A situação só piora, quem são essas pessoas? Pensei que só eu estaria aqui, depois essa mulher, e agora esse monte de gente! Este salão enorme e bizarro, olha essas armaduras de cavaleiros, cabeças de animais espalhados pelas paredes, móveis antigos, parece que estou num set de filmagem sobre um filme medieval!
- SOCORROO!!
Merda, por um instante me esqueci completamente dela. O jeito é tentar cortar a corda em minhas mãos no machado dessa armadura, espero que seja real e não de brinquedo. Mas como alcanço o machado? Vou derrubar no chão, assim consigo cortar.
- Porra, que barulho é esse?? Eu sei que tem alguém aí, estou escutando os passos!! - Errada ela não está, isso aqui não cairia sozinho, é pesado. A coitada vai se surpreender quando ver esse monte de gente desmaiada no chão.
Graças a Deus é real, a lâmina está cortando a corda, quero tirar logo esse pano sujo da minha boca...Pronto!
- Moça, moça, se acalme, eu vou ajudá-la! - Falou o cara que tinha desistido da vida e escreveu um testamento, patético.
- Quem é você? E...ai meu Deus, quem são eles?? - Ela não me parece tão assustada agora, esperava mais.
- Também não faço ideia moça, acordei aqui igual a você, a diferença é que não tinha mordaça em sua boca e seus pés estão amarrados. Só um momento, estou quase soltando as cordas.
Ela se acalmou rápido demais, todo aquele escândalo se dava por conta do saco na cabeça? Olhado bem pra ela, acho que a conheço de algum lugar.
- Obrigado por ajudar a me soltar, fiquei apavorada - pensei em dizer alguma coisa mas nada me veio a mente - , agora que nos soltamos precisamos acordar os outros, sinto que uma coisa ruim vai acontecer! - Não precisa ser muito observador para perceber isso.
- Eh, sim, claro, vamos ajudá-los!
- Mas espere! E se for perigoso libertar essas pessoas, não sabemos o que elas podem fazer. - Pensa nisso agora, enquanto já se debruçou sobre uma das pessoas.
- Veja bem, não importa como olhe, eles são vítimas como nós! - O nome dela, esqueci de perguntar.
- Verdade, tem razão.
- Me perdoe, esqueci de me apresentar. Me chamo Steve, como se chama?
- Claro, erro meu! Me chamo Alyssa. E sinto que já te vi em algum lugar Steve - então não é só impressão minha - , e acho que já sei de onde foi.
- Trabalho no Banco, talvez tenha me visto por lá.
- Não! Foi você que ajudou no salvamento do bilionário Kaleb Griffin? No cruzeiro, há uns 6 anos atrás? - Por essa eu não esperava.
- Si..sim, sou eu.
- Sabia!
- Viu em algum jornal da época? Memória boa a sua.
- Nada disso, eu estava na cabine com você naquele dia.
- Está falando sério? - Esse é um tipo de coincidência que não se vê todo dia.
- Por acaso tem memórias antes de acordar aqui?
- Minha última memória é de entrar no meu carro, havia acabado de sair de um restaurante.
- Union Square Park??
- Esse mesmo! Outra coincidência?
- Acho que não, preciso checar uma coisa.
Sem nem mesmo piscar ela se levanta e começa a tirar o saco da cabeça de todos que estavam deitados, não a ajudei, ainda não tinha sacado o que ela queria fazer, eu prestava atenção mesmo era na sala que estávamos, além das armaduras, cabeças de animais e móveis antigos, notei a linda tapeçaria, o lustre acima de nós, as velas acesas apesar de haver iluminação elétrica, as paredes, paredes feitas com grandes tijolos, isso aqui me parece ser...
- Steve, não acredito! Tudo indica que essas pessoas estavam no cruzeiro dentro da cabine aquele dia, reconheço os rostos.
- Tem certeza? - Não sou bom em guardar rostos, nem sei porque duvidei.
- Absoluta! Armaram para cima de nós, alguém nos prendeu nessa sala bizarra. - Se fosse apenas uma sala nossos problemas seriam menores.
