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Vinte e Nove

Sábado virou quinta?kkk... Desculpem-me a demora, alecrins, meu notebook não está ligando, o que dificultou minha vida na última semana, e o notebook do meu pai não salvou o arquivo que havia escrito, resultado? Tive que reescrever e demorar um pouco mais para postar. Mas espero que gostem do capítulo, e só digo uma coisa: meus personagens não me obedecem! 

Alexia estava exausta. Sentada na cama em que Lira dormia, acariciando o rosto infantil, a morena repassava os acontecimentos da noite. Seu coração estava apertado e sentia uma angústia incomum. De alguma maneira, a noite que havia começado de modo suave e até divertido, tornara-se tensa e desgastante.

Tinha muito a refletir. Mesmo sabendo que Laura representava um problema, não era exatamente por causa dela que se sentia mal. Não, ainda que a outra tenha passado quase todo o tempo procurando uma brecha para se aproximar de Miguel, ele quase não se afastara da namorada. Pelo menos não até eles chegarem. Jaime e Zélia, os pais de Nilai, apareceram na festa, e ninguém sabia precisar de quem havia sido a brilhante ideia de convidá-los. A partir dali, o ar se tornou tão pesado que quase era palpável.

O semblante de Miguel mudou de repente, suas feições se fecharam e ele só conseguia olhar para a direção onde o casal se encontrava, temendo alguma atitude impensada que trouxesse consequências futuras. A todo o momento, ele procurava Lirhandzo e pedia para que a menina não se afastasse deles. O olhar de Jaime também não lhe abandonava, era evidente que o senhor estava ressentido e procurava uma ocasião propicia para destilar sua raiva e despejar sua ira. Já a mulher, sempre encarava Lira, talvez pensando em como se aproximar da neta.

Foi no meio da noite que Laura finalmente conseguiu se aproximar de Miguel e levá-lo para longe de Alexia. Ela disse que o tio queria conversar com ele, queriam um acordo, resolver a situação. A morena pediu para acompanhá-lo, afinal, de alguma forma, aquele assunto também lhe dizia a respeito, a criança em questão era quase tão sua quanto de Miguel. O ciúme que sentia de Laura não se comparava ao que sentira ao ouvir as palavras do namorado ante seu pedido:

— Não, Alexia! Ele quer falar comigo, esse assunto não te pertence, preciso resolver sozinho. — Embora não tivesse gritado, as palavras dele foram como bofetadas no interior da brasileira. Seu semblante sério e a maneira como se afastou sem olhar para trás, fez o coração dela se trincar.

A mais nova, que acompanhava a cena com curiosidade e esperança, sorriu vitoriosa ao ver o modo como Miguel havia rechaçado o apoio da namorada. Sem nenhum senso de autopreservação, Laura resolver acrescentar algumas palavras, assim que viu o moçambicano caminhar na direção indicada por ela:

— Isso mesmo, não é vosso assunto, não conheces nada sobre mano Miguel e nossa cultura. — Temendo retaliação, a moçambicana saiu do ambiente antes que a morena pudesse contestar.

O sentimento de tristeza e mágoa pela atitude do namorado foi substituído por uma raiva quase incontrolável. Teve que se recordar de cada conversa com as irmãs mais velhas para conseguir controlar seu instinto de retrucar o que aquela mulher havia dito. Não faria uma cena, não deveria fazer uma cena, refletiu com muito esforço.

Tentou distrair sua mente, pensar em coisas mais amenas, não se focar na ebulição de seus sentimentos. Dançou com dois cunhados, conversou com Vitória, ouviu as desculpas de Imani, que se sentia culpada pela presença de pessoas tão inconvenientes na festa, mas Miguel não voltava e isso fez seu coração se encolher ainda mais.

Quando Lira se queixou de sono e medo por ver o avô, aproveitou a deixa para tentar procurar o namorado e ir embora. Estava cansada demais e não era um cansaço físico. Infelizmente, não o encontrou, e bufou de frustração ao voltar para a cadeira onde outrora estivera sentada. A dúvida, a insegurança, a mágoa por não sentir que ele confiava nela, tudo parecia misturar-se em seu íntimo, quase ao ponto de afundá-la. Lirhandzo também estava cansada, reclamava a cada dois segundos de estar com sono e querer ir para casa, e Alexia sabia que essa reação também era fruto de seu medo infantil. Com a garotinha deitada em seu colo, recusando-se a deixá-la, a morena viu que o seu cunhado mais novo se despedia da irmã caçula e ia à saída.

