunca conseguia ver quem fazia as perguntas, era impressionante. Eram tantas pessoas gritando pra chamar minha atenção que me deixava completamente zonzo.
-Que pergunta mais besta, é claro que é a minha mãe. - respondi dando um sorriso, mesmo que tivesse milhares de câmeras e microfones na minha cara. Deus, era demais pedir pra que todos sumissem em um piscar de olhos? Se eu erguer as mãos pro alto, o Senhor me puxa pro céu? Ou vou ter que cruzar os braços pra descer de tobogã pro inferno?
-Qual sua opinião em relação ao anúncio de aposentadoria de Psique?
-Já tava na hora, né, ela tá velha. Mãe, se você tá vendo isso, saiba que te amo.- eu sabia que ela ia ver. E que ia me matar quando a gente se visse de novo. Mas eu não podia perder aquela chance de zoar a cara dela.
-E quanto a você e Shin Bakugo? Vocês realmente cortaram todos os laços? - meu Deus, eu já disse hoje como esses caras são irritantes? Porque eles são irritantes pra um caralho, puta merda!
-Ok, vamos deixar claro aqui, existem limites que não devem ser cruzados. - eu disse, dando um sorriso sarcástico. -Esse é um deles.
-Tá, já deu, né? Vamos embora.- Dylan falou, se colocando na minha frente e me dando um empurrão, gerando uma grande comossão entre os que ainda queriam fazer perguntas. Ele simplesmente ignorou todos antes de me empurrar dentro do carro e entrar logo em seguida, me fazendo fazer uma careta. Ficou mais parecendo um sequestro.
Dei um suspiro aliviado quando começamos a nos afastar de todo aquele barulho, afundando mais no banco e fechando os olhos. Meu Deus, que vida cansativa do caralho. Puta que pariu.
-Você ama ser uma estrelinha, né, Fuyuki. Você é a dupla mais irritante do século, como Miwa te aguentou tantos anos? - Dylan disse me olhando meio torto e eu apenas revirei os olhos. -Seu tempo já é bem curto e você fica gastando ele com gente que não vale a pena.
-Tá vendo, é por isso que eu sou o herói número um e não você. Às pessoas me amam, bebê.- eu falei dando um sorriso para ele, mas isso apenas o fez dar um soco no meu ombro, me fazendo chiar de dor. O problema da individualidade dele ser voltada para a força era aquele: seu soco doía para um caralho.
-Você só é número um porque veio para os Estados Unidos, já que sabia que jamais ia conseguir fazer isso em um país onde tem Psique. - ele retrucou, me fazendo erguer o dedo do meio.
-Para de ser fã da minha mãe. É irritante. Ela é uma velha chata pra porra. - eu disse com uma careta e ele riu, esticando a mão para pousar ela na minha coxa.
-Não é só da sua mãe que eu sou fã.- ele disse me dando um olhar todo sugestivo com aqueles olhos escuros. Eu apenas ri, apoiando a cabeça no vidro do carro e abrindo os botões de cima do meu uniforme. Engraçado, de repente ficou quente pra caralho nesse carro.
-Você é tão burro. - suspirei, brincando com os dedos dele entre os meus. -Se apaixonando por gente com tempo contado. - eu ri, o lançando um olhar maldoso, só porque sabia que deixaria Dylan puto. Ele ficava mais bonitinho ainda quando estava irritado.
-Cala a boca. Você sabe que a gente vai dar um jeito nisso. - ele reclamou, apertando minha mão com mais força do que a necessária. Eu apenas dei de ombros, totalmente despreocupado. -E quem disse que eu tô apaixonado por você, seu narcisista de merda? Não passa de passatempo, como você mesmo diz.
-O jeito que vocês geme meu nome sugere outra coisa. - comentei dando de ombros e Dylan me deu um beliscão. -Mas que porra! Quer parar de me maltratar? Eu já tô quebrado o suficiente.
-Você é tão fodidamente irritante. - ele suspirou, voltando os olhos para a rua. Eu apenas ri, o fitando por um instante. Dylan era bonito pra caralho e era extremamente prazeroso ver a expressão que ele fazia quando estava irritado comigo.
-Me dizem isso constantemente. Vou começar a achar que é verdade. - falei fingindo estar ofendido, o que fez Dylan revirar os olhos enquanto parava o carro na garagem do meu apartamento.
-Cala a boca. Você é tão gato, mas estraga tudo quando começa a falar. - ele disse e eu me inclinei para dar um chute em suas costas, o empurrando para fora do carro. Dylan me fuzilou com os olhos.
-Mentiroso, você ama me escutar falar. Principalmente quando é bem no seu ouvido. - falei com um sorrisinho malicioso. Dylan ergueu o dedo do meio para mim, me fazendo rir enquanto eu fechava a porta do carro e me dirigia para o elevador, esticando as mãos para prender meu cabelo. Agora, a única parte da cor de cobre no meu cabelo que havia sobrado, eram as pontas.
Quando entramos no meu apartamento, nem terminei de fechar a porta direito antes de Dylan me prender contra a parede, me fazendo dar uma risada enquanto agarrava a gola do uniforme dele com força entre meus dedos.
-Seu uniforme é tão feio. - suspirei. -Você deveria tirar. Fica bem melhor sem ele.
-Você realmente é irritante. Se quer me ver sem nada, é só pedir. - Dylan falou, descendo a boca até o meu pescoço, fazendo eu afundar os dedos entre seus cabelos, o puxando de leve.
-E aquele papo que sobre você estar morrendo de sono? - murmurei, prendendo a respiração quando senti a língua dele deslizando pela minha pele. Dylan apenas riu.
