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Capítulo 27. Cerejeiras

   Pela terceira vez, estava retornando ao meu lar depois de um tempo. Não conseguia tirar os olhos da minha filha recém-nascida, ela realmente me lembrava Satoru, e dormia feito um anjo.

— Cacete. — Mai disse, parecia impressionada com algo que viu pela janela.

Acariciei a barriga aquecida da bebê e então olhei pela janela, vi um buraco repleto de destruição em volta de Shibuya.

— O que...

— Sukuna usou sua expansão de domínio para acabar com o Mahoraga. — Mei Mei disse, virei-me para ela que notou meu semblante mudar.

— Mahoraga? Q-quem o...

— Fushiguro foi o responsável por invocar a maldição. — Ela explicou, me inclinei para frente.

— Megumi? Ele está bem?

— Ele conseguiu sobreviver, e está bem agora. — Me respondeu, encostei no lugar aliviada.

— Vamos voltar à escola? — Mai perguntou, olhei para a minha filha novamente, acariciei sua barriga outra vez.

— Quem estava no telefone? — Perguntei, Mai virou-se para mim. — Com quem estava falando?

— Ninguém em especial. — Ela disse, a encarei.

— Esse "ninguém em especial" nos ofereceu um avião privado. — Mostrei em volta, ela esticou os lábios gentilmente e virou-se para a janela.

— Vamos encontrá-los em breve.

— Encontrá-los? Quem? — Mai perguntou, o avião começou a ter algumas turbulências antes de pousar, nos interrompendo.

Comecei a pensar comigo mesma enquanto o avião pousava, Mei Mei não disse uma palavra sequer. Assim que aterrissamos, peguei minha filha e saí do avião. O céu estava acinzentado igual a quando deixei Shibuya. Estava com um pressentimento ruim sobre isso.

Quando saímos do avião, havia uma limousine preta nos esperando com um motorista bem vestido que nos cumprimentou com a cabeça.

— Esse ninguém está começando a parecer importante demais. — Resmunguei para ela indo até o carro, Mei abriu a porta para mim sem dizer uma palavra.

Minha filha acordou, abriu seus olhos e os passou pelo ambiente. Seus olhos, assim como os de Gojo, eram tão azuis quanto o mar em um dia ensolarado. Me lembravam o oceano, com a água quase cristalina.

— É tudo muito novo para você... não é? — A segurei em meus braços, percebi que seus cílios eram platinados e que não havia notado durante seu nascimento. — Você é tão linda.

— Droga. Esse lugar ficou ainda pior. — Mai disse, olhei pela janela e notei que as ruas estavam esburacadas, cheias de destroços, fumaça e cinzas.

— Sukuna é um monstro isso é um fato, mas Itadori... é só um adolescente. Ele não deixaria isso acontecer.

— Ele não teve escolha, é refém do Sukuna. Sabíamos que isso aconteceria um dia, é perigoso ficar próxima dele agora. — Mei Mei explicou com atenção e seriedade.

— É por isso que colocaram todos atrás dele? Itadori deve estar assustado... — Sussurrei, olhei para minha filha e a balancei em meus braços.

O motorista parou em frente a escola, que felizmente continuava intacta. Saímos do carro, Mei Mei abriu a porta e me esperou passar. Quando passei pelos portões da escola, consegui perceber a barreira de energia da barreira reforçada em torno da escola. Passei pelos corredores notando o silêncio mortal, e o vazio ainda maior. Não havia sobrado muitos de nós em Shibuya...

— Você sobreviveu afinal. — Shoko surgiu no corredor, a abracei, ela baixou a cabeça e notou o bebê em um dos braços.

— É um belo bebê.

— Ela. — Corrigi, Shoko esticou os lábios gentilmente e tocou a cabeça da criança. — Sim. Ela é linda.

— Tem a cada do... bom, você já deve ter ouvido muito isso. — Me disse e deu espaço para passar.

— Quem sobreviveu?

— A pergunta que você quer fazer é "quem retornou?" Já que a maioria foi acusada de crime contra a escola e a sede.

— Tem razão. — Suspirei, paramos em frente à uma das salas. Avistei Nobara em uma maca, Megumi estava sentado em um canto.

— Graças a Deus. — Entrei no cômodo, ele se levantou. — Megumi.

— Zenin. Onde você foi? Onde estava? — Ele me confrontou, mas parou assim que viu meu bebê. — É sua?

— Minha e de Satoru. E-eu não podia ficar... é complicado.

— Não precisa explicar. Ele gostaria que não estivesse lá. — Corrigiu e se afastou, afirmei entristecida.