Sem perder tempo, foi até ele e pediu que desse carona a ela e à filha. Mesmo receoso, ele aceitou, e a brasileira avisou uma das sobrinhas de Miguel, Sharmila, sobre sua saída prematura da festa e pediu que contasse a ele assim que o encontrasse. Todo o trajeto foi feito em silêncio. Ela e o cunhado não tinham muito a compartilhar, ou talvez não estivessem dispostos a falarem de incômodos assuntos perto de Lirhandzo, que continuava abraçada à mãe, como se essa fosse a única forma de garantir que não seriam afastadas uma da outra.

Desse modo, chegou antes do previsto na casa da família Mahene, e teve de dar uma explicação qualquer à Ana, que não havia ido à festa, e parecia ler todos seus pensamentos apenas por observá-la. A senhora não fez mais perguntas, deixou que a mais nova levasse Lirhandzo para o quarto e a ajudasse a tomar banho antes de dormir.

Em poucos minutos, a menina estava completamente apagada, e Alexia analisava o que havia ocorrido, tentando entender o que se passava em seu próprio interior. A pequena que dormia ali não tinha culpa de nada do que acontecia naqueles dias. Ela era a vítima de uma briga que não a envolvia diretamente e, de alguma forma, a morena também estava involucrada em uma situação tensa e que lhe tirava a paz. Tinha certeza que Miguel não queria que aquilo acontecesse durante a viagem e talvez esse fosse o motivo de tentar a todo custo afastá-la daquele problema. O que ele não sabia era que seu esforço em resolver tudo sozinho machucava ainda mais do que se a colocasse de uma vez em sua vida, até nas partes difíceis dela.

Era como se estivesse próxima a Miguel fisicamente, mas se distanciando emocionalmente. E não queria isso. Sabia muito bem o fim que um relacionamento sem profundidade emocional tinha. Era a prova viva de que fechar os olhos para os problemas só tinha um final destruidor. Pensou em ligar para as irmãs, elas a ajudariam a ter outra óptica sobre o que estava se passando naqueles dias. Ouviu uma batida suave na porta e saiu do transe em que se encontrava. Por um momento, pensou que era o namorado, mas ao abrir a porta, viu a sogra do outro lado, com uma expressão preocupada em seu rosto. Ela saiu do quarto para não acordar a filha e fechou a porta, encostando-se nela em seguida.

— Eu não sei o que meu filho te fez, mas tenho certeza que apenas o sono de Lira não seria o suficiente para te fazer sair de lá antes do horário, nem a Alexia, nem o Bruno. — Ao ouvir as últimas palavras da sogra, a morena soube que o cunhado também teria um motivo maior para ir embora tão cedo.

Sim, não se passava de dez horas da noite, e era de se esperar que continuassem pelo menos mais uma hora ou duas se divertindo antes de voltarem para casa.

— Jaime está lá. Ele e a esposa. — Alexia confessou e Ana sentiu todo seu corpo reagir ao ouvir o que a nora tinha a dizer. Sabia que aquilo só poderia significar problema. — Já estão conversando com Miguel há meia hora, Lira estava com medo de ser roubada e pediu para vir dormir. Ela é apenas uma criança e tudo é intenso demais. O jeito que eles estão insistindo em vê-la a qualquer custo, a tirá-la do pai, é desgastante para ela. — A mais velha assentiu, o cenho franzido, os olhos demonstrando sua preocupação.

— Eles não são más pessoas realmente. Mas não conseguem perdoar meu menino. É isso que a mágoa faz nas pessoas, minha filha. Eles querem vingança, querem que ele sinta o que sentiram quando viram sua filha se definhar.

— Isso não tem sentido. É quase doentio. — As duas foram até a cozinha e se sentaram, a mais nova observando a dor nos olhos da senhora, as marcas em suas mãos. Sabia que cada um na família tinha uma história a contar, era evidente em cada olhar.

