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Família Haitani

★ Obra escrita especialmente a pedido da meridakawata ❤️

Acordo com o som insuportável do despertador. Minha mão bate nele no reflexo, mas o barulho não para. Sério, quem inventou isso só pode odiar a humanidade. Abro os olhos devagar, tentando me acostumar com a claridade do quarto. Mais um dia de aula. Eu nem sei por que insisto em manter esse negócio ativado se mal consigo levantar direito.

Meu corpo está pesado, e a vontade de puxar o cobertor de volta é enorme. Olho para o teto, lutando contra o sono que ainda me prende, e sei que, se fechar os olhos por mais alguns segundos, já era. Sento na cama de qualquer jeito, cabelo todo bagunçado, e olho para o relógio. Ótimo. Mais cinco minutos e eu estaria perdido.

Levanto com preguiça, arrastando os pés até o banheiro. Meu reflexo no espelho me encara com a mesma cara de sono que eu sinto. Molho o rosto na esperança de que isso ajude. Não ajuda muito, mas é o suficiente pra me lembrar que não tenho escolha. Aula, de novo.

Entro no banheiro e ligo o chuveiro, esperando que a água quente faça alguma mágica no meu corpo ainda preso ao sono. Quando a água começa a cair, dou um passo pra dentro, sentindo o calor escorrer pelos meus ombros. Fecho os olhos por um segundo, deixando a água bater no rosto e deslizar até os pés.

O barulho constante da água no azulejo é quase relaxante, e eu começo a sentir meus músculos soltarem um pouco da tensão. Mas o sono... esse não vai embora fácil. Esfrego o rosto de novo, tentando espantar a preguiça. Passo as mãos pelo cabelo, molhando tudo de uma vez. O vapor preenche o banheiro, e o calor parece finalmente começar a funcionar.

Aos poucos, vou acordando de verdade, os pensamentos clareando. Não que eu já esteja completamente desperto, mas o banho ajuda a tirar aquela sensação de estar meio fora do corpo. Só mais alguns minutos aqui, e talvez eu consiga encarar o resto do dia sem querer voltar correndo pra cama.

Desligo o chuveiro e passo as mãos no rosto, sentindo o frio bater assim que a água para de cair. Pego a toalha no gancho ao lado e começo a me secar, primeiro o cabelo, depois o corpo. O vapor ainda está no ar, e a toalha quente ajuda um pouco a segurar a sensação de conforto. Quando termino, enrolo ela em volta da minha cintura, prendendo de qualquer jeito.

O chão do banheiro está meio frio, e meus pés fazem um som suave enquanto caminho até o closet. Abro a porta e dou de cara com o uniforme, como sempre, pendurado e arrumado. Colégio particular tem dessas, tudo milimetricamente pensado pra parecer impecável.

O uniforme é simples, mas formal. Calça preta de tecido mais pesado, social, com uma listra discreta de azul-marinho na lateral. A camisa é branca, de botões, com o logo do colégio bordado no lado esquerdo do peito. Por cima, um blazer preto, ajustado no corpo, que me faz parecer mais sério do que eu realmente sou. O colarinho rígido e a gravata azul-marinho são só mais um lembrete de que, ali, ninguém pode errar o visual.

Olho para o conjunto por alguns segundos e solto um suspiro, sabendo que é o mesmo ritual de sempre. Pego a calça primeiro, começando a me vestir, já me preparando mentalmente para mais um dia nesse lugar.

Termino de abotoar a camisa, ajeitando a gola com cuidado, e coloco o blazer por cima. Tudo no lugar, do jeito que o colégio exige. Vou até o espelho e dou uma olhada rápida, mas o que realmente me incomoda é o cabelo.

Pego o pente na prateleira e começo a arrumá-lo, tentando deixar as mechas caírem do jeito certo. Não gosto quando ele fica muito certinho, então sempre deixo um pouco bagunçado de propósito, mas ainda assim, tem que ter um controle. Passo a mão, ajeito mais um pouco e finalmente acho que está decente.

Enquanto estou focado no cabelo, escuto a voz da minha mãe vindo lá de baixo, e não é uma conversa tranquila, como de costume. Ela está aos gritos com o Ran.

— Ran! Levanta dessa cama agora! Você vai se atrasar de novo!

