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𝐎 𝐠𝐚𝐫𝐨𝐭𝐨 𝐝𝐚 𝐠𝐚𝐫𝐚𝐠𝐞𝐦

𝓞 ato exagerado de puxar ar aos pulmões e liberar, como um personagem de desenho animado soltando fumaça pelas narinas marca os instante em que garota levanta da mesa de estudos em um rompante e corre até a janela. Abre a persiana, puxa o gancho e arrasta o vidro jogando a cabeça para fora no instante seguinte. O cabelo volumoso balança no ar,  a imagem perfeita de uma deusa no seu mais puro estado de ira.

E o motivo? Quatro aspirantes a metaleiros. 

Do outro lado da rua, no conforto a sua fortaleza de concreto e portão de ferro o quarteto entregava tudo de si mesmos na performance. O baixinho de fios verde menta no teclado, o de camisa de botões e fios castanhos na baixo, o tatuado de cabelo roxo na bateria e o anfitrião de todos os fins de tarde barulhentos no vocal, não bastasse a voz áspera e cheia de emoção ele ainda dedilhava uma bela guitarra elétrica.

Não tão bela quando fazia os vidros da janela de Charlotte tremerem. O azar era o seu, o quarto tinha a janela de frente para a garagem e absorvia toda a barulheira que eles não se importavam em disfarçar.

      — Qual o problema de vocês? — berrou soltando toda sua raiva em um sopro.  — Tem realmente que ensaiar todos os dias? Todo caralho de dia? — o som cortou bruscamente permitindo não só eles, mas toda vizinhança ouvir os berros da estudante. — Se praticam para melhorar eu sinto dizer que não esta adiantando, vocês eram ruins ano passado e continuam sendo ruins esse ano. 

De dentro da garagem, o dono de fios pretos, longos e ondulados caminhou até que fosse completamente visto pela deusa berrante no alto da janela do seu quarto.

      — Nós só aceitamos críticas construtivas aqui. — ditou com um humor insolente que combinava com a figura trajada de preto dos pés a cabeça, correntes e anéis com desenho de caveira. —O que te deixou tão amarga Lottie? É provavelmente porque passa dia e noite dentro desse quarto, sabe, se saísse um pouco á luz do dia como pessoas normais não se incomodaria tanto com o meu som.

      — Som? Isso é barulho puro.

      — Não da pra esperar muito de gente sem talento, tudo é barulho pra vocês. — quem responde é o dono da língua afiada que sempre esta atrás do seu teclado. 

      — Fica na sua, sua aberração. — retrucou no mesmo tom.

      — Outch! Experimenta descer aqui e falar na minha cara. — a desafiou cruzando os braços a frete do peito, o suficiente para ter Charlotte rolando as orbes em desdém. Ela não desceria, nunca desceu em todos os anos de provocações trocadas entre os aspirantes á metaleiros e ela. — Sabe, nós deveríamos tocar mais uma Hobi.

O olhar coberto pelos fios longos não desviara uma só vez da janela, concordou com o amigo e girou a alça da guitarra posicionando os dedos nas cordas.

      — Um bis para a nossa maior fã. — sibilou arranhando os dedos nas cordas do instrumento explodindo os autofalantes em um som estridente e metálico abafando os gritos de palavrões que Charlotte soltava ao se encolher para dentro da janela dando-se por vencida. 

A trupe não parou pela hora seguinte, e mesmo com os fones que deveriam isolar os ruídos conseguia os ouvir, afundou o rosto no caderno inalando o cheiro de tinta fresca das suas canetas. Não conseguia mais se concentrar e vinha estudando desde que acordou. Totalizando oito horas na última volta do ponteiro. Largou os headphones sobre a mesa de estudos e levantou deixando o quarto. 

Chegou a sala encontrando a mãe a irmã mais nova e dois coleguinhas da menina que sempre estavam por ali. Os três vestiam fantasias e estavam sentados no tapete da sala lanchando cachorro quente, o cheiro do molho invadiu suas narinas antes mesmo de fitar os pratos coloridos e cheios, salivou. Fazia tanto tempo que não se empanturrava de cachorro quente caseiro. O da sua mãe, modéstia parte era o melhor. Ela colocava tudo que tinha na geladeira e ainda tinha o purê que não podia faltar, nada como os americanos que só tinham salsicha e condimentos. 