— Eles acham que não é. O que eles poderiam pensar? A filha saiu daqui em busca de novas oportunidades, de novos caminhos, estava feliz quando foi embora, e voltou devastada, quase um cadáver humano. Quando meu filho e Nilai decidiram ir ao Brasil, a família dela começava a se erguer financeiramente, Jaime foi contra a decisão, pediu para Miguel ficar e ajudá-lo na empresa que começava a crescer. Nenhum dos dois quis ficar, estavam decididos, e tiveram uma briga com a família dela pouco antes da viagem, Nilai chegou a dizer que apenas meu filho entendia seus sonhos, e que criaria a filha longe de toda a pressão que sentira dos pais. — Alexia arregalou os olhos, chocada ao ouvir essa parte da história, algo que não tinha conhecimento.

— Então ela foi embora sem o consentimento dos pais? E depois voltou acusando Miguel de ter acabado com a vida dela?

-Sim e não. Ela foi embora brigada com os pais, mas feliz, como se finalmente tivesse liberdade. Quando voltou, ela não disse que meu filho acabou com a vida dela, mas não queria ouvir falar dele nem da filha. Ela se trancou em seu mundo e deixar o tempo passar e acabar com qualquer resquício de vida que um dia existira nela. Minha filha, o perdão não é instantâneo, se nem meu Bruno consegue perdoar o irmão, como podemos esperar que aquela família o absorva de culpa quando eles só têm uma versão da história? – A mente da morena borbulhava, enquanto tamborilava os dedos sobre a mesa, pensava que estava perto de chegar a uma conclusão sobre todo aquele assunto. Mas ainda havia algumas pontas soltas a serem unidas.

— Preciso falar com o Bruno. — Disse Alexia, levantando-se de modo abrupto, disposta a ir até o quintal, onde estava o cunhado. Mas antes que saísse do ambiente, Ana a chamou.

— Minha filha, sei que não foi só o aparecimento dos avós de Lira que te fez ficar assim. Sei que meu Mugui também é responsável pela tristeza no seu olhar. — Ao ouvir a mais velha dizer "meu Mugui", a morena esboçou um sorriso. — Mas ele é um bom rapaz e sei que se conversar com ele vai resolver qualquer questão que esteja lhe tirando a paz. — A brasileira arregalou os olhos, assustada, percebendo a perspicácia da sogra, e logo assentiu, sem ter o que contestar.

Bruno não esperava que a cunhada fosse lhe procurar e lhe perguntar, de modo tão direto, coisas que mais ninguém fez questão de saber. Sabia que poderia ser um problema conversar com ela naquele momento, mas não se negou a contar o que ela queria saber. Seu passado com Laura, uma parte do que havia acontecido para que tivesse mágoa do irmão. Enquanto ouvia cada parte do relato, Alexia ligava os pontos e entendia que muitas coisas estavam irresolutas naquela família por falta de comunicação. Percebeu também que aquele rapaz à sua frente, por mais rancor que guardasse do irmão, não seria capaz de causar maldade a ninguém e que, sem falar a alguém, havia protegido o outro mais de uma vez durante aquela semana.

Enquanto isso, ainda na festa, Miguel olhava de um lado para o outro, procurando a namorada e a filha, preocupado, desgastado depois da longa conversa que tivera com a família de sua ex-esposa. Só queria que aquele assunto chegasse ao fim, mas sempre que tentava argumentar com Jaime, parecia andar em círculos, sem chegar a lugar algum. Entrar em um acordo, para aquela família, era ceder a qualquer proposta que tivessem, sem que pudesse contra argumentar.

Laura era um problema à parte. Quando ela disse que ficaria do seu lado, que o ajudaria, não pensava que sua solução ideal seria "ficar mais tempo em Moçambique, para eles não pensarem que ele estava fugindo com a menina". Ao olhar para aqueles olhos ansiosos, soube que nunca foi sem outra intenção que ela oferecera ajuda.

— Mano Miguel, espera! — A referida tentava alcançá-lo, o desespero evidente em sua voz.

No mesmo momento, Sharmila foi até o tio para avisá-lo da saída de Alexia. Assim que soube da partida prematura de sua "rival", Laura aproveitou o momento para destilar seu veneno.