Eu reviro os olhos e solto uma risada baixa. Todo dia a mesma coisa. Ele sempre dorme mais do que deveria, e nossa mãe sempre precisa gritar com ele pra sair da cama. Por algum motivo, ele acha que o mundo vai esperar ele acordar no tempo que quiser. E lá embaixo, minha mãe continua insistindo:

— Ran! Se eu subir aí, vai ser pior!

Eu dou uma última olhada no espelho, já me sentindo mais pronto, e me preparo pra descer também. Ran e seu eterno problema com a hora... isso nunca vai mudar.

Pego a mochila no canto do quarto e jogo ela por cima do ombro antes de sair. Fecho a porta atrás de mim e começo a descer as escadas, já sentindo o cheiro de café invadindo a casa. Cada passo que dou me faz lembrar do quanto eu queria voltar pra cama, mas já estou em movimento, não tem volta agora.

Quando chego na cozinha, vejo minha mãe em frente ao fogão, preparando o café da manhã. Ela se move rápido, como sempre, organizando tudo sem perder o ritmo. Tão concentrada no que faz que mal percebe que eu entrei. Ela só lança um olhar rápido e diz:

— Bom dia, Rindou. Já tá pronto pra escola?

— Bom dia. — respondo, jogando a mochila na cadeira mais próxima. — Sim, tô pronto.

Olho pro outro lado da cozinha e, como sempre, meu pai está lá, no telefone. Ele está encostado na bancada, de costas pra gente, falando baixo, mas com a expressão séria de sempre. Está sempre ocupado, preso em alguma ligação importante logo cedo.

Minha mãe nem parece se importar com isso. Ela já está acostumada com o jeito dele, e eu também. Ele levanta o olhar por um segundo, talvez percebendo minha presença, mas logo volta pro que estava fazendo, sem muita cerimônia.

— Tem as coisas para o café da manhã na mesa, Rindou. — minha mãe avisa, sem parar de mexer na frigideira. — Come alguma coisa antes de ir.

Dou uma olhada rápida na mesa, mas estou mais preocupado em saber se o Ran vai aparecer ou se vou ter que ver a cena de sempre: ele correndo escada abaixo aos trancos e barrancos, atrasado.

Sento na mesa e começo a passar manteiga no pão, o cheiro de café fresco enchendo a cozinha. Dou uma mordida, mas meu pensamento vai longe, como sempre acontece de manhã.

Olho de relance para o iPhone mais recente que está na mesa ao lado da minha mochila, brilhando como se estivesse me lembrando de que tenho a vida que muita gente sonharia ter. O último modelo, o colégio particular mais caro da cidade, roupas de marca, e praticamente tudo o que eu quiser, quando eu quiser.

Mas o que falta é o que ninguém vê.

Enquanto mastigo o pão, olho para minha mãe, ainda de costas no fogão, e para meu pai, grudado ao telefone na bancada. Ela trabalha muito, corre pra lá e pra cá, quase não para. E ele... bem, o trabalho dele é um nível acima. Sempre ocupado, sempre ausente, mesmo quando está na nossa frente. É quase como se ele estivesse aqui, mas ao mesmo tempo, em algum lugar distante.

Todo adolescente provavelmente trocaria de lugar comigo sem pensar duas vezes. Mas o que adianta ter o celular mais caro, o colégio mais prestigiado, se o que realmente importa é instável? O que falta aqui, essa coisa que o dinheiro não pode comprar, é a estabilidade que deveria existir dentro de casa. Uma família presente, não só fisicamente, mas de verdade.

Dou outro gole de café e balanço a cabeça, tentando afastar esses pensamentos. Mais um dia normal, e a vida continua, com ou sem as coisas que faltam.

Enquanto estou terminando meu café, ouço o barulho de passos vindo das escadas. Ran desce, e eu não consigo deixar de notar como o cabelo longo dele balança suavemente a cada passo. É como se tivesse vida própria, seguindo seu ritmo despreocupado. Olhando pra ele, não dá pra não pensar nas brigas que sempre rolam em casa, especialmente com o nosso pai.

