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2 - Desespero

Cauã não estava completamente sóbrio.

Mas, quando recebeu a ligação da polícia, foi como se uma dose de adrenalina houvesse sido injetada em suas veias, evaporando o álcool do sangue e qualquer desejo pela garota que havia levado para sua quitinete.

Não se lembrava de ter pedido para a garota ir embora.

Tinha entrado no modo automático.

De repente, se viu dentro de seu carro.

Em pouco tempo, estava na frente do condomínio deplorável onde o irmão, a cunhada e os sobrinhos moravam.

Havia algumas viaturas policiais ao redor do perímetro.

Com o rosto iluminado pelas luzes das sirenes, Cauã desceu do carro e se apresentou para uma das policiais que parecia chefiar a operação.

— Os corpos já foram retirados — ela explicou. — Tudo indica que a causa da morte foi overdose de heroína.

— Quem encontrou os corpos?

— Uma vizinha escutou um barulho estranho na casa e ficou preocupada com as crianças. Bateu várias vezes na porta. Como ninguém atendia, ela convenceu o sindico a deixá-la entrar no apartamento. Encontrou os corpos do seu irmão e da esposa na sala. Sinto muito.

Cauã inspirou fundo.

Conhecia o vício do irmão, sempre tentara ajudá-lo, mas Marco jamais quisera ajuda. Apenas dinheiro. Cauã odiava dar dinheiro a ele toda vez que Marco ligava, mas sempre havia uma chantagem emocional, um pedido desesperado, uma sugestão de que precisavam comprar comida e roupas para os filhos.

Pelos sobrinhos, Cauã cedia.

Torcia para que Marco se recuperasse. Que aceitasse se tratar. Que aceitasse se internar, com a esposa, em uma das clínicas de reabilitação que Cauã encontrava para eles.

Mas, assim como seus pais, Marco também selara o próprio destino.

Ao entrar no terrível e fétido apartamento do irmão e da cunhada, Cauã quase vomitou.

— Soubemos, pelos vizinhos, que as autoridades vieram aqui algumas vezes. Houve denúncias ao Conselho Tutelar também. Mas seu irmão e a esposa conseguiam dar um jeito de manter as crianças com eles.

Porque, no fundo, ninguém se importa, Cauã precisou morder a língua. O sistema era uma merda e só funcionava para quem tinha grana.

Seus olhos continuaram passando pelos cômodos que cheiravam a mofo e leite azedo, com manchas de gordura pelas paredes, seringas espalhadas e colheres queimadas.

Até que pararam no sofá velho e sujo em um canto da sala.

Onde duas crianças estavam sentadas.

Helena, que ele sabia que tinha acabado de completar seis anos, e Luca, que beirava aos quatro anos.

Segurando a mão um do outro, seus sobrinhos mal se moviam, fitando o chão, alheios aos movimentos dentro da casa.

Foi como se todo o ar ao seu redor houvesse sido roubado, como se garras de ferro tivessem apertado e arrancado seu coração.

Santa Mãe de Deus!

Naqueles segundos efêmeros, com uma das mãos enterradas nos cabelos, Cauã achou difícil sentir compaixão pelo irmão e pela cunhada ao pensar que, em nome do prazer do vício, tinham deixado duas crianças pequenas vivendo em um lugar deplorável.

— Por que eles ainda estão aqui? — perguntou para a policial, tomado por uma mistura de mágoa, ódio, dor, raiva e luto. — Por que ninguém os tirou daqui?

— Estão assustados demais e em estado de choque. Ninguém conseguiu fazê-los sair daquele sofá.

— Eles... — A voz de Cauã falhou. — Eles viram o momento em que os pais tiveram a overdose?

— Acreditamos que não. Pelo que a vizinha nos relatou, as crianças estavam trancadas dentro de um armário. Bateram várias vezes na porta. Foi esse barulho que ela ouviu. Ao que parece, seu irmão e a esposa trancavam os filhos no armário quando iam se drogar.

Céus.

Ele iria vomitar a qualquer momento.

— O que vai acontecer com eles?

— Até agora, você foi o único parente que conseguimos contatar. O caso será analisado pelo Conselho Tutelar.

— Mas nesse momento, o que vai acontecer com eles?

— Cabe a você decidir — a mulher respondeu. — Se não quiser levá-los com você, eles serão encaminhados para um abrigo infantil.

A cabeça de Cauã girou.

Fitou as crianças mais uma vez.

Luca e Helena já estavam assustados demais. Não conseguia imaginar como eles iriam se sentir caso fossem levados para um abrigo.

— De jeito nenhum. Vou tirá-los daqui.

— Certo. Em breve, uma assistente social entrará em contato com você para avaliar o futuro das crianças.

Mas, enquanto caminhava na direção dos sobrinhos, lutando para não enjoar com o cheiro horrível que pairava pela casa, Cauã mal escutou o que a policial lhe falava.

— Oi...

Não houve resposta.

Cauã engoliu em seco.

— Vocês sabem quem eu sou, não sabem? — Ele se agachou, ficando na mesma altura das crianças. Luca não ergueu o rosto; Helena fez contato visual por apenas alguns segundos. — Sou o tio Cauã. Irmão do pai de vocês. Nós já nos vimos algumas vezes. Vocês se lembram, certo?