— Viu só? Ela nem te avisou que iria embora. Ela não se importa com seus problemas como eu, mano Miguel. — Ele não queria acreditar no que estava ouvindo, recusava-se a crer que aquela mulher, que conhecera quando era apenas uma menina, estava tão desesperada por atenção a ponto de usar qualquer coisa como arma para tentar alcançá-lo.

— Já chega, Laura! — Algumas pessoas que estavam próximas a eles se assustaram com o tom de voz que ele usou, e o moçambicano teve que se lembrar de manter os bons modos. — Não ouse tentar me colocar contra a Alexia, não se rebaixe a esse nível. E não, eu não vou fazer o que me sugeriu, está fora de cogitação. — Sua voz soou dura, pesada, e a outra se encolheu ao ouvi-lo falar com tamanha convicção.

— Se não fizer isso, meu tio pode te impedir de voltar ao Brasil com a Lira. Você não pode nos ignorar assim.

Ele não estava disposto a continuar ali, precisava voltar para casa e encontrar a filha e a namorada em segurança. Se Bruno havia as levado, poderia ter contado uma ou mais coisas que atrapalhariam seu relacionamento e, definitivamente, ele não queria isso. Deixou Laura brigando sozinha e pediu ao irmão do meio, Tito, para levá-lo de volta para casa.

Não havia sido uma boa ideia levar a morena para o olho do furacão. Talvez não tivesse tomado uma sábia decisão ao resolver voltar ao país depois de tantos anos. Eles estavam bem sem ele. Sua volta só estava causando problemas, pessoas que amava estavam envoltas em problemas por sua causa. Durante todo o trajeto para casa, ele refletiu sobre suas escolhas, e pensou que talvez fosse melhor voltar para o Brasil antes do previsto. Não queria sentir aquele aperto no peito sempre que olhava o irmão mais novo, ou a decepção no olhar de outras pessoas que lhe eram importantes.

Assim que entrou em casa, viu sua mãe na cozinha e se sentiu mal por lhe causar tristeza em mais eu uma ocasião. Apenas perguntou por Alexia e a mais velha apontou para o quintal. Ele foi até lá e ficou surpreso ao ver o irmão conversando com sua namorada sem receio. Pigarreou, e assim que Bruno o viu, levantou-se da cadeira e passou por ele de cabeça baixa.

O mais novo sabia que deveria perdoar o irmão, mas também tinha consciência que o sentimento negativo que lhe rodeava não desapareceria instantaneamente. Se não tinha o que dizer naquele momento, era melhor se afastar antes que arranjasse mais problemas.

Miguel queria falar tanto, perguntar tantas coisas, mas ao ver o olhar ressentido que Alexia lhe direcionava, temeu por seu recente relacionamento e o fim que aquela conversa poderia ter. Pensou que talvez o irmão tivesse contado algo que a fizesse repensar se realmente gostaria de estar com ele, precisava tentar consertar, mesmo sem ter total certeza sobre o motivo daquele olhar.

Sentou-se ao lado dela, em silêncio, e procurou sua mão, tentando ter alguma confirmação de que estavam bem, ou que pelo menos ficariam. A morena puxou a mão, mostrando que não era o melhor momento para demonstrações de afeto. Era ciúme por Laura? Ele nunca havia mostrado algum interesse naquela mulher, principalmente por considerar que a conhecia desde que era uma menina. Não conseguia precisar o que poderia estar mal, apesar de sentir em seu íntimo, que agora estava fora do lugar. Pensou em questionar o motivo de ela ter voltado antes para casa sem avisá-lo, mas não teve tempo, pois logo foi perguntado sobre a resolução da conversa que tivera com os pais de Nilai.

— Não chegamos a lugar nenhum. Eles não querem um acordo, querem que eu aceite as condições deles sem titubear. Queriam que a Lira ficasse a semana toda na casa deles e quando eu neguei, disseram que vão mover céus e terra para que eu não saia do país com minha filha. — Contou, o esgotamento a consumir suas energias.

