Escrito por SteffyVict

Revisado por saytrus , coriurubici e lipscolor

OH SEHUN

***

   Um barulho vindo da porta me fez acordar. Franzi as sobrancelhas e limpei a garganta ainda de olhos fechados, o ruído irritante estava me incomodando e eu tinha a leve impressão de não estar sozinho no meu quarto.
   Abri um dos meus olhos devagar, a luz que vinha da janela me fez fechá-lo rapidamente, mas assim que me acostumei com ela abri-os novamente. Rolei-os para a esquerda e direita, como eu imaginava, meu quarto estava uma bagunça. Assoprei frustrado e senti o cheiro de bebida vindo da minha boca, fiz uma careta e grunhi.

— Hum... Sehun-ah... - uma voz levemente fina e preguiçosa falou meu nome, arregalei meus olhos e continuei na minha posição. Se eu virasse provavelmente daria de cara com alguém que eu nunca vi. Mas, tecnicamente, eu vi apenas uma vez, só não me lembro.

Fingi estar dormindo.

O que eu faria? Eu não quero ter que levar mais um tapa matutino por errar o nome da garota. Preciso chamar meu secretário. Mas como?
   Olhei ao redor, meu celular deve estar dentro das minhas calças, mas a única coisa que vejo são roupas femininas jogadas pelo chão. Aish, eu odeio ficar tão bêbado que não me lembro do que fiz.

— Aii - pronunciei baixinho assim que senti um peso nas minhas costas, eu estava debruçado de barriga para baixo, com os braços para cima e a cabeça sobre o travesseiro. A mulher que eu não conhecia se jogou em cima de mim. - Aaah!

Ouvi um estralo, minhas costas sendo esmagadas pelas pernas da moça que jogou-as em mim. Fechei os olhos com força. Eu preciso escapar urgentemente daqui!!

O barulho vindo da porta voltou e logo ela foi aberta pelo meu secretário, eu não sei exatamente como ele leu meus pensamentos de socorro, mas eu darei um jeito de aumentar seu salário por isso com certeza.

— Bom dia, senhor Oh. - ele disse se curvando. Eu dei duas piscadas fortes e movi meus olhos para que ele entendesse que eu precisava de ajuda com a mulher. - Ah... Senhorita Kim, sim?

— Hum... sou eu. - a voz que eu havia ouvido a poucos minutos ecoou muito mais perto de mim agora, ela estava totalmente embaralhando as palavras e falando-as como se estivesse bêbada ainda. - Meu Deus! Onde estou?

— Sou o secretário do Sr. Oh, a senhorita está na casa dele.

— Mas... quem é o Sr. Oh? - quem eu sou? Ela tá brincando?

— O homem do lado da senhorita. - respondeu-a pacificamente.

Houve um silêncio até eu senti o peso sair de mim e o lado da cama oposto ao meu ser deixado também. Eu finalmente me vi livre e fingi estar acordando agora.

— Aaaahhh! - bocejei - Hum... ah... bom dia Do.

— Sr. Oh. - meu secretário se curvou sem antes piscar e sorrir ladino. Eu sem entender nada, me levantei e dei graças a Deus por estar com uma bermuda, a mulher que estava do meu lado não estava mais no quarto.

— Onde ela foi? - perguntei curioso. Ela não poderia ter sumido em um passe de mágica, se tivesse eu estaria muito mais feliz agora.

— Ela foi ao toalete. - Do respondeu.

— Ah, sim. - limpei a garganta pegando minha camisa do chão a vestindo em seguida. - Do... me conte.. me conte o que aconteceu ontem.

O secretário Do passou as mãos pelos cabelos e veio se aproximando de mim, olhei-o de cima a baixo.

— Sente-se senhor. - ele pediu com respeito.

Foi tão grave assim? Comecei a soar frio.

Com um pouco de receio joguei as cobertas da minha cama para o lado e sentei-me.
Em poucos minutos o meu secretário contou-me o que tinha acontecido na noite anterior, e aos poucos eu fui me lembrando e roendo as unhas de nervosismo. Dessa vez eu fui longe demais, admito.

Nunca pensei que em uma noite eu faria tanta burrada, para um cara importante como eu isso custaria tanto suborno para que a mídia não acabasse comigo em um instante.... Se é que isso já não está acontecendo.

— Não se preocupe senhor, nós sempre damos um jeito.

— Acho que o jeito vai ser fazer um testamento pros meus funcionários agradecendo pelo serviço e pular da ponte Jamsu. - respondi-o me jogando para trás e colocando as duas mãos no rosto.

