━━━━ We want the same thing.
Subi a calça jeans, puxei o zíper da braguilha e abotoei a peça, em seguida peguei minha blusa de alças finas e a coloquei. Honey tinha ido até uma cafeteria comprar croissants para o café e antes me convenceu a ficar e comer com ele.
Já era talvez a sexta ou sétima vez que nos encontrávamos em seu loft para satisfazermos nossos desejos carnais, e a frequência com que passamos a fazer isso de alguma forma passou a me preocupar.
Escovei os dentes e arrumei os cabelos, era sexta-feira e eu provavelmente me atrasaria para o trabalho se ficasse para tomar café com ele, mas ainda sim decidi ficar. Na verdade, não pude resistir aos olhinhos inchados de dormir e o sorriso com covinhas de bônus que recebi assim que acordei. Jooheon parecia animado quando saiu cedo para comprar algo gostoso pra gente e eu de maneira alguma queria estragar isso. Nem mesmo ir embora sem avisar como fiz da primeira vez que estive aqui.
Apesar de nossa relação no momento ser de apenas sexo casual, acabamos criando uma certa amizade porque ele me trata muito bem e com carinho.
Desci as escadas e o aguardei na pequena sala. Peguei o celular e avisei a Yongsun que provavelmente me atrasaria, não disse exatamente o motivo e nem estendi o assunto porque ela era curiosa demais e ia querer saber de todos os mínimos detalhes, iria me fazer mil perguntas e eu não estava afim de compartilhar minhas experiências sexuais novamente.
Na primeira vez que transei com o Jooheon, contar às meninas era como uma obrigação e certamente eu me senti muito constrangida. Mesmo que tenha sido a melhor noite de toda a minha vida. Jamais senti tanto prazer antes de dormir com o Lee e por isso ela com certeza seria inesquecível, assim como as outras que vieram depois.
Na primeira vez fui embora assim que amanheceu, sem me despedir. Deixei apenas um post-it agradecendo pela noite e então depois disso foi o Honey quem me procurou. Não nos vimos por algumas semanas até Yongsun e Wheein voltarem à boate e o rapaz perguntá-las sobre mim. Foi uma grande surpresa quando recebi uma ligação dele e fui questionada em primeiro lugar sobre ter “fugido” depois de “usar e abusar do seu corpinho”. Ele até mesmo passou a me chamar de “fugitiva” por — na sua cabeça — estar sempre fugindo dele.
Quem o via sobre os palcos rebolando sensualmente jamais imaginaria que por trás existia um homem doce e responsável que cuida de dois gatinhos como se fossem filhos.
Jooheon chegou enquanto eu afagava o Yoshi e o Gucci esfregava a cabeça na minha perna. Fui deixada de lado no mesmo instante pois a curiosidade dos dois bichanos pelo ‘pai’ trazendo dois copos de café e segurando a alça de uma sacola de papel com os lábios era maior. Constatei que os croissants estavam lá a julgar a logo com um cupcake estampado no saco.
— Demorei? — Balancei a cabeça negativamente. — Achei que chegaria e não te encontraria mais aqui — provocou e só me restou rir.
— Eu te disse que não fugiria mais — Jooheon semicerrou os olhos se mostrando não muito convencido. — Pelo visto tô sem credibilidade por aqui.
— Que nada, você tem com os donos da casa, não tá ótimo? — Ele se referia aos gatos, balancei a cabeça negativamente.
— Quero ter com o servo deles também, oras.
Só restou ele rir quando percebeu que ficou sem ter o que dizer e achou graça do que eu disse.
— Tanto esforço pra no fim ser reconhecido como um mero servo de gato. — Jooheon estalou a língua enquanto eu dei de ombros. — É melhor tomar o café para não se atrasar para o seu trabalho.
— Não vou me apressar, estou atrasada de qualquer forma.
— Por minha culpa? — Ele me encarava com um olhar de “meu deus, o que eu fiz?”
— Não necessariamente. — Lee me encarou não convencido. — Não me olha assim, tô falando sério.
— É minha culpa não ter acordado mais cedo.