Alexia desviou o olhar e encarou um ponto qualquer à sua frente. Sua mente borbulhava em busca de uma saída e, ao mesmo tempo, pensava nas palavras que havia ouvido durante a festa: "não é problema seu, fique fora disso". Sabia como consertar as coisas, mas de nada adiantaria sua perspicácia se ele não aceitasse sua ajuda.

Ao sentir que a namorada estava mais silenciosa que o normal, Miguel soube que deveria fazer ou dizer algo. Coçou a nuca, trocou o peso dos pés e resolveu reiniciar a conversa.

— Você está chateada comigo? — Perguntou cauteloso.

— Estou. — Ela disse simplesmente e o coração do moçambicano parou por alguns instantes.

— O Bruno contou alguma coisa? Eu posso explicar, Lexi, não sou tão ruim quanto ele pensa. Se for por causa da Laura, saiba que eu deixei claro para ela que na minha vida só tem espaço para você. — Alexia quase riu ao ver o desespero de Miguel por uma palavra sua. Colocando o dedo sobre a boca dele para calá-lo, ela disse exatamente o que lhe estava afetando.

— Para Miguel. Não tem nada a ver com o que o Bruno disse ou com a Laura. Estou cansada de tentar te alcançar e você me afastar, é isso. — Ele a encarou estupefato e esperou a continuação daquele desabafo. — Desde que chegamos, estou me esforçando para conhecer melhor sua família, sua cultura, aprender mais sobre você e te ajudar a superar o passado. Mas a única coisa que você tem feito nessa última semana é me afastar e dizer que não devo me envolver nos seus problemas. Eu respeitei sua decisão, Miguel, tentei deixar você resolver as coisas do seu jeito, mas me magoou o modo que falou comigo hoje na festa. Como se Lira não fosse problema meu também, como se eu fosse colocar tudo a perder se te acompanhasse.

O moçambicano ficou estático ao ouvir as palavras da namorada. Não sabia que era assim que ela se sentia. Deixada de lado. Ficara tão atordoado ao ver o passado a lhe assombrar outra vez, suas decisões precipitadas sendo colocadas contra si, que tivera medo de compartilhar com Alexia seus temores e problemas. Olhou para o céu por alguns instantes, sem saber o que dizer ou fazer.

— Pensei que não seria justo te envolver em problemas que foram causados por mim. Não queria te cansar com questões que envolvem minhas próprias ações erradas.

— Se você acha que me deixando de lado vai estar me poupando, está enganado, Miguel. — A voz dela era firme, dura, mas não muito alta a ponto de ser ouvida por outrem. — Estou cansada, esgotada. Fiquei tão empolgada quando me convidou para vir aqui com vocês, pensei que seria uma oportunidade de te conhecer melhor, assim como você me conhece. O que não imaginei era que você ia deixar aquele Miguel lá no Brasil e aqui se transformasse em outra pessoa. Você tem medo de que eu estrague tudo caso me envolva nesses problemas?

— Não, eu não tenho medo de você estragar tudo. — A voz dele quase se alterou, tamanha sua angústia. Estava prestes a se partir e não tinha certeza se queria que ela o visse naquela situação. — Eu tenho medo que se afaste ao descobrir meu passado, ao ver quão quebrado e imperfeito eu sou. — Confessou, a voz a se abrandar, seu olhar a procurar algo em Alexia para se agarrar, qualquer esperança que fosse.

— Você está me subestimando, Miguel. Odeio que me subestimem. — Firmando o queixo dele para que a encarasse, ela continuou. — Nunca pedi que fosse perfeito. Sempre soube que tinha um passado, uma história, afinal você já foi casado e me contou parte de sua vida. Não precisa ser inteiro o tempo todo, nunca imaginei que fosse. Só queria que me deixasse entrar e te ajudar a cuidar de cada parte machucada, assim como eu confio que você faria qualquer coisa para cicatrizar minhas feridas. — Os olhos dele, traidores que eram, derramaram lágrimas ao ouvirem as palavras da namorada.

— Você confia em mim? Ainda confia em mim?

— Claro que confio! Eu não viria para o outro lado do mundo com você se não confiasse. — Em uma pausa dramática, ela pensou em algo que até então não tinha se dado conta. — Você não confia em si mesmo, como poderia confiar em mais alguém?

