10. Instinto protetor
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Sua visão começou a ficar turva, mas não deu importância. Seu único foco era o saco de pancadas, quase duro como pedra, pendurado à sua frente. Socava com toda sua raiva, aflição e confusão. Depois de deixar a marca na sua face, a garota pela qual amava saiu batendo os pés. Tentou ir atrás, se explicar, mas S/N havia sumido. Jeon tentou encontrá-la em sua casa, mas a porta não abriu. Ignorado e rejeitado, como lixo irreciclável.
Deixou o último soco ao perder totalmente o ar dos pulmões, respirando profundamente, enquanto soltava todos os xingamentos existentes. Cambaleou um pouco, chamando a atenção das pessoas que se exercitavam na academia. Fazia um tempo que Jungkook não frequentava o local, mas depois do ocorrido de manhã, precisava deixar extravasar os sentimentos.
— Pelo menos, beba uma água. — Namjoon apareceu ao lado, após terminar sua série de agachamentos.
Suspirando o mais novo obedeceu.
Desejou com todas as forças que o líquido gelado levasse tudo que sentia, engolindo e desaparecendo. Apagou todas as publicações de sua garota, era o que ainda esperava que ela fosse. Não existia uma explicação concreta em sua mente. As respostas eram vazias.
Se lembrava que bebia e conversava com Moly, mas não do que aconteceu depois. Tinha certeza absoluta que nunca faria tal coisa, mesmo estando bêbado, drogado ou o mais doido. Jungkook nunca feriria aquela que faz seu coração bater mais forte e rápido com apenas um olhar. O que mais te machucou foi pensar que talvez S/N não pensasse o mesmo.
— Não acredito. — Suspirou mais uma vez pesadamente, engolindo o nó que se formou em sua garganta.
O platinado o puxou para um canto, onde ambos ficaram sentados no chão um do lado do outro.
— Vamos resolver isso. Acredito em você, parceiro. — Deu pequenas batidas no ombro do moreno, demonstrando apoio.
— Mas ela não. Ela não. — Os dedos se afundam nas madeixas frontais, as puxando com força. — Como a S/N pôde duvidar disso, de que eu faria uma merda dessas. Podia ser todo mundo, mas…
— Ei, entenda o lado dela também. — Abaixou os pulsos do mais novo, observando a face tristonha. — Você disse que havia procurado por todo lugar, mas ela achou onde você disse que já havia revirado e não encontrou o celular.
—Isso não é motivo para que a garota me dê uma bofetada. Pensei que tínhamos criado confiança na nossa relação, ou sei lá o que temos agora. Alguém colocou aquele celular em meu armário antes da aula de educação física começar.
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Era noite, a lua parecia sofrer com o afastamento dos dois enganados e separados. Entretanto, Jungkook estava novamente indo a caminho da casa da jovem brasileira. Como imaginou que a porta não seria aberta, rumou para as trepadeiras abaixo de sua janela, logo iniciou a subida. Teve suas mãos arranhadas, mas continuou até conseguir ver pelo vidro fechado e sentiu seus braços perder as forças quando viu quem estava no quarto com a garota.
Johnny abraçava a mesma que desabava em lágrimas no ombro do loiro. Os dedos do outro passavam pelas madeixas dela, enquanto dizia alguma coisa. Seu ciúmes foi grande, desta vez não controlou, logo simplesmente abriu com força a janela e pulou para dentro do cômodo, fazendo ambos se afastarem assustados.
— Precisamos conversar. — Pigarreou, logo se encostando na parede com os braços cruzados e um olhar mortal.
— Como tem a coragem de vim aqui depois do que fez? — O outro rapaz respondeu, se afastando minimamente da garota.
O tatuado soltou um sorriso carregado de escárnio, se controlando para não agarrar a gola da camiseta azul marinho do loiro e tirá-lo à força daquele quarto.
— S/N, precisamos conversar. — O ignorou ainda com seu olhar focado na mais nova.
— Eu…
— Saia, Jungkook. Seja homem e a deixe em paz. — Interrompeu sem hesitar, fazendo as pontas dos dedos de Jeon ficarem brancos após apertarem seus bíceps.
— Olha, não se meta. — Trincou o maxilar, se desencostando da parede, avançando dois passos. — Se não tem nada a ver com a situação, saia você. Precisamos conversar.
— Seu idiota, acha mesmo que vou deixar alguém como você perto dela? — Desta vez, o loiro que se aproximou com passadas longas.
Jungkook sorriu de lado, achando graça da estupidez que saiu de sua boca. Já não ligava mais para o controle. Aquele homem havia tocado sua garota, isso já é motivo suficiente para arrebentar sua cara. Assim, um soco foi desferido na face de Johnny que cambaleou gemendo e não teve tempo de se recuperar quando foi agarrado pela gola e prensado na parede.
— Jungkook! — Sua visão continuaria vermelha se não fosse pela voz que parecia uma melodia para seus ouvidos. — Ficou louco? Solte-o. — Seu tom estava ainda mais embargado, seu ato agressivo e repentino a fez se assustar.
Obedeceu sem hesitar. O loiro ia avançar, mas foi impedido pelas mãos da jovem.
— Pode ir. Obrigada. — O outro não fez menção de se mover, logo a brasileira o guiou educadamente enquanto os dois rapazes se encaravam furiosos.
Johnny foi levado até a saída da residência.
— Não acredito que ainda vai falar com ele. — Bufou ao passar pela porta.