— Deixa disso, já avisei que vou me atrasar, além do mais você não tinha obrigação de me dar até café da manhã.
— E que tipo de homem eu seria se deixasse você ir embora com o estômago vazio depois de uma noite intensa?
Sua maneira de dizer foi tão sugestiva que fiquei sem graça e me calei, contentei-me em comer o croissant de presunto e queijo que ele comprou e bebericar do café.
— Você pensou no que eu disse? — Questionei quando o silêncio preencheu a cozinha do loft.
Na noite passada propus que parássemos com os encontros casuais, comecei a me sentir estranha sobre nossa situação e o medo de acabar desenvolvendo sentimentos me amedrontou. Jooheon ainda não tinha me dito como se sentia sobre isso, então foi necessário que eu voltasse no assunto e de alguma estragasse o clima.
— Desculpa, foi um pouco repentino e eu não consegui pensar direito. — Ele não parecia tão feliz com aquele assunto, seu semblante mudou assim que o recordei. — Acho que não há muito o que pensar, creio que você já se decidiu.
Ainda não tinha me decidido de fato, no entanto não sabia lidar com aquele sentimento que parecia me sufocar. Apesar de ter me libertado de muita coisa, não me livrei da vontade de viver um romance que mesmo negando eu sabia que existia lá no fundinho do meu ser.
E Jooheon jamais seria a pessoa certa para isso, tanto porque ele nunca disse nada que pudesse me fazer entender que queria, quanto porque não sei se eu saberia lidar com a sua profissão caso ele quisesse. Nada contra ele ser um stripper, mas tenho certeza de que sentiria ciúmes. Não sobre ele dançar pra todas, mas sim em relação às danças particulares, não gosto de imaginá-lo tão próximo a outra mulher além de mim e sei que isso acabaria me desgastando muito.
Pode ser que eu esteja pensando demais, no entanto é inevitável mesmo que a possibilidade de ter algo sério comigo sequer tenha passado pela sua cabeça.
Diante da sua resposta eu me calei e não disse nada mais, simplesmente não tinha o que dizer.
Nos despedimos entre breves trocas de palavras e nos abraçamos, o sentimento naquele instante era de que não nos veríamos depois de hoje.
E talvez fosse verdade.
• • •
As semanas passaram devagar, não tive notícias do Jooheon e não consegui criar coragem para mandar mensagem ou ligar. Como resultado, não pude me concentrar direito em nada que me propunha a fazer, sentia sua falta, parecia que estava sendo castigada.
Nesse tempo percebi que o que eu temia já tinha acontecido, de alguma forma acabei desenvolvendo sentimentos pelo stripper.
E notei tarde demais. Típico.
Mas, de qualquer forma, o que eu posso fazer? Não há nada a se fazer, no fim das contas ele ainda é o Honey à noite e não me ligou durante todos esses dias, claramente não está interessado.
Tudo bem que haja a hipótese de que Jooheon esteja esperando por mim, já que depois da nossa primeira vez foi ele quem me procurou…
E digamos que esteja, o que vou dizer a ele?
Me sinto tão confusa, mas penso que se porventura a gente se encontrasse ao menos por uma última vez, esse vazio e a sensação de coisas mal resolvidas fosse embora, afinal, eu disse que era melhor a gente não transar mais e não que deveríamos cortar relações.
Era sábado à tarde e uma chuva fina começava lá fora, com isso o frio se intensificou um pouco mais e o clima se tornou calmo, mas ao mesmo tempo solitário. Encarei a tela do celular enfrentando aquele dilema de ligar ou não ligar.
Sabia que a boate não abriria hoje então ele provavelmente estaria livre durante a noite. Olhei para o lado de fora através das janelas de vidro me sentindo agoniada, a indecisão me corroía.
Decidi ligar, mesmo sem saber se ele me atenderia. Mordi o lábio inferior quando começou a chamar, no quarto toque ele atendeu:
— Oi, Hwasa.
— Oi, Jooheon, como está? Liguei para saber se vai fazer algo hoje à noite, soube que a boate não vai abrir.
