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Capítulo 14. Reencontro

   Saí do carro e parei na frente de Satoru, ele olhava para frente com seus olhos escondidos pela faixa. Levei minhas mãos até o tecido escuro e o removi, dando-me a vista dos olhos azuis de Satoru Gojo. Ele engoliu em seco.

— Não tenho medo dos seus olhos. — Expliquei, ele riu.

— Você nunca teve. — Me disse, coloquei sua faixa no meu pulso, trocamos olhares.

— Hoje foi divertido. — Cruzei os braços e me encostei no carro, ele riu.

— Vai me convidar pra subir agora? — Ele me perguntou, dei dois tapinhas na sua bochecha.

— Boa noite Satoru. — Disse e abri a porta de seu carro atrás de mim. Satoru entrou no carro e suspirou, acenei para ele, dei as costas e saí.

Voltei ao hotel, tirei meu casaco e o pendurei gentilmente na cadeira perto da bancada enquanto pensava na noite agradável que tive com Satoru.

— Não vejo esse rostinho há anos. — Uma voz veio da escuridão no cômodo, me virei sentindo um arrepio na espinha.

— S-Suguru?

Ele surgiu da escuridão com um sorriso no rosto e uma cicatriz marcando sua cabeça, recuei até me encostar completamente na bancada.

— Como ele está?

— Bem. — Fui direta, notei que Suguru estava com uma energia diferente. Não parecia o mesmo, era fácil notar. — O que você quer?

— Vai descobrir... muito em breve. — Ele disse e se aproximou, recuei sentindo meu corpo tenso.

— Você não é ele. — Fui direta, Suguru sorriu e segurou meu rosto, desviei o olhar.

— Eu disse que você estava morta, disse a ele que você não sobreviveu em uma missão.

— Pode até ser verdade, mas você não é o Suguru. Pode ter roubado suas memórias. — Expliquei, ele sorriu e puxou-me pelo queixo.

— Todos os sentimentos, todas as memórias. Ele era ambicioso, seus planos eram parecidos com os meus. — Sua mão desceu até o meu pescoço, ele me segurou com força, quase me erguendo do chão. Tentei lutar, mas sua força era o dobro da minha. — Ele também tinha um desejo peculiar... envolvendo a namorada do seu melhor amigo.

É mentira. — Respondi com dificuldade, ele continuou apertando sem hesitar. Senti meu pescoço formigar, comecei a perder as forças. — I-Inversão... amaldiçoada.

Suguru perdeu as forças em suas mãos e começou a se afogar com o próprio ar. Um hematoma surgiu em seu pescoço, ele sentiu toda a força deferida sobre mim agora sobre ele mesmo.

— M-mas o que... — Ele disse com dificuldade, o fuzilei com os olhos sentindo-me vitoriosa. Ele tentou usar sua mão para ferir meu estômago, o segurei.

— Você pode até ser mais forte. — Usei minha habilidade de multiplicar. — Mas eu sou mais inteligente que uma maldição, seu filho da puta.

Meu clone pulou em suas costas e o puxou para trás, peguei uma faca da bancada e acertei em seu peito, o sangue espirrou em meu rosto.

— Acha que passei todos esses anos longe atoa?! Eu não sou mais aquela garotinha. — Gritei entredentes, Suguru gargalhou alto, parecia adorar a situação toda. Ele colocou a palma da mão na minha testa, apaguei no mesmo instante.

— Você ainda é uma garotinha burra. — Ele disse com meu corpo em seus braços. Com sua mão, afastou meus cabelos da testa para ter a visão perfeita do meu rosto.

*

Quando acordei, estava deitada na cama, a sensação era de ter um pesadelo vivido. Levantei num salto sentindo meu corpo totalmente trêmulo, notei os hematomas como uma certeza de que o que aconteceu foi real. Juntei todas as minhas coisas em uma mala e pedi um táxi rapidamente, no caminho liguei para o diretor alertando sobre o que havia acontecido comigo.

Ao chegar na academia, Shoko exigiu me ver na enfermaria. Me sentei na maca enquanto ela utilizava algodão e óleos para cuidar dos meus hematomas. Satoru entrou na sala quase derrubando a porta, Shoko continuou o tratamento sem quaisquer distrações.

— Você está bem? Quem fez isso?!

— Satoru.

— Ele entrou no seu quarto? Como ele era?!

— Satoru! — Chamei sua atenção, ele se calou. — Quando eu entrei ele já estava lá.

Decidi não contar de Suguru, seria ainda pior para Satoru ao descobrir. Ele continuou calado, Shoko aproveitou o momento e guardou suas pinças e remédios.

— Tente não gritar muito e beba água, vai se recuperar logo. — Ela disse e passou por Satoru, o cumprimentou e saiu.

— Vai ficar na minha casa. — Ele disse e deu as costas.

— Satoru, eu não vou. 

— Relaxa. Eu tenho um loft no centro, ninguém vai invadir. — Ele explicou, cruzei os braços. — Se for o caso. Eu acabo com quem tentar.

— Vou pra lá depois, preciso falar com o diretor. — Afirmei, ele arremessou a chave na minha direção, a peguei no ar.

Fui até a sala do diretor, Nanami já estava lá, fechei a porta e os cumprimentei.

— Que bom que está bem. — Nanami disse formalmente, concordei com a cabeça. — Quer me contar nos contar o que aconteceu?

— Suguru Geto. — Fui a frente, eles trocaram olhares. — A maldição estava usando seu corpo. Eu não sei quanto às habilidades, mas ele lembra de tudo que... Suguru costumava lembrar.

— Ele quer afetar o Satoru. — Nanami disse ao diretor, afirmei.

— Não podemos deixar que Satoru se envolva nisso, seja lá qual o plano daquele monstro. Temos que manter Gojo seguro.

— Satoru Gojo é mais poderoso que todos nós. — O diretor disse, indo contra o meu pedido. — E quanto a localização?

— Nada ainda senhor, estou tentando achar uma ligação, mas ele sabe se esconder. — Suspirei, ele cruzou as mãos em cima da mesa. — Mas agora que senti sua energia, não deve ser tão difícil de encontrar.

— Junte alguns alunos, procure você mesma. Mas faça alguma coisa. Não te convocamos pra ficar atrás de uma mesa. — Ele foi severo, baixei a cabeça e concordei.

—  Sim senhor. — Afirmei, Nanami notou a decepção em minha voz. Virei as costas e saí cerrando os punhos, afinal ele estava certo, passei todo esse tempo parada. Era hora de agir.

Peguei meu celular e marquei no mapa alguns pontos de referência, saí em busca por Shibuya. Fazia muito tempo que não visitava a cidade, tudo parecia muito diferente mas ainda me lembrava de casa. Parei em a frente uma cafeteria que costumávamos nos reunir, lembro-me de tomar café com Satoru, Suguru e Shoko.

— Essa aí é a melhor cafeteria de Shibuya. — Me virei e encontrei um dos alunos de Satoru, ele sorriu e acenou. — Eu sou Itadori, já nos conhecemos, sou aluno do Sensei.

— O que quer Itadori? — Me virei e continuei andando, ele me seguiu.

— Nanami me mandou ir com você. — Ele continuou, parei, ele quase esbarrou em mim.

— Pode ir. Eu não preciso de ajuda.

— E esse hematoma aí? É recente? — Ele apontou, acertei sua mão, ele as levantou em rendição. — Foi mal.

— Quer ajudar? Me traz um café. — Apontei, ele olhou para a cafeteria atrás de nós. — Puro, sem açúcar e com bastante gelo.

— Entendido.

Assim que ele saiu, aproveitei para continuar andando. Meus olhos estavam na tela buscando os pontos, senti a mesma energia, olhei em volta procurando por respostas mas haviam muitas pessoas.

— Um café puro. — Itadori me fez pular no lugar, me virei, ele estava com um sorriso amigável em seu rosto.

— Você é mesmo o hospedeiro do Sukuna? — Perguntei, Itadori coçou a nuca.

— Eu sou sim, por que a pergunta?

— Sei lá, imaginava alguém mais "malvado". — Me virei e saí andando, Itadori continuou me seguindo. Bebi um gole do café, estava exatamente como havia pedido.

— Eu não sou tão bonzinho assim. — Ele disse, não consegui conter o sorriso, Itadori franziu o cenho.

— Claro que não.

— É verdade.

— Eu sei. — Fui sarcástica, Itadori corou. — Você lembra muito seu Sensei.

— O Sensei Gojo? É sério?! — Seus olhos brilharam ao ouvir o elogio, gargalhei. — Muito obrigado moça.

— Por nada, Yuji Itadori.

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