Aquele cabelo bicolor caindo até os peito dele é um motivo constante de discórdia. O velho não consegue aceitar que o Ran, um homem, escolha deixar o cabelo longo. Eu ainda não entendi direito por que isso é tão importante pra ele, mas sempre que o assunto vem à tona, as vozes se elevam, e a tensão toma conta do ambiente. Meu pai nunca perde a chance de gritar que o cabelo deveria ser curto, "mais apropriado para um homem". Ran só dá de ombros e ignora, mas eu sei que, no fundo, isso o incomoda.

Ran finalmente chega à cozinha, com um sorriso tranquilo no rosto, como se as brigas nunca tivessem acontecido. Ele dá um bom dia despreocupado pra nossa mãe e me cumprimenta, sem perceber que estou perdido em pensamentos sobre as confusões que nosso pai causa. É estranho como, por fora, parece que a vida dele é perfeita, mas, por dentro, a batalha com nosso pai nunca acaba.

Ran e o nosso pai brigam muito. É quase uma rotina aqui em casa. Eles se batem de frente por tudo, mas o principal motivo é o jeito do Ran de viver a vida do jeito que quer, sem ligar pra regras ou expectativas. Ele é rebelde, sempre foi. Meu pai tenta colocar limites, impor aquela ideia de que um "homem de verdade" tem que seguir certas normas, ser mais discreto, "andar na linha". Mas Ran nunca seguiu nada disso.

Desde cedo, ele decidiu que faria as coisas à sua maneira. O cabelo longo, as roupas chamativas, as escolhas que irritam qualquer pessoa que tente impor algo pra ele. E meu pai não aguenta isso. Pra ele, é como se o Ran estivesse desafiando sua autoridade o tempo todo, e talvez até esteja.

Cada vez que o assunto aparece, seja o cabelo, a maneira como ele se veste ou até as decisões de vida dele, nosso pai explode. Ran, por outro lado, não dá o braço a torcer. Fica em silêncio, só olhando, ou pior, responde com sarcasmo, deixando meu pai ainda mais irritado.

Mas a verdade é que Ran não liga. Ele vive numa espécie de bolha, onde a opinião dos outros não tem peso. E eu até admiro isso nele, essa confiança absurda, essa maneira de ser autêntico, mesmo que o preço seja uma casa cheia de brigas. Só que, ao mesmo tempo, eu sei que isso desgasta todo mundo. Ver os dois se enfrentando, dia após dia, é cansativo. Eles são opostos, e eu estou sempre no meio, tentando me manter fora das faíscas que voam entre eles.

Enquanto eu assisto tudo isso, fico pensando: como alguém pode ser tão seguro de si a ponto de enfrentar o próprio pai sem medo?

E então, nosso pai finalmente termina a ligação, mas o clima muda assim que abre a boca.

— Ran, quantas vezes eu já disse que você precisa cortar esse cabelo? Não é coisa de homem.

Eu reviro os olhos, já sabendo o que vai acontecer. Ran, que está de pé, pronto para pegar algo na geladeira, se vira devagar. Dá pra ver no rosto dele que está prestes a responder no estilo clássico do Ran: sem filtro.

— Ah, lá vem você com essa de novo. — ele começa, cruzando os braços. — Não é coisa de homem, não é coisa disso ou daquilo. Pai, você tá preso num tempo que nem existe mais. Que mundo você vive?

Meu pai solta um suspiro irritado, aquele que ele faz sempre que a paciência está no limite.

— Você precisa aprender a se comportar. Ninguém vai te levar a sério desse jeito. Não é só o cabelo, Ran. É a sua postura, suas atitudes...

Ran dá uma risada curta, mas sem humor, e interrompe.

— Postura? Atitude? Você fala de cobrar postura, mas e você? Quem é você pra cobrar alguma coisa de alguém, quando nem liga pra essa família?

Aí, o ambiente pesa de verdade. Meu pai fica em silêncio por alguns segundos, processando o que acabou de ouvir. Ran continua:

— Você tá sempre ocupado, sempre fora, sempre distante. Quer dar lição de moral, mas nem percebe o que acontece aqui. E agora quer falar de mim? Qual é a sua?

A tensão explode, e dá pra sentir o impacto. Meu pai fecha a cara de vez e a voz dele aumenta, irritada.

— Não fala do que você não entende, Ran. Eu trabalho pra sustentar essa casa, pra dar tudo o que vocês precisam!

— Pra dar o quê? — Ran retruca, sem recuar. — Coisas? Isso não substitui sua presença. Você acha que dinheiro compra tudo, mas não compra atenção, pai. E é disso que a gente tá falando.