— Vamos conversar. Eu o conheço… eu acho. Só preciso de uma certeza antes de tomar qualquer decisão. — Com um breve sorriso, fechou lentamente a porta.
Suspirou alto. Seus pais estavam no quarto, provavelmente dormindo e não sabem do que acontecera. Retornou para onde se encontrava o moreno que estava encostado novamente na parede.
Jeon quis perguntar o porquê dela estar com o Johnny, depois de tudo, mas apenas foi pro assunto principal.
— Quero ouvir sair da sua boca o que você acha sobre mim agora. Realmente acha que foi eu? — A garota suspirou, evitando olhar o moreno nos olhos e procurando as palavras certas para demonstrar o que sentia. — Acredita em mim? — Insistiu com o coração a mil.
— Eu… — Passou a destra na testa, apertando os olhos com força. — Eu não sei. Você disse que não estava com o celular, mas o encontrei no seu armário. Como você acha que eu me senti?
— Sim, ele estava ali, alguém o colocou depois de eu e o Namjoon procurar que nem loucos em todo canto da escola. — Se aproximou, querendo visualizar as expressões dela. — Depois de tudo que a gente passou, ainda desconfiou de mim.
— O que queria que eu fizesse? Fotos íntimas minhas foram vazadas, eu estava em choque, ainda estou. As provas apontam pra você, eu desconfiei sim, mas… — Levantou o rosto, finalmente fixando seu olhar com o dele. — Se não foi você, quem foi?
Um tempo ficaram em silêncio, vagando nas próprias mentes em busca da resposta.
— Moly. — A garota pronunciou o nome com tanta firmeza e frieza e logo fechou os punhos.
— Como?
— A Moly. É claro. — Pela primeira vez depois de um tempo, se permitiu sorrir vitoriosa.
Jungkook franziu as sobrancelhas. Como ela havia chegado a essa conclusão?
— Nunca nos gostamos, nosso santo não se deu bem. Tenho raiva só de olhar para cara dela. Óbvio que ela te usou para me separar de você. — Se aproximou do rapaz que estava sério demais, o que causou questionamentos mentais.
— Está culpando a Moly só porque não gosta dela? — Deu um passo para trás.
— Está defendendo ela? — Cruzou os braços, indignada. — Foi seduzido, só pode.
— Para de maluquice. Simplesmente estou dizendo que não tem provas disso. Vocês não podem se gostar, mas isso não é motivo para o que aconteceu. — Observou a outra revirar os olhos e bufou. — Deveria suspeitar do Johnny.
— Agora vai dizer que ele é culpado só porque não gosta dele? — Rebateu com as palavras pesadas de ciúmes.
Jeon soltou um palavrão, enroscando os dedos nos fios de cabelo, enquanto começou a caminhar sem paciência pelo quarto.
— Tenho mais motivos para culpar ele.
— Seu ciúmes bobo.
O tatuado fechou as mãos fortemente, encarando a garota com frieza, pensando se ela falara aquilo de propósito.
Em passos lentos e curtos foi em direção a brasileira.
— Ele é obcecado pela mulher que amo e faz de tudo para te tocar ou falar com você. É, estou farto desse ciúmes "bobo". — Fez aspas com as mãos, ainda se aproximando.
S/N escutou pela primeira vez o mesmo dizendo que a amava e isso a tocou de um jeito tão grande que pensou em esquecer tudo e beijá-lo até perder o ar. Entretanto, deu pequenos passos para trás e sentiu suas costas encostar na parede, pois pensou que se ficasse parada, suas pernas iriam demonstrar vacilo de imediato.
— A Moly só foi gentil comigo e mesmo que vestisse a lingerie mais bonita do mundo, meu olhar de desejo será sempre seu, garota. — Deixou seu corpo a centímetros do da outra que fazia de tudo para controlar sua respiração. — O Johnny é podre e quando vi aquelas mãos sujas te abraçando, minha vontade foi quebrar a cara dele. Não sabe o medo que tenho dele te machucar.
— Jeon… — Foi interrompida com o dedo indicador pousado em seus lábios.
— Se confia nele, ok. Mas não podemos culpar ninguém só porque não gostamos da pessoa.
Pequenas bolinhas nasceram pela extensão do corpo da S/N após o dedo indicador do outro descer lentamente por seu queixo, pescoço e parar no vale de seus seios.
— Nunca faria nada para te prejudicar, princesa. Vou resolver isso. Vou achar o miserável que expôs a obra de arte que você é. Só eu posso admirar, hum? — Depositou um selinho na testa da mais baixa. — Vou provar para todo mundo que fomos vítimas.
Se afastou, um ato inesperado pela garota.
— Agora vou te deixar em paz. Pense no que te disse, lembre-se do dia da festa, talvez consiga suspeitar de mais alguém. — Foi rumo para a porta, tocando a maçaneta. — Vou ficar de olho na Moly, mas também fique esperta em relação ao Johnny. Tudo bem?
S/N afirmou com a cabeça, sem palavras para serem pronunciadas.
Jungkook só tinha certeza: o culpado iria pagar. Expor aquilo que era tão íntimo, delicado, perfeito e pessoal para si. Estava loucamente apaixonado por cada detalhe da brasileira. E só de pensar que qualquer um poderia facilmente machucá-la, imaginava nos crimes que estaria disposto a cometer para protegê-la.
Uma pequena reconciliação, hum.
Um ódio que eu fiquei da S/N, só um poquito.
A briga e logo uma tensão, misericórdia seiooorrr.
BEEEEIJOS (~ ̄³ ̄)~
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