— Tô bem. — Ele ficou em silêncio por alguns instantes antes de finalmente responder: — Não vou, e sim, a boate não vai abrir.
Me fiz de sonsa, como se já não tivesse certeza daquela informação.
— Por acaso você gostaria de jantar comigo?
Novamente ele ficou em silêncio.
— Achei que não quisesse me encontrar mais.
— Por isso tô ligando, acho que as coisas ficaram meio mal resolvidas entre a gente.
— Também sinto que sim.
— Então aceita jantar comigo?
— Sim, onde te encontro?
— Na minha casa, às oito.
Passei-lhe o meu endereço e em seguida desliguei.
Eu mesma preparei o nosso jantar, depois tomei um banho e me arrumei. Apesar de estar frio lá fora, no apartamento estava quentinho por causa do aquecedor, então optei por um vestido de alças finas xadrez cujo ficava pouco acima dos joelho; amarrei o cabelo em um rabo de cavalo baixo e fiz uma maquiagem leve.
Às oito em ponto a campainha tocou, caminhei até a entrada e verifiquei minha aparência no espelho que tinha ali antes de finalmente abrir a porta e meus olhos cruzarem com os dele.
Jooheon estava excepcionalmente bonito como de costume. Ele trajava calça jeans clara com rasgos nos joelhos, cacharrel preta e um sobretudo grosso também na cor preta. Ele entrou e beijou minha bochecha, em seguida me entregou uma sacola de papel e disse:
— Você não pediu pra trazer nada, mas não queria vir de mãos vazias.
Olhei rapidamente o conteúdo e vi uma caixa de bombons e uma garrafa de vinho.
— Ah, não precisava mesmo, mas obrigada.
Trocamos sorrisos enquanto ele substituía o sapato social por um chinelo canelado. O guiei até a ilha da cozinha, peguei seu casaco e o coloquei sobre a poltrona na sala, era a primeira vez que ele ia até o meu apartamento. Jooheon se sentou num dos bancos e ficou a me observar terminar nosso jantar. Não sabia exatamente do que ele gostava, então optei por spaghetti alla carbonara e de sobremesa tiramisù. Dois pratos tipicamente italianos.
A mesa já estava posta, então assim que a comida ficou pronta, nós nos servimos e Jooheon abriu a garrafa de vinho, preenchendo nossas taças até a metade. Não sabia se deveria entrar no assunto de vez ou esperar ao menos acabarmos, me sentia um pouco tensa por não saber em que rumo a conversa iria quando começássemos.
Minha dúvida se foi quando o próprio Lee iniciou o assunto:
— Por que sente que as coisas ficaram mal resolvidas?
Larguei os talheres sobre a mesa e limpei os lábios com um guardanapo de tecido antes de respondê-lo:
— Porque eu disse que deveriamos parar com o sexo casual, mas acho que você entendeu que eu não queria te ver ou falar contigo nunca mais.
— Realmente foi mais ou menos isso — o olhei compreensivamente, já imaginava. — Antes não consegui te perguntar, mas, qual a sua razão para simplesmente pararmos? Não gosta mais? Arrumou outra pessoa?
Me prontifiquei em acenar com as mãos que não para as duas últimas perguntas, nem de longe era por aquilo. Depois disso o receio veio, contar a verdade ou simplesmente omitir?
— Não é por isso — juntei as mãos sobre o colo e olhei pra baixo tentando encontrar ao menos um fiozinho de coragem pra continuar. — Comecei a sentir que estava me envolvendo demais com você e fiquei com medo.
— Medo do que?
— De me apaixonar por você.
— E por que se apaixonar por mim deveria ser motivo de medo?
— Porque você provavelmente não sente o mesmo e ainda tem outra coisa…
Não consegui continuar e falar que o seu trabalho dele também era um motivo.
— Só eu posso te dizer se sinto o mesmo ou não e garanto que não é como você pensa. — Se não é como eu penso então ele sente algo?
— Então o que sente?
— Estou gostando de você, confesso, antes não tinha certeza, mas depois de todos esses dias distantes, confirmei.