- Temos que acordar o resto, não devemos perder tempo.
- Me dá uma ajudinha aqui. Acordo as mulheres e você os homens.
- Claro! - Espere, se todos aqui são os mesmos daquele dia, então ela está aqui também? Puxa vida, aonde fui me meter!
- Steve, se bem me lembro, naquele dia uma mulher te acompanhava certo? - Essa tal de Alyssa é rápida no pensamento, será que ela faz parte de algum clube de perguntas e respostas?
- Ah, eh.. sim, minha ex-namorada Isabella. Ela deve estar aqui também.
- É essa aqui? - E não é que ela é boa com rostos!!
- Essa mesma, coitada, - por favor não pergunte sobre o nosso término - foi arrastada até aqui.
- Por que terminaram, me pareciam tão unidos!? - O que respondo?
Pra minha sorte um cara despertou bem na hora da minha resposta, acordou e logo começou a me acusar, faria o mesmo no lugar dele.
- Calma moço, estou tentando desamarrá-lo.
- Não foi você e ela que fizeram isso??
- Não, nós est...
- Claro que não, acordamos igual a todos, não está vendo que estamos desamarrando as malditas cordas?? - Alyssa interrompe com impaciência.
- Desculpe, ainda não digeri a situação.
- Nem nós colega. Está solto agora, venha nos ajudar com os outros. A propósito, como se chama?
- Spike.
- Prazer Spike, sou o Steve, e ela é a Alyssa. - Olho para ela esperando reação, porém Alyssa continua focada nas cordas.
Spike prestava sua ajuda, em quanto isso comecei a fazer perguntas sobre as lembranças dele antes daqui, e batia exatamente com as nossas, restaurante, o cruzeiro à 6 anos atrás, já tinha começado a suar frio. De canto de olho observo Alyssa desamarrando Isabella, sinceramente, gostaria que ela continuasse dormindo por mais algumas horas, entretanto, como se fosse quase cronometrado, as pessoas na sala começam a acordar uma após a outra. As reações eram quase as mesmas, de espanto no início, mas depois iam entendendo, pelo menos parcialmente. O último a acordar foi o cara que me ajudou a atirar no pirata no dia do cruzeiro, o homem misterioso que sumiu sem receber as honrarias do velho bilionário. Curioso vou em sua direção para perguntar-lhe o nome, dessa vez ele não poderia sair de fininho mesmo.
- Eai, tudo bem?
- Considerando a situação, acho que sim. - Ele me parecia menos sério do que no cruzeiro, os anos devem tê-lo mudado.
- Naquele dia não perguntei, mas como é o seu nome?
- Bruce. Na verdade, eu sei o seu nome, Steve correto? - Como ele sabe?
- Como você sabe o meu nome?
- Pelo artigo que escreveram sobre aquele dia, citaram o seu nome, logo reconheci. - Isso explica de fato.
- Vem, levante-se, vamos tentar achar uma saída.
- A última coisa da qual me lembro é de ter saído do restaurante e...
- Sim, o mesmo aconteceu com o pessoal aqui. Vem levante-se!
Estendo minha mão para ajudá-lo, quando finalmente Bruce fica de pé um barulho ensurdecedor começa, uma espécie de zunido alto e irritante, e ao cessar do barulho veio uma voz.

- Vejo que estão todos acordados, ótimo! Sinto que lhes devo explicações, mas vou contar tudo aos poucos, não se afobem. Acho que já perceberam, ou não, que existem relógios em seus pulsos. Pois bem, verifiquem! Cada relógio mostra um horário diferente, e porquê? Toda vez que um dos relógios bater às 00:00 algo muito incrível vai acontecer, sei que iram se divertir muito. Por enquanto é só isso que vou revelar, quando o primeiro relógio bater 00:00 eu volto para mais explicações. Ah! Outra coisa.. Sejam Bem-Vindos ao meu Castelo.

Relógios?? Verdade, não tinha notado o relógio em meu pulso, e nos pulsos dos demais enquanto os desamarrava. Droga! Sinto que estamos muito ferrados agora!!