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Capítulo 2. Missão

   Convencer Gojo de se arrastar comigo para um plano que poderia colocar nossas famílias em risco não seria fácil, eu estava fazendo aquilo por mim, e Satoru não pensava em nada além de seus prazeres. Portanto, eu teria que ganhá-lo pelos sentimentos.

— Aí você viu aquela cesta? Eu nem me mexi. — Ele dizia se alongando ao lado de Geto, peguei seu óculos no banco e levei junto de duas garrafas com água.

— Não foi nada demais, acerto aquela de olhos fechados. — Geto dizia, os dois se viraram e notaram minha presença. Arremessei uma garrafa para Geto e entreguei a outra ao Gojo.

— Que bicho te mordeu? — Gojo perguntou, coloquei seus óculos e ajeitei seu cabelo.

— Se hidratem. — Afirmei, os dois abriram as garrafas e viraram com tudo. Sorri sem mostrar os dentes e virei as costas.

— Espera, Kaori. — Gojo correu na minha direção, "essa foi fácil" pensei. Ele arremessou a garrafa vazia em mim, Geto fez o mesmo. — Joga fora pra mim lindinha.

Amassei a garrafa em minhas mãos e arremessei na sua direção, Gojo arregalou os olhos.

— Tenho cara de lixo pra você?! — Gritei, eles recuaram assustados. Saí batendo os pés, ia ser mais difícil do que imaginava. Parei antes de me afastar e pensei novamente, pensei que teria que ser um mal necessário, uma exceção para conseguir o que eu queria. — Quer saber, me devolve isso, já vou sair mesmo.

— Você está bem? O negócio de bater a cabeça era brincadeira. — Ele disse, os dois riram, afirmei com meus olhos fechados tentando controlar minha raiva.

Shoko me encontrou perto da saída do ginásio, ela riu e me seguiu com seu pirulito em uma das mãos.

— Vai com calma, o Gojo pode ser meio difícil.

— E pensar que fomos melhores amigos antes dele conhecer outro garoto da sua idade. — Afirmei, ela riu e deu de ombros.

— É mais ou menos o que aconteceu quando nos conhecemos.

— É diferente. Mulheres desenvolvem maturidade mais rápido. — Continuei enquanto caminhávamos, Shoko riu.

— Porque você é um poço de maturidade... — Brincou, a fuzilei com os olhos, ela riu. — Vocês dois formariam um belo casal, eu acho que devia investir.

— Que nojo.

— Você tem que admitir que tem curiosidade. — Shoko disse sugestivamente, parei e me virei para ela.

— Sobre o que?

— O que tem por baixo daquelas roupas. — Ela completou, senti meu rosto corar feito um tomate.

— E-eu nunca pensei nisso. — Me virei e continuei andando, Shoko gargalhou.

— Vai Kaori, tem que aproveitar um pouco desse plano. — Ela disse, nos sentamos em um lugar pouco movimentado, me deitei no banco e apoiei a cabeça em seu colo.

— Não há nada pra aproveitar. Não por enquanto. — Afirmei, ela deu de ombros.

— Você complica as coisas mais do que deveria.

— Eu sei.

— Vocês estão aí, temos uma missão. — O professor disse e parou bem na nossa frente. Me levantei. — É em uma escola, vão as duas.

— As duas? Geto e Gojo não tem nada pra fazer. — Shoko protestou entediada, ele respondeu de imediato.

— Ambos foram direcionados para missões individuais.

— Ah... ser uma feiticeira de nível baixo é tão humilhante. — Shoko levantou e saiu sentindo-se envergonhada, a segui logo atrás. — Vamos para essa escola então.

— Não devíamos usar uniforme ou algo assim?

— Pra quê?

— S-Se camuflar ou algo do tipo. — Sugeri, Shoko sorriu e então concordou. Ela sabia que na verdade, eu tinha um grande interesse pelo ensino normal.

Nós fomos até uma loja de roupas e compramos uniformes, era a única parte boa de ser de uma família rica. Mas logo meus pais entrariam em contato para saber porque gastei tanto dinheiro em uma loja de roupas.

— Você está pronta? Pelo tempo que ficamos aqui, metade da escola deve ter sido devorada... — Ela dizia sentada em um sofá, saí pela porta e dei um giro. — Olha, parece que combinou com você.