— Você estava? Viu Satoru ser aprisionado? — Fui direta, ele negou e olhou para Nobara com metade do rosto enfaixado.

— Ele estava em um nível mais profundo da barreira, Itadori estava lá. Mas agora ele... ele é um criminoso.

— Assim que descobrir o que está acontecendo, vou ajudá-los. — Olhei para Nobara, ele fez o mesmo e engoliu em seco.

— Ela está em um estado incapaz de determinar se acordará um dia... ou não. Uma maldição a deixou assim. Um dos aliados de Kenjaku. — Megumi disse e fechou o punho com força. — Ele escapou. Ele é o verdadeiro problema, não sei porque estamos indo atrás de Itadori.

— Itadori matou muitos inocentes, e perdeu o controle de Sukuna. — Yuta entrou pela porta, dei espaço para ele passar e ficar na minha frente. — Zenin. Sinto muito pela Maki.

— Que merda. — Mai disse, se manifestando pela primeira vez. — Não estávamos lá para ajudar.

— Não ajudariamos muito mais que eles. — Expliquei, ela deu as costas e saiu com raiva. — Seríamos apenas mais vítimas do que aconteceu.

— Então você entende não é? Itadori precisa morrer.

— Precisam encontrar Gojo e libertá-lo. Se não o fizerem, eu mesma farei. — Alertei, ele não respondeu, Mei Mei entrou no cômodo.

— Você tem uma filha para cuidar, e Satoru não está morto. Ele é um pouco difícil de matar.

— É por isso que precisamos dele. — Avisei Yuta, ele não respondeu.

— Eu sinto muito, minha missão agora é lidar com Itadori. — Yuta disse, torci os lábios. Megumi sentou-se novamente.

Deixei a sala, Mei Mei me seguiu, avistei Mai falando com Panda e Inumaki no fim do corredor.

— Itadori tem um belo grupo de aliados. Não se preocupe. — Mei Mei disse, olhei para ela esperando uma explicação. — Nem todo mundo voltou do evento em Shibuya isso é um fato, alguns porque morreram, outros... não foram encontrados. A sede está desconfiando, mas não tem muito o que fazer sem provas.

— Entendi.

Entrei na sala do diretor, ele estava sentado e bem na sua frente havia um velho com rosto enrugado e cabelos platinados. Era difícil dizer se era a idade ou aspectos da sua genética.

— Zenin, é bom ver que está bem.

— Diretor. — O cumprimentei com a cabeça, ele levantou de seu lugar e me cumprimentou de volta.

— Eu vou deixá-los conversar, acredito que tenham assuntos pessoais para resolver. — Ele disse, e deixou a sala.

— Já pode ir. Cumpriu com seu propósito. — O velho apontou para Mei Mei, olhei para trás, ela o cumprimentou.

— Propósito?

— O senhor Gojo me contratou para ficar de olho em você.

— Gojo? — Virei-me para ele que se levantou e ajeitou a postura meio corcunda. — Contou à eles sobre a minha filha?!

— Você sabe mais do que ninguém que era o melhor a se fazer. — Apontou com o queixo, hesitei. Ela tirou o celular do bolso. — Preciso fazer uma ligação.

— Este anel não é qualquer joia. É um objeto amaldiçoado. — Gojo apontou voltando minha atenção para ele, analisei o anel em meu dedo. — A mantém protegida do verme dentro de você, caso contrário estaria em estado vegetativo agora.

— C-como... — Hesitei, surpresa em como ele tinha tantas informações sobre o monstro dentro de mim.

— Eu sinto a energia amaldiçoada dentro de você, a energia do verme que Kenjaku colocou. — Ele apontou. — Este verme têm a capacidade de localizar, por isso foi encontrada. É fácil sentir esse tipo de energia. Posso ajudá-la com isso.

— Vão retirar o verme de mim?

— Retirar de uma forma forçada poderia colocá-la em risco, eu quero garantir a sua segurança e a da minha neta. — Apontou, segurei minha filha com firmeza.

— Sou uma Zenin, nossas famílias são inimigas mortais. — Ele parou e analisou minha postura, esticou os lábios tentando passar-me reconforto.

— Eu posso vê-la? — Apontou, olhei para a minha filha, afirmei. Ele se aproximou e analisou seu rostinho, notando cada aspecto que a tornava uma Gojo. Ela não tinha muito de mim fisicamente, penso que talvez, sua personalidade fosse mais parecida. — Qual nome escolheu?

— Hanami.

— É um belo nome, lembra o festival. Algum motivo específico?

— Quando olho para ela... me faz lembrar das cerejeiras. Me faz lembrar do único festival que visitei quando era criança.

— Muito bonito.

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