   Ouvi um barulho vindo da porta do banheiro, eu estava tão decepcionado comigo mesmo que não me importaria de levar um tapa agora mesmo. Me levantei e encarei a mulher com que dormi na noite passada, ela tinha o cabelo curto dourado, era muito bonita e tinha uma expressão inocente. Por que ela teve que ficar com um cara como eu?

— Senhor Oh, me desculpe pelo incômodo. - ela falou com um tom nevoso e envergonhado. Me de um soco agora, por favor.

— Eu que peço desculpas... - tossi nervoso e olhei para Do. - Meu secretário a levará em casa em segurança. - fiquei de pé na sua frente e me curvei - Desculpe mais uma vez.

   Olhei em seu rosto e vi que só era uma menina inocente, onde foi que eu estava com a cabeça?
  Ela assentiu e seguiu Do para fora do meu quarto.

  Me deitei novamente na minha cama e fiquei encarando um retrato que tinha em cima do criado-mudo. Nele, minha mãe sorria me abraçando, então me lembrei que tinha algo importante para fazer: não decepciona-lá a todo o custo.

***

— ... tudo bem, mas eu disse que queria algo diferente... - girei a cadeira em que estava sentado enquanto ouvia as explicações do meu consultor pelo outro lado da linha. - Então se você puder, revire Seoul inteira a procura de algo que me agrade e volte ainda hoje com algo. Tchau.

Parei de frente para minha mesa e arrumei a gravata que estava me incomodando desde cedo. Felizmente, eu consegui fazer com que apagassem todo e qualquer vestígio das coisas que eu fizera na noite anterior. Não que eu esteja orgulhoso, mas eu realmente preciso parar de me comportar como um CEO irresponsável e começar a cuidar melhor das pessoas a minha volta e da minha empresa.

Semana que vem terei que entregar algo muito importante para uma empresa de embalagens de Seoul, algo único.

Escutei batidas na porta, eu estava me concentrando no meu trabalho quando isso aconteceu. Bufei e olhei para a mesma, ouve mais uma batida e então eu proclamei que poderiam entrar.

— Olá. - juntei minhas sobrancelhas e assim que vi quem era sorri e levantei indo ao meu melhor amigo.

— Hyung! - abracei-o dando duas palmadas em suas costas.

— Soube o que você fez na noite passada, eu acho que terei que pegar meu cinto da conversão e bater em você com ele, seu deflorador!

— Yaaa - coloquei a mão na minha nuca assim que Suho hyung beliscou-me. - Apayo!

- Sabe o que está doendo? O meu coração. - ele sentou-se no sofá que tinha na minha sala e cruzou as pernas em uma postura ereta. - Temos que ter aquela conversa de novo, Sehun-ah?

  Baixei minha cabeça envergonhado e fui até ele abaixando-me para ficar de joelhos na sua frente.

— Não, hyung. - respondi-o.

— Que bom. - ele limpou a garganta e levantou-se indo até minha mesa e sentando-se em minha cadeira.

  Conheci Suho hyung em um dos eventos de caridade feitos por muitas empresas, incluindo a minha. Nós trabalhamos com arte - de um certo modo, é - , a minha empresa com design gráfico. Suho era o CEO de uma empresa de design de interiores, no começo éramos rivais, mas com o tempo deixamos de lado as diferenças e a rivalidade e começamos a trabalhar juntos.

— Estou com problemas. - confessei respirando profundamente. Eu estava a semanas tentando buscar alguma inspiração ou ideia para a embalagem que iria apresentar a empresa semana que vem. Eu estaria ferrado se não conseguisse logo.

— Qual é dessa vez? - Suho hyung perguntou bocejando.

— Terei que fazer uma embalagem para um novo biscoito canino para a YUDO, e não faço a mínima ideia do que fazer.

— Por que não me falou antes? Eu conheço uma garota que manda muito bem em desenho e caricatura.

   Um fio de esperança se encheu em mim e por um segundo eu pensei que de eu me encontrasse com essa garota, eu poderia ver seus desenhos e de lá tirar a inspiração que eu precisava.

— Jinjja?? - sorri animado.

— Uhum.

— Onde posso me encontrar com ela?

***

  Assim que cheguei em HongDae fui direto para o endereço que Suho hyung me deu. Esse bairro era um lugar agitado, parecia ser seguro e as pessoas também eram simpáticas. Não sei se elas me conheciam ou não, mas prestei atenção em algumas lojas que tinham produtos no qual eu tinha trabalhado.
Eu só espero que essa nova descoberta possa me ajudar, precisava de toda ajuda possível para produzir uma boa embalagem, boa o suficiente que possa ser aprovada pela YUDO para ser mandado finalmente a empresa canina para a produção começar.