-Você me deixa tão maluco da cabeça que me tira até o sono. - ele disse, me apertando com mais força contra a parede, me fazendo soltar um gemido com o quadril dele pressionado contra o meu.
-Está admitindo que não consegue parar de pensar em mim? - zombei com um sorriso. Dylan mordeu meu ombro com tanta força que me fez chiar.
-Cala a boca, Fuyuki. Antes que eu me arrependa mais ainda de ter te conhecido. - ele suspirou e eu deu risada. E realmente calei a boca, porque no segundo seguinte, a língua de Dylan estava envolvendo a minha, me impedindo de dizer mais alguma coisa.
-Eu vou ficar louco. - falei, andando de um lado para o outro, afundando os dedos nos meus cabelos. -É isso. Eu vou ficar louco.
-Para com isso! - Yumi reclamou, me dando um beliscão e me fazendo chiar. -Não tem chances de você não passar, idiota. Você é o maior nerdola que já conheci na vida. Você tem sorte por estar se formando! Ainda falta um ano para meu sofrimento acabar. - ela choramingou, fazendo Mika dar risada e Miwa revirar os olhos.
-Eu realmente não queria passar meu dia de folga vendo universitário surtar. - a pro hero resmungou, apenas para tomar uma cotovelada de Mika.
-Por isso eu escolhi um curso fácil de quatro anos. Vocês que gostam de sofrer. - Mika disse com um sorrisinho. Eu revirei os olhos. -Cadê a Lily, Shin? Ela já não devia estar aqui?
Eu realmente não sabia porque eu ainda insistia em sair com aquele bando de mulher irritante, mas lá estava eu, querendo voltar pra casa e, sei lá, pedir para meu pai me dar um soco só pra eu poder dormir em paz. Eu definitivamente não estava no clima para ir em bar, mas eu tinha sido ameaçado de morte por Lily e Yuina, o que não me restou muitas escolhas.
-Ela devia, mas Lily gosta de me deixar esperando. - reclamei enquanto olhava mais uma vez para meu celular. Apenas para ter ele arrancado das minhas mãos, o que me fez chiar e me virar.
Lily arqueou a sobrancelha para mim e eu fiz uma careta.
-Você que sempre me faz esperar. - ela falou, me dando um tapa no ombro. -Além de, claro, ficar me enrolando!
-Ai, para. Eu só sou muito ocupado, não tenho culpa de ser tão requisitado. - falei dando um sorriso, fazendo Lily rir enquanto me abraçava. -Eu senti sua falta.
-Eu duvido muito disso. - ela riu, se afastando para me encarar. -Mas vou fingir que acredito.
-Cala a boca e para de ser ridícula. - reclamei. -Cadê a Yuina?
-Ela tá sempre atrasada, Shin. - Lily bufou, se sentando do meu lado.
-Justo. E o seu namorado? Você não vai apresentar ele nunca pra gente? - falei, a empurrando de leve. Lily riu e a felicidade dela era muito nítida. Eu ficava feliz de ver ela assim. Lily era uma das melhores amizades na minha vida, e tudo o que eu mais queria, era que ela ficasse bem. Ver ela arranjar alguém que a amava e que a merecia me deixava em paz.
-Eu vou, para de ser irritante. Ele só é tão ocupado quanto você, seu chato. - ela disse e eu torci o nariz.
-Você não pode me culpar. Sabe como é o último ano de curso na vida de um universitário? É o verdadeiro inferno. - eu falei, fazendo Lily revirar os olhos.
-Eu sei. - ela retrucou. -Mas não é desculpas pra fugir da gente.
-Ah, eu amo tanto a Lily. - Yumi suspirou. -Por que você não casa comigo?
Lily deu uma gargalhada.
-Você já tem duas garotas, não é o suficiente? - Lily disse arqueando a sobrancelha. Yumi deu de ombros.
-Por que me contentar com duas se eu puder ter três? - Yumi retrucou, dando uma piscadinha para Lily. Eu apenas revirei os olhos.
-Eu posso ser a terceira se você quiser, gata. - eu engasguei com minha bebida ao escutar a voz de Yuina. Sinceramente, eu realmente me perguntava o porque tinha deixado de estudar para minha última prova só pra estar ali.
-Desiste, Yu. Só desiste logo. - Miwa disse balançando a cabeça em desaprovação. Yuina fez um biquinho enquanto se sentava na minha frente.
-Tão injusta é essa vida.
-Meu Deus, eu odeio vocês. - falei com um suspiro. Mas aquilo só fez elas rirem e eu acabei rindo junto.
Aquilo era bom; finalmente poder dizer que eu estava feliz e estava em paz. Um ano atrás, eu ia jurar que aquilo jamais aconteceria novamente. Mas Lily tinha razão sobre seu discurso daquele dia no meu dormitório: dar tempo ao tempo era a melhor coisa a ser feita. Ter tempo também.
Agora, faltava pouco para eu me formar na faculdade. Pra finalmente concluir mais um capítulo na minha vida. Eu tinha superado muita coisa e eu me sentia feliz, finalmente.
Mesmo que em alguns momentos eu sentisse falta de algo dentro de mim, eu sabia que as coisas voltariam para seu devido lugar. Em algum momento, não importava quanto tempo passasse.
Naquele momento, junto com as mulheres muito importantes na minha vida, eu não pensei em mais nada. Até mesmo consegui deixar de lado minha prova por um instante. Eu só aproveitei aquele sentimento que durante muito, muito tempo, jurei que jamais fosse sentir. E me permiti ser verdadeiramente feliz.
Pra acabar o dia, beijoooos
P.S: sim, isso é um capítulo feliz,
tá ok?
~Ana
Data: 25/02/23
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