Na maior parte da minha infância estudei em casa, não cheguei a sentir como era usar uniforme de colegial e ir as aulas com outras crianças. Naquele momento senti que estava no caminho certo, que era algo que eu realmente queria fazer.

— Aqui, me deixa fazer uma coroa com essas mechas, deixa você mais jovem. — Shoko se aproximou e puxou duas mechas em torno da minha cabeça, fazendo um penteado casual. — Pronto.

Saímos da loja de roupas, avistamos Gojo e Geto caminhando normalmente pela cidade. Me encolhi no lugar, os dois pararam assim que nos viram frente a frente.

— Onde vão vestidas assim? — Gojo perguntou e me analisou da cabeça aos pés.

— Pra escola. — Shoko respondeu como se fosse óbvio. — É a nossa missão.

— Aquela maldição na escola de que o professor estava falando. — Geto explicou. Não havia mistério entre eles e o professor, e eu detestava aquela hierarquia de poder. — Querem que eu vá com vocês? Posso absorver a maldição.

— Não.

— Claro.

Olhei para Shoko, ela concordou sem hesitar, estava entediada em ter que sair para caçar mais uma maldição.

— Suguru, vai mesmo me deixar de fora da diversão? — Gojo disse, Geto passou por ele apenas o ignorando.

— Vão os dois então. — Saí batendo os pés, Shoko continuou andando. Gojo correu e passou o braço por cima do meu ombro.

— Qual é. Não seja chata.

— Chata? — Me virei, Gojo sorriu e mostrou a língua fazendo uma careta. O acertei no peito, ele reclamou e então saiu correndo na frente. — Eu vou te matar Gojo!

— Ih, surtou! — Ele gargalhou e desviou dos meus socos. Gojo tinha o dobro da minha altura, era difícil acertá-lo, e ele mal precisava se mover para desviar. — Relaxa aí esquentadinha.

— Quer saber, nem sei porque estou gastando meu tempo aqui. Têm estudantes em perigo. — Passei por ele batendo os pés, Geto se juntou à ele e ambos nos seguiram. — Você é insuportável Gojo.

— Você me ama. — Ele brincou, lembrei-me do meu plano inicial. Gojo me irritava tanto, que sua presença me era evasiva.

— Como poderia amar alguém que não leva as coisas a sério?! — Cerrei os punhos, ele parou.

— Aí idiotas, vamos nos dividir em duplas pra ficar mais fácil de encontrar a maldição. Não arranjem problema. — Geto disse ao lado de Shoko, me virei para Gojo e então virei de volta para eles.

— O que? Não! Espera! Não me deixem aqui com esse idiota! — Gritei na direção de Shoko e Geto se afastando aos poucos, cobri os olhos com uma das mãos.

— Agora somos só você e eu lindinha. — Ele disse, o puxei pela orelha. — Ai ai ai, calma aí.

— Anda logo.

Seguimos pelos corredores vazios, os estudantes estavam em aula e mal havia movimentação. Minha curiosidade era maior do que a vontade de me livrar da maldição, o que me fez parar em frente a uma das salas. Naquele momento me esqueci da existência de Gojo ou da minha missão, me inclinei para ver um pouco da aula. Meus olhos brilharam ao ver o giz arrastando no quadro, os desenhos surgindo enquanto o professor falava sobre uma matéria na qual eu havia estudado em casa com tutores.

— Que tédio. — Gojo disse ao meu lado, me lembrei da sua existência e senti um embrulho no estômago. Saí pisoteando o chão.

— Você ao menos podia sair de casa.

— Eu não vejo vantagem. — Gojo apoiou as mãos atrás da cabeça enquanto me seguia.

— Não vê vantagem em livre arbítrio? — Me virei para ele, ficamos parados frente a frente. Gojo se aproximou e então sorriu e me puxou pelo braço rapidamente. Corremos por alguns corredores até entrar em uma pequena área de serviço. — O que está fazendo?! Temos que encontrar a maldição! Satoru! Satoru não temos tempo pra isso!

Gojo trancou a porta e avançou na minha direção, sua mão fria como gelo, cobriu minha boca. Arregalei os olhos, minha respiração ficou completamente desregulada.

— Cala a boquinha.

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