Nenhuma das duas crianças respondeu.

Nervoso e desajeitado, Cauã correu os dedos pelos cabelos.

— Vim buscar vocês. Vocês vão ficar comigo até... Bom, até a gente descobrir o que vai fazer.

Puta merda. Puta merda. Puta merda.

Ele não fazia ideia de como lidar com crianças tão pequenas.

— Vocês estão com fome? Querem comer alguma coisa?

A pergunta pareceu causar reação na menina. Cauã viu Helena contrair os lábios, como se os umedecesse, cansada e faminta.

Meu Deus.

Será que seu irmão se esquecia de alimentá-los?

— Vamos? — Ele esticou a mão para os sobrinhos.

Seu toque foi rejeitado, mas Helena se mexeu e ficou em pé, segurando o irmãozinho pela mão.

Cauã interpretou aquilo como um "sim".

Passando pelos policiais e pelos vizinhos enxeridos, ele conseguiu tirar os sobrinhos de dentro do apartamento e colocá-los sentados no banco de trás do seu carro.

Ao se sentar diante do volante, soltou o ar e os fitou através do espelho retrovisor.

Puta merda. Puta merda. Puta merda.

Não era assim que tinha imaginado que sua noite acabaria.

— A mamãe vai comer com a gente? — Helena murmurou.

Cauã teve a sensação de que seu coração se partira em mil pedaços.

Não conseguiu pensar em nenhuma resposta.

Puta merda. Puta merda. Puta merda.

Primeiro, precisava alimentá-los. Depois, pensaria no que diria e como explicaria que os pais dele não voltariam mais. Também teria que pensar no enterro.

Só tinha que levar seus sobrinhos...

Ah, puta merda!

Será que a garota que não se lembrava do nome ainda estava em sua quitinete? Sem roupa? Meio bêbada?

Céus, não poderia levá-los para lá.

Olhou outra vez para os sobrinhos através do espelho retrovisor.

Era como olhar para si mesmo, para um passado que queria deixar enterrado e esquecido.

"Maldita hora em que coloquei vocês dois no mundo! Dois ingratos! E você é ainda mais ingrato, Cauã! Porque fica enfiado na casa daqueles amigos e se esquece da sua própria família!".

Sentia os tremores nas mãos, o ar que parecia não chegar até seus pulmões, a sensação de que o carro estava se apertando ao seu redor.

Cauã puxou o ar; uma, duas, três vezes, empurrando as vozes e as lembranças para longe antes que perdesse todo o controle.

Tinha que pensar em algo. E se...?

Desesperado, ele girou a chave na ignição.

E fez a única coisa que poderia fazer.


***************


Ao abrir a porta de sua casa, Elisa largou a bolsa em cima da primeira mesma que encontrou pelo caminho.

— Cheguei! — anunciou, tirando os sapatos e os deixando jogados em um canto da sala; um hábito que enlouquecia sua mãe. — Como sei que não há segredos entre os Bodini e que logo todo mundo vai estar fofocando, já aviso que meu encontro foi uma merda.

Não recebeu nenhuma resposta.

O que era estranho, considerando que os Bodini amavam falar.

Então, Elisa se lembrou de que seus pais tinham levado nonna Carmine para assistir um espetáculo clássico de um renomado cantor italiano no Teatro Carlos Gomes.

— "Não me leve a mal, mas você não é do tipo garota para casar que posso apresentar para os meus pais" — Elisa resmungou, repetindo as palavras de Heitor.

Idiota.

Nem gostava dele tanto assim.

Embora o desgraçado tivesse ferido seu orgulho.

Jogar o vinho nele e sair do restaurante não parecia ter sido equivalente ao que Heitor tinha lhe falado. Talvez seu irmão Thiago conseguisse ajudá-la a pensar em um troco à altura.

Elisa abriu um sorrisinho travesso e perigoso.

Sim, aquela era uma boa ideia.

Mas que ficaria para depois.

Por ora, precisava concentrar todas as suas energias na reunião que teria com os investidores. Se tudo desse certo, finalmente iria tirar seus planos do papel. Criaria sua própria história e legado. E daí...

Antes que Elisa pudesse completar os pensamentos, escutou uma batida na porta.

Estranhou.

Seus pais teriam esquecido a chave?

Nonna Carmine poderia ter várias décadas de vida, mas jamais saía sem levar a chave.

Será que era Liliana? Sua irmã tinha uma casa no grande terreno da Vinícola Bodini. Talvez ela estivesse precisando de alguma coisa. Embora, na opinião de Elisa, Liliana fosse sistemática demais para deixar algo faltar em sua própria casa.

Andando até a entrada da sala, descalça e com os cabelos ruivos de um lado para o outro, Elisa abriu a porta.

E esperava ver tudo, menos Cauã, o melhor amigo do seu irmão, com duas crianças pequenas ao seu lado.

— Preciso de ajuda. Não sei mais para onde ir.

Lembrando que a série Bodini é escrita em parceria com a SamantaGalvao

Corre lá no perfil dela, pois ela também começou a postar hoje o livro da Liliana e do Renan (Promessa de Sensações) ♥ Adicionem na biblioteca para não perderem as atualizações

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