A mulher baixinha, cabeça raspada e olhos delineados passou com uma bandeja cheia do lanches colocando no chão para as crianças. Nem se atreveu a oferecer para a filha, sabia que não iria aceitar e se ouvisse suas desculpas mais uma vez seria obrigada a força-la a comer por mal. Apesar do sangue quente Tereza fazia o possível para ser uma mãe compreensiva. 

      — Pare de olhar para o lanche das crianças se não pretende comer. — comentou a mãe sugando o molho que havia sujado seus dedos. — Vai acabar fazendo tudo cair no chão com esse olho gordo. 

      — Nem estou com fome. — deu de ombros disfarçando a mentira. — Esta na hora do meu shake

Agarrou um copo grande de shake pronto na geladeira e voltou para a sala, olhava o molho aparentemente saboroso e tomava gordos goles da mistura vitamínica e pouco calórica. 

      — Lottie vai com a gente? — A menina de tranças twists e nariz redondo igual da irmã questiona. 

      — Não pequena, só a mamãe que vai com vocês hoje. — explica ignorando como o menino vestido de Batman mastigava o cachorro quente com tanto entusiasmo. 

      — Mas ano passado você já não foi e nem no outro e no outro. — fez bico cruzando os braços. De fato, fazia algum tempo que ela não se juntava a irmã para ir buscar doces. 

      — Tina tem razão, deveria ir com a gente e me ajudar a cuidar desses pestinhas. — notou sua mãe retornando a sala, agora com sua fantasia de Dora Milaje, sua irmã era Shuri como Pantera Negra e o garotinho que sobrará simplesmente estava vestido como cientista maluco acabando com a vibe de super heróis do grupo.  — Se mudar de ideia tem uma fantasia de Tempestade lá nos fundos.

      — Eu usei aquela fantasia no primeiro ano mãe, nem deve passar na minha cabeça. — se jogou no sofá. — Por mais tentador que seja passar a noite batendo de porta em porta atrás de doce, no meio de um monte de crianças barulhentas, eu vou passar. Chega de Halloween pra mim, 'tô grandinha demais pra essas coisas. 

      — Deixa eu adivinhar, vai passar a noite estudando? 

Aquele era exatamente o plano de Charlotte, aproveitar a quietude da noite de Halloween em sua casa para revisar a matéria, afinal em alguns meses faria o tão temido SAT e dessa vez ela precisava alcançar boas notas e conseguir a tão almejada vaga em um grande faculdade. Esse era o seu sonho, dizia a todos.

      — Exato, se divirtam e tragam doces lights para mim. 

      — Nós não vamos para a rua debaixo, só para saber, se é por isso que não quer ir. 

Mordeu a ponta do lábio com a sugestão, assistia sua mãe finalizar a fantasia das crianças agora que estavam todos devidamente alimentados. Os três pararam em uma fileira sendo checados e recebendo cestinhas coloridas feitas a mão, se lembrava de receber uma como aquela quando menor, naquela mesma ocasião, seu melhor amigo sempre estava ali, assim como os da irmã. 

      — Não é por isso, eu realmente prefiro estudar e não estou no clima de Halloween. — levantou-se deixando o copo de shake pela metade na mesa, pronta para retornar aos seus estudos. — Nada de travessuras hein. 

𝓐cendeu o interruptor ao notar que a luz do sol já havia se posto e não era capaz de iluminar tão bem o interior da garagem. Deitou-se no sofá surrado e macio encarando o teto. O silêncio que vinha da rua e invadia a casa o deixava atormentado. Nunca gostou de quietude, não em excesso, não quando o silêncio fazia as vozes na sua cabeça falarem mais alto, sobre tudo e nada ao mesmo tempo. Pensava demais e odiava isso. Não queria pensar, queria sentir. 

Ignorou os avisos, não tinha permissão para tocar naquele horário, mas sabia que a maioria dos seus vizinhos já não estavam em casa. Pegou Pandora no pedestal, ligou o cabo no speaker e deixou-se levar pela melodia que vinha na cabeça. Notas arrastadas e melancólicas que se transformavam em uma harmonia pesada. Soltou as cordas a tempo de conectar a versão pré gravada da música, parou a frente do microfone soltando a emoção que se moldava no seu peito. 

       — Hey...how you doin' bro...