Quando cheguei em frente ao estabelecimento pude ver objetos de desenho de todos os tipos: tinta, pincéis, lápis, borracha e muitos outros. Cheguei mais parte e vi telas espalhadas, um banquinho e um cappuccino em cima do mesmo. O local tinha um cheiro forte, misturado com um perfume amadeirado. Olhei para a esquerda quando percebi que um cão estava me cheirando.

— Dragão? - ouvi uma voz forte vindo em minha direção, olhei para o mesmo lado em que o cachorro veio e de lá saía uma mulher... linda.

Ela não era igual às outras coreanas, tinha o cabelo rosado preso em um rabo de cavalo, usava uma blusa regata branca suja de todo o tipo de coisa - principalmente tinta -, no seu braço havia uma tatuagem de um lobo, e ela possuía um piercing na orelha. Fiquei com medo que ela me expulsasse de lá por eu a estar encarando-a demais, mas eu acho que ela já estava acostumada com olhares desse tipo, ela deve saber que é única.

— Annyeonghaseyo! - ela se curvou para mim cumprimentando-me, eu demorei um pouco para fazer o mesmo com um sorriso tímido no rosto. Espera... tímido?

— Hum... adorei suas caricaturas. - falei com sinceridade, eu realmente gostei de suas obras.

— Obrigada. - ela falou simpática. - Você é o amigo do Suho, Oh Sehun?

Desviei meus olhos de uma pintura onde havia pássaros e voltei-me a prestar atenção nela.

— Sim, sou eu. - limpei a garganta. Não sabia que o hyung avisou que eu viria. - Park Korinne?

— Em carne e osso. - ela riu e colocou uma mexa de seu cabelo que tinha se desprendido do penteado atrás da orelha. - Seu hyung me contou que você precisava de ajuda.

— Sim, preciso. - me aproximei dela.

— Certo, estou com um tempo livre agora. Por que não me conta no que está pensando e eu tento te ajudar desenhando?

Daquele momento em diante, eu sabia que os momentos que passaria com Park Korinne seriam inesquecíveis.

A segui.

***

  Três dias se passaram e toda vez que eu via Korinne sentia como se a tivesse conhecido a anos. Ela era engraçada, e falávamos de todos os assuntos possíveis. Perto dela eu não me sentia Oh Sehun, CEO da Oh Prime Design. Não. Perto dela eu era só Sehun, um amigo que acabou de chegar, mas que sentia uma grande necessidade de ficar perto dela a todo o instante.

— Acho que acabamos Sehun. - ela disse assim que acabou de rir de uma piada horrível que eu fizera. Suho hyung disse que ela adorava esse tipo de piada, e ele tinha contado-me algumas ontem de noite. Eu não sei porque, mas adorava ouvir sua risada, e adorava vê-la feliz.

  Me aproximei dela e encarei o desenho que ela acabara de terminar. Aquilo era a coisa mais caprichosa e única que eu tinha visto, com certeza a YUDO vai aceitar isso e se não aceitar com certeza não tem um bom gosto como eu e como todos os outros que procuram Korinne.

— Uau... - pronunciei ainda encarando a caricatura bem ilustrada de Dragão, o cachorrinho que serviu de modelo para o produto e animal de estimação de Korinne. - Ficou perfeito. Obrigado Korinne!

A abracei fortemente sem pensar direito. Ela demorou para retribuir e assim que fez ficou dando palmadinhas carinhosas nas minhas costas. Nos separamos e percebi que ela estava vermelha.

— Bom, boa sorte para você. - ela disse arrumando os cabelos soltos.

— É... - ri meio sem graça.

Comentei com hyung à noite passada que queria convidar Korinne para sair. Ele me disse que se eu fosse larga-la na manhã seguinte como eu fazia com todas as outras era melhor não fazer, mas eu sentia uma enorme necessidade de tentar pela primeira vez ter um encontro de verdade. Korinne era a primeira garota que eu conversava que não me tratava de modo especial só por eu ser quem eu sou. Ela agia normalmente e me tratava como uma pessoa normal, como se eu não fosse o Oh Sehun que todos conheciam.
Era por motivos como este, que eu a via com outros olhos. Não era só desejo.

— Korinne... - engoli em seco. - Você tem algo para fazer hoje à noite?

— Não, por que?

— Você... gostaria de sair comigo?

A garota de olhar doce e profundo me olhou como se perguntasse que droga eu estava fazendo. Eu tinha tomado coragem, só precisava que ela respondesse que sim para me fazer feliz.

— Como amigos? - ela sorriu docemente e meu peito doeu no mesmo instante.