— O que está dizendo? — A voz dele já não estava quebrada e suas feições mostravam que estava prestes a se ofender com o que ela dizia.

— Você não está buscando perdão, Miguel, porque acha que não merece ser perdoado. Acha que merece a fúria dos pais de Nilai, e por mais que tente proteger Lira, não faz questão de contar seu lado da história. Não pede perdão ao Bruno pelo mesmo motivo, acredita que ele tem razão em te odiar. Você me afasta, mesmo sabendo que posso te ajudar, não quer redenção, pensa que deve conviver com a culpa. — Ele tentou negar, dizer que não estava se sabotando, eram consequências por suas ações e não podia fugir delas, mas sua voz não saia, recusava-se a mentir para ela.

Alexia estava certa. Seu subconsciente o sabotava frequentemente, mas ele não fazia questão de mudar isso. Sua fé em si mesmo e nas pessoas era escassa demais, nunca esperava que algo bom fosse acontecer em sua vida. Não até conhecer aquela morena de olhos verdes, que com sua energia e impetuosidade, havia mudado todos seus conceitos. Mesmo assim, acreditava que podia conviver com a culpa e ainda fazê-la feliz, sem envolvê-la no seu passado e no que ele representava.

— Eu só quero te fazer feliz, não quero que sofra com coisas que só dizem respeito a mim.

— Miguel, quando você vai perceber que se você sofrer, eu também vou sofrer? Ver seu olhar derrotado, como aceita qualquer coisa que lhe façam, isso me machuca também, acaba comigo. Meu último relacionamento acabou porque ele não teve coragem de me contar o que passava na sua vida, como se eu não fosse entender. Não quero que o nosso acabe pelo mesmo motivo, Miguel. Precisa me deixar entrar ou então me colocar fora da sua vida. Não quero ficar na porta para sempre.

— Eu quero que você entre, que me ajude, não suportaria te perder também. — Sem esperar resposta, ele a enlaçou em um abraço desesperado, como se quisesse garantir que ela continuava ali. — Às vezes tenho a impressão que você sempre me salva. — Sussurrou e Alexia esboçou um sorriso, encostando o queixo no ombro dele.

— Você já me salvou muitas vezes, Mugui. Deixa eu cuidar de você como cuida de mim? — Uma lágrima solitária percorreu a face do moçambicano, e mesmo que ainda duvidasse de sua capacidade de se perdoar, estar ali com ela em seus braços era como um sopro de esperança que não imaginava ter.

— Pode cuidar ou bagunçar minha vida, eu não ligo. Só não saia dela. — A brasileira assentiu, e quase podia sentir os corações a baterem em sintonia.

— Amanhã vai me deixar conversar com os avós de Lira. — Afastou-se para encará-lo e ao ver que ele apenas a observava, tentando não impedi-la de fazer o que pretendia, continuou. — E vai conversar com seu irmão, a versão de vocês sobre o passado não bate. E tem algumas coisas sobre o Bruno que você não sabe e só ele pode te contar.

Eita que foi tenso! E se eu disser que era para eles brigarem, mas nenhum dos dois me ouviu, vocês acreditam? É como eu digo, eles decidem o que querem fazer, eu só sigo o fluxo. 

Vamos lá! O que será que vai acontecer nessas conversas? O que Bruno pensa do Miguel que não encaixa? Será que os avós de Lira vão ouvir a Lexi? Por que Miguel se culpa tanto? Essas questões serão respondidas no próximo capítulo de Homens que Imploram!

O que acharam do capítulo? Gostaram da atitude da Alexia e do Miguel? Reagiriam diferente? 

Ah, e para encerrar, alguns avisos: Vou publicar Homens que Choram na Amazon no fim do mês, então quem não leu, pode correr lá para ler antes de ser retirado para publicação. Estou fazendo novas capas e algumas artes para os livros, em breve mostrarei a vocês. Não desistam de mim, a partir da próxima semana tentarei voltar a publicar três vezes. E o livro está chegando na reta final, mas ainda tem muita coisa para acontecer, surpresas estão por vir. 

Bem, é isso. Pretendo voltar com publicação até sábado, prometo me esforçar para isso. 

Beijos e até mais!

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