Seguindo a composição melódica, cheia de metais e batidas estridentes, o rosto retorcido e bravo de Charlotte atravessou a rua, sua sombra deixava um rastro de fumaça, ela parecia ser a única criatura incomodada com aquilo, talvez por ser a única na rua ainda em sua casa. Saíra com tanta pressa, tomada pela raiva que nem mesmo se importou em amarrar os cadarços do all star preto limpinho. Tropeçou na frente da garagem chamando atenção do cantor, que abriu os olhos abruptamente. Mas não parou de cantar, nem mesmo quando viu a boca cheia e desenhada começar a disparar xingamentos em sua direção.

Apesar da boca suja, a sua visão não era das piores. Charlotte sempre foi uma garota bonita, os traços únicos do rosto oval e nariz redondinho, as sobrancelhas grossas, a pele escura sempre parecia hidratada e delicada. Muito diferente do que demonstrava em seus acessos de raiva, que para Hobi, não eram de todo ruim. Vez ou outra ele se perguntava e ela sabia que ficava ainda mais bonita irritada, mas isso era um fato facilmente reconhecido por todos.

      — A princesa desceu da torre para vir até aqui. — cantarolou soltando as cordas da guitarra, um som desafinado arranhou ambos os tímpanos. — A que devo a visita?

O monte formado entre as sobrancelhas unidas brilhava, combinavam com os lábios espremidos em braveza.

      — O barulho, como sempre. — reclamou. — A rua esta quieta, a minha casa esta vazia e eu finalmente posso estudar sem ser interrompida, então você começa a arranhar essa viola barulhenta. 

     — Guitarra, seja mais gentil com a minha Pandora. — ditou alisando o objeto como se não quisesse que tivesse seus sentimentos feridos. 

      — Pandora? — levantou as mangas do moletom verde e cruzou os braços abaixo do busto. — Sabe que dar nome a objetos inanimados é coisa de gente doida né? 

Não pareceu ofendido por sua palavras visto que retirava o objeto do corpo sossegado. Charlotte notou no passar de um segundo para o outro que os olhos delineados como montes largos eram marcados por uma sombra escura e fina, complementando toda a estética dark vibes que o rapaz transparecia. 

      — O que quer afinal? — questionou interrompendo o meio instante de silêncio. — Não deixou sua torre para assistir minha performance de perto.

      — Não mesmo. — desdenhou.

      — Então?

      — Vim pedir pra você parar com o barulho 

      — Okay.

      — Sei que não se importa com nada e eu sempre peço isso e ignora, mas poderia pelo menos dessa vez me dar uma folga?

       — Ta bom. 

Tagarelava enquanto o dono de fios longos largava Pandora a devolvendo para o pedestal e caminhava em direção ao frigobar. 

      — Eu prometo que fico uma semana sem te xingar da janela se... — interrompeu-se a ver a lata de refrigerante de limão ser estendida em sua direção. — Espera, o que você disse?

      — Eu disse que vou parar, nada mais de barulho hoje. — abriu a própria lata e voltou a jogar-se no sofá. A calças largas e volumosas tomavam ainda mais espaço quando esticava as perna em toda sua masculinidade. —Senta ai.

      — Isso é sério? — abriu os lábios desconfiada e ergueu a sobrancelha. — Vai ser fácil assim? — caminhou até o sofá e sentou na outra extremidade como quem acabava de receber uma notícia bombástica.

      — Uhum. — confirmou com a latinha de Sprite na boca. 

      — Qual a pegadinha? — a possibilidade de não ter que brigar com o seu vizinho como se fossem espartanos a pegou desprevenida, meio sem saber o que fazer, seu cérebro ficou em curto circuito. Tentou abrir a lata de refrigerante sem sucesso.

      — Belas garras. — pegou a latinha de suas mãos abrindo o recipiente com mais facilidade que as mãos de unhas enormes e decoradas. — O que esta fazendo em casa? É Halloween, não é tipo o seu feriado favorito?

      — O mesmo vale para você. — rebateu inconsciente bebericando o refrigerante, se esquecendo que não tomava aquilo. — É coisa de criança e eu tenho mais o que fazer. Algumas pessoas preferem estudar a ficar farreando dia e noite. — o olhou de cima abaixo, acusatoriamente. 

      — Algumas pessoas gostam de curtir a vida antes que a vida os engula. — sibilou voltando o olhar para a rua calma e vazia iluminada por alguns postes de meia luz.

      — Sabe, você costumava ser um bom aluno, com notas excelentes e de repente se formou e nunca foi para faculdade. — comentou torcendo o nariz. —Sempre me perguntei como mudou tanto.