Meu celular vibrou no meu bolso e eu pedi um minuto para atender.

— Alô?

— Sr. Oh.

— Fale Do. - respirei fundo e segui meu olhar até Korinne, ela estava brincando com Dragão.

— Sua reunião para apresentar a nova embalagem foi adiada para hoje.

— O que?!

— Estão lhe esperando até às 15:00.

  Conferi as horas no meu relógio. 14:30.

— Já estou indo.

Encerrei a ligação e fui até Korinne.

— Tenho que ir. - falei firme.

— Mas, ainda está cedo.

— A reunião para apresentar a embalagem foi adiada para hoje. Daqui meia hora.

— Nossa. - ela falou arregalando os olhos. - Está bem, bom aqui está. Fighting!

Peguei a tela de sua mão e forcei um sorriso.

— Obrigado novamente.

— Sobre aquele assunto sobre sair...

Não sei o que me deu raiva naquele instante, eu só a olhei triste pela última vez naquele dia e sai de lá o mais rápido possível. Meu antigo eu me dizia para voltar a fazer coisas erradas, as que eu fazia antigamente, mas sempre que eu estava com ela meu pensando era só em construir uma família. Eu estava me iludindo? Afinal, só a conheço a quatro dias.

Cheguei na YUDO confiante, sempre que eu olhava para aquele desenho eu lembrava dos momentos que passei com Korinne, foram tão bons para mim, e eu queria muito saber se foi para ela também.
A apresentação da embalagem foi um sucesso, eu consegui ser profissional, mas como eu imaginei Suho percebeu que eu estava abatido e sempre fazia gestos que demonstravam força para mim. YUDO escolheu a minha empresa para representar o produto, ficarei mais rico do que já sou, mas o que eu queria de verdade nunca vinha.

Algumas horas mais tarde o hyung e eu saímos para comemorar, no lugar menos movimentado da cidade.

— O que aconteceu? - ele perguntou enquanto eu encarava o nada bebendo um copo de soju.

"Como amigos?"

Ela realmente não percebeu meus olhares diferentes desferidos em sua direção por todo esse tempo? Qualquer mulher perceberia, eu não entendo!

— Convidei Korinne para sair. - confessei com um pesar no peito.

— E ela te deu um pé na bunda. - ele completou erguendo as sobrancelhas.

— Pois é.

— Sabe Sehun, nem todas as mulheres são apaixonadas por você. - como se eu já não soubesse. - Mas pelo visto, essa foi a primeira que deixou você abalado.

— Não adiantará nada se eu me confessar agora. - abaixei a cabeça e quis chorar como um adolescente por seu primeiro amor.

— Mas também não custa nada tentar.

***

— Sehun?

— Oi... - sorri torto. - Segui o conselho de um hyung e vim te falar uma coisa.

Park Korinne tinha acabado de fechar seu pequeno estabelecimento de trabalho. Como sempre, estava suja, mas não deixava de ser a mulher mais linda do mundo pra mim. A fiquei encarando, admirando, enquanto ela devia estar se perguntando como um idiota como eu estava fazendo ali em pé com um buquê em mãos.

— No dia em que te conheci fiquei surpreso por você ser assim, tão linda, e tão diferente. Acho que foi amor à primeira vista. - ri e abaixei a cabeça envergonhado. - Você foi a primeira mulher que me tratou igual a todo mundo, como Sehun, e não como o CEO que eu sou. E queria agradecer por isso. Korinne... - cheguei mais perto, ela não piscava e nem se mexeu quando me aproximei - Você quer...

— Sehun... - ela proferiu se afastando. - Acho que você entendeu errado. Me desculpe se eu dei a entender que... bom, que eu gostava de você como você gosta de mim. Eu sinto muito por isso. Mas eu não posso...

Houve silêncio. Não sei se passaram-se minutos ou horas, mas quando eu deixei o buquê cair no chão, os dois acordaram para a realidade e a única coisa que eu pude fazer foi sorrir de um modo triste, apanhar as flores do chão a entregar, agradecer e ir embora.

Como se Park Korinne nunca tivesse existido, eu saí dali e voltei para a realidade onde Oh Sehun é um CEO poderoso e que nunca vai se apaixonar novamente por ninguém.

***

Oi pessoal! Como vão?
Espero que tenham gostado do penúltimo capítulo desse primeiro projeto maravilhoso que eu tive o prazer de participar! Obrigada por cada voto, comentário e apoio, nós quatro estamos muito felizes por termos finalmente realizado isso!

Espero que vocês possam nos acompanhar em outros projetos futuros, obrigada outra vez!