Meu pai se levanta da cadeira, a fúria estampada no rosto.

— Eu dou tudo pra vocês, e é assim que você retribui? Com desrespeito? Você acha que é fácil?

Ran só balança a cabeça, como se estivesse cansado da mesma discussão de sempre.

— Fácil ou não, você não pode continuar fingindo que está presente quando não está.

A briga só vai ficando mais feia, e eu fico quieto, observando de longe, sabendo que não há nada que eu possa fazer pra acalmar os ânimos. Cada palavra parece acender uma nova chama, e a tensão está prestes a explodir de vez.

No meio da discussão, meu pai perde completamente a paciência. O rosto dele está vermelho de raiva, e ele aponta para o Ran como se estivesse prestes a explodir de vez.

— Sabe o que mais me irrita? — ele grita. — O Rindou é um exemplo de filho! Ele faz tudo certo! Sempre tira boas notas, segue as regras, e você... você só faz o contrário!

Quando meu nome sai no meio da briga, eu congelo. Sinto todos os olhares voltados para mim por um segundo. Eu não queria estar nessa posição. Não quero ser usado como exemplo pra atacar o Ran. Tento me manter em silêncio, mas a tensão é impossível de ignorar.

Ran olha pra mim, e por um momento, há algo nos olhos dele que me incomoda. Não é raiva, é algo mais profundo, como se estivesse acostumado com essa comparação injusta. Ele dá uma risada curta, cheia de sarcasmo, e balança a cabeça.

— Ah, claro, o Rindou... o filho perfeito, né? — ele diz, a voz amarga. — Sempre jogando ele contra mim. Como se fosse só sobre notas, como se tirar boas notas fosse tudo que importa.

Meu pai tenta rebater, mas Ran não deixa. Ele avança:

— Você acha que só porque o Rindou é mais "obediente" e tira boas notas, isso faz dele melhor do que eu? Isso só mostra o quanto você se importa mais com aparências do que com a gente de verdade.

Eu fico ali, preso no meio desse fogo cruzado. Não queria ser puxado pra essa briga, mas agora estou, e o peso de ser comparado só piora tudo. Meu pai me usa como escudo, como se eu fosse o modelo ideal, mas essa não é a realidade. E Ran... ele sempre foi diferente, sempre quis desafiar o que esperam dele, e no fundo, eu sei que isso não faz dele pior do que eu.

Mas meu pai não enxerga assim. Ele só vê as notas, as regras seguidas, e o que ele chama de "comportamento exemplar".

A discussão só piora. Meu pai começa a levantar a voz ainda mais, jogando todas as críticas possíveis em cima do Ran. Ele fala sobre as escolhas erradas, o comportamento rebelde, a falta de respeito. Tudo aquilo que sempre vem à tona quando brigam. Eu só fico ali, tentando desaparecer, mas sei que não tem como escapar dessa.

Ran, por outro lado, vai perdendo a paciência. Ele fica quieto por um tempo, mas o olhar dele está carregado, como se estivesse pronto para explodir. E quando meu pai termina de falar, acusando ele de ser uma decepção, Ran simplesmente estoura.

— Quer saber? Vai pro inferno! — ele grita, sem se segurar mais. A raiva na voz dele ecoa pela casa. — Você não tem moral nenhuma pra falar de mim! Você finge que se importa, mas só liga pras aparências. Pro que os outros vão pensar!

Meu pai tenta responder, mas Ran não dá tempo. Ele vira de costas, atravessa a sala com passos rápidos e furiosos, pegando a jaqueta que está no sofá.

— Eu tô fora daqui! — ele grita por cima do ombro, sem nem olhar para trás.

E antes que alguém possa dizer qualquer coisa, ele bate a porta com tanta força que o som reverbera pelas paredes da casa. O silêncio que fica depois é quase sufocante. Meu pai só fica ali, parado, com a expressão rígida, sem acreditar no que acabou de acontecer. Eu também estou quieto, olhando para a porta fechada, sem saber o que fazer. Essa foi uma das piores brigas que já vi entre os dois.

E o Ran... ele saiu, e eu não sei quando ou se ele vai voltar e nem sei para onde ele foi. Que maneira bacana de começar o dia...

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