      — Você falando sobre mudanças? — riu fraco, quase sem forças e encarou o teto de gesso amarelado. — Senhorita certinha, que anda com os populares e foi oradora da turma. De tudo que eu vi, você andando com as Barbie's universitárias foi o ápice. Como passou de alguém que as desprezava para uma delas?

      — O que eu deveria fazer? Pintar o cabelo de roxo e entrar para sua bandinha com estética de Lemonade Mouth? Vocês até melhoraram, mas naquela época não tinha como. 

Uma onda de nostalgia invadiu o ambiente. Sem notar, os olhares se atraíram, refletindo nas orbes incandescentes as memórias que pareciam ter sido enterradas no passado. Aparentemente não haviam sido completamente descartadas.

      — Acho que nós sobrevivemos do jeito que deu, com muitas mudanças. — afirmou o rapaz amassando a lata de refrigerante vazia, arremessou na lata de lixo próxima a bateria.  — Coisas mudam, pessoas mudam, tudo muda. — declamou a letra da música que lhe veio a cabeça.

      — Não essa garagem. — Charlotte apontou para a estante cheia de caixas de jogos e um pôster enorme de um snoopy emo. — O teto tem a mesma mancha de infiltração do banheiro do seu pais.

      — Eles nunca arrumaram, acredita?

      — Acredito. 

Uma troca de sorrisos sutis e o gorjear ao limpar a garganta os trouxe de voltar a sua realidade.

     — Por que não vai sair? Sempre gostou tanto de Halloween quanto eu. — relembrou.

    — Quem disse que não vou? — soltou o ar entre os lábios voltando a olhar para frente. A visão do perfil simétrico e perfeito do rapaz capturou a atenção de Lottie, não se deu conta de que o encarava absorta. — Um amigo tá dando uma festa na rua debaixo, vou pra lá. Pegar doces pode ser coisa de crianças, mas não é por isso que não vou curtir. — desviou o olhar ao ser pega encarando, Hobi sorriu levemente unindo o lábios e erguendo a maçãs do rosto. — Se quiser pode ir também.

     — Na rua debaixo? Eu passo. — buscou ar ao pulmões encolhendo os ombros e jogou os cachos volumosos para trás, os fios só não caiam em seu rosto pois as mechas frontais estavam presas em coquinhos. — Na verdade já que você vai me dar trégua vou voltar a estudar. — levantou devolvendo a lata de refrigerante, desamassou o short jeans pronta para bater em retirada. — Se divirta Hobi.

Caminhou em direção a casa do outro lado da rua em passos mansos, agradecendo aos deuses por ter o resto da noite de paz para si e seus cadernos de estudos. Parou embaixo do posto ao notar a lâmpada falhando. Um breve anúncio do apagão imediato que tomou conta do quarteirão. 

O grito apavorado escapou do seus lábios e em uma onda de puro temor suas pernas correram de volta ao único lugar aparentemente seguro, e não era a sua casa vazia. Apertou os ombros magricelos ao se jogar eu eu colo. Recebeu o aperto imediato daquele que lhe segurava, a verdade é que ela não era a única com medo do escuro ali. 

      — A luz acabou. — ditou depois de um longo silêncio.

      — Não me diga princesa. — resmungou. — Segura firme. — não pensou duas vezes ao fazer o que lhe foi pedido. 

Agarrou-se ao seu ombros enquanto Hobi pegava o celular no bolso e acendia a lanterna do aparelho. Iluminou o espaço a sua volta como quem checava que tudo estava no lugar e depois os dois. A descoberta da aproximação os assustou tanto quanto o escuro. Hobi largou a menina repentinamente que se afastou como se o outro tivesse algum tipo de doença venérea.

      — Desconfortável. — resmungou por baixo da respiração. 

O dono da garagem se moveu rapidamente vasculhando o sofá surrado atrás das chaves da casa e seguiu em direção a porta da garagem aberta na vertical. Agarrou a ponta do metal fazendo menção de fechar.

     — O que esta fazendo?

     — Indo para a festa. 

     — Tá tudo escuro. — pontuou.

      — A rua debaixo não faz parte desse quarteirão, a rede elétrica é outra. —esticou a cabeça para o lado e apontou com o queixo em direção a luz no final da rua. — Vai ficar ai sozinha no escuro ou vem comigo?

      — Pra rua de baixo? Nem fodendo.





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