Achei que meu coração ia parar de bater, não pensei que ele fosse ser tão direto.
— Sentiu minha falta?
— Muito, você não sentiu a minha?
— Senti.
— Gosta de mim?
— Sim.
Silêncio. Ficamos quietos diante as ‘declarações’, ambos estavam tentando assimilar aquilo porque acredito que nem ele ou eu esperávamos chegar nesse ponto. O que devia ser só casual estava ganhando força pra se tornar algo mais.
— A outra coisa que você disse que tinha além de eu provavelmente não sentir nada é o que?
— Seu trabalho. — Não consegui olhar pra ele, me sentia até envergonhada, mas realmente era algo que estava me travando. — É um pouco difícil pra mim lidar com o que faz, acabei associando o que rolou entre nós naquela primeira vez a todas as suas danças particulares, então imaginar você dançando tão próximo a outra mulher como fez comigo realmente me incomodou muito. Tenho receio de que caso fiquemos juntos, isso seja algo que me faça sofrer e não tenho direito de impedi-lo de continuar, nem tentaria, por isso o meu medo. Não quero sofrer e me desgastar nessa relação.
— Compreendo.
— Não consigo ser evoluída o suficiente para não achar nada demais nisso.
— E quanto aos shows no palco pra todo mundo? Pensa da mesma forma?
— Não, sei que também existe um certo contato mas não me incomoda igual aos shows particulares.
— Acha que a gente poderia tentar caso eu deixasse de fazer?
— Não é certo que deixe de fazer por minha causa.
— Não é por sua causa.
— Mas é o seu trabalho, o que você gosta de fazer.
Jooheon já tinha me contado em certo momento que não era stripper porque precisava, e sim porque amava se apresentar. Gostava do sentimento de liberdade proporcionado.
— Eu gosto de me apresentar no palco, não me importo com os shows particulares. Não sou obrigado a fazê-los.
— Parece errado que você pare porque eu não me sinto confortável.
— Hyejin.. — Jooheon se levantou e deu a volta na mesa, se aproximando. Em seguida, pegou minha mão e me fez levantar, ficando frente a frente. — Olha pra mim. — Ergui a cabeça para encará-lo. — Vou dizer novamente: não é só por sua causa. Não quero me afastar e não quero que isso seja um motivo que nos faça deixar de tentar.
Jooheon abraçou minha cintura, apoiei as mãos em seu peitoral. Claro que ter aquela atitude me fez sentir segura, porque em momento nenhum o obriguei a nada pra ficar comigo. Se ele estava tomando uma decisão
— Está certo disso? Quer mesmo fazer isso por nós?
Ele beijou minha boca.
— Isso responde a sua pergunta? — Balancei a cabeça negativamente e fui beijada novamente. — Ainda não responde? — Tornei a balançar a cabeça, o Lee levou as mãos ao meu rosto e o segurou, em seguida me beijou com mais intensidade, colocando a língua.
— Agora respondeu. — Sussurrei contra seus lábios. — Espero não estar sendo injusta.
— Não está, eu decidi isso. — Ele beijou minha testa e me puxou contra seu corpo, em seguida me abraçou forte e apoiou o queixo sobre minha cabeça. — Não dá pra ter tudo sempre, é normal às vezes abrir mão de uma coisa pra ter outra. E não vou me arrepender de fazer isso por nós.
FIM.
»»»»»
hello hello, honey finalmente foi concluída.
confesso que fiquei com dúvidas quanto ao final mas me apeguei ao casal e queria que terminassem juntos, mesmo que o propósito inicial nem fosse esse.
espero que tenham gostado, não se esqueçam de votar e comentar bastante!
alias, postei outra threeshot com jooheon, jisoo e changkyun, mas dessa vez é bem levinha, se puderem dar olhadinha eu ficaria bem feliz.
no mais, agradeço a todos que leram até aqui, apesar de curtinha eu amei escrever honey e espero no futuro escrever mais com o jooheon e a hwasa como casal.
é isso, obrigada por ler, até a próxima